Como criptografar arquivos e diretórios em qualquer nuvem — Dropbox, Google Drive, iCloud, OneDrive etc.

A maioria dos serviços comerciais de nuvem, como Dropbox, Google Drive, OneDrive e iCloud, só criptografa os arquivos e diretórios/pastas em trânsito. Isso significa que seus arquivos podem ser vistos por pessoas que tenham acesso aos servidores e manipulados por sistemas automatizados.

Isso não é necessariamente ruim. A ~magia do Google Fotos, por exemplo, que categoriza e indexa automaticamente suas fotos, funciona graças à permissão que o Google tem de analisar e processar suas fotos na nuvem.

Iso não significa, porém, que esse arranjo é bom ou desejável em todos os cenários. Imagine subir seus documentos do imposto de renda ou exames médicos à nuvem. São dados que não dizem respeito a ninguém além de você.

O Cryptomator é um aplicativo gratuito e de código aberto que permite a você criptografar arquivos enviados a esses serviços de nuvem comerciais. Ele é bem fácil de usar, como veremos a seguir.

O primeiro passo é baixar o Cryptomator. Se você usa macOS, os desenvolvedores recomendam instalar também o FUSE, um software que facilita a montagem de discos e outras tarefas no sistema de arquivos. Ele também é gratuito e de código aberto.

Após instalar e abrir o Cryptomator, clique no botão Adicionar Cofre, no canto inferior esquerdo da tela.

Um assistente será aberto. Na primeira tela, você tem a opção de criar um cofre ou de abrir um já existente — caso alguém tenha compartilhado contigo, por exemplo. Clique no botão Criar Um Novo Cofre.

Print do assistente de criação de cofres do Cryptomator.

Na tela seguinte, dê um nome ao cofre. O Cryptomator dá algumas orientações quanto aos caracteres permitidos. Minha dica é não inventar muito aqui. Se possível, não use acentos ou barra de espaço. Clique em Próximo.

Tela do assistente do Cryptomator em que o usuário escolhe o nome do cofre/diretório.

Em seguida, você escolherá onde o cofre será salvo. Escolha um local que esteja contemplado pelo seu serviço de nuvem, como a pasta do Dropbox ou, no meu caso, o iCloud Drive ou a pasta Documentos do sistema, que é sincronizada via iCloud. (Isso, obviamente, não é obrigatório; você pode criar um cofre local, acessível apenas no seu computador.)

Tela do assistente do Cryptomator onde o usuário escolhe o local do cofre.

Agora vem a parte mais importante: a senha. Ela precisa ter pelo menos oito caracteres (quanto mais, melhor) e misturar letras, números e símbolos. Uma dica para criar senhas fortes é pensar em frases — como esta tirinha do xkcd explica.

Embaixo, o Cryptomator pergunta se você deseja criar uma chave de recuperação. Trata-se de uma espécie de senha alternativa para caso você se esqueça da senha principal. A chave de recuperação não deve ser memorizada, mas sim guardada em local seguro. Talvez seja legal criá-la porque é impossível recuperar a senha principal — não existe um “esqueci minha senha” ou coisa do tipo.

Escolhida a senha e a opção da chave de recuperação, clique no botão Criar Cofre.

Tela do assistente do Cryptomator em que o usuário define a senha e escolhe se quer ou não uma chave de segurança.

O cofre recém-criado e todos os demais aparecem na tela principal do Cryptomator. É por ali que você abre eles, selecionando-os e clicando no botão Desbloquear. Note que o Cryptomator se oferece para “lembrar a senha”. A menos que você use um gerenciador de senhas, recomendo não marcá-la, para que você sempre tenha que inserir a senha e, assim, memorize-a melhor.

Tela principal do Cryptomator, com um popup pedindo a senha para desbloquear um cofre.

O cofre desbloqueado aparecerá como se fosse um disco externo (tipo um pen drive ou pasta da rede). Use normalmente, como se fosse mais um diretório/pasta qualquer no seu computador.

No sistema de arquivos e, por consequência, na nuvem, você verá apenas um punhado de arquivos com extensões esquisitas, como *.cryptomator, *.bkup e *.c9r — em outras palavras, os arquivos criptografados.

Print de uma pasta criptografada pelo Cryptomator exibida no Finder do macOS.

E no celular?

O Cryptomator tem aplicativos para Android e iOS. Se precisar acessar seus cofres pelo celular, baixe o correspondente — os seus cofres já estarão na nuvem mesmo e, portanto, acessíveis pelo celular.

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3 comentários

  1. Usei ao longo do ano o Cryptomator com Fedora, Arch Linux e Opensuse. Não tive nenhum problema. Gosto muito.

  2. Observação importante sobre o Cryptomator.
    Não é possível rodar programas portables que estão armzenados nele.
    só por esse motivo ainda não consigo migrar do Veracrypt

  3. Um que uso faz tempo para coisas mais importantes e que não tem um volume grande como documentos digitalizados, é o cryfs (https://github.com/cryfs/cryfs), gosto dos pontos que ele ataca embora ainda tenha a lacuna de não ter sido feita uma auditoria nele. O que o cryfs faz é além de criptografar, partir os arquivos em blocos de alguns kb (se não me engano, por padrão, 64kb mas isso pode ser configurado). Um tempo atrás mudaram o algoritmo padrão já que diante da quantidade de arquivos e do tamanho deles, o RSA pode acabar diante de colisões, isto é, 2 arquivos com o mesmo hash, e devido o design de todo o processo de dividir os arquivos em pequenos blocos e criptografar, uma chave maior tornaria tudo muito mais lento, mas como falei, uso ele para coisas mais essenciais e que não exigem nem 1Gb de armazenamento e nem envolve leitura e escrita constantes, que é que acho que é o caso de uso próprio para ele. De resto acho o gocryptfs (https://github.com/rfjakob/gocryptfs) um ótimo programa para criptografar arquivos também e com uma velocidade bem maior que o cryfs.