Nos primórdios, a web teve muitas fases bonitas, românticas, em que as coisas eram mais simples e as pessoas online, menos propensas à agressividade, mais inocentes e/ou propensas às coisas boas da vida.
No início dos anos 2000, o aspecto técnico da web também passava por uma fase interessante. De repente, sites deixavam de ser estáticos para se tornarem dinâmicos.
Entre os muitos sistemas daquele período, surgiu, no dia 27 de maio de 2003, um pequeno CMS para blogs chamado WordPress. Era o início de — acho seguro dizer — uma revolução.
Poucos softwares tiveram um impacto tão profundo na minha vida — na de milhões de pessoas — como o WordPress.
O WordPress era fácil de instalar, fácil de usar e fácil de modificar. Criado como um projeto de código aberto, rapidamente atraiu para o seu entorno uma comunidade dedicada, que desenvolveu plugins, temas, escreveu toneladas de documentação e foi sempre solícita em ajudar estranhos a personalizarem e a resolverem problemas em seus próprios sites rodando WordPress.
Estima-se que o b2/cafelog, o antecessor espiritual do WordPress, fosse usado por cerca de 2 mil sites em maio de 2003. Hoje, ao completar 20 anos em uma web exponencialmente maior, o WordPress responde por cerca de 43% de todos os sites ativos do mundo.
O WordPress também é uma inspiração enquanto negócio. Paralelo ao projeto de código aberto, o co-fundador Matt Mullenweg abriu uma empresa com fins comerciais, a Automattic, e criou um sistema em que as duas partes se alimentam mutuamente, uma fortalecendo a outra, de modo sustentável.
Ainda hoje, qualquer pessoa que queira usar o WordPress pode baixar o código-fonte e instalá-lo em um servidor qualquer. Quem não quiser esse trabalho, de escritores de fim de semana às grandes empresas, passando por pequenos negócios, tem nos serviços da Automattic (e de incontáveis outros parceiros) a opção gerenciada, relativamente barata, de usufruir das duas décadas de desenvolvimento do WordPress.
Há muito do que gostar no WordPress. Nem tudo foram flores nessa jornada, porém. Em 2018, o WordPress 5.0 inaugurou uma nova fase no projeto, a do editor de blocos Gutenberg. No lugar do bom e velho campo de texto para escrever posts, passamos a ter um sistema bem visual, com blocos de conteúdos diversos podendo ser encaixados e remixados para criar posts e páginas — e, mais tarde, sites inteiros.
Sinto que gente como eu, que ainda usa o WordPress como um CMS, um editor para blogs, acabou ficando meio de escanteio. Este Manual do Usuário, que nasceu e segue operando com o WordPress, não tem planos de partir para outra, porém. A flexibilidade do sistema me permite reverter alguns “avanços”, como o editor de blocos, e manter (algum)as coisas como eram até 2018.
Mais que isso, o WordPress, com sua estrutura de leiautes intuitiva e plugins poderosos, me permite criar um site que eu jamais imaginei que poderia construir lá atrás, quando subi o meu primeiro blog com ele, um site exatamente como eu desejo.
O Órbita, os podcasts da casa e todo o conteúdo publicado aqui são distribuídos pela nossa boa e competente instalação do WordPress, a mesma há quase dez anos.
Obrigado ao Matt, ao Mike Little (outro co-fundador), a todos os voluntários que ajudaram e ajudam a fazer o WordPress e, direta ou indiretamente, me ajudam a fazer este Manual do Usuário.
Código é poesia.
Que venham mais 20 anos!
@Ghedin CHOLÃO 3:) . Os blocos não são tão ruins assim, confesso que achei estrando quando foi lançado, mas como qualquer coisa na internet, acabei me adaptando.
Vida longa ao CMS WordPress e ao MDU!
Puts, pior que acho péssimos. O editor é truncado e ele gera um código sujo, cheio de comentários. Para o estilo e necessidades do Manual (e de blogs em geral, imagino), não agrega nada.
Mas sei que estou do lado “errado” (ou vencido) e que, em 2023, a web é isso aí, um negócio mais visual, menos abstrato. Só espero que não cortem o editor clássico tão cedo. Seria trágico para os dinossauros como eu 🦖
A dinossaura aqui assina embaixo de seu comentário!
Vida longa ao WordPress!
Gosto muito desse tipo de texto no Manual.
Longa vida ao WordPress nesse mundo saturado de redes sociais fechadas!
Acho que a melhor época de discussão na web (a virada dos anos 2000 pra 2010) não teria existido mesmo sem o WordPress.
Aliás: não teria havido provavelmente o Occupy Wall Street sem o WordPress.
Curiosamente, dois anos depois, as jornadas de junho já foram completamente dominadas pelas redes sociais.