Livros digitais desgastam mais rápido que os de papel/físicos.

A ideia de que livros digitais (e-books) “não desgastam” e, por isso, teriam uma vida útil maior que a do livro de papel é… bem, uma espécie de falácia. Quem diz é o pessoal do Internet Archive, que sabe uma coisa ou outra de preservação digital:

Nossos livros de papel têm durado centenas de anos em nossas estantes e ainda são legíveis. Sem manutenção ativa, teremos sorte se nossos livros digitais durarem uma década.

A constante evolução dos meios digitais, somada à sanha capitalista das editoras, tornam o trabalho de preservação bastante difícil. O Internet Archive pede que esse trabalho seja reconhecido e que sejam dadas as devidas condições para instituições interessadas consigam desempenhá-lo. Via Internet Archive (em inglês).

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17 comentários

  1. É mais fácil preservar acervos pessoais/domésticos, como muitos estão relatando aqui nos comentários. O trabalho que o Internet Archive faz e que instituições que preservam livros físicos fazem (bibliotecas, museus) é algo completamente diferente — em escala, em meticulosidade, nas demandas. O fato de você conseguir guardar arquivos desde 2000 sem dificuldade não se compara aos desafios que o Internet Archive enfrenta, não é representativo nesse contexto maior.

    Eu, hein, parece aquela galera que diz que a administração pública é igual fazer o orçamento de casa. São coisas um pouco parecidas, talvez, mas em escalas tão diferentes que não são comparáveis.

    1. Ghedin, o problema principal para qualquer tecnologia é a adoção em massa.
      O futuro dos livros digitais deveria ser o EPUB (até criarem um formato melhor, é claro). Contudo, o mundo ainda não está preparado para abandonar o PDF. A situação é semelhante ao fim do programa Flash.

  2. Parte do meu arquivo digital está em DVD/CD, que no final não repassei a HDs. Resultado: provavelmente perdi bastante informação – muitos já perderam a capacidade de reter informação. Já tive caso de perder HDs com algo importante (mais fotos de passeios). De qualquer forma entendo que preservação da informação tem a haver justamente com métodos de preservação e não só meios de.

    Até porque não é só a preocupação com legibilidade que existe, mas sim ter a mídia de forma prática e útil. A própria frase do pessoal da Internet Archive fala: “Manutenção Ativa”. Não adianta a biblioteca estar ali guardando os livros se não há controle de pragas (para evitar insetos comendo a celulose) e temperatura (para evitar mofo)

    1. Lembrando também (aí provocando um tequinho o Gabriel) que parte das fotos da minha infância se perderam com inundações dentro de casa, além do mofo e umidade que grudaram fotos entre si. Imprimir em si não preserva fotos ou documentos.

  3. Só por ter ferramenta de busca, prefiro mil vezes os livros digitais. A preservação do acervo vai do cuidado que cada um tem. Primeiramente na escolha da plataforma e depois nos backups. Eu possuo até hoje arquivos de 2004 quando tive o primeiro computador em casa.

  4. curioso, outro dia num grupo no telegram estávamos debatendo isso, porem com mangás. Eu sou 100% adepto mangas digitais, principalmente por conta do espaço físico

    1. Sim, os arquivos de Winrar com os primeiros mangás de Naruto clássico, Yu Yu Hakusho, CdZ e outros, deram lugar para arquivos CBZ.
      Aliás cadê o link do grupo de mangá?

  5. Estranho, tô olhando meu pendrive Kingston q nem é lá essas coisas, com todos os livros e apostilas. Já tem 15 anos e acho q dura fácil mais uns 15 (claro q não se compara a escala)

    1. É, como você disse, é outra escala. E também há outras necessidades inexistentes em arquivos de indivíduos — o post do Internet Archive explica algumas delas.

      Eu tenho documentos em texto, em diversos formatos, de 20 anos e que ainda abrem em sistemas modernos. É fascinante, tanto essa compatibilidade quanto eles estarem durando tanto tempo. Como disse num episódio recente do Guia Prático, acho que nós (frequentadores do Manual do Usuário) somos exceções.

    2. como disse o ghedin, há muitas variáveis em jogo — aliás, preservação digital é um tema fascinante justamente em função de todas as dificuldades e armadilhas

      imagino que você tenha PDFs

      mesmo que se trate hoje de um formato normatizado, você já pensou que daqui a 15 (ou 30, ou 50, ou 100) anos esse formato pode ficar simplesmente obsoleto e inacessível?

      claro, sempre se pode tentar extrair o texto puro dos arquivos, mas mesmo isso parte do princípio de que continuaremos a trabalhar com esse paradigma daqui a não sei quantos anos — sem falar de tudo o que está ao redor disso

      pense na forma como lidamos com tipografia, com imagens, com cor, etc

      nada disso é natural e pode mudar radicalmente

      resolução de imagem é uma coisa fundamental, aliás: com o tempo, o mínimo tolerável vai aumentando e imagens produzidas nos anos 2000 segundo padrões então aceitáveis para os monitores da época hoje são pequenas demais

      pense nos primeiros vídeos do youtube em resolução bastante baixa hoje: dificilmente vamos conseguir visualizá-los de forma satisfatória no futuro

      enfim, esse tema é fascinante

      1. Gabriel, extrair texto de PDF não é tão fácil como diz. Existem diversos processos antigos no Judiciário Paulista que foram digitalizados, contudo sem o uso de OCR.

        Infelizmente, o formato PDF não foi criado com a maleabilidade em foco, diferente do EPUB.

        Sobre a transição de formatos, os PCs/Mac/Linux não conseguem reconhecer e lidar com imagens. A IA ainda precisa evoluir mais um pouco nesse sentido.

    3. Acho que entendi errado. Você tem um pendrive com 15 anos de idade? Se for isso, faça um favor a si próprio e cria um backup em algum disco virtual na nuvem.

  6. Rapaz, e não é que é mesmo? Eu perdi 3 livros digitais que comprei pelo LEV, antigo app leitor digital da Saraiva. Ele deixou de ser atualizado ao ponto de eu não conseguir abrir mais no meu iPhone. E na versão web dá uns erros bizarros e também não funciona. Além de não ser possível emprestar ou doar os seus livros digitais para outras pessoas, como fazemos com livros físicos.

    1. Cíntia, você não consegue converter o arquivo digital do livro para o formato EPUB?

      Infelizmente, leitor digital é sinônimo de Kindle. No passado, fiquei em dúvida entre o Kindle e o Kobo, pois o LEV tinha descartado.
      Sendo abastecido pela Amazon e caindo no gosto popular, as concorrentes logo morreriam uma a uma.

      Apesar da minha irmã e o namorado dela terem um Kindle cada um. Eu não bati o martelo. O meu problema com o Kindle é a falta de compatibilidade com o EPUB.
      Minhas esperanças estão com a Huawei, em uma atualização futura do tablet e-ink deles, quando a tela for colorida.
      Nesse caso, até retiro meu embargo com produtos da Huawei (nunca comprei nada deles), e governo chinês poderá me vigiar com gosto.

      1. Até que era uma converter para EPUB, mas, como foram ebooks comprados pelo LEV, eu não tenho acesso para extrair os arquivos, sabe? Se não, eu converteria. Acho que o cerne da questão é que todo tipo de arquivamento dá trabalho. Eu e meu pai tínhamos uma coleção de fitas VHS e perdemos tudo, só conseguimos passar algumas filmagens caseiras para o computador. O resto estragou, mofou etc. A coleção de DVDs foi pior ainda, porque eles tiveram uma durabilidade muito menor que a das fitas VHS.

        Já no computador, tive de baixar novamente um monte de vídeo em .rmvb e outros formatos ultrapassados.

        Isso sem contar com a quantidade de apps de notas e tarefas que são descontinuados, vendidos etc. Também tomo o maior cuidado com esses backups.

        É isso, né? Ter um arquivo físico ou digital requer um cuidado constante.