Câmeras do iPhone evoluem ano após ano, mas menos do que a Apple nos leva a acreditar

Alguém que leia os materiais de divulgação ou assista às apresentações de novos iPhones da Apple pode ficar com a impressão de que, ano após ano, as novas câmeras do celular da marca melhoram tanto que tornam as antigas obsoletas, quase indesejáveis.

Não é o caso.

Alguns meses atrás, cogitei comprar um iPhone 13 Mini para usá-lo também como câmera para o site. Quando procurei por vídeos independentes que comparavam suas câmeras à de modelos mais baratos, como o iPhone SE, e antigos, como o meu duradouro iPhone 8, o que vi foram fotos e vídeos muito similares. (Exemplo.)

Acabei comprando um iPhone SE de 3ª geração. Embora a câmera dele seja melhor que a do antigo iPhone 8, não é muito melhor — e os ganhos parecem mais decorrentes dos poderes do chip A15, como o HDR e a ciência de cores nitidamente melhores, do que por competência do conjunto de lentes ou do sensor.

Quando comparo fotos redimensionadas e comprimidas, do tipo que mais vemos por aí, compartilhadas em redes sociais, fica ainda mais difícil distinguir de qual celular uma foto saiu.

Vamos a alguns comparativos.

Neste primeiro exemplo, as cores são bem diferentes, mas a definição, embora melhor na foto do iPhone SE, não me parece muito pior no iPhone 8. As duas fotos passariam bem em qualquer Instagram da vida. Nem vou fazer mistério porque está fácil distinguir qual é qual.

Fotos originais, redimensionadas e otimizadas com qualidade em 90% pelo Pixelmator Pro, e redimensionadas novamente pelo WordPress:

Duas fotos quase idênticas de um vaso de rosas em primeiro plano, sobre uma mesa branca, com uma cortina bege e uma cadeira rosa ao fundo.

Aliás, se fizermos um ajuste simples em ambas as fotos no Pixelmator Pro (Realce ML, totalmente automático), a diferença fica mais sutil:

Duas fotos quase idênticas de um vaso de rosas em primeiro plano, sobre uma mesa branca, com uma cortina bege e uma cadeira rosa ao fundo.

Aqui o comparativo fica mais parelho. Qual foto saiu melhor, a do iPhone A ou do iPhone B?

Duas fotos quase iguais, de um pote de geleia, com destaque para o rótulo, sobre um jogo americano com textura xadrez, marrom e preto.

E agora?

Duas fotos quase iguais, com uma planta de folhas rosas em primeiro plano e uma palmeira pequena ao fundo, desfocada.

Para o teste de retrato, coloquei um iPhone 11 no páreo. E aí, qual foto saiu mais bonita?

Homem branco, de barba e óculos de grau, vestindo uma camiseta preta com um casaquinho marrom por cima, contra uma parede branca. Em três fotos quase iguais, cada uma tirada por um iPhone.

Não me entenda mal: há melhorias perceptíveis nas câmeras mais novas. A do iPhone SE, por exemplo, tem definição melhor. De qualquer modo, são melhorias que se sobressaem assim, em comparativos lado a lado, ou sob a lupa, em tamanho natural.

Em fotos isoladas e redimensionadas, é difícil notar os avanços — salvo em situações que não dependem de recursos computacionais, como o desfoque de fundo do “modo retrato” (disponível no iPhone SE) ou o modo noturno (indisponível).

Esse comparativo me surpreendeu um bocado. Faz uns bons anos que as fabricantes têm concentrado seus esforços de diferenciação na câmera — da concorrência e de versões antigas dos seus celulares. O progresso é evidente, mas caminha a passos lentos, o que não é demérito algum considerando que já faz um bom tempo que carregamos câmeras muito boas no bolso.

Talvez a fotografia em celulares tenha chegado a um estágio similar àquele em que os processadores se encontram: a evolução entre gerações imediatas é mínima e faz pouca diferença na prática; o real benefício só se manifesta em intervalos maiores, de cinco, seis gerações de câmeras/celulares.

Ah sim: “iPhone A” é o iPhone SE (3ª geração) e “iPhone B”, o iPhone 8.

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4 comentários

  1. Acho que tem boas diferenças pro vídeo, a estabilização dos novos iphones é impressionante, e tb alguns modos de filmagem diferentes.

  2. Uma coisa que me incomoda um pouco nessa tendência de pós-processamento, é o exagero no HDR em algumas cenas, fica tudo muito claro e c0m cara de sobre-exposto em alguns cenários.

  3. Pois é, as diferença estão mais se você está buscando elas. Acho que tem uma coisa que as vezes não dá pra avaliar apenas pelas imagens finais é o quanto você consegue salvar uma imagem fotografada errada e isso faz bastante diferença pelo menos pra mim. Saber que a foto original por exemplo tem mais tonalidades nas áreas de escuras e claras e uma imagem com mais pixels reais, permite mais possibilidades de salvar a imagem do que uma foto que já e no original limitada. Agora no fim, se tudo vai ser mastigado por alguma rede social, realmente não faz muita diferença.