🔗 [en] Existe futuro para o jornalismo de games?niemanlab.org

O debate se dá à luz do mercado norte-americano. O Washington Post fechou a editoria de games lançada em 2019 e vários sites especializados estão sendo reduzidos a “guias” de como vencer em jogos, um conteúdo barato e fácil de turbinar com SEO. Em paralelo, a concorrência de youtubers, que falam de jogos, mas sem o rigor ou salvaguardas do jornalismo, toma quase todo o oxigênio do setor.

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20 comentários

  1. Me lembrei quando a Kotaku chegou por aqui e acabou ajudando a dar uma nova vida as notícias de games – e olha que já tinha sites consolidados com cobertura para a área. (Ow Bracht, passa aqui se estiver vendo!)

    Eu não acompanho o universo dos games mas noto que muitas vezes sempre pipoca alguma notícia legal que vale a pena ser lido. Ou melhor, vinha. Tipo a história dos games, personas importantes, etc… O documentário sobre a cena gamer brasileira e a piratariaé um exemplo.

    Creio que mercado e audiência temos, mas não é muito bem tratado isso também. Fora também que, cá entre nós, o mundo gamer ainda de certa forma é visto com algum desdém. Soma-se também a questão dos preconceitos dentro do universo, o que sempre foi tabu.

    (Lembrando quando a Loading ia lançar um programa jornalístico sobre gamers, deu a maior confusão e foi a primeira queda do canal https://www.tecmundo.com.br/voxel/208187-redacao-inteira-esports-canal-loading-pede-demissao.htm )

  2. Resumo da ópera: Não, não existe futuro para o jornalismo de games, é só ladeira abaixo para eles. Só vamos ter os youtubers e twitchers, que são uma mistura de entretenimento e propaganda paga, e as próprias publicações das empresas do ramo se divulgando (desde as produtoras até plataformas como steam e sony) – ou seja, propaganda própria. No máximo teremos documentaristas ou historiadores, que falarão em retrospectiva após um tempo dos eventos que vão falar (então mais como a série highscore da Netflix, podcasts como Primeiro Contato, livros como The ultimate history of videogames, etc).

  3. Não consigo ver o público gamer consumindo artigos como aqueles que são publicados no meiobit, por exemplo.
    Muitos gamers que conheço jogam um tipo de jogo quando não jogam um jogo. Dificilmente alguém assim vai ler algo sobre o assunto, porque na real não interessa.
    São poucas as pessoas que encaram o vídeo-game como um artigo cultural e ficam interessadas no que acontece na área, como outros que se interessam por cinema ou literatura.
    Futuro eu acho que existe sim, mas será algo pequeno e duvido que algum órgão da grande mídia aposte na área.
    Fica a dica para o MdU abrir um editoria.

    1. Eu outrora consumidor da indústria de jogos, um dia me vi com 200h de dark souls, 300h de bloodborne. Parei de ter interesse por todo e qualquer jogo depois disso.

      Vendi o PS4, aqui fica parado um switch esperando o dia em que vou poder pagar alguém pra destravar (acho que precisa de modchip)

      Garanto que quando o fizer, vou brincar por uma semana e largar mão.

    2. Eu, me interesso, mas sou um cara que gosta de jogo single player, de campanha, com inicio meio e fim. Prefiro variedade. Mas tem mta gente que conheço que fica em um só jogo mesmo.

    3. Dos que eu conheço que jogam, que não são muitos, sou o único que fica pesquisando sobre história dos videogames, tipos de mecânica e gêneros, quais foram os jogos ”clássicos” que serviram de referencias históricas (os equivalentes da odisséia, Charles Dickens, Star Maker etc dos jogos), e mais importante efetivamente joga jogos de todas as 5 décadas da história dessa arte (considerando Pong de 1972 como o 1o jogo que iniciou o fenomeno como o conhecemos). Baixei muitos emuladores e ROMs, comprei muitos jogos antigos, indie e AAA no Steam e Gog, pirateei outros jogos, destravei um Nintendo 3DS e enchi de jogos da história da Nintendo, pirateei pdfs de revistas de jogos velhas e novas dos EUA e Espanha, e no fim não tenho nada o que falar com os outros gamers da vida real, fico lendo esses materiais jornalísiticos, alguns acadêmicos, uns documentários no youtube (ou a serie Highscore no Netflix), e no subreddit patientgamers. Realmente subestimei o quanto sou um gamer de nicho comparado com a média.

  4. Uns anos atrás o UOL tinha uma sessão sobre a games chamada “Start”, com colunistas, dicas, reviews, etc, mas que foi abandonada e desde março de 2022 não é atualizada.

  5. No Brasil acho que o espaço é pouco. Apesar da indústria movimentar muito dinheiro, o jornalismo em si vem em uma decadência. Não há orçamento para cobertura de matérias do mundo dos jogos. Xbox Brasil praticamente não existe mais, os poucos sites que noticiam algo geralmente é notícia traduzida de portal gringo. Pra fazer algo bom mesmo, tinha que ter orçamento e independência.

  6. Estou confuso, talvez por não consumir esse tipo de conteúdo, mas o que é o “jornalismo de games” que tá sem futuro se não é nem curadoria e nem review?
    Consigo imaginar entrevistas e matérias de bastidores de criação de jogos, mas acho que isso nunca interessou o público no geral para agora o ramo se sentir ameaçado

    1. Mas na area do entretenimento (cinema, música e games), sempre o jornalismo daquela area de nicho, desde que me tenho por gente, foi basicamente isso. São as resenhas dos lançamentos, novidades do mercado, historias dos “clássicos” e entrevistas com gente graúda do setor. Fora isso, sempre foi o nicho do nicho.

    2. Existem alguns recortes que cabem numa cobertura setorial e que vão além da curadoria/reviews, como (os mencionados) bastidores, exposição de más condutas (lembra o “Gamergate”?), cultura em geral. Muitos desses recortes são transversais, ou seja, poderiam aparecer/ser cobertos numa editoria outra que não de games.

      1. Ah sim, aí a ameaça seria perder uma área exclusiva pra isso e passar a ser abordado por áreas mais genéricas?

        1. Não exatamente. As áreas/editoriais mais genéricas não têm interesse no assunto, ou seja, ninguém quer cobrir/não há incentivos ($$$) para cobrir games, o que é um paradoxo, visto que há muito dinheiro rolando aí — e dinheiro, em geral, atrai atenção, incluindo de jornais.

  7. Tem futuro no sentido de realizarem uma curadoria dos lançamentos. Tem gente, como o Nautilus, que faz isso de uma maneira mto boa.

    1. A questão abordada pelo artigo é mais de negócios do que de conteúdo. Curadoria de lançamentos é meio básico, qualquer um faz — nem precisa de jornalistas para isso, as próprias empresas se encarregam de anunciar e “hypar” seus jogos.

      Uma editoria de games vai fundo em assuntos que não estão necessariamente alinhados aos interesses da indústria. Há espaço? A julgar pelo cenário norte-americano, parece que pouco.

      1. Não quero trazer aqui nenhum preconceito (impossível) mas me parece que a parcela de “gamers” que de fato consomem esse tipo de conteúdo que não se limita a review de jogos é bem pequena. E ai usando a lógica de oferta/demanda acredito que isso pode acabar virando algo mais nichado, onde quem quer e gosto dos conteúdos acaba sendo responsável pela manutenção daquele projeto. Algo como o MdU, por exemplo.

        Games ainda carregam um número muito grande de preconceitos e faz pouquíssimo tempo que tá de fato ganhando atenção da sociedade com seriedade sem se resumir a “jogar CS faz criança ser violenta”. Vejo que estamos numa curva descendente ao mesmo tempo que o mercado em si cresce, acredito que em alguns anos, novas gerações vão ter mais consciência do papel dos jogos e da indústria e talvez voltemos a ter mais debates sobre o tema. Talvez aqueles que o faziam há tempos eram pioneiros muito a frente de seu tempo.

        1. O assunto é vasto e tem muitos caminhos para onde seguir, mas videogame vai viver melhor em outros veículos do que um próprio.

          Até mesmo em outras artes como cinema e música, são sempre os mesmo veículos e as melhores matérias quase nunca provém de um veículo especializado em música. Gamespots, IGNs, Polygons, meio que sempre vão existir e podem surgir outros a longo prazo.

          Claro que ainda falta um Pitchfork ou um Variety/Hollywood Reporter pros games mas o que de fato vai ter de novo no jornalismo de games já acontece no jornalismo como um todo: projetos financiados pela galera. Já existe um pessoal bacana que tá não só produzindo critica mas também investigações/reportagens com a ajuda de um Patreon e similares.

          Se a VICE e o Buzzfeed não sobreviveram a loucura toda, imagine um site de games. Mais fácil surgir uma reportagem em um New Yorker do que na IGN e ainda tem uma área não explorada por games que (não sei como chamar isso) é a ‘editoria de plataforma’.

          Um dos melhores trabalhos de jornalismo musical tá no bandcamp por exemplo. Talvez uma plataforma como itch.io pode criar isso? Não sei mas é uma ideia interessante.

          Acho que vai estagnar. Vamos continuar com os mesmos veiculos, os indepedentes vão tentar tirar leite de pedra e vai sobrar pra quem trabalha em veiculos mais estabilizados para falar uma vez ou outra sobre isso.

          1. A matéria cita IGN e Gamespot como exemplos de publicações especializadas enfraquecidas, sombras do que já foram. Não sei se “sempre vão existir”.

            A ideia de que publicações generalistas possam suprir essa lacuna também é questionada com o fim da editoria de games do Washington Post.

            (Curiosamente, aqui no Brasil a Folha de S.Paulo tem dedicado alguma atenção à área de games. Não sei se está dando resultado, mas sempre tem uma matéria aqui e ali, além de uma newsletter dedicada.)

        1. Existem várias formas de mensurar o “tamanho” de uma publicação. Audiência é uma delas, mas não só.

          Os sites da NZN têm muito tráfego, sim, mas, com algumas exceções (como a cobertura de segurança no Tecmundo liderada pelo Felipe Payão), são sites com pouquíssima reportagem original e que parecem sobreviver de SEO. (Essa crítica pode ser estendida a quase todos os sites especializados em tecnologia brasileiros.)