Apple prepara suporte a lojas de aplicativos de terceiros no iOS em resposta a lei europeia.
Fontes internas da Apple disseram à Bloomberg que a empresa prepara mudanças substanciais no iOS e na App Store, a princípio exclusivas para a Europa, a fim de atender o Digital Markets Act (DMA), projeto de lei em estágio avançado que tenta restabelecer a competitividade em setores dominados pela big tech.
A maior delas, talvez, é a abertura do iOS/iPadOS a lojas de aplicativos de terceiros. Hoje, a única maneira de se obter apps nesses sistemas é baixando-os da App Store, da própria Apple.
A Apple passou anos fazendo lobby contra a medida, dizendo que abrir o sistema a outros métodos de distribuição de aplicativos traria inconveniência e insegurança.
Balela. Esse cenário tido como apocalíptico sempre existiu no Android e, ainda assim, a Play Store, do Google, lidera isolada a distribuição de apps.
Não duvido, porém que empresas como a Meta e a Epic Games, que reclamam abertamente das políticas da App Store, arrisquem-se com lojas próprias e até em restringir seus populares aplicativos, como Instagram e Fortnite, a elas.
Por outro lado, seria lindo algo similar ao F-Droid no iOS. Fica a expectativa, caso essa mudança se expanda para o resto do mundo.
A Apple também estaria cogitando abrir o iOS para outros motores web (hoje, todos os navegadores são obrigados a usar o WebKit do Safari), o uso do chip NFC do iPhone para outras carteiras digitais e alguns recursos da câmera hoje de uso exclusivo da Apple.
Não consigo imaginar como todas essas mudanças, mais a adoção do USB-C no iPhone, poderiam ser negativas para quem quer que seja — fora, claro, os acionistas da Apple. Via Bloomberg (em inglês).
Uai, não pode usar Google/Samsung pay no iPhone? Juro que eu não sabia disso.
Liberdadeeeeeeeeeee!
Pior que vejo que até para os acionistas será uma boa. Muita gente ñ compra os produtos da Apple devido essas restrições. Com essa abertura, vejo que a Apple passa a ter mais apps e pessoas usando seus dispostivos móveis.
USB-C no iPhone 🔥
Eu acho que as lojas de terceiros não ganharam força no Android porque o Google
é bem mais aberto ao que aceita na loja.
Não existe pressão da Meta, por exemplo, para permitir tracking entre apps ou mesmo produtos como o tal Facebook Research Program.
Algo que pode mudar bastante a viabilidade de lojas de terceiro é o quanto a União Europeia vai regular a implementação dessas lojas no OS. Se for como é no Android hoje, vai ficar restrito a um nicho.
E justamente por isso faz sentido que a EU exija que a instalação/uso de lojas de terceiros seja facilitada…
Mas a legislação é bastante confusa. Diz que é preciso permitir sideloading OU lojas de terceiros, e nisso aposto que a Apple deve permitir só o primeiro (até por ser algo que o iOS já aceita, de forma limitada)
E por ter nascido no modelo da App Store, acho que o cenário de ter várias lojas no mesmo dispositivo (muitas delas tendo as mesmas apps listadas) pode trazer alguma complicação. Um exemplo é na China, onde isso é uma realidade no Android e… tem loja brigando pra atualizar os apps do telefone https://twitter.com/benedictevans/status/1399293952822493185
Fora Meta, Spotify, Epic Games e outras grandonas, não imagino que o coro dos insatisfeitos com a App Store seja muito grande. Pelo menos com os desenvolvedores pequenos e médios com quem tenho algum diálogo, parecem bem satisfeitos.
A reportagem do Gurman deixa no ar quais exigências a Apple fará a lojas de terceiros. Acho viável (e compreensível) que recursos de segurança, como o ATT, sejam mantidos mesmo com lojas de terceiros ativas.
Eu tenho os dois pés atrás com o Benedict Evans. Esse exemplo que ele dá, insinuando que o destino do iOS com abertura a lojas de terceiros é o mesmo do Android na China, é… não tem nada a ver, é uma situação com tantas características distintas da da Apple, a começar pelo fato de que a Apple já tem uma loja hegemônica, que não são comparáveis, qualquer que seja o desenho da implementação da Apple.
Apesar do ATT ser enforçado pelo sistema parte da sua efetividade vem da App Store – os desenvolvedores sabem que uma tentativa de burlar o sistema vai custar a remoção do app.
Num cenário com lojas de terceiros, parte do ATT segue funcionando (sem pedir permissão, o app não tem acesso ao ID de anunciante do aparelho) mas se pode usar outras informações para fazer tracking. Seja fazendo algum fingerprint com base nos dados do aparelho ou até… direto pela conta do usuário.
E quanto ao Research Project, não tem mecanismo no sistema para bloquear porque é “apenas” um app de VPN.
Eu entendo as ressalvas ao Evans e concordo que é um cenário diferente do iOS e mesmo Android no mundo ocidental: A começar por ter *várias* apps stores independentes com algum sucesso.
Mas é o tipo de complexidade que ter mais de uma loja (e muito provavelmente vários apps listados em mais de uma) traz e que não tem solução ideal.
Nos computadores os próprios apps costumam gerenciar updates, lojas são quase uma exceção.
No mobile a regra é o inverso e acho que até limitar a loja a atualizar apenas os apps que instalou pode ser algo que seja visto como anticompetitivo (justamente porque já existe um player hegemônico, e ele é beneficiado nisso)
Enfim, acho que está longe de ser um panorama apenas positivo.
Um cenário onde mais app stores sejam bem sucedidas aumenta muito a complexidade tanto para os usuários finais quanto para desenvolvedores.
Não a toa alguns desenvolvedores não acham a ideia de outras lojas muito boa (SDW do Halide https://twitter.com/sdw/status/1602752360081723395 ou mesmo o Riley da AltStore https://twitter.com/rileytestut/status/1602803031984279552)
O fato de eu poder instalar o que quiser é o que me prende no Android.
O fato de eu não ter que me preocupar com a questão de segurança dos apps, aplicativos que roubam dados e aplicativos de origem duvidosa me deixam mais tranquilo no iOS. Vai ficar a critério do usuário usar ou não outras lojas. Se garantirem a questão de segurança, com certeza devem conquistar uma fatia dos usuários.
Essa é uma afirmação falaciosa, a Apple não garante a segurança do aplicativo por completo, ela apenas aplica uma série de políticas e diretrizes de desenvolvimento e distribuição na sua loja, mas isso por si só não vai deixar seu celular mais seguro.
Olha, discordo, Kim. No geral, a revisão da Apple é mais rigorosa (não é perfeita) que a de lojas como a Play Store e, sim, dá para dizer que é seguro baixar aplicativos da App Store com risco beirando o inexistente de que alguma falha de código ou código malicioso esteja presente.
Não é à toa que o iOS é tão querido por gente que não liga para informática e que a App Store abriu um mercado e todas as outras empresas a copiaram ou tentaram. É um modelo, na média, muito bom. O que se luta é para que não seja o único.
É, considerando o nível de segurança que um usuário normal precisa, os processos e políticas da Apple deve ser bom o suficiente mesmo.