Em julho, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) protocolou uma ação civil pública contra a Telefônica, que opera no Brasil com a marca Vivo, pedindo à Justiça para determine que a empresa suspenda a comercialização do produto “mídia geolocalizada” do Vivo Ads, sua plataforma de publicidade segmentada.
A Telefônica se defende dizendo que obtém o consentimento dos clientes para o uso da sua geolocalização no contrato firmado com os consumidores, mas o MPDFT afirma na ação que não há “informação clara de como esses dados serão utilizados” nem “autorização nem conhecimento por parte dos clientes dos serviços Vivo de que seus dados serão utilizados como produto para fins comerciais da empresa”. Além disso, “especificamente quanto aos dados de geolocalização, (…) [eles] permitem extrair dezenas de outros dados sensíveis quanto àquele cliente, os quais, também, poderão ser utilizados como produto”.
No processo também foi juntado vídeo em que um representante da famigerada Cambridge Analytica, empresa de análise de dados acusada de manipular o Brexit e as eleições presidentes dos Estados Unidos em 2016, explica o funcionamento do Vivo Ads e diz considerá-lo um “escândalo”.
A coleta de dados de geolocalização da Telefônica/Vivo é um pouco pior que a do Facebook, Google e Twitter, e não apenas por ser uma operadora em vez de um serviço que roda em uma camada mais elevada da internet. Por pior que sejam, Facebook, Google e Twitter pelo menos oferecem algumas opções que limitam marginalmente a coleta e o uso de dados para fins publicitários, ainda que soterradas em telas confusas nos confins dos seus aplicativos e sites. Eles tentam disfarçar em vez de esconder a prática.
O assunto voltou à tona por esta notinha publicada no Mobile Time, informando que a Vivo adotou a plataforma britânica Engage Hub para oferecer uma nova opção de saída (opt-out) do Vivo Ads aos clientes.
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