Tempo de tela, olhos nos olhos
Passei quase 11 horas do último domingo olhando para telas, sem contar a TV. Entre celular, tablet e computador, terminei o dia da semana tido como de descanso com os olhos cansados, o cérebro frito e um pouco frustrado.
Nem todas aquelas horas — um excesso mesmo para mim, que trabalho olhando para telas — foram de desperdício. Uns bons 40 minutos, por exemplo, passei falando com meus pais, por videochamada. É difícil pensar em usos melhores que esse para as telas que nos cercam.
O problema foram as outras 10 horas, ou a maior parte delas.
***
Há algum tempo percebi que o digital representa uma espécie de “refúgio”, um espaço onde consigo exercer minha quase-mania de controle — ou iludir-me com ele — sem quaisquer consequências relevantes.
Notei, também, que meu tempo de tela dispara quando estou meio deprimido.
Nessas fases, fico obcecado com dois temas quase supérfluos, aos quais dedico muitas horas de tela: futricar o leiaute deste site que você lê e confabular a troca de todos os softwares proprietários que uso por alternativas livres, como Linux no computador e um celular com Android “degoogled”1.
Meu domingo foi desperdiçado pesquisando computadores usados que poderia adotar no lugar do meu notebook, esse provavelmente o melhor computador que já tive e que me é difícil encontrar defeitos, apenas porque… sei lá.
***
Identificar tais sintomas e os gatilhos que desencadeiam as minhas crises foram passos importantes para aprender a lidar com a ressaca moral que me acomete depois que elas passam.
Eu posso me ajudar e, embora tenha implementado algumas medidas nesse sentido, sinto que é algo maior que eu, que qualquer indivíduo.
Quais medidas? Uma delas, das mais eficazes, é bloquear o acesso a redes sociais no nível da rede, com a ajuda do NextDNS2.
Mesmo as ditas mais saudáveis, como Mastodon e Bluesky, com o tempo viram destinos compulsivos, acessados no automático em momentos de espera, tédio, dificuldades das mais simples e, o que é pior, também quando deveria estar fazendo coisa mais importante ou agradável.
O atrito — de ter que abrir o painel do NextDNS, desmarcar os domínios bloqueados, desligar e religar a rede — é de grande ajuda ao autocontrole, servindo de contraponto à compulsão de acessar os buracos negros de tempo sem pensar, no piloto automático.
Bastam duas ou três vezes em que digito “mas”, “red” ou “bsk”, teclo Enter e dou com a cara numa tela de erro para eu desencanar. Como efeito colateral, acho que fico mais consciente do tempo que passo em frente às telas. Concentro-me melhor no que estou fazendo sem as distrações.

Outra medida que tem me ajudado é engavetar o tablet, literalmente. O conforto da tela grande somado à conveniência de estar sempre à mão é uma combinação irresistível. Os textos longos, que costumava ler no tablet, tirei de lá. Hoje, imprimo e leio eles em papel.
Nada disso é uma solução definitiva, pois não é sustentável no longo prazo. Tenho recaídas e mesmo antes delas, mentiria se dissesse que o acesso a sites e apps viciantes não faz falta.
As redes que frequento — Mastodon, Bluesky (essa, menos), Reddit e Hacker News — têm uma boa relação sinal–ruído, ou seja, considero-as benéficas quando acessadas com parcimônia. Encontro coisas divertidas, interessantes, úteis; parte do que aparece no Manual ou me inspira a desenrolar alguns assuntos aqui vem desses lugares. Nesse sentido, o trabalho que desempenho é uma espécie de mineração digital, só que em vez da poeira tóxica destruir os meus pulmões, a da internet acaba com meus neurônios.
Ainda que úteis, seriam essenciais, no sentido de “não conseguiria viver sem”? Óbvio que não. O bloqueio do X no Brasil em 2024, de pouco mais de um mês, provou a muitos viciados que existe vida fora dali. Nos Estados Unidos, teve gente lamentando a curtíssima duração do bloqueio ao TikTok na véspera da posse de Donald Trump.
Na verdade, para muitos o bloqueio foi uma revelação seguida de um grande alívio. Abstinência e superação. Os paralelos com adições convencionais, como a em drogas, são chocantes.
***
Falou-se muito da convergência do celular moderno, que eliminou um punhado de bugigangas que a gente tinha e carregava por aí, por um retângulo de metal e vidro com possibilidades infinitas.
Embora seja parte do que talvez possamos chamar de problema, acho que o celular não é o único vilão, nem mesmo o principal.
Após muitas reflexões, textões lidos e sessões de terapia monotemáticas, tenho comigo que a raiz do excesso de tela está na escassez de olhos nos olhos. A tela, que aqui uso como palavra guarda-chuva para internet, não substituiu apenas bugigangas, mas também um monte de interações sociais, das frágeis/fracas às fortes.
Tenho plena consciência de que eu não me ajudo nesse sentido: sou introspectivo, fechado e displicente com o cultivo de relacionamentos, um caldeirão de traços e sentimentos que encontra conforto na luz azul da tela.
Só que o problema não é (só) eu. Às vezes tenho a impressão de que todo mundo está na mesma3.
Rosie Spinks foi quem melhor definiu esse… zeitgeist? Já posso para chamar assim? É culpa das telas, da internet, do capitalismo, do modo de vida que a minha geração criou (ou foi moldada a adotar), acrescente aí uma pandemia.
“Nossos cérebros não foram feitos para funcionar desse jeito”, escreve Rosie. “E aí, acho eu, está o ponto crucial do problema da amizade: estamos tão esgotados pelo processo de existir em um mundo globalizado e conectado que simplesmente não temos energia para os tipos de interações pessoais e fáceis que podem devolver um pouco de energia e força vital.”
Nada disso é novo, só parece estar piorando com o passar do tempo, com o dito “progresso” da tecnologia em nossas vidas. Como olhar menos para telas em um mundo em que tudo e todos investem tempo, dinheiro e lobby para nos manter grudados nelas, atomizados em nossas casas, juntos na mesma miséria, porém cada um na sua? Aceito sugestões.
- Esse último tema, aos não iniciados, é o equivalente digital de abandonar a vida moderna e ir viver no mato, do que a natureza dá. Pior que dá; conheço gente que conseguiu. ↩
- Existem aplicativos que colocam uma tela antes de outros apps e sites viciantes, como se dissessem “tem certeza disso?”, que devem ter o mesmo efeito e são mais fáceis de usar. ↩
- Isso, e que todo mundo toma pelo menos um remédio pra cabeça, mas essa é outra conversa, ainda que relacionada à que estamos tendo. ↩
“Notei, também, que meu tempo de tela dispara quando estou meio deprimido.”
Me identifiquei totalmente. Quando estou pra baixo, fico compulsivamente alternando entre os feeds das redes sociais. Quando tenho uma atividade com os amigos, passo tranquilamente horas, até um dia inteiro, sem sentir necessidade de verificar notificações ou ver os feeds. O problema é que minhas interações sociais saudáveis diminuíram drasticamente desde o ano do lockdown, o que é até irônico.
Tenho consciência do tempo que perco nas telas e a estratégia que tenho usado para enfrentar o vício é anotar na agenda as tarefas que poderia fazer para me sentir produtivo e ir riscando elas à medida em que executo. Coisas como aprender a usar um software, fazer uma pesquisa, escrever ou editar vídeos. Funciona, mas o problema é que não é sempre que venço o tédio e a procrastinação e caio de novo nos feeds infinitos.
No final, se estou precisando tanto das telas para passar o tempo, significa uma vida infeliz, meio vazia.
Sinto-me bastante contemplade pelo seu relato, Ghedin e por vários comentários aqui. Então, segue uma pequena lista de atividades que tem ajudado a manter-me offline:
passear com a dog sem levar o celular
livros físicos + abajour: uma boa iluminação ajuda muito a ler no papel com conforto
praticar (ou tentar kkkk) diferentes técnicas de desenho: colagem, pastel oleoso, rabiscos com caneta, origami: no máximo fica o tablet com o tutorial aberto e Brian Eno tocando no talo
ir ao cinema/atividades sozinhe: tenho cultivado o hábito que não esperar ou convidar alguma amizade para dar um rolê; é bom bater perna sem compromisso
por fim, fotografia: obviamente em áreas da cidade que sinto segurança para carregar minha Nikon.
São pequenos passos para uma vida mais analógica tal qual Hirayama-san de Dias Perfeitos.
Eu coloquei um ponto de atrito: não salvo as senhas no navegador, mando pro bitwarden. Ter que parar na porta e procurar a chave na bolsa ajuda. Outro ponto de atrito muito bom é que quando digito “ma” o navegador pergunta “mastodon ou manual do usuário?” e me dá um tempinho pra decidir se é mesmo hora de entrar e escolher onde entrar.
Grande Ghedin, também sofro com tudo isso, eu decido dar um basta em rede social, principalmente o X e Instagram. O que me ajuda é lembrar da minha condição de AHSD: pareço mais suscetível a redes sociais, dopamina, sempre uma novidade, a uma nova discussão, hiperfoco… Se descuidar, é fácil entrar nessa espiral que é difícil de sair, porque acaba trazendo “conforto” a um cérebro que quer sempre mais estímulos, mas intensidade… Então é tentar direcionar isso para estudos e coisas que preciso dar mais atenção na vida real.
Eu tenho pena de mim e de todos os que não conseguiram acompanhar essenegoçio . Da evolução do computador e pior do que não saber ler e escrever. Somos analfabetos deste tempo.
nós que nascemos num mundo sem internet e crescemos à medida em que ela também crescia passamos por um momento da vida em que o digital complementava de forma relativamente saudável o não-digital: os momentos de “blogar” em geral referenciavam os momentos em que estávamos longe das telas, por mais autoreferenciável que este mundo sempre tenha sido.
aí a coisa foi se transformando a ponto da gente hoje ficar sufocado
Obrigado por compartilhar, Ghedin. Cada um tem suas idiossincrasias, mas muitos já passaram por algo parecido. Acredito que há outros fatores que muitas vezes passam despercebidos e as telas acabam levando toda a culpa. Por exemplo: o home office e o delivery (iFood) facilitaram a vida de muita gente, mas possuem uma faceta bem negativa para quem é “caseiro”: não há alternância no ambiente de trabalho / lazer. Isso gera uma monotonia visual e um sedentarismo abissal.
No caso de nossa saúde física, por mais que não fizéssemos academia ou não praticássemos esportes, a ida e volta do trabalho/escola/faculdade/mercado gerava uma atividade física involuntária e “invisível”. Lembro quando veio a pandemia e comecei o home office a contagem de passos da Mi Band 4 reduziu em 2/3: não é à toa que muita gente ganhou peso e se viu obrigada a fazer academia, não para ser “fitness”, mas para manter um mínimo de saúde.
2001: Uma Odisseia no Espaço (Arthur C. Clarke).
Já na questão do ambiente, é difícil “virar a chave” e sair do modo “trabalho” para entrar no modo “descanso / lazer / ócio”. O que mais ouço de amigos são histórias de preocupação com o trabalho, provenientes de contatos via WhatsApp fora do expediente e até mesmo nos dias de folga. Perdemos também um pouco daquele momento de espairecer, desligando um pouco a mente e olhando o “nada” através da janela do busão, dando um pulo em algum lugar antes de voltar para casa, quem sabe até ir ao Cinema ou passar na casa de algum amigo (avisando antes, é claro, hahaha).
Sinceramente, acho que não devemos deixar de fazer essas coisas que gostamos. Nosso excesso não está neles e sim na “appficação” de tudo, que nos torna funcionários não remunerados de big techs e de outras empresas. Talvez seja interessante gerenciar nossa energia e configurar alarmes / avisos para fazer pausas, dar uma volta etc. Tudo isso a fim de evitar a estafa / burnout. (No Mastodon, já vi bots para neurodivergentes que avisam de hora em hora para checar se: está com calor, frio, sede, fome, vontade de ir ao banheiro etc.).
Outro ponto que vale a pena ser observado: temos hoje um acesso muito imediato à dopamina. Antes, o processo era mais demorado e “trabalhoso” consumir cultura: íamos até uma loja do shopping comprar um CD / jogo; ou então fazíamos sua compra pela internet. Mas recebíamos o pacote com a mídia física, havia algo lúdico no unboxing, era algo tangível e havia uma exploração mais tridimensional do objeto (encarte do CD, pegar o código impresso da CD Key do jogo par digitá-la, colocar o disco no drive, ter o feedback do barulhinho de sua leitura etc.). Hoje, o gozo é imediato e aí fica talvez uma sensação de “vazio” ou algo que o valha. Toda essa conveniência vem com um brinde: ansiedade.
Veia bailarina (Ignácio de Loyola Brandão)
Muito bem colocado, Diego. Adorei as citações. Obrigado por compartilhar!
Obrigado, Heitor! Essa é uma das coisas que mais gosto nos livros, trechos que traduzem ou ilustram: circunstâncias, sentimentos, sensações, pensamentos etc. que vivenciamos.
Aproveito para fazer um adendo, voltando à questão colocada pelo Ghedin:
Concordo com você, Ghedin. Falta mesmo esses olhos nos olhos. Minha sugestão: conversas em tempo real! Sejam elas presenciais ou online (como a videochamada com seus pais), pois nos ajudam focar no presente, dimuindo a tensão e nos deixando mais à vontade.
Não sei como é aí com você, mas comigo os encontros presenciais com os amigos eram mais frequentes e, mesmo no contato online, eram comuns as conferências por áudio no Skype. E isso acontecia mesmo com pessoas que só conhecia pela internet: em 2014, quando participei de um clube de leitura pelo Facebook, fazíamos videoconferência pelo Skype. Era algo bem mais intimista e com pouco espaço para brigas ou mal-entendidos (pois com as expressões faciais em tempo real, sabíamos exatamente o tom usado cada um, deixando a conversa bem natural).
Continuo preferindo conversas presenciais ou, ao menos, em tempo real, como descrito acima. Por isso, evito contato por mensagens instantâneas com pessoas que posso ver pessoalmente. Se não há nada urgente, prefiro esperar para falar olho no olho, aos finais de semana.
Por outro lado, percebo que a maioria das pessoas criou uma espécie de devoção pela comunicação assíncrona. Não acho isso bom, pois cada um pode estar numa “vibe” diferente no momento de ler / responder e fica difícil captar isso só por mensagem de texto ou áudios.
Outra sugestão é o uso da técnica Pomodoro (25/5 ou 50/10), para controlar melhor o tempo de tela nessas tarefas mais imersivas e não se esquecer de “sair da Matrix”.
Gostaria compartilhar com todos o trecho final deste vídeo (aos 51:04), falando das questões climáticas e nossa postura frente a tudo isso, externa e internamente: QUEM SOMOS NÓS? | Especial Distúrbios da Mente com Christian Dunker – YouTube.
No mais, espero que lide da melhor forma com essas questões e tenha qualidade de vida. Todos nós precisamos. Abraços!
Você trouxe hoje “o assunto da minha vida”. Posso dizer que meus últimos 30 anos tem sido uma constante batalha para manter a sanidade num mundo digital cada vez mais arquitetado para nos explorar e nos viciar. Os problemas que você relatou não são apenas batalhas pessoais, são questões que assombram toda a humanidade.
Queria partilhar uma rápida história recente em minha vida que tem sido um episódio bem positivo nessa grande guerra entre eu o buraco negro digital. E o que mais me motiva a partilhar é o quanto isso é replicável na vida de outros.
Sim, existem muitas estratégias que podemos adotar em nossa vida digital para diminuir o poder de apps e dispositivos desenhados para serem viciantes, porém, creio que há também soluções além do digital que são tão ou mais efetivas para alcançar esse equilíbrio que todos queremos.
Eu nunca fui de praticar esportes ou ir pra academia. Não por ser preguiçoso, sempre tive boa energia, mas sempre fui muito exigente nesse quesito: se não for algo que eu gosto, simplesmente não pratico, ponto final. Já frequentei academia algumas vezes, mas me arrastando. Acho uma tarefa monótona e sem graça. Apesar de estar sempre “sonhando” em busca de uma atividade terrestre e analógica que tenha força pra me arrancar do mundo digital, anos e anos se passavam sem nunca encontrar nada. Com eu disse, não consigo gostar de qualquer coisa.
Invejo os caras que curtem jogar futebol e se reúnem todo fim de semana no campinho do bairro, se divertem pra caramba, fazem uma “academia” e saem de lá e vão pro barzinho do lado tomar uma cerveja. Esporte + vida social, quer combinação melhor?
Eu achava que já estava condenado a ser sedentário pro resto da vida quando, no meio da pandemia, eu me deparei com uma atividade que, por incrível que pareça, nunca dei a mínima. Era patinação. Estava em Toronto nessa época, era inverno e estávamos no meio do lockdown. Havia tempo de sobra e minha família me arrastou para um rinque de patinação enorme que havia no centro da cidade. Não queria ir, mas não tinha nada para fazer, então fui.
Após pôr os patins nos pés e com a sensação de que ia perder tempo na vida, fui a contra-gosto e entrei no rinque (já levando um tombo no primeiro passo). Nunca tinha tocado em um patins na vida. Bom, após alguns minutos insistindo pra ficar em pé, comecei a perceber que não era tão ruim assim: tá aqui um ótimo desafio pra me manter ocupado.
Bom, resumindo a história pra não ficar grande, simplesmente vicie nesse esporte e por essa eu não esperava. Como eu tinha tempo de sobra e não havia custos ou limites para usar o rinque, eu comecei ir quase todo dia. A coisa se tornou tão viciante que houve dias em que eu ficava cerca de seis horas no rinque (levava até marmita e tudo).
Bom, o que isso tem a ver com o assunto aqui? Acho que tudo. O mundo digital adquiriu imenso poder para nos manter grudados nas telas e como contrapartida, temos que encontrar algo igualmente potente para nos arrancar delas.
No meu caso foi a patinação e agradeço ao Universo, pois encontrei por acidente, não por competência da minha parte. Mas pra outros podia ter sido o basquete, o vôlei ou outra coisa. O que foi notável é o quanto eu precisava urgente dessa “solução” e como isso já estava debaixo do meu nariz o tempo todo e não enxerguei. Acho que cada pessoa pode estar na mesma situação. Todos têm alguma atividade viciante que desconhece e leva uma vida sedentária e presa no mundo digital mesmo não querendo.
Existem várias estratégias digitais para manter a sanidade, não as desprezo. Na verdade, adoto uma lista de estratégias que posso até partilhar noutro post, mas não encontrei nada tão poderoso quanto ter uma atividade terrestre que é tão viciante que temos que nos esforçar para interrompê-la e voltar pra casa. Pra uns pode ser vôlei, pra outros pode ser tênis, mas é importante que isso tenha o aspecto social, pois creio que esse é um componente essencial pra tornar essa atividade viciante. Afinal, socializar é uma das coisas que mais nos prende no mundo digital, certo?
Bom é isso, espero que essa dica seja útil pra alguém.
Ghedin, adorei que você se abriu nesse texto, embora o motivo nada bacana.
Apesar da distopia tecnológica que vivemos, não sou muito de condenar dispositivos e plataformas digitais nas questões de saúde mental. Hum, mentira, condeno sim, mas acho que o buraco é mais embaixo.
“Só que o problema não é (só) eu. Às vezes tenho a impressão de que todo mundo está na mesma”
Não, não é todo mundo que está na mesma. Tem gente que não precisa hackear o próprio celular para diminuir o tempo de tela ou ter uma relação mais saudável com ele. Mas essas pessoas não costumam falar tanto quanto as outras sobre essas questões (que para elas não são tão importantes quanto outras questões). E as que falam são rapidamente julgadas e taxadas pela maioria doente – coisa de ser humano né.
Acho dahora que você tem consciência que não se ajuda em relação às interações sociais olho no olho. Mas se você me dá a liberdade de te dar uma dica, começa colocando o pé no chão, literalmente. Acha um pedaço de mato, tira o tênis e mete a sola na terra. Seja introspectivo caminhando com o pé no chão. Olha para uma árvore, presta atenção à sua volta, nos animais que estiverem por perto. E respira (do jeito certo, parece que a sociedade desaprendeu a respirar).
Se possível, como passo 2, cumprimenta alguém aleatório que estiver no caminho. Faça qualquer pergunta de merda, puxe um assunto. Talvez você nunca mais veja essa pessoa. Não importa se você parecer um idiota, desajeitado ou qualquer outra coisa. Talvez você nunca mais veja essa pessoa. Por trás de cada pessoa, mesmo a mais imbecil do mundo, tem uma história que pode ter um pequeno detalhe que fará diferença no seu dia.
Vou fazer um contraponto ao exposto pelos colegas; se o tempo que eu gasto com telas é fazendo algo prazeroso e que tem valor para mim, porque eu deveria me preocupar?
Será que não estamos criando uma espécie de FOMO às avessas, se preocupando com o que poderíamos estar fazendo lá fora ou com o que estamos perdendo por estar numa tela? E se as telas não existissem, eu realmente estaria fazendo algo produtivo ou enriquecedor?
A questão, pelo menos para mim, não é fazer algo produtivo ou enriquecedor, até porque montar um cubo mágico ou quebra-cabeça tem nada de mais, a questão é que ficar no celular direto suga nossa atenção, fora que tem vários estudos que falam que ficar olhando para uma tela o dia todo não faz bem para a saúde (fora que trabalho de frente para o PC, mas esse tempo eu não considero), ainda mais consumir certos tipos de conteúdos, como filmes e séries (eu mesmo acabei de fazer isso, infelizmente, e ver algo na TV, confortável na sala é muito melhor que olhar para uma telinha).
Eu ficava muito tempo no Instagram, muito mesmo, às vezes 4 horas por dia, mas ao deitar, não lembrava de praticamente nada que fizera, só rolando a tela e vendo diversos tipos de conteúdo, e ainda reclamava comigo mesmo que não conseguia ver as séries que gostava e até mesmo estudar.
Eu não me importo de fazer coisas ditos bobas, mas quero fazer coisas bobas que goste e ao menos lembre vagamente delas, coisas que não tinha no Instagram, eu só ficava rolando a tela por osmose, e lembro que nos primeiros dias que desinstalei o aplicativo, ainda desbloqueava o celular e o procurava, ou até mesmo no mínimo de tédio, ou silêncio com alguém eu puxava o celular do bolso só para olhar o feed, deixando de dar atenção para quem estava na minha frente.
Mas se a pessoa gosta realmente de ficar olhando para o Instagram o dia todo, por mim, tudo bem, mas eu não quero isso, quero dar atenção para outras que considero mais úteis.
O contrário de Fear Of Missing Out é Joy Of Missing Out, ou seja, a alegria de não achar nada mais interessante.
Ao mesmo tempo que tem coisas bacanas online (como participar de conversas como esta), na real o problema é que tanto é interação online demais e ausência de interações reais.
“E se as telas não existissem, eu realmente estaria fazendo algo produtivo ou enriquecedor?”
Taí uma questão que muito se faz por aí. Antes da predominância das mídias digitais atuais, era a Televisão e o caminho único ao usuário direto. E antes da televisão, o Rádio. Antes, as Mídias Impressas. E antes, não duvido que os contos de pessoas na comunidade, dado que a informação era repassada entre seus pares sociais.
O que fazemos e sempre fizermos foi comuniação. O problema no final é o excesso de comunicação que os meios digitais trouxeram. E ok se a pessoa está ali curtindo algo. A preocupação maior é se isso está fazendo bem – e isso é individual.
O que não pode se negar também é que redes sociais fazem de tudo para atrair a atenção e o custo disso.
Tava me lembrando do “Batman Eternamente”, que acho que meio que previu justamente este comportamento das grandes redes sociais “roubarem a mente” das pessoas e com tolerância da política. Explico: no roteiro, o Charada/(Edward) Enigma criou um aparelho que fazia as pessoas jogarem seus sonhos direto do cérebro na televisão. Só que o “custo” era que tais sonhos eram captados por um “servidor” do Charada. Tudo isso para não só descobrir senhas e segredos, mas também para descobrir quem é o Batman.
Tenho tentado ficar fora das telas, adicionando atividades físicas e tentando incluir outros hobbies fora da tela, como montar cubo mágico e quebra-cabeças, não tem funcionado muito, pois estou usando um aplicativo desde o início do ano que mede a quantidade de tela que uso e a média até agora é 3,5h/dia, é melhor que no ano passado, mas longe do que considero ideal.
Pior de tudo é que alguns passatempos envolvem telas, como assistir filmes/séries/animes, e outros acabo na tela também, como ler mangás e ler livros (esse no Kindle), mas tenho diminuído devido ao que citei no parágrafo anterior.
Mas adorei a ideia da Keli de ver as atividades nas bibliotecas da cidade, farei isso com certeza, aproveitarei também para ver coisas similares, como os parques (aliás, tem um que vai inaugurar perto de casa, não vejo a hora de abrir para poder frequentar). E principalmente, visitar os diversos lugares que ainda não fiz na minha cidade, que tem muitos por ser turística, então tem muitas coisas que ainda não conheci.
O comentário do não tão relevante é ótimo, passear para cidades próximas, num bate volta, eu fiz isso recentemente, mas fiquei hospedado durante um dia, as coisas que queria ver certamente davam para ser feitas num dia, economizaria uma graninha nisso, rs.
pergunta o século literalmente, mas assim como foi complexo criar toda essa estrutura de vício, deve ser igualmente complexo desmontar ela e colocar algo no lugar, não vai ficar um buraco de controle pode ser pulverizado em outras saídas de gasto de tempo, mas vazio não, se não o que tem hoje não seria criado, mas nós fizemos, não é do mundo natural.
Sobre o excesso de uso de telas, é um mal da modernidade, difícil de escapar. Use e abuse de alternativas de ocupação offline quando possível e viável, como ler em papel, viajar, passear em parques, visitar familiares e amigos, ir ao cinema, teatro, restaurante etc — de preferência fora de casa, como a Keli elaborou melhor.
Só cuidado para isso não virar uma obsessão. Eu não faço ideia de quantas horas por dia passo olhando para uma tela em um dia típico, certamente mais da metade do tempo que estou acordado, mas ele é diluído e intercalado com diversos momentos sem tela. No trabalho, faço pausas frequentes para observar a paisagem pela janela, almoço e tomo café de manhã e de tarde com os colegas na copa, levanto para pegar água no copo de hora em hora (nada de garrafinha na mesa), aproveito para uma visita ao banheiro, converso pessoalmente com pessoal de outros setores que ficam próximos ao meu… tudo isso ajuda a dar descanso para os olhos, assim não sinto o cansaço típico de quem passa tantas horas olhando para uma tela. Tente intercalar com esses momentos sem tela no dia a dia (e atividades sem tela do parágrafo anterior), acredito que isso é mais importante que a redução do tempo de tela em si.
Consigo controlar as telas de forma razoável. A parte realmente difícil, que está cada vez mais difícil de controlar, é a quantidade de tempo jogado no lixo por interações inúteis com “sistemas” burros: menus inúteis, esperas telefônicas, abertura de chamados que não dão em nada (e você tem que ficar correndo atrás).
Exemplo e desabafo: ontem minha operadora quis estar certa em aumentar o valor do meu plano em 30%, sob o argumento de que meu plano de celular não existe mais. Há um plano um pouco menor, que custa menos e me atenderia perfeitamente, e outro com o dobro da capacidade e que eu nunca pedi. Talvez eles não tenham tecnologia (coitados) para mandar uma mensagem e perguntar “com qual você quer ficar?”, então eu precisei passar uma hora do dia entre “disque 9 para falar com um atendente”, isso e aquilo. Resolveu? Ainda não.
Oi, Rodrigo!
Tocante o seu texto, obrigada por compartilhar conosco essa angústia que a humanidade está passando e, por conta das próprias telas, está anestesiada por isso.
No meu caso é o contrário, pago o preço por ser mais off-line: nunca usei WhatsApp, Facebook, Instagram, e quase não uso as demais redes em que sou cadastrada (X, Mastodon e Bluesky). O que utilizo mais é o LinkedIn e o Tumblr, por conta de blog e emprego mesmo.
Aliás, já perdi oportunidades de trabalho, amizades e tantas coisas por conta de meu jeito “diferentão” de lidar com essas tecnologias.
Não sou assinante de nenhuma plataforma de streaming. As únicas coisas que assisto pela TV é telejornal e quando aparece um documentário interessante. Reality, só o Bake Off mesmo (mal de taurina, que ama tudo que é relacionado com alimentação!).
O engraçado é que também fiz o caminho inverso em relação aos impressos: comecei a ler mais pelo notebook e celular, porque se for para imprimir os textos da pós, por exemplo, vou falir (papel e cartucho de tinta estão caríssimos) e também foge da minha filosofia de vida mais, digamos, sustentável.
A questão aqui é mais psicológica que efetivamente tecnológica e se resume em uma palavrinha: a culpa.
Nos sentimos culpados por gastarmos nosso olhar nas telas (e fazer a alegria do mercado oftalmológico). E também sentimos culpa por estarmos fora delas.
Também, penso eu, que a “solução” também está em uma palavra: o equilíbrio.
Brinco que se conselho fosse bom, venderia na Polishop, mas acho que posso dar algumas dicas, que, para mim, dão um certo bom efeito:
Prefira diversões fora de casa e de telas: em vez de ver um filme em casa, enfrente o cinema. Vou muito a cinemas de rua, que ainda têm em SP, porque odeio shopping. E detalhe, moro no extremo da zona leste, ou seja, levo horas para isso;
Vá a locais para fazer coisas diferentes do que se pensa. Na sua região tem biblioteca pública? Já viu a programação de lá? Onde moro, a biblioteca tem programação cultural, você pode ver uma peça de teatro, participar de uma bate-papo, se voluntariar para falar de tecnologia com as crianças. Olha, eu sempre que posso faço isso, e é muito massa!;
Desenhe! Aqui em SP tem o Museu de Arte Sacra, que promove atividades de desenho com os visitantes, veja se na região onde mora tem locais onde é permitido desenhar. Não pode? Sem problemas, vá a um parque e desenhe as pessoas. É muito legal!;
Divida o seu tempo de tela: se você ficou mais de 10 horas na tela hoje, amanhã, fique metade;
Busque as suas terapias. Ok, parece besteira, mas é bom encontrar algo mais profundo que esse mundo material. No meu caso, a meditação me ajuda profundamente. Quando não posso ir presencialmente, eu faço… online. Uma horinha, e já estou ótima!;
E, principalmente, goste de você! Seja o seu maior fã, sua melhor companhia. 90% das atividades que mencionei, eu as faço sozinha. Mas nunca eu me sinto só, porque estou na multidão, e valorizo essas pessoas que estão em meu entorno. No seu caso, Rodrigo, você tem uma companhia, a P., valorize esses momentos com ela. Valorize esses momentos com você. E vá visitar sua família!
E amei a ideia do Não tão relevante de viagens bate e volta. Porque eu vivo sempre sem grana, vou tentar fazer isso, rsrs.
Sucesso, meu amigo, não se culpe e faça os corres off-line.
Vai ser lindo!
Sucesso, pessoal!
Menina, que comentário precioso kkk acho que algumas dicas eu consigo aplicar por aqui
Ok, talvez a coisa do se ame e seja sua melhor companhia seja demais pra mim hahaha
Mas ali até a biblioteca eu com certeza vou tentar. Lembrei que aos poucos abandonei o cinema de rua daqui, espero que ainda funcione bem, é o último da cidade fora dos shoppings.
Eu troquei as redes sociais pelo RSS. Configurei os principais sites que eu tentava ler nas redes sociais no miniflux e, mesmo depois de duas semanas, não senti falta. Antes de dormir dou uma brincada no Duolingo e confiro o BlueSky.
Só senti que alguns sites que eu gostaria muito de acompanhar não tem o /feed ou /rss. Vontade de mandar uma reclamação.
Pior que uso bastante RSS também. Bem mais que redes sociais e concordo que me agrada mais (e vicia menos).
De redes sociais comuns, me afastei por causa do meu temperamento mesmo. E só acompanho hoje mais para ler alguns perfis que me identifico e gosto de ler-os pois sempre trazem algo relevante. Mas comentar em redes (tirando o órbita na situação atual que estou), fico pensando toda vez se compensa eu voltar para enfrentar as disputas online pela retórica do certo e errado. (algo que todo dia me pergunto se estou acertando). Porque no final a vida é sempre uma disputa entre pares por relevância, confirmação, e ganhos quando possível.
Mas de fato é isso mesmo: perdão a generalização, mas digo que sim, muitos de nós acabamos acostumando com o digital pois achamos este espaço como refúgio. E se bobear estamos aqui há mais de 20 anos encontrando-nos e desencontrando conforme opiniões, afagos e tudo mais. Chats, fórums, comentários… espaços que procuramos ratificar ou brigar por nossas certezas não tão certas e verdades que pensamos que fossem verdades… mas muitas vezes só palavras profanadas como estas que comento aqui tentando emular frasistas famosos que se acham intelectuais, e nisso emulando tais atitudes também… e não, não sou intelectual. Sou só um ser humano em busca de atenção tal como quaisquer outro.
Acho que depende de como cada um de nós lida mesmo. Achar uma solução universal, aplicavel a todos, seria utópico. Acabar com os servidores? Cortar o cabo da internet? Mas há o fato também que muitos de nós talvez precisamos deste refugio pois como dito, na vida real, no offline, é mais difícil achar uma pessoa que tenha uma opinião similar ou alguém que mantemos contato e conseguimos um consenso. Não que na vida real não tenha, talvez um bar, uma padaria ou uma praça tenha alguém com ideias próximas a que temos; mas que de alguma forma é mais difícil hoje confiar em pessoas offline a não ser que acabamos sendo bem mais cínicas do que deveríamos ser. E porque no online é mais fácil usar uma máscara do que no offline, pois somos vistos e escutados. E memorizados.
E a idade também conta. Nos faz refletir. Sempre estranhei o termo que “o tempo faz a pessoa”, e no final estavam certos. O dia a dia, a vivência, a experiência sempre vão moldar a experiência social. As vezes falamos de manter amizades e o tempo demonstra que nem precisava manter. O que foi já foi, não precisa continuar sendo…
E também há o fato da vida comunitária real (novamente falando do offline) ser dependente de relações pessoais. De comprar, vender ou trocar algo. Isso falando do lado urbano. Nada impede de qualquer um de nós procurar uma aventura, por assim dizer, em um lugar diferente nem que seja a poucos metros de nossa casa. E quando falo “aventura”, é descobrir uma coisa que nunca notamos, algum lugar bonito e sossegado para ficar parado e sentado, no máximo tomando uma água ou até um picnic.
Meu hobby, na qual parei um pouco devido a custos, era sair por aí em lugares ou cidades mais distantes de onde moro para conhece-las. Gostava disso. Não gastava muito tempo e dinheiro com isso, a meta era gastar o menor dinheiro possível e chegar em casa a tempo de não precisar dormir na rua ou em hotel. É tipo que nem assistir alguns canais de viagem no Youtube, mas no final estou eu sendo o protagonista e vivendo em todas as dimensões o lugar onde estou. Falo do meu hobby para ver se não serve para ti, talvez não sirva, talvez se adaptar algumas coisas pode servir como uma forma de realmente você possa usar a ideia para quem sabe achar uma forma diferente de se distrair, de viver. Talvez outra coisa caiba também.
A vida nossa é única e intransferível; parafraseando algumas regras de uso podemos dizer. Acho que a melhor forma de viver é ir achando nossos próprios limites, gostos e praticidades aos poucos, sem forçar barras e procurando não fazer mal a alheio (no que no final sempre vamos acabar fazendo sem querer e tendo que nos corrigir). Só espero muito que não só tu Ghedin, como muitos de nós, conseguimos achar nossos caminhos para uma vida confortável offline e online também.
Saúde, paz e grato por abrir seu coração conosco e por deixar a gente estar aqui no Mdu e Órbita.
Eu também passo quase todas as minhas horas acordado submerso nas telas. Já tentei de tudo para minimizar o uso mas acabo vencido. Não tem volta.
Sinto que muito o mesmo me passa, mesmo que já consegui abandonar o Instagram e hoje o que me pega com essas questões são o Bsky e o Youtube, ambos acabo me sabotando um pouco falando que vou entrar para ver assuntos interessantes, ou só um vídeo/post mas acabo entrando sempre num funíl de doom scrolling ou da tela inicial / Shorts.
Vou testar usar o NextDNS, até para conseguir coexistir com as telas de uma maneira mais agradável, visitando blogs e sites especifico que gosto de ver as postagens novas, como o Manual, em vez de ficar a esmo no tédio, mesmo quando quero algo produtivo.
Me identifico muito com seu texto, tenho essa rotina de “perder” meu tempo de descanso estudando formas de otimizar minha vida digital, seja substituindo serviços e aplicativos cuja postura do proprietário me incomoda ou pensando em como me livrar de cada dispositivo que tenho em casa, mesmo os que na maior parte do tempo me trazem felicidade. Por vezes são guerras contra meus perfis em redes sociais, que são marcadas por exclusões e reativações de minhas contas ou uma limpeza nas contas seguidas. É um processo frustrante, automático, punitivo e obsessivo. Também percebi que me ataca quando estou mais deprimido, é uma espécie de faxina, que me oferece alguma sensação de controle e produtividade. Depois vem a ressaca de ter novamente desperdiçado um final de semana inteiro com minha vidinha digital.
Na boa, Ghedin.
Cara, duas coisas:
arruma um hobby. Não precisa ser algo coletivo, pode ser algo que tu faça sozinho, mas longe do computador. A humanidade viveu centenas de milhares de anos sem telas, existem trocentas atividades para ser fazer, tu consegue;
desiste de trocar a maçã pelo Linux. Todo mundo já percebeu que tu ama o sistema deles e ok. Tá tudo certo. Só aceitar.