O melhor iPhone

iPhone SE (2022) na cor preta, deitado de costas em uma superfície branca, com um pedacinho de um notebook prata ao fundo.

O iPhone SE é o celular mais insosso que já existiu. Com ele, quase ninguém percebe que você está com um celular novo; quando alguém repara, a conversa termina rápido e invariavelmente em uma frase do tipo “é igual o antigo, só que mais rápido”.

Eu adoro isso.

O corpo do iPhone SE de 3ª geração, lançado em abril, é indistinguível do iPhone SE de 2ª geração, de 2020, que por sua vez era quase idêntico ao do iPhone 8, de 2017, que, em relação ao iPhone 6 de 2014, manteve o mesmo design, apenas trocando o acabamento de metal usado até o iPhone 7, de 2016, por vidro, para permitir a recarga da bateria por indução (sem fios).

O iPhone SE tem cara de velho. Ou, como prefiro dizer, tem cara de produto bem acabado. Sua estética é o ápice da primeira era do iPhone, o celular que definiu o que é um celular moderno; da era dos celulares que podiam ser usados com uma mão só. Por ser velho, é discreto, não chama a atenção. A essa altura, dá para classificar seu visual como “utilitário”.

Apesar do visual batido, o novo iPhone SE traz novidades. Algumas, é verdade, sutis, como o acabamento em um preto mais forte, o logo da Apple nas costas centralizado e mais protuberante, e uma ligeira redução no peso, de apenas 4 gramas (ou 2,7%) em relação ao iPhone 8, mesmo tendo uma bateria com capacidade 10,8% maior.

Dois iPhones, SE 2022 e 8, sobre uma mesa branca. Ambos estão “de costas”, mostrando a cor da traseira.
O iPhone SE é “slightly darker black”. Foto: Rodrigo Ghedin/Manual do Usuário.

A leveza se deve, muito provavelmente, à remoção do 3D Touch, recurso nascido no iPhone 6S que adicionava uma camada de profundidade à interação com a tela sensível a toques. Muita gente achava bobagem. Eu gostava e sinto falta.

As maiores novidades do iPhone SE ficam dentro dele, escondidas: chips atualizados.

O principal é um Apple A15, o mesmo presente nos aparelhos da linha iPhone 13. É uma estratégia meio maluca, essa da Apple, de colocar o “cérebro” do seu celular mais caro, o iPhone 13 Pro Max (preços sugeridos a partir de R$ 14,5 mil no Brasil), no seu modelo de entrada, de baixo custo (a partir de R$ 4,2 mil, mas a essa altura já por volta de R$ 2,8 mil no varejo). Nenhuma outra empresa faz isso.

O A15, fora ser muito rápido, dá novos poderes ao celular. O iPhone SE de 3ª geração faz retratos com o fundo desfocado e consegue identificar texto direto pela câmera. O único recurso que a Apple negou por qualquer motivo que não técnico é o modo noturno na hora de tirar fotos, ausente aqui.

A câmera única, aliás, é muito próxima à principal dos modelos superiores. O marketing da Apple passa a sensação de que a cada ano as câmeras do novo iPhone deixam as antigas no chinelo. Tenho dificuldade em distinguir as fotos do iPhone SE, do iPhone 11 da namorada e do meu velho iPhone 8. Todas saem ótimas. Em vídeo, comparativos no YouTube reforçam a impressão de que as câmeras dos iPhones são ótimas há pelo menos cinco anos.

De resto, não tenho muito o que falar. Ah sim, a outra grande novidade interna é que o novo iPhone SE suporta redes 5G. Ainda não notei qualquer utilidade para isso, porém.

Mão branca segurando um iPhone SE de frente, com a tela inicial exibindo fileiras de ícones. Ao fundo, notebook prata sobre mesa branca, parte de uma cadeira rosa e parte de um chão de tacos.
Foto: Rodrigo Ghedin/Manual do Usuário.

É bem provável que este seja o último iPhone SE do tipo, o último “iPhone de botão”. A recepção da crítica especializada foi morna e as vendas, aparentemente, abaixo do esperado. Uma pena.

Já defendi aqui que prefiro esse modelo de iPhone. Ele talvez seja o gadget mais próximo da perfeição que já usei — não à toa, é o terceiro aparelho “mais do mesmo” que compro (antes, iPhone 6S em 2015 e iPhone 8 em 2017). Se, apesar dos rumores, daqui a cinco anos houver um “iPhone SE de 5ª geração” com esse mesmo visual, é bem provável que ele seja o meu próximo celular.

Foto do topo: Rodrigo Ghedin/Manual do Usuário.

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22 comentários

  1. Tive os dois primeiros SE’s em sequência, acho o melhor custo benefício.
    Pensando muito em migrar para o SE 2022 e também compra-lo pro meu pai, que utiliza até hoje o iPhone 6S e não se vê fora do iPhone mais.

    E de verdade, prefiro MUITO mais o Touch ID ao Face ID.

  2. Eu tenho o SE 2020 versão Product RED, e é um dos aparelhos mais bonitos que já usei. Utilizei ele por 7 meses como aparelho principal, mas as limitações de compartilhamento me fizeram voltar pro meu Galaxy Note 9, que apesar da câmera já defasada, ainda desempenha muito bem para as tarefas do dia a dia. O SE agora é meu aparelho secundário, com o meu número comercial.

  3. Ghedin, e a bateria desse modelo? A autonomia é boa?

    Tenho IPad há alguns anos e queria muito utilizar todo o ecossistema da Apple, mas acho que sofreria demais… nada da RetroArch, ScummVM, DosBox, Anki custando mais de R$ 100,00, sendo grátis no Android…

    1. Muita gente reclama da autonomia desse modelo e, em relação aos iPhones maiores, ela é menor mesmo, mas para o meu uso serve bem. Quase todo dia chego à noite com +60% de carga; tem dias que nem recarrego à noite, aí só faço isso na tarde do dia seguinte.

      1. No da minha namorada configurei pra sempre estar no modo de economia de bateria. Você usa também ou nunca?

        1. ja ouvi falar que não é adequado deixar em permanente modo de economia, que degradaria a bateria mais rápido

        2. Uso apenas quando sei que ficarei um tempo longe do carregador ou quando a bateria chega a ~60%.

          De fato, não há prejuízo à bateria no uso do modo de economia — pelo contrário —, mas ele degrada várias funções do celular para economizar energia, deixando-o um pouco menos “esperto”. Aqui tem uma lista.

          1. Não se é bom ou ruim, mas diferentemente do Android, modo de economia do iPhone não chega a ser impeditivo pra praticamente nada. As notificações continuam chegando pelo sistema de push então, nada perturbador como no Android.

  4. iPhone SE é o meu primeiro iPhone. Tive coragem por causa do preço, mas acabou me conquistando por ser bonito, discreto e nostálgico. E como não tenho referência de outro produto da Apple, faz tudo muito bem e até melhor que outros celulares que tive. Gosto tanto que queria presentear com ele.

    1. Estou na mesma situação. Meu SE 2020 foi minha entrada pro mundo Apple e sinceramente nunca tive um celular tão bom.

  5. Além de excelente aparelho, eu vejo a linha SE como uma ótima porta de entrada pro Ecossistema Apple. Além das features suficientes pra 90% dos usuários tem a questão de um ótimo desempenho num aparelho de entrada. Minha esposa teve a 1a versão baseada no iPhone 5s e agora tem a 2a de 2020.

  6. Ô Ghedin, fiquei orgulhoso de ver, por acaso, que teu post no Hacker News sobre o mesmo assunto fez muito sucesso. Os gringos merecem conhecer seus ótimos textos também. Hahaha.

  7. Tive um SE de 2016, a primeira geração de todas. Pedi para um amigo que estava de viagem comprar nos EUA pra mim e lembro que paguei R$1.500,00, que era uma grana alta na época, mas ainda assim uma grana aceitável a se pagar por um celular.

    Foi muito bom pra mim e durou até 2021. Mas, pra comprar o SE de novo em 2021, não animei. Apple inviabilizou sua marca para pessoas que não podem ou querem pagar o preço de um carro num celular.

  8. uma estratégia meio maluca

    Eu vejo isso como um grande diferencial da marca que não fica lançando produtos de performance lixo.

  9. Tenho um SE 2020 e acho excelente. Os únicos incômodos são a bateria mequetrefe (+/- 6h de tela) e alguns apps que não se importam em fazer a adaptação pra tela 16:9. O A13 ainda segura muito bem as tarefas e a experiência no celular é muito fluído, além das câmeras serem ótimas.

  10. Se tivesse USB-C em vez do conector padrão Apple, eu faria até crediário pra comprar a versão de 128GB.
    Enfim, ótimo aparelho, sigamos esperando o futuro iphone com USB-C (ou sem nenhum conector).

  11. Na minha opinião:
    Iphone 4/4s: o melhor iphone em seu tempo.
    Iphone 8: o que mais sinto saudades: tamanho ideal, leve e bonito. Muito bonito!

    Eu compraria esse SE sem pensar duas vezes.