Sem paywall: archive.is/cUKtz
Que me perdoe o pessoal do home office, mas a pior parte de trabalhar em casa (ao menos em jornalismo) é perder essas trocas e experiências com os colegas.
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Que me perdoe o pessoal do home office, mas a pior parte de trabalhar em casa (ao menos em jornalismo) é perder essas trocas e experiências com os colegas.
Essas trocas são absurdamente superestimadas. Ainda não sairam estudos sobre isso, mas a produtividade aumenta ou se mantém no home-office. A ideia de que você *precisa* dessas trocas é subjetiva e guiada não pode dados ou métricas e sim por achismo e feeling.
Acho que se a pessoa sente tanta falta assim de trocar ideias pessoalmente, ela pode sempre marcar uma reunião na empresa (acho que nenhuma empresa, mesmo 100% remoto, deixou de ter escritório, eles só ficaram pequenos) e fazer isso.
Mas imagine uma pessoa que mora na periferia de SP e demora 2h pra chegar no trabalho ter que se submeter a isso apenas pra ter “trocas” com os colegas?
Você alguma vez trabalhou longe do seu escritório Ghedin? Na periferia? Teve que pegar várias conduções diariamente, acordar 2h antes de sair? Chegar depois das 20h em casa apenas pelo trânsito e distância?
Se não, você é um super priovilegiado que analisa esse assunto por um prisma de quem mora no centro e vai pro escritório caminhando, de bicicleta …
Obviamente que é subjetiva. Você as acha superestimadas; eu, não. Vê? Totalmente subjetivo. Quem está certo? Quem está errado? Todos e ninguém, pois subjetivo. E, obviamente também, não se trata de produtividade. Um robô é mais produtivo que todos nós juntos, o que não significa que devamos almejar a transformação em robôs. Eu, pelo menos, não almejo.
E, sim, é uma droga trabalhar longe de casa, acho que não existe absolutamente ninguém que discorde disso (exceto talvez chefes que obriguem funcionários a se submeterem a tal crueldade; não é o meu caso), mas ao compartilhar um texto como esse, parto do pressuposto de que esse tipo de perrengue não existe ou não é tão ruim. No mínimo, conto com a suspensão temporária da realidade nua e crua por parte de quem me lê, porque só assim a gente consegue conversar sobre aspectos desimportantes da nossa existência.
Se fôssemos debater só o que abarca a realidade da maioria ou os Verdadeiros Problemas da Humanidade, toda conversa aqui deveria começar com questões fundamentais como a fome no mundo ou o sentido da vida. Imagina, os caras falando de privacidade e tem gente que não tem o que comer… e esse aí, falando de celular enquanto estamos presos nessas máquinas de sobrevivência a que chamamos de corpos, vagando em um universo em que nada faz sentido e tudo é resultado do mero acaso…
Existe um fato dentro disso tudo que é absurdamente relevante e que, quando se argumenta sobre “a necessidade das trocas humanas” se ignora é o custo emocional e físico que a maioria das pessoas tem para se deslocar. Isso não é uma suspensão de realidade temporária, isso é basicamente o argumento principal do WFH para a maioria das pessoas.
E trocas por trocas, hoje eu trabalho com pessoas de Goiás, Recife, Curitiba, Florianopolis, São Paulo e do interior do RS (cidades a 400km de POA). Acredito que tive muito mais trocas de experiências conversando em happy-hours online com essas pessoas do que se eu estivesse num escritório cheio de pessoas brancas, moradoras do bairro mais caro de POA e vindas da PUCRS.
A questão é subjetiva, claro, mas não podemos cair na tentação de catar milho para dar sustentação ao nosso ponto de vista.
Paulo, sua resposta sugere um espantalho, como se eu estivesse tentando impor ou mesmo provar que o trabalho presencial é melhor, ou ameaçando retirar de você o trabalho remoto. Sinceramente, é um debate no qual não tenho interesse algum, nem de um lado, nem de outro, e fico feliz que você esteja trabalhando do jeito que prefere.
Compartilhei esse texto porque eu sinto falta. Só isso. Não precisa reagir dessa maneira toda vez que alguém diz um “a” contra o trabalho remoto por aqui. É tão difícil aceitar que existam pessoas que têm preferências distintas das suas?
Sua resposta sugere um ad hominem =)
Não é uma questão de ter uma opinião diferente da minha, todo mundo tem. O que eu mais faço é isso. É uma questão que bate pesado em mim que é o privilégio escondido por trás dessa posição. E isso realmente me deixa com um pé atrás, porque o MdU é um local de pessoas absurdamente privilegiadas que não enxergam isso na maior do tempo.
Esse é o motivo pelo qual eu não escuto o Guia Prático, não assino o MdU, sai do antigo grupo aberto do Telegram e fiquei meses sem postar nada em comentários por aqui. Mas esse é um problema meu, que eu externalizei confesso.
Mas compare a sua forma de abordar as coisas com a forma como o Guilherme aborda no Tecnocracia. Serve como reflexão, eu creio.
Abs, também não quer uma discussão dessas.
Mesmo quem não gosta de trabalho presencial deveria fazer, a troca de ideias é essencial em qualquer trabalho, as pessoas se isolam achando isto vantajoso. Vai entender!?
Não só a convivência com os colegas. Havia A redação, lugar para onde as pessoas escreviam, ligavam, procuravam jornalistas. Alguém aparecia com uma denúncia, a chefia de reportagem mandava o repórter que estivesse disponível. Ele voltava, se reportava à chefia e a pauta podia ser ou não dividida entre mais repórteres.
Hoje você procura UMA pessoa em específico, dois terços do que sai vêm de release de assessorias ou de apuração online e parece que o mundo não existia antes de 2010, de tanta bobagem que eu já pesquei em matéria de repórteres mais xófens.
Enfim. Eu me sinto um dinossauro chorando os “velhos tempos”.
Pra mim já foi ao contrário. Agora só converso com quem eu quero conversar e não vejo as coisas erradas, cagadas anunciadas e favorecimentos as vistas de todos. HO me fez um bem enorme, e só volto se me obrigarem, nunca por vontade própria.
Uma coisa que sempre me passou pela cabeça, Ghedin, é o porquê dos jornalistas não criarem espaços de Co-Working para isso. Ou “cooperativas de jornalismo” onde justamente quem trabalha mais em home office pode se encontrar nestes lugares para desenvolver tanto o próprio trabalho quanto paralelos.
Porque é caro, Ligeiro, hehehe. Além disso, pode ser estranho dividir espaço, ideias e tudo mais com colegas de outros veículos. Embora haja muita colaboração (eu sou muito favorável a essas trocas!), dificilmente alguém abriria muito pautas em que está pensando, furos e tudo mais. É diferente quando todos são do mesmo veículo.
Sempre pensei que um Co-Working seria um espaço tipo “uma casa alugada com internet, cafezinho e tudo alugado tipo cooperativa”. Preciso aprender mais sobre.
Mas tipo, só algo que sempre quis jogar a ideia para saber, esqueço que jornalismo tem esta de “pautas individuais”. :)