Que o senhor Elon Mosca tem feito um esforço enorme para matar o Twitter é bem sabido. Que está conseguindo, também. Mas, se ele, do nada, resolvesse subir na SpaceX e o foguete nunca voltasse e/ou explodisse e/ou [insira aqui a forma dele sumir do mapa], você acha que o Twitter conseguiria (com uma liderança decente) reverter o declínio e pelo menos ter uma sobrevida? Ou já foi e agora só iria morrer mais devagar como o Yahoo tem morrido?
Tinha apagado a conta e voltei. O choro está ótimo. Verificados com menos de 1000 seguidores e relevância zero chorando. Felipe Neto que é um ser cujas opiniões simplesmente não interessam estrebuchando. Melhor rede social da atualidade. Fácil de entrar. Não tem essa história de instância X, Y. Criar chave de criptografia XPTO e outros bla bla bla. Sigam sonhando com o Mastodon sendo relevante. Nunca será.
E o melhor. Todo mundo chorando lá no próprio Twitter pq simplesmente não tem para onde ir.
Melhor lugar da internet.
Vamos lá.
1) O Twitter sempre foi uma rede pequena e de entendimento mais difícil comparada à concorrência.
2) O que mantinha o Twitter relevante era:
2.1) Os jornalistas amavam a rede, já que podiam “brilhar” sem passar pelo veículo onde trabalhavam;
2.2) As ferramentas de medição de sentimento da rede em tempo real, coisa que nenhuma outra rede tinha e tem – não por acaso as TVs ama(va)m a rede.
2.3) Celebridades querendo pagar de “autenticonas”.
2.4) Subgrupos que adotaram o Twitter como plataforma de encontro da “galera”, por exemplo K-Poppers.
3) Ou seja, por mais que em algum momento na metade da década passada o Twitter *parecia* uma rede popular, o Twitter *nunca* foi uma rede popular.
4) Rede social é que nem TV aberta: ganha dinheiro vendendo anúncio para anunciante falar com as massas. Se o Twitter não falava com as massas, mas sim com grupos específicos (K-Poppers, celebridades “autenticonas”, news junkies, jornalistas), sempre teria dificuldade para vender anúncio e, portanto, se sustentar financeiramente.
O que o Elon Musk fez?
Destruiu o esforço da administração anterior em tentar manter o Twitter minimamente civilizado para não expulsar quem trazia valor para a rede.
Aliás, expulsou ativamente quem trazia valor para a rede, ao fazer o movimento clássico da burguesia desde a Revolução Francesa: destruir a autoridade por reconhecimento para, usando o “povo” como desculpa, colocar no lugar a autoridade pelo dinheiro.
Resultado:
Qual o valor que o Twitter traz para seu usuário “comum” hoje em dia? Quem ele queria ler/seguir está saindo/diminuindo a frequencia, e a chance de aparecer scammers, cryptobros, fascistas e outros seres do esgoto, que pagam pelo Blue, cada vez mais sendo empurrados goela abaixo, queira ele ou não.
Qual o valor que o Twitter traz para o anunciante? Talvez o mesmo valor que um anunciante “sério” vai ter anunciando em uma emissora de TV tipo Redetv ou coisas piores (RBTV, NGT etc): nenhum. Zero. Nilch. Nada.
***
O Orkut não acabou de uma hora pra outra. Foi definhando, foi definhando, foi definhando… até que um dia acabou.
Com o Twitter a tendência é ser a mesma coisa. E acho que vai acabar antes do Elon Musk criar seu mitológico WeMuskChat.
Bons pontos. A sensação é que o Twitter não definha pq a comunidade que está lá quer achar um outro local padrão. Ao que noto, boa parte quer ir para o BlueSky por ser do antigo dono.
Mas em termos de relevância, mudou tanto assim? É tipo o Uber: um produto relevante e muito usado, mas não é um negócio lucrativo.
A rede era pouco lucrativa, comparada a outras redes sociais, a aquisição do Elon Musk tornou a situação muito pior. Apesar das tentativas destrambelhadas de aumentar lucratividade, as alternativas parecem não ter feito cócegas a posição do Twitter.
O Yahoo foi claramente ultrapassado pelo Google e foi morrendo, já o Twitter está mais para vencedor que não está em seu melhor momento (e.g. Google, Windows, Facebook).
Se não desmoronar nas mãos do Musk, deve manter sua posição, a não ser que algum concorrente ganhe tração com o público geral.
Deixe definhar de uma vez.
Ontem eu tava no trem voltando para casa e com a bateria baixa, o que é bom para evitar escrever o que vem primeiro a mente.
Isso me fez maturar uma questão: o que seria equivalente de dizer o porquê do Twitter ter tido sucesso? E me veio um termo.
Restaurante de Esteira de Sushi
Explico. No Japão, existe este conceito de restaurante que vai passando o alimento na sua frente e você pode pega-lo a qualquer momento. “Ah, mas tem o rodízio com os caras levando a carne pra lá e pra cá”. O rodízio demora mais para aparecer e não é tão recheado de propaganda quanto um japonês como esse.
Então imagine um lugar onde você vê pipocando uma informação na sua frente e você pode fazer o que quiser com ela, seja interagir com a mesma ou não, ou até interagir com as outras interações. Você pode fazer “terrorismo de sushi”.
Esse é o Twitter.
Se na época dos feeds do Orkut e do Facebook existia até uma dinâmica similar, no Twitter esta dinâmica é a nativa. A informação está ali, corre na sua frente junta (teoricamente) com MILHÕES de outras informações no feed, e no final NÓS como usuários definimos melhor como queremos alimentar esta esteira de informação.
O instagram tem um feed diferente, voltado mais para as imagens. TikTok/Kwai para os vídeos, e ambos priorizam mais o tempo gasto para ver tais interações do que o Twitter, que não tem exatamente um valor pelo tempo consumido, mas o usuário tem valor quando interage com a informação do Feed ou quando consegue fazer o feed ter a informação que você deseja (quando levantam uma hashtag por exemplo).
E essa é outra qualidade difícil de replicar em outras redes – e que o Mastodon até tem mas não prioriza (e os usuários torcem o nariz) – a prioridade da atenção a um assunto, mesmo na torrente de informação que passa por segundo ali.
O Twitter (site/empresa) tem salvação? Tipo, se alguém pegar e só manter o sistema sim. Aí só reativar departamento jurídico e de moderação e dá para ir levando como uma entidade não lucrativa.
No estado atual, ele só se mantém porque você tem pessoas que dependem da atenção dada pela comunidade existente no Twitter (jornalistas e ativistas) e também pela própria facilidade do twitter em replicar uma informação estilo RSS. (Empresas como Arteris costumam mandar as informações de trânsito por lá). E o Almiscar barato só está lá pelo escândalo (que nem site de fofoca barato). E fofoca também dá dinheiro, infelizmente.
É necessário que surja outro serviço para substituí-lo. É preciso que seja assim, pois o pessoal lá não vai sair para lugar algum.
Mas já sabemos que não será o koo e nem o mastodon.
Pergunta sincera: porque não o mastodon? A barreira de entrada é muito alta?
Porque não o mastodon?
Vamos lá…
Vc já notou a quantidade de explicações que existem a respeito das instancias?
Qualquer serviço do tipo que precise de um manual tem algo errado.
Aqui mesmo no MdU existem várias explicações e pessoas que frequentam ainda demonstra certa dificuldade e resistência. Imagine fora.
Para o grande público isso é um problema, pois querem algo pronto para uso. Se vc reparar, todas as grandes redes sociais e serviços são prontos para uso.
Olhe a facilidade que é entrar no whatsapp ou instagram.
E vale notar que o grande publico das redes sociais não é mais a geração de 80 para trás. É outra geração. E para estes, infelizmente o Mastodon não dá certo.
Está fadado a ser “o melhor que ninguém usa”.
O fato de “todas as grandes redes sociais e serviços [serem] prontos para uso” talvez se relacione diretamente com o fato de todas as grandes redes sociais serem tóxicas?
O Mastodon não é complicado. O lance de instâncias — que, sim, pode ser complicado para quem acostumou-se ao modo Facebook/Twitter — é completamente ignorável num primeiro momento sem que isso comprometa seu uso.
“O fato de “todas as grandes redes sociais e serviços [serem] prontos para uso” talvez se relacione diretamente com o fato de todas as grandes redes sociais serem tóxicas?”
Sem lógica alguma o seu comentário, Ghedin.
“O Mastodon não é complicado. O lance de instâncias — que, sim, pode ser complicado para quem acostumou-se ao modo Facebook/Twitter — é completamente ignorável num primeiro momento sem que isso comprometa seu uso.”
É ignorável para vc que já sabe como ele funciona.
Nos diversos “manuais” de como usar/funciona o Mastodon, vi aquela analogia com o email.
Para a nossa geração que configurou um imap manualmente e teve diversos emails em boa parte dos serviços gratuitos e hoje até se preocupa com email pago e seguro, tudo bem. Entendemos.
Mas imagina a outra geração que só tem email para cadastros.
Existem no mínimo 2 gerações depois da nossa que não usam email como usamos e nem tem interesse.
Eu diria até que nem tem motivo para que usem como usamos.
Até para procurar emprego eles nem usam mais email.
Estava pensando alto. Não é um pensamento fechado. Elaboro melhor para pensarmos juntos.
O “ser pronto para uso”, que, no jargão do meio poderia é dito como “diminuir ou remover pontos de atrito”, é uma obsessão no Vale do Silício, entre as grandes empresas de tecnologia, e, indo mais além, do capitalismo como um todo — estão aí a “compra com um clique” da Amazon, o pagamento por aproximação, as carteiras digitais etc.
Nesse sentido, ainda que não seja uma consequência direta, a facilidade (o “pronto para uso”) remove também reflexões e rebaixa o nível de entendimento exigido para usufruir do que é oferecido. Em outras palavras, ninguém mais lê o “manual do usuário” (ou os termos de uso, ou mesmo as dicas na tela no onboarding).
Eu tenho comigo que, se o ActivityPub e o Mastodon tivessem aparecido no final dos anos 1990, não seria tão difícil explicá-los como é hoje. (Contra essa hipótese pesa o fato de que naquela época a internet era menor e quem estava nela já tinha superado muitos obstáculos, o que só reforça a teoria da negatividade do “pronto para uso”!) A gente usava coisas bem complexas, como o já citado e-mail, mas não só. O IRC era outro exemplo similar. O compartilhamento de arquivos, do Napster ao Kazaa, tinha diferentes níveis de complexidade, mas tudo aquilo se perdeu, se não por falta de uso/indiferença, por dificuldade — tem gente que adoraria piratear hoje, mas não o faz por não saber e achar que é muito difícil.
“Pronto para uso” é ótimo, mas não é uma panaceia. Quando se abre mão de qualquer atrito, há um viés de maximização que não é dado se relaciona apenas a boas intenções. Acho ótimo (com reservas, tipo a epidemia de desinformação) que todo mundo consiga acessar a internet hoje, mas esse não é o fim, como as grandes empresas não cansam de esfregar nos nossos narizes.
Mastodon é complicado sim.
Alternativas se surgirem tem que ter o enrollment igual ao Twitter, Instagram, etc.
Tudo diferente disso sempre será rede de nicho. Qq coisa que seja difícil pra “tia do são” será de nicho e sem relevância.
Vou somar um ponto extra do Jorge. A atuação comunitária lá.
As comunidades Mastodon no Brasil que tem mais destaque são de esquerda. Até aí tudo ok. O problema são dois dentro dele:
– Parte da comunidade é ativista extrema e incomoda quando o usuário não está dentro do conforme, cobrando direto uma postura não comum do usuário (Porém tolera colegas errando).
– No final um usuário simples que só queria usar para desabafar ou falar besteira, ou se sentirá isolado demais, ou quando cobrado, sentirá-se que está no lugar errado.
Quem combate preconceitos muitas vezes consegue ser mais preconceituoso ainda, diga-se.
E sinceramente? Não acho o Mastodon o melhor não. A mecânica de interação é OK, mas talvez o principio de instâncias, ao que noto, as vezes mais isola do que integra.
Vagner, eu nem tinha reparado nessa particularidade das comunidades.
No mais, concordo plenamente com o seu raciocínio sobre as instancias.
A ideia foi boa, mas na prática complicou o que era para ser simples.
Eu não sei se eu entendi a relação direta entre toxicidade de redes sociais e “pronto pra uso”, mas eu entendo que redes sociais grandes são tóxicas porque elas precisam “nos vender” pra se manter relevantes e para isso, elas precisam de engajamento e para isso, elas precisam ser o “mais pronto para uso e consumo fácil que puderem”. Se for isso, estou de acordo com o ponto de Ghedin. De fato, olhando pro outro lado do espectro, eu acho que já é possível olhar aqui pro Órbita como uma “rede social” (desculpa Ghedin!) mas como não tem necessidades/interesses comerciais, e não vive do engajamento dos usuários (apesar de isso ser importante) se torna menos tóxica. E ainda assim é fácil de usar (apesar de ter precisado de um vídeo de explicações).
Acho que a questão do “tóxico” deve ser pelo fato que não há filtros nas relações, permitindo interações que não seriam desejáveis. O Twitter não tem filtros e com a interação do Musk, consegue ser bem pior.
Mas tipo, não correlaciono ser um sistema comercial de rede social com toxicidade. Quantas vezes não falei que já vi fóruns de games e áreas de comentários de alguns sites que conseguem ser livres em emitir preconceitos? E não são redes comerciais (produtos), apenas áreas de interação.
Ser tóxico tem mais a haver com moderação e controle – ou a falta dela – do que ela ter um dono tóxico. Twitter pré-Elon tentava não ser tóxico mas permitia-se. Substack se demonstrou que tem risco de ser tóxico após a fala do responsável.
E com o perdão, mas rede social que fala de BBB para mim é tóxica :v
O tópico desvirtuou um pouco, estou quase criando um novo (inception feelings) com o comentário do ghedin relacionando redes sociais e toxicidade como fio condutor. :)
De fato, o Órbita parece mesmo uma rede social — pelo ao menos trato assim. Sempre que vejo um link novo no Órbita, tento acompanhar.
Esse comportamento acaba sendo semelhante a de usuário comum de rede social.
Meu perfil no wt.social é esse se quiser me seguir e aprender como que usa essa rede
https://wt.social/u/william-lima
Existe uma rede social que atualmente esta em beta chamada WT.social ela esta sendo montada pelo mesmo fundador da Wikipedia e tem se mostrado muito mais promissora que o Mastodon e o Koo por ser uma rede mais seria e fácil de usar.
Talvez tenha melhorado, mas a minha primeira impressão da WT:Social, em 2019, foi meio ruim.
O Twitter é muito resiliente. Mesmo após toda a bagunça causada por Musk, ainda tem bastante gente lá. É só achismo, mas talvez não tenhamos chegado ainda ao ponto de não-retorno. Só que… até quando? Realmente não sei.
Eu mesmo, hoje, voltaria a usar o Twitter se a direção (e o direcionamento) da empresa mudasse.
Quem tem que dar direcionamento são os usuários. Senão é como um Parler da vida. Irrelevante.
A questão é que as pessoas nao saem do twitter simplesmente por nao ter para onde ir. O Mastodon é meio complicado para os mal sem alça que frequentam lá e o koo nao tem a seriedade que o twitter tinha para atrair jornalista e influenceres