O camarada Ted Chiang é provavelmente quem tem feito as melhores reflexões sobre inteligência artificial gerativas:
Hoje, nos encontramos em uma situação em que a tecnologia se confunde com o capitalismo, que por sua vez se confunde com a própria noção de progresso. Se você tentar criticar o capitalismo, será acusado de se opor à tecnologia e ao progresso. Mas o que significa progresso, se isso não inclui vidas melhores para as pessoas que trabalham? Qual é o objetivo de maior eficiência, se o dinheiro que está sendo economizado não vai a lugar nenhum, exceto para as contas bancárias dos acionistas? Todos nós devemos nos esforçar para sermos luditas, porque todos devemos nos preocuparmos mais com a justiça econômica do que com o aumento do acúmulo privado de capital. Precisamos ser capazes de criticar os usos prejudiciais da tecnologia — e esses incluem usos que beneficiam os acionistas sobre os trabalhadores — sem sermos descritos como oponentes da tecnologia.
Acho que Ted Chiang também está entre os melhores ficcionistas vivos que retratam a tecnologia (vide o filme “A Chegada”). Esse é um artigo certeiro sobre o verdadeiro significado daquele clichê de uma IA que se volta contra humanos, tipo Skynet ou Matrix. No fundo, essa máquina é o capitalismo insano. Não é ficção. Estamos vivendo isso. O melhor exemplo atual de uma máquina com objetivo fixo que saiu totalmente do controle e está destruindo tudo ao redor é a da indústria de combustíveis fósseis. Em vez dos clips de papel daquele clássico exemplo de IA louca, o objetivo é a maximização do lucro a qualquer custo.