Filipeflop agora é MakerHero

Jack Ma volta à China; Alibaba será dividida em seis empresas

Jack Ma reapareceu na China após quase um ano viajando pelo mundo.

Nesta segunda-feira (27), ele visitou uma escola em Hangzhou, sua cidade natal e sede do Alibaba, e falou sobre o impacto da inteligência artificial na educação — inclusive sobre o ChatGPT, que também opinou sobre o retorno de Ma ao país.

Desde que deixou o papel de CEO em 2019, ele foca na sua fundação, que tem educação como um dos pilares. A imagem de Ma entrou em crise em 2021, após a investida do governo em regular o Ant Group, braço financeiro do Alibaba, e de discussões sobre monopólio. Na época, o bilionário havia feito um discurso interpretado como crítico ao sistema bancário.

Ao mesmo tempo, o Alibaba anunciou na terça (28) uma enorme reestruturação. A empresa vai se dividir em seis, incluindo uma unidade focada em serviços de nuvem, uma no e-commerce em território chinês e uma para os serviços globais, conforme relata a Reuters. Cada unidade terá seu próprio CEO e deve buscar financiamento de forma independente.

Em 2021, o Alibaba foi multado em ¥‎ 18,2 bilhões por práticas monopolistas. O alinhamento entre a volta de Ma e o anúncio da reestruturação não deve ser coincidência, já que o anúncio sobre ele estar no país foi positivo para as ações da Alibaba.

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Pela quarta vez, China bloqueia Wikimedia Foundation em comitê de direitos autorais da ONU

Pela quarta vez, o governo chinês vetou a participação de representantes da Wikimedia Foundation como observadores das reuniões do Comitê Permanente de Direitos Autorais e Direitos Conexos da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, integrante do sistema das Nações Unidas.

Segundo os representantes chineses, a Wikimedia usa a Wikipedia e seus outros projetos para disseminar desinformação. A fundação anunciou que deve se candidatar à participação novamente na assembleia geral de julho deste ano, uma vez que, pelas regras do comitê, desde 2022 não é necessário que haja unanimidade para esse tipo de decisão.

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Províncias chinesas começam a apagar dados pessoais relacionados à covid-19

Se a proteção de dados ficou em segundo plano — mas não deixou de ser uma preocupação — em muitos lugares durante a pandemia, ela agora é argumento para que dados pessoais sobre covid-19 sejam apagados.

Isso vem sendo feito pela cidade de Wuxi, na província de Jiangsu, como mostra o Sixth Tone. De acordo com o centro de megadados da cidade, um bilhão de dados pessoais foram deletados, além dos 40 aplicativos ligados ao controle de medidas da covid-19.

Wuxi, contudo, não está sozinha. A Caixin disse que essa limpeza de dados também foi feita por Guangdong. Relatos recentes, como contamos aqui, dão conta de o quanto o governo vem fazendo para deixar o passado pandêmico para trás.

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Livestreaming da calçada de bairros ricos na China

Fez sucesso na internet brasileira na última semana um vídeo da influenciadora Naomi Wu mostrando dezenas de jovens chinesas sentadas em calçadas com suas ring lights, fazendo streaming de conteúdo.

A explicação para o fenômeno é simples: a expectativa é de que os aplicativos priorizem para seus usuários os conteúdos criados localmente — assim, quem estiver transmitindo de um bairro mais rico teria maiores chances de se comunicar com um público endinheirado, revendo melhores gorjetas. Mas tem também quem acredite que essa estratégia atrai doações por pena, como mostra esta reportagem da Hong Kong Free Press.

A indústria do livestream movimenta 30 bilhões de dólares na China, o que tem levado o governo a regular o setor, buscando diminuir o tempo de exposição de jovens aos vídeos, a influência de pessoas desqualificadas, o excesso de gorjetas oferecidas a influenciadores e a evasão fiscal, mas novos nichos continuam a surgir, inclusive companhia para sessões de estudo.


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Pequim quer ser a capital chinesa da inteligência artificial

Pequim, além de ser a capital administrativa, está sendo considerada a capital chinesa da inteligência artificial (IA), liderando com o maior número de empresas do ramo (29% do total), como conta o SCMP.

Na segunda-feira (13), o Escritório Municipal de Economia e Tecnologia da Informação de Pequim publicou um white paper para incentivar o desenvolvimento de IA para carros autônomos, cidades inteligentes e de modelos parecidos com o ChatGPT.

Zeyi Yang escreveu para o MIT Technology Review sobre a obsessão com essa tecnologia e a corrida para criar a sua própria versão, como o Baidu anunciou. Importante lembrar que o ChatGPT não tem atuação na China — e que a versão em mandarim do modelo deixa a desejar.


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O balão chinês que sobrevoou (e foi abatido pel)os Estados Unidos

Os Estados Unidos derrubaram um balão chinês (vídeo) que sobrevoou seu espaço aéreo sem permissão no sábado (5).

O governo estadunidense alega que o objeto se tratava de um satélite espião e, por isso, adiou a visita do Secretário de Estado, Anthony Blinken, à China.

O governo chinês afirmou que era um balão meteorológico de uso civil que desviou de trajetória devido a fortes ventos e condenou veementemente o uso da força militar para o abatimento, destacando que se reserva o direito de agir da mesma maneira no futuro.

Também foi confirmado o sobrevoo sobre a América Latina e o Caribe de um segundo balão.

As diferentes narrativas foram analisadas pelo acadêmico Graham Webster, que assinala que o fato de ser uma pesquisa científica civil não descarta a possibilidade de uso militar por parte da China.

O New York Times pondera os significados do episódio sobre o que se supõe da liderança de Xi Jinping. Do outro lado do Pacífico, Dingding Chen frisou que o episódio não passa de um drama inflado pela mídia e por motivos eleitoreiros. De fato, apesar de reclamar do “exagero” estadunidense, Pequim já estaria sinalizando vontade de retomar a rotina diplomática, conforme matéria do Wall Street Journal.

A repórter Yaling Jiang acompanhou a reação das redes sociais chinesas com relação ao episódio. Segundo sua análise, muitos fazem chacota da importância que os EUA estão dando ao balão e notam que Washington já fez muitos sobrevoos com balões espiões por aí. Apenas uma minoria das postagens dá razão às ações e suspeitas estadunidenses. Como mostra o What’s on Weibo, uma parcela considerável do público aproveitou a oportunidade para fazer chacota do “balão à deriva”.


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O fim do “crackdown” chinês ao setor de tecnologia?

Essa é uma das pautas da semana. Após mais de um ano de uma série de mudanças regulatórias para as gigantes (e nem tão gigantes) de tecnologia na China, o ritmo parecia ter desacelerado um pouco — mas não necessariamente.

Dois novos textos discutem esse tema: para o Nikkei Asia, Angela Zhang escreveu sobre os sinais atuais, como a liberação do IPO da Didi e a aquisição de ações do Alibaba por parte do órgão regulatório.

O segundo texto é uma discussão entre oito especialistas para o DigiChina (da Universidade de Stanford), no qual nem todo mundo concorda sobre o que vem por aí — exceto na garantia do peso de Pequim no setor.

Aproveitando o embalo: para o ChinaAI, o Jeffrey Ding traduziu do mandarim da Caijing Elaw uma lista com os 10 principais eventos ou acontecimentos na área de governança da internet na China em 2022. Estão lá a divulgação de IPs, a multa da Didi e da CNKI, e mais.

De fato, dois novos livros podem trazer algumas reflexões. A obra de Ning Ken, Zhong Guan Village: Tales from the heart of China’s Silicon Valley, conta como o bairro de Zhongguancun em Pequim se tornou a resposta chinesa para o desenvolvimento de startups e empresas de big tech. A Wired publicou uma matéria sobre o livro e a região de Zhongguancun. Já o livro The labor of reinvention, de Lin Zhang, foca em três tipos de empreendedores (do Vale do Silício chinês, rurais e de artigos de luxo), e seus papel especialmente na economia digital. Ela foi entrevistada para o MIT Technology Review.


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O rompimento nada amigável entre Blizzard e China

Após a retomada dos lançamentos de games na China, a notícia da semana é de perda de títulos.

A desenvolvedora estadunidense Blizzard encerrou nesta semana sua colaboração com a chinesa NetEase, que há 14 anos licenciava seus jogos para o mercado chinês.

O fim não foi exatamente amistoso: ainda durante a vigência do contrato, a estadunidense buscava outra licenciadora ao mesmo tempo em que pedia a extensão da parceria por mais seis meses — o que levou a acusações de infidelidade (com direito a misoginia) e ao livestream da demolição das estátuas do jogo World of Warcraft que ficavam no escritório da empresa chinesa em Hangzhou, capital da província de Zhejiang.

O SMCP publicou um texto com os altos e baixos da relação entre as duas empresas e destacando que os jogadores chineses já estão prontos para encontrar novos títulos de outras desenvolvedoras.


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China muda estratégia para lidar com suas big techs

Desde 2021 focada na regulação das big techs, a China agora está de olho no poder de voto dentro dessas empresas.

No começo do ano, o órgão regulador de tecnologia comprou 1% de uma subsidiária da Alibaba e está no processo de fazer o mesmo com a Tencent — como já fez com o Weibo e a ByteDance. É uma participação pequena, mas o tipo de ações adquiridas (a chamada “golden share”) inclui o governo em decisões importantes, como a nomeação de diretores.

Na direção contrária, o fundador da Alibaba, Jack Ma, perdeu o controle do Ant Group após uma reorganização da composição acionária da empresa no começo do mês.

O maior envolvimento do governo chinês em suas big techs acontece em um momento sensível para essas empresas no contexto internacional. O TikTok admitiu que, durante uma auditoria interna, funcionários acessaram indevidamente dados de jornalistas que investigavam a empresa.

Agora, políticos de diversos países se mobilizam para restringir as operações da ByteDance em seus territórios, como os EUA já haviam ameaçado fazer durante o governo Trump — situação que é bem explicada neste artigo da Vox e que estava para ser resolvida no final de 2022.

Em meio a essas tensões, as empresas enfrentam perda de valor e promovem demissões: Didi deve fazer cortes na força de trabalho às vésperas do ano novo (já fez aqui no Brasil, na 99) e a ByteDance, nova concorrente da Didi no mercado de caronas compartilhadas, demitiu 10% dos seus trabalhadores.


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A maior vendedora de carros elétricos do mundo é chinesa

Em 2022, a montadora BYD superou a Tesla e assumiu a primeira posição no mercado de carros não baseados em combustíveis fósseis.

Foram 1,86 milhão de automóveis vendidos no ano passado, a maior parte na China.

Ao contrário da Tesla, a BYD foca em modelos populares, cujos preços variam de ¥ 100 a 200 mil (aproximadamente de R$ 80 a 160 mil). Segundo reportagem da The Wire China, agora que a BYD conseguiu consolidar-se no mercado chinês, a empresa visa a mercados internacionais.

Este fio explica algumas implicações econômicas, ambientais e geopolíticas do domínio chinês na produção e no mercado dos automóveis elétricos.


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