🔗 [en] Substack permitirá conteúdo racistatheverge.com

Em uma parte da entrevista de Nilay Patel, do Verge, com o CEO da Substack, o jornalista faz uma pergunta direta “Se alguém entrar no Substack e escrever ‘todos os negros são animais e não deveriam ser permitidos nos Estados Unidos’, vocês irão censurar isso?”.
A resposta era fácil e óbvia, mas o CEO começou um papo estranhíssimo e fugiu da pergunta. O jornalista pressiona, e o CEO continua fugindo da pergunta.
É impressionante a dificuldade em condenar o racismo e não permitir isso nas plataformas. Esse Substack Notes mal começou e já promete ser mais um espaço horrível da internet.

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12 comentários

  1. É um tristeza isso.

    Mas também é um movimento muito óbvio/natural. As big-techs em recessão o mundo com menos investimento desenfreado em empresas sem futuro faz com que acontecem essas aberrações. Estão tentando não afastar qualquer centavo de dólar que puder, portanto sejam bem vindos criminosos se isso significar dinheiro.

    Por isso eu tenho por mim de que tem que ocorrer punição. As plataformas devem ser obrigadas a coibir isso de maneira proativa e caso contrário devem enfrentar as consequências justamente onde mais dói: no bolso. Mas de valores altos, que gerem a dor de verdade, nada de 10 mil reais. Se isso acontecesse em 1 mês as plataformas descobriam um jeito mágico de ninguém nunca mais postar nada do gênero.

  2. “It might just be the most disastrous techbro interview ever.”
    (do post do MetaFilter sobre essa entrevista pavorosa)

  3. As pessoas precisam entender que gente racista, homofóbia, fascista, etc, existem, e precisamos dar um jeito de mudar essas mentalidades, e não proibir as pessoas de se manifestarem. Porque, proibindo, eles vão achar lugar pra ficar na bolha deles (deep web, chans, essas merdas), e vão encontrar outras pessoas piores que elas, e ficar nessa bolha e só piorar. Ninguém sai dessas bolhas uma pessoa melhor, mas sim sempre mais racistas, mais homofóbicos, mais fascistas, etc. Claro, ninguém sabe a solução pra isso, e não é fácil, mas eu imagino que recluir essas pessoas tem um efeito pior, porque eles sempre acham a bolha deles em algum lugar/plataforma online, e os resultados disso são piores.

    1. O problema dessa abordagem “deixa falar” é que essa fala não é inofensiva. Ela causa danos no momento em que é proferida, diretos e indiretos, e ainda exerce o papel de normalizar tais discursos. Por isso a reação precisa ser enfática.

      Como resgatar essa galera perdida em ideias erradas? É uma ótima pergunta.

    2. Existe uma tentativa de verdade aí: sim, precisamos que mentalidades mudem. Mas tipo, expor, se você notar nos últimos vinte anos, acabou justamente mais formando bolhas do que mudando mentalidades.

      Só ver: quando o 4chan ganhou audiência (por causa dos processos), a sensação que tive é que mais pessoas acabaram se reunindo nestes lugares.

      Outro exemplo é nacional, que é a questão dos “influencers de direita”. Parte deles viveram chamando atenção mais pelos preconceitos que eles causavam do que por mudança de comportamento.

      Uma exemplo? Alexandre Frota. O cara surfou na política para tentar levantar um dinheiro, ficou do lado da (extrema) direita preconceituosa, faliu devido aos processos de decoro, e aos poucos foi sendo mais tolerante em seus pensamentos, quando não, aprendendo a não ser preconceituoso. E detalhe: ainda mais para uma pessoa que passou pela cultura da pornografia, que também é alvo demais de preconceitos. E o que ele ganha em troca? Desconfiança de todos os lados, pois é visto como “oportunista”. Mas ao menos muita gente tem respeitado as posições dele e o mesmo soube sair do buraco que entrou.

      Agora pega os “farialimers” (tipo galera que vive doutrinando sobre bitcoin e mercado). Ao invés de eles quererem se integrar a sociedade, eles se veem como alvo de preconceito – porém os preconceitos vem mais deles do que dos outros.

      Entendo também que a galera tem um certo receio da turma “racista se trata na porrada”, mas se você analisar só notar que é um modo de defesa, não é diferente do discurso “bandido bom é bandido morto” geralmente usado pelos preconceituosos, e que ainda por cima quando é alguém “igual” (um farialimer), fala “bem, mas ele não é bandido… etc…”.

      Seria legal se não houvesse conflitos sobre preconceito, sem uso de violências de qualquer tipo? Claro! Mas, no entanto, porém… bem, moldamos a sociedade a reagir com violência. E é um trabalho difícil mudar conceitos… ainda mais com uma arma apontada para a cabeça.

    3. Essa abordagem ao tratar de crimes como racismo, homofobia, transfobia, xenofobia e outros pra mim é semelhante a falar “vamos deixar os assaltantes roubarem e terem armas e aí a gente dialoga com eles pra mostrar que isso é errado”.

      Claro que é um pouco exagerado a comparação porque a violência urbana é mais próximo de uma doença social de larga escala (uma pandemia) normalmente causada por grandes desigualdades e racismo é puramente um preconceito em que uma pessoa entende outra como inferior a troco de nada.

      Tem que coibir, tem que prender, tem que apagar o post, bloquear o que for necessário. Ninguém pode impedir ninguém de pensar nada, mas temos o dever de impedir que uma pessoa agrida outra. E vale lembrar que a agressão quando em um tuíte por exemplo, ela fere quando é imediatamente disparada e vai continuar ferindo enquanto as pessoas puderem ler, ou seja, vai continuar ferindo enquanto estiver publico e no ar. É um direito de quem é atingido não ter que lidar com um absurdo desses.

  4. O que eu acho mais engraçado de tudo é que o cara deve mentir sobre tudo, mas não quer esconder o próprio racismo. Nem para ficar “bem na fita”, ou seja, o racismo é assumido, não é dificuldade.

  5. O video da entrevista é vergonhoso, posição patética do CEO. Isso que eles já tem nos termos de serviço proibições de discurso assim, não dá para entender o nível de burrice e cara de pau

    1. Justamente!
      Mas é simplesmente para vender mais “Ingressos” para o tal clube da “liberdade”. Ridículo isso.

  6. Rapaz, que loucura. Nilay é foda, as entrevistas dele são excelentes, mas eu nunca tinha visto uma prensa tão firme (e justa) como essa.

    O Substack se meteu num vespeiro tão grande com esse Notes. Antes, eles tinham o subterfúgio de dizer que só ofereciam a ferramenta (newsletter), que não recomendavam conteúdo, logo não faziam juízo de valor do conteúdo. Questionável, mas dá para se safar com essa. Agora com o Notes, que tem um algoritmo de recomendação, eles caíram na mesma vala do Facebook, Twitter etc. Como o Nilay disse, não dá mais para usar essa desculpa e esse posicionamento é, para dizer o mínimo, lamentável.