Threads não é para política nem jornalistas, diz executivo da Meta

Notícias e política não são bem-vindas no Threads, a rede social da Meta criada para ocupar o vácuo que o Twitter está deixando.

Na tarde desta sexta (7), Adam Mosseri, head do Instagram, respondeu a uma pergunta do editor do The Verge, Alex Heath.

Heath questionou se a Meta estava preparada para receber jornais e publicações noticiosas, já que, segundo ele, esse seria um pressuposto para competir com o Twitter.

Mosseri disse que, embora notícias e política sejam inevitáveis no Threads, é algo que a Meta “não incentivará”.

A resposta completa dele:

O objetivo não é substituir o Twitter. O objetivo é criar uma praça pública para comunidades no Instagram que nunca realmente abraçaram o Twitter e para comunidades no Twitter (e outras plataformas) que estão interessadas em um lugar menos inflamado para conversas, mas não para todo o Twitter.

Política e notícias inevitavelmente aparecerão no Threads — elas também estão no Instagram até certo ponto —, mas não faremos nada para incentivar essas verticais.

Heath voltou, desta vez para perguntar a Mosseri se a opinião dele (e da Meta) se deve a uma percepção de que o jornalismo não traz valor ou se é pelo histórico conturbado da empresa com jornais.

Mosseri:

Política e notícias são importantes, não quero insinuar o contrário. Mas a minha opinião é que, da perspectiva de uma plataforma, qualquer engajamento ou receita incremental que elas possam gerar não vale a pena o escrutínio, a negatividade (sejamos honestos) ou os riscos de integridade que as acompanham.

Há comunidades incríveis mais do que suficientes — esportes, música, moda, beleza, entretenimento, etc. — para criar uma plataforma vibrante sem precisar entrar em política ou notícias.

Outra jornalista, Taylor Lorenz, citou a resposta de Mosseri e foi mais fundo, dizendo que não dá para criar uma praça pública onde conversas sobre política e notícias são desestimuladas ou rebaixadas.

Mosseri, novamente:

Não vamos desencorajar ou rebaixar as notícias ou a política, simplesmente não vamos cortejá-los da maneira que tivemos no passado. Se formos honestos, fomos rápidos demais em prometer muito à indústria [jornalística] no Facebook no início da década de 2010, e seria um erro repetir isso…

Pelo visto, o Threads será apenas parte do Twitter — a parte em que marcas fazem piadas sem graça, famosos biscoitam likes e… anúncios no futuro, talvez?

Newsletter

O Manual no seu e-mail. Três edições por semana — terça, sexta e sábado. Grátis. Cancele quando quiser.

Deixe um comentário

É possível formatar o texto do comentário com HTML ou Markdown. Seu e-mail não será exposto. Antes de comentar, leia isto.

8 comentários

  1. Fiquei curioso pra saber como se fala sobre esportes, música, moda, beleza, entretenimento sem notícias.

  2. Do ponto de vista econômico até faz sentido, mas quando surgem umas leis tipo a do Brasil você vê essas empresas mostrando as garras de fora.

  3. Lendo isso fiquei com sentimentos mistos.

    Acho a decisão estranha e difícil de entender de fato o que ele quer dizer com não iremos incentivar.

    Mas, de certa forma, fiquei satisfeito? Satisfeito por ele ter sido, aparentemente, sincero sobre como vão lidar com o assunto, qual a posição da empresa e também de que ele reconhece os problemas anteriores do facebook com o tema. Num mundo que tem gente idolatrando o senhor dos absurdos Elon Musk a gente até fica feliz de ler alguém falando algo com clareza.

    1. Não cai nessa. Threads vai virar twitter em pouco tempo. O caos, a fofoca, a baixaria, o ódio, o escárnio e a mentira engajam muito para serem deixados de lado.

      As notícias fatalmente irão surgir, nem que sejam por links dos usuários. É um negócio inescapável.

      E a política ultrapolarizada também dará as caras por lá. Se não agora, depois. Mas vai.

      Essa good Vibes toda acaba na hora que as metas de engajamento começarem a rolar aí vai ser aquele esgoto que a gente já conhece.

      1. exatamente qualquer que tenha cara de twiiter como nostr e outros redes sociais já é fadado ao O caos, a fofoca, a baixaria, o ódio, o escárnio e a mentira e As notícias, política ultrapolarizada. ou seja todas as redes sociais novos que vão surgir pela frente.
        por isso eu evito em ter rede sociais.

  4. A regulamentação no Canadá e o problema que é lidar com políticos em redes sociais pode ter motivado a resposta.

    1. Foi o que pensei lendo o texto. É um momento em que a Meta quer evitar mais dor de cabeça com isso. Claro que os portais de notícias vão chegar lá (como muitos já fizeram), mas falar que não haverá incentivo é uma estratégia pra evitar problema jurídico no futuro. Simples.

      Dito isso, larguei mão do Twitter e tô usando o Threads apenas pra seguir portais de notícias, meio que como um feed só pra isso mesmo. Bem bacana a experência.