Em uma manhã de novembro de 2007, eu estava sentado no confortável sofá do hall de um destes hotéis de luxo da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, esperando para entrevistar um dos sujeitos responsáveis por essa mídia chamada internet.
Rápida recapitulação: a internet como conjunto de redes conectadas que formam uma única rede global foi criada por um norte-americano chamado Vint Cerf. A “internet” como a mídia onde a gente passa horas e horas do nosso dia (ou seja, a aplicação que roda sobre a junção das redes), conhecida como web, foi inventada por britânico chamado Tim Berners-Lee.
Nota do editor: Desde que comecei a apagar meus tweets, o assunto tem chamado a atenção de alguns amigos e colegas. Foi tema de um podcast aqui e, embora a minha motivação não seja exatamente igual à do Rob, que assina o texto abaixo, compartilho de vários dos seus argumentos. Em nota relacionada, a ferramenta que usei para apagar todos os meus tweets, o Cardigan, deixará de funcionar a partir de 1º de agosto devido a mudanças na API do Twitter. Achei a ocasião oportuna para publicar este relato.
Comecei a apagar meus tweets antigos. Isso é algo que tenho a intenção de fazer por algum tempo, não por qualquer razão em particular, mas por um senso geral de higiene digital — parece uma boa ideia desmantelar arquivos de materiais pessoais que estão abertos ao escrutínio de algoritmos de aprendizado de máquina e outros adversários. É impossível saber quais conclusões a nosso respeito podem ser derivadas de algum processamento agregado do que na época pareciam ser piadas aleatórias, trocas casuais e links compartilhados.
Nesta semana, o Manual do Usuário está sendo patrocinado pela EaseUS Software, empresa que desenvolve soluções de recuperação de arquivos, gerenciamento de partições, transferência de dados e backup e restauração, e que está comemorando 15 anos de mercado.
O destaque do portfólio é o EaseUS Data Recovery Wizard Pro, um aplicativo para macOS e Windows que promete recuperar arquivos apagados da lixeira. Ele trabalha com memórias internas (HDDs e SSDs), pen drives e cartões de memória.
A interface se baseia em assistentes (o “wizard” do nome) que guiam o usuário no processo de recuperação. Basta selecionar a memória desejada na tela inicial e apertar o botão “Verificar” para iniciar a varredura. Após a análise, os resultados identificados pelo app aparecerem em uma árvore de pastas similar ao Finder/Windows Explorer. Aí basta selecionar os arquivos que se queira restaurar e apertar o botão “Recuperar Agora”. Note que todos esses processos podem ser lentos, independentemente da velocidade das suas memórias, e as chances de recuperação de arquivos variam — mesmo exibidos na listagem de recuperáveis, alguns podem estar irremediavelmente corrompidos.
O funcionamento do EaseUS Data Recovery Wizard Pro deriva de uma característica das memórias digitais. Ao apagar um arquivo, o sistema operacional apenas “esquece” que ele está ali. Os dados em si permanecem na memória até que esta parte seja reescrita por outros arquivos. Este aplicativo vasculha esses trechos ainda não sobrescritos e tenta recuperá-los. Por isso, após uma exclusão acidental, é importante que não se use a memória onde os arquivos perdidos se encontram, pois isso aumenta as chances de recuperação.
A versão gratuita do EaseUS Data Recovery Wizard Pro recupera até 2 GB de arquivos. Para conjuntos de arquivos maiores, é preciso comprar uma licença, que custa US$ 89. Em celebração ao seu 15º aniversário, a EaseUS está distribuindo prêmios diários com base em uma “roda da fortuna”. Visite o site promocional para participar (em inglês).
Os 26 anos de vida de Aaron Swartz foram surpreendentes, inspiradores. Engajou-se, ainda adolescente, na criação da arquitetura das licenças Creative Commons (CC), foi um dos criadores formato de distribuição de conteúdo RSS e da rede social Reddit, ajudou a construir uma biblioteca gratuita no Archive.org, e fundou a Demand Progress, organização ciberativista famosa, sobretudo, por se opor aos projetos Stop Online Piracy Act (SOPA) e Protect IP Act (PIPA), nos Estados Unidos.
Swartz também sofria de depressão. Amigos e familiares reconheceram sua condição em algumas manifestações públicas. O programador manteve por anos um blog pessoal em que expressava suas opiniões e percepções sobre filmes, política, programação e, dentre outros assuntos, depressão.
Você quer deitar na cama e manter as luzes apagadas. A depressão é assim, só que ela não vem por algum motivo e também não vai embora por algo em particular. Sair e tomar um pouco de ar fresco ou aconchegar-se com alguém querido não faz com que você se sinta melhor, apenas mais irritado por não conseguir sentir a alegria que todos os outros parecem sentir. Tudo fica manchado pela tristeza.
Rafael Avelino é um quase técnico em segurança eletrônica que trabalha há mais de cinco anos nessa área. Publica esporadicamente em seu blog sobre segurança eletrônica e há um bom tempo acompanha o Manual do Usuário e gosta do estilo de publicação “slow web”.
Toda semana, o Manual do Usuário publica o post livre, um post sem conteúdo, apenas para abrir os comentários e conversarmos sobre quaisquer assuntos. Ele fecha no domingo por volta das 16h.
Nunca houve tamanha preocupação com segurança digital no Brasil como agora, resultado dos respingos flamejantes da divulgação de conversas comprometedoras via Telegram entre membros da força-tarefa da Lava Jato e o ex-juiz federal Sergio Moro pelo The Intercept Brasil (TIB) desde o início de junho.
Em sua atabalhoada estratégia de defesa, Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro, apressou-se em atribuir a supostos hackers, presos pela Polícia Federal nesta terça-feira (23), a origem do vazamento obtido pelo TIB. Editores da publicação relembraram, via redes sociais, que nunca disseram que a fonte era um hacker. Esta não é a única incongruência na narrativa de Moro.
Uma linha do tempo expõe muitas falhas na argumentação do ministro.
Como é bom estar de volta! O Guia Prático retorna para esta terceira temporada — a lógica da contagem de temporadas é meio arbitrária, mas isso é mero detalhe —, agora em parceria com o Gizmodo Brasil.
No primeiro programa da nova fase, eu (Rodrigo Ghedin), Guilherme Tagiaroli e Giovanni Santa Rosa falamos da polêmica da privacidade do FaceApp, o app que acelera o tempo e usa inteligência artificial na nuvem para mostrar como será o seu visual daqui a algumas décadas, e da história dos deputados catarinenses que querem barrar o 5G porque acreditaram no vídeo de um charlatão que o YouTube faz o desfavor de deixar no ar. Também temos seções especiais de indicações (pegue os links abaixo) e da agenda da semana, em que antecipamos algumas novidades do Galaxy Note 10, novo super celular da Samsung.
Após trabalhar quase um ano para uma das empresas originais do Vale do Silício que operam patinetes elétricos de aluguel, tenho algumas reflexões para compartilhar sobre o modelo de uso e as premissas vendidas por Lime, Bird e tantas outras do ramo.
Os principais pontos de venda dessas empresas é que o patinete elétrico alugado é um produto verde e que traz soluções de trânsito para as cidades. Vamos explorar as premissas uma a uma.
Apenas um rápido aviso: nesta quarta-feira (24), o Guia Prático, o longevo podcast do Manual do Usuário, retorna em parceria com os amigos do Gizmodo Brasil.
A cada 15 dias, eu (Rodrigo Ghedin) conversarei com Guilherme Tagiaroli, Alessandro Feitosa Jr., Erika Nishida e Giovanni Santa Rosa sobre os assuntos mais relevantes do momento na tecnologia. Os programas serão “mesa casts”, ou seja, conversas informais, com cerca de 50 minutos e pouca edição focada na qualidade do áudio.
A exemplo do Tecnocracia, o feed do Guia Prático também mudou. Se você usa o Apple Podcasts ou o Spotify, não precisa fazer nada, pois a migração é automática. Para outros aplicativos, use o feed RSS no campo de busca de novos podcasts: https://manualdousuario.net/feed/podcast/guia-pratico
Qualquer dúvida ou dificuldade, use os comentários ou envie um e-mail. Até quarta!
Nota do editor: Nesta seção, a cada 15 dias entrevisto profissionais de diferentes áreas a respeito de produtividade e da relação deles com a tecnologia. Veja os anteriores e cadastre-se gratuitamente na newsletter para ser avisado dos próximos.
Toda semana, o Manual do Usuário publica o post livre, um post sem conteúdo, apenas para abrir os comentários e conversarmos sobre quaisquer assuntos. Ele fecha no domingo por volta das 16h.
A história mais popular envolvendo tecnologia fora da linha de frente na II Guerra Mundial explica como um matemático britânico chamado Alan Turing criou uma metodologia capaz de decifrar os códigos alemães e como a Inglaterra conseguiu reverter um quadro ruim nos campos de batalha a partir dos códigos interceptados.
A chamada “Bletchley bombe”, a máquina construída por Turing e sua equipe no Bletchley Park, automatizava e acelerava a quebra das mensagens codificadas pelo sistema Enigma dos nazistas. A bombe é a mais conhecida máquina de guerra, mas não é a única. Do outro lado do oceano Atlântico, os Estados Unidos também estavam correndo para desenvolver uma máquina capaz de calcular rapidamente trajetórias balísticas — os arcos descritos por projéteis e balas do momento em que eles saem da arma ao impacto. Humanos demoravam, em média, 30 horas para completar uma trajetória balística. Como os exércitos precisavam de dezenas por dia, o jeito era procurar alguma forma de automatizar.
Em 1942, o professor John Mauchly, da Moore School of Engineering, na Filadélfia, propôs a construção do que chamou de “calculadora eletrônica”: um hardware que usasse tubos a vácuo, a tecnologia mais moderna da época, para calcular. No ano seguinte, o governo aprovou o projeto e financiou o chamado Project PX. Só em novembro de 1945, quando a guerra já tinha terminado, o projeto foi concluído e ganhou o nome de Electronic Numerical Integrator and Computer, o Eniac.
Foi lançado nesta terça (16) um site das operadoras de telefonia e TV brasileiras para que consumidores que não quiserem ser importunados por telemarketing dessas empresas de cadastrem. O bloqueio só se aplica ao telemarketing das próprias operadoras que integram a iniciativa (Algar, Claro/Net, Nextel, Oi, Sercomtel, Sky, TIM e Vivo), não valendo para empresas de outros segmentos.
O cadastro pede os seguintes dados: nome completo, CPF e e-mail, além dos números telefônicos (até cinco) a serem incluídos na lista de opt-out. O bloqueio passa a valer 30 dias após a solicitação.
A política de privacidade do site Não Me Perturbe (não tem link direto; está no rodapé do site) tem algumas cláusulas que chamam a atenção negativamente:
3.1. Os dados poderão ser usados também para processos administrativos — não só judiciais, como é praxe.
3.6. Pessoas (autorizadas, mas ainda assim) poderão acessar diretamente os dados.
5.1. Retificação e exclusão do cadastro só pode ser feita por e-mail ou formulário de contato. O termo “exclusão” aparece no título da cláusula, mas não no texto.
6.1. Alterações na política de privacidade só serão comunicadas na página inicial do site (para que pedir o e-mail, então?).
Então, a lógica é que devemos fornecer mais dados em outro banco de dados apenas para que as operadoras parem de nos incomodar. Não faz sentido. Isso deveria ser opt-in, ou seja, partir da premissa de que não é permitido ligar sem autorização e só fazê-lo àqueles que expressamente permitirem esse tipo de coisa.
Não faz seis meses rolou o alerta do #10yearchallenge e, novamente, geral pondo em risco fotos de rosto por conta de um filtro. Desta vez no FaceApp, um aplicativo russo lançado há dois anos, com uma política de privacidade fraca (e bem questionável), que oferece “testes no Facebook” em seu site oficial e que tem em seu histórico a publicação de doisfiltros escancaradamente racistas. Assim fica difícil.
Atualização (16/7, às 15h45): Uma análise mais detalhada da política de privacidade do FaceApp, a seguir.