Obviamente, contém spoilers.
Fiquei bem satisfeito com o desfecho da história. Uns dias antes, havia lido este artigo dizendo que “somos todos Tom” e… no fim, ele que saiu vitorioso, né? O selo da testa do primo Greg achei sensacional — um Roy domado, subjugado, quase um totem da velha dinastia que ruiu.
Engraçado. Succession é uma série pela qual eu tive sentimentos bem conflitantes desde que comecei a ver (acho que a 2ª temporada estava sendo transmitida na época), geralmente mais negativos que positivos, mas ao mesmo tempo tinha a impressão de que era a última série decente que sobrou na TV/streaming.
Algumas coisas nunca me desceram pra valer. O jogo de câmeras espertinho, tão óbvio quanto desnecessário. Os personagens caricaturais, que nos piores momentos da série pareciam mais avatares autoconscientes pros escritores jogarem piadinha pro twitter que qualquer outra coisa. Os momentos em que a verossimilhança do retrato da vida dos bilionários dava lugar pra umas críticas-sociais-fodas maniqueístas. E, principalmente, a estrutura narrativa da série, que nunca se permitiu uma mudança de status quo pra valer da situação dos personagens, sempre prometendo grandes eventos que eram imediatamente deixados de lado, desinflados, nos episódios seguintes (o que a série nunca abandonou, e me incomodou bastante nos episódios pós-eleição).
Críticas a parte, a qualidade das atuações e a promessa do que estava por vir sempre sustentaram bem a série, e praticamente todo episódio teve cenas excelentes – embora eu ache que, no quesito dramático, a opção da série por não construir arcos dramáticos muito lineares e nem se comprometer com os seus próprios acontecimentos tenha comprometido uma boa parte dos eventos.
De qualquer forma, o saldo é positivo. Adorei o final, principalmente o desfecho dado pro casal Shiv/Tom. Se por uma boa parte das últimas temporadas, ficou parecendo que os roteiristas já não sabiam pra onde levar esse relacionamento, isso acabou alimentando um final bem angustiante. Tenho que confessar que vai fazer falta.
Final perfeito! Depois do novo episódio fiquei surpreendido o quanto o Roman se tornou mais verdadeiro.
Sem dúvidas é uma série que todo mundo deveria assistir, assim como The Wire.
Final incrível, pra coroar uma série que vai deixar muita saudade. A sensação de saber que não haverá mais episódios causou em mim algo parecido, ainda que em proporções menores, com o fim de Game of Thrones, Sopranos, Breaking Bad e Peaky Blinders.
Sobre os grandes “vencedores”, além do Tom, também coloco a Gerri. Que personagem sensacional!
Vai deixar saudades, HBO como sempre construindo histórias memoráveis!
Acho que Succesion é dessas séries que o final não importa tanto. Se qualquer dos herdeiros levasse, seria desapontador, então o desfecho não tinha muita opção.
Esse trailer pintando uma comédia romântica entre Greg e Tom é ótimo:
https://www.youtube.com/watch?v=_b7CNBXzo54
Bem legal este vídeo com comentários do Jesse Armstrong (criador da série) e Mark Mylod (diretor e produtor executivo). Gosto da parte em que eles comentam os desfechos dos três filhos.
Fiquei feliz com o final do Tom, de verdade. Mas o episódio em si foi ridículo, aquela cena do liquidificador (?)…
Pra mim, succession ser assim tão ovacionado só mostra que muita gente não assistiu The Wire, o que é por si muito triste.
Já eu adorei o episódio e acho que a série merece todos os elogios que está recebendo. Mesmo tendo visto The Wire, Band of Brothers ou Angels of America, por exemplo.
the wire é muito bom na primeira temporada. bom na segunda temporada. depois com a repetição da fórmula cansa nas demais temporadas. larguei no meio da quarta.
Vi ambas e prefiro Succession ¯\_(ツ)_/¯ e sinceramente não vejo a razão da comparação direta entre as duas, só por serem do mesmo canal (?)
Não acho Succession a melhor série do mundo, da HBO, da década, mas no mar de mediocridade (no sentido de “médio” mesmo) dos streamings atualmente, vejo como natural esse destaque para uma série bem escrita, bem dirigida e bem atuada. É tudo muito redondinho, muito pensado. Além disso, passou semanalmente ao longo de anos – quem acompanha desde o começo se afeiçoou aos personagens (ou passou a odiá-los) e já teve tempo de pensar, digerir, ver, rever. É natural esse tipo de comoção em séries semanais, variando o tamanho da repercussão pelo tamanho da audiência.
Eu gostei bastante do episódio final e da cena do liquidificador. É marcante, espontânea, quebra a tensão do episódio um pouco, dá um respiro.
O final do Tom traduz o fato notório de que o importante não é só ser qualificado, preparado, ter acesso, ser estudado, ter experiência, ser rico, etc, mas também puxar saco e inflar ego de quem tem mais poder. Está lá desde o primeiro episódio puxando saco. Até quando estava arriscando ir à cadeia continuou puxando saco. Mattson o odiava, mas Tom viu a oportunidade e foi lá puxar saco. Taí, virou CEO.
Greg, mesmo da “dinastia”, começou como “prop”, vestido de personagem num parque, e terminou como “prop”, como coisa do Tom.
Acho que a série toda é um tapa na cara de quem (ainda) acredita que qualificação, estudo, preparação etc. faz a diferença na hora H. A fala do Roman no final, quando só ficam ele e o Kendall na sala em que os três irmãos bateram boca, resume isso — algo do tipo “we are bullshit”.
Mattson escolheu Tom porque Tom é submisso, vai fazer o que ele mandar e segurar todas as buchas sem reclamar. Aquela conversa deles no restaurante foi um teste bem pesado, de submissão e controle, principalmente quando ele comenta que quer transar com a Shiv. Tom incorpora toda a falta de escrúpulos, de dignidade e de amor próprio do mundo corporativo — e o poder que essas característica têm, às vezes capazes até de superar o vínculo sanguíneo.
Que cena essa do restaurante. A cara do Tom engolindo seco mas seguindo em frente revela experiência nesse ponto mesmo de submissão. Matthew Macfadyen entregou aí
A cena do liquidificador foi uma das mais bonitas da série. Depois que eles param de competir pela empresa (que significado o amor do pai na cabeça deles), finalmente conseguem agir como irmãos de verdade e simplesmente se divertir
Gostei bastante do final também. Essa cena do selo foi ótima!
Devo admitir que no começo quando lia sobre a série “de uns bilionários” nem terminava o texto, mas sempre tinha outro dizendo “dá uma chance porque não é nada disso”. Assisti e foi uma ótima viagem.
Grandes frases, inclusive. Uma das últimas que mais gostei foi do Roman, no penúltimo (penúltimo?) episódio: “Acontece que eu sou um bilionário”.