Porque a indústria fonográfica é tão relapsa com seu catálogo?

Das indústrias do entretenimento digital hoje em dia (cinema, séries, jogos e música), fico assustado como a indústria musical trata seu catálogo de qualquer jeito? Em serviços de streaming (pelo menos no Tidal, mas acredito ser padrão de todos), a organização do catálogo é horrorosa, álbuns com musicas faltando, com cadastro de tipo (Álbum de Estudio, coletânea ou ao vivo) e ano de lançamento errado. Tem a pachorra até de musicas com aquele ruído de CD arranhado (Flores Astrais e Medo Mulato, do Secos e Molhados tem isso nitidamente). Sendo um ramo do mercado que, segundo informações, tem a maior parte de sua renda proveniente do catálogo, o que leva a agirem assim, sendo que de certa forma, estão até perdendo dinheiro com isso?

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42 comentários

  1. Nem só fonográfica, a Globo faz a mesma coisa com o Globoplay, onde você encontra novelas por meios ilegais com maior qualidade que o próprio streaming da emissora.

  2. Sendo um ramo do mercado que, segundo informações, tem a maior parte de sua renda proveniente do catálogo, o que leva a agirem assim, sendo que de certa forma, estão até perdendo dinheiro com isso?

    Aonde você viu essa informação? Tenho alguns colegas que vivem de música e já tive contato com alguns artistas e todos falam que o grande volume de receita são os shows, e não o catálogo.

    1. Os músicos sim, mas a industria fonografica (gravadoras e selos) não.
      Tem um canal do Youtube, chamado corredor 5, onde o cara leva vários artistas e gente da indústria para entrevista. O pessoal da indústria que ainda tá na ativa sempre fala esse dado.

  3. Isso me fez lembrar de uma anedota. Lá pros idos de 2010, baixei um álbum da bando 2ois da finada comunidade Discografias do Orkut.
    Era um péssimo rip, com faixas pulando, chiando, e qualidade bem mediana.
    Qual é a minha surpresa em encontrar essa mesmíssima versão ruim nos streamings atualmente?

  4. Eu odeio a palhaçada de vc confirmar sua idade e, mesmo na versão explícita do álbum, constar a versão censurada da música q vc gosta e está acostumado a ouvir sem supressão. Certos álbuns eu ainda tenho q baixar da mesma fonte q baixei em 2009

  5. Só uma informação: som ruim, datas erradas e músicas faltando não é culpa dos streamings, mas provavelmente da distribuidora, selo ou mesmo do produtor fonográfico. O produtor fonográfico que tem a responsabilidade de inserir essas informações no ISRC e também nas distribuidoras. Eu confesso que não tenho muita esperança de ver esse cenário mudar, já que o consumo padrão hoje é a playlist, acho que vão negligenciar os álbuns cada vez mais, pelo menos nos streamings.

  6. Eu acho que eles não tem muito interesse mesmo. Deve sair bem mais caro pra manter tudo isso do que o lucro que eles vão ter com músicas antigas.

    Escutei ontem o 3º e último episódio dessa série do podcast Planet Money: https://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=1150347700&live=1

    Eles criam uma empresa do zero pra gravar e lançar uma música de um artista antigo, até promover nos lugares modernos como Spotify e TikTok, e no final todos ganharam mixaria 🤷‍♂️

    1. Uma coisa que eu sempre penso é que os fãs são bem melhores em preservação do que as grandes empresas, a não ser que elas tenham um ótimo incentivo financeiro pra isso. Existem inúmeros exemplos disso, tanto música quanto filmes restaurados por fãs, servidores não oficiais pra manter jogos antigos rodando, etc.

      1. Dizem que o Grateful Dead incentiva muito a preservação de seus itens por fãs. Teria que ver quais outros artistas vão nesta linha

  7. Tem aqueles trabalhos que a banda não tem os direitos sobre eles, n]ao tem os masters, e a gravadora faliu e/ou fechou, então nunca mais terão um relançamento oficial. Exemplo: os cinco primeiros álbuns do João Penca & Seus Miquinhos Amestrados.

    1. Sim, tem estes problemas também. Só lembrar da briga jurídica do Roberto e Erasmo Carlos sob o direito das músicas deles (vendido no passado, mas que eles queriam de volta e não conseguiam).

    2. o único disco do João Penca que a gravadora fechou foi o Sucesso do Inconsciente (que tem S.O.S. Miquinhos), que foi lançado pela independente Esfinge.

    3. O próprio Bon Jovi só tem lançado disco pra cumprir contrato. Até os grandes tão na mão das gravadoras.

  8. Acredito que a indústria fonográfica, apesar do discurso, ainda trata o streaming como um mal necessário. Porque é possível encontrar selos ao redor do mundo (Mr Bongo, Light in the Attic, Cherry Red, só para citar alguns) que fazem um trabalho de catálogo muito bom. Até a Nada Nada Discos aqui no Brasil lança álbuns incríveis, com muita informação e raridades. Só que tudo isso que esses selos fazem é para lançamentos físicos com preços altos (pelo menos para quem compra no Brasil).
    Eu mudei do Spotify para o Tidal recentemente e gostei de poder procurar informações de um produtor ou de um instrumentista e encontrar as músicas e álbuns que eles trabalharam, no Spotify isso não era possível.
    Já vi muita discussão por aí sobre o problema dos álbuns com chiado nos streamings e já vi até artista não sabendo explicar o motivo, já que a responsabilidade é da gravadora que lançou o álbum.
    Mas no fim acho que a questão ainda é uma só: um CD vendido ainda gera mais renda para os artistas e para as gravadoras do que que streaming.

  9. Uma coisa que eu sinto falta na indústria fonográfica é uma espécie de IMDB. É muito difícil encontrar informações de uma determinada faixa ou álbum. Informações que vinham nos encartes das mídias físicas como compositor da musica, quem está tocando na banda, ano de gravação, etc… Seria muito legal ter um site com todas essas informações agregadas.

    1. Pra música brasileira uso esse: https://discosdobrasil.com.br
      Quando é um disco recém lançado gosto de ver a crítica do Mauro Ferreira no G1, porque ele passa as informações.
      Mas faz muita falta ter essas informações integradas nos próprios aplicativos de streaming.

    2. Isso é mais complicado do que parece, especialmente com música mais antiga. Hoje todo mundo que participa da produção de uma gravação faz questão de ter seu nome nos créditos para receber os royalties futuros, mas antigamente isso era diferente. Os músicos preferiam receber mais dinheiro no ato da gravação e deixavam os créditos pra lá. Gosto muito de música jamaicana e li alguns livros sobre o assunto, muitas vezes alguém que participou de alguma música é mencionado como “um cara que tava sempre lá no estúdio, não lembro o nome, mas ele que deu a ideia de mudar a letra ou gravar de uma determinada maneira…”. Isso acontecia no mundo inteiro, tem um monte de histórias parecidas aqui no Brasil também. Mas os sites que o pessoal mencionou ajudam bastante mesmo.

      1. Obrigado pelas indicações!
        Destes, eu até conhecia o allmusic, mas sempre achei ele meio confuso e incompleto, principalmente com músicas brasileiras.
        Os discos do Brasil é sensacional!

  10. Essa despreocupação é inegável, mesmo. O duro é que eu não diria que as outras indústrias do mundo cultural sejam melhores nisso – só pensar no número de filmes que simplesmente não existem pra streaming em lugar nenhum.

    1. Não tem pra streaming, mas acho que na civilização ainda rola lançamento de mídia física de filmes das mais variadas épocas. Pelo menos certos trackers dão essa impressão.

  11. Olha, a indústria dos jogos faz pior ainda e simplesmente se recusa a preservar sua própria história. Seria o equivalente a, a cada 5 a 10 anos, você precisar comprar um player novo porque não vão sair mais músicas compatíveis com o antigo, mas suas músicas antigas (salvo exceções), também não funcionam no player novo e não tem nenhuma maneira fácil do usuário médio realizar essa conversão.

    1. Mas aí é pra quem é consolista né. E mesmo assim, na parte da música tiveram vários players ao longos dos anos (várias gerações de vinil, 8-track, K7, CD, MP3) Galera da master race, se comprou um jogo em 1983, consegue rodar o mesmo até hoje.
      E tem o lance de bem ou mal sempre relançarem coletâneas de jogos antigos ou até mesmo remasterizações dos mesmos.

      1. Ser master race de nada adianta na preservação dos jogos de console.
        Confesso que ao menos a emulação dá uma boa ajuda, mas a industria que tinha se preocupar com isso, se o jeito mais fácil para consumir o conteúdo flerta com a pirataria.
        E tem também entram jogos que têm seus servidores desligados, não tem master race que acuda.
        Remasters e coletâneas também ajudam, mas o universo de jogos que não recebem nenhum dos dois é muito maior.

        E finalmente, os vários formatos de reprodutores de música não aconteceram tão frequentes quanto novas gerações de console e imagino que pouquíssimas músicas estão presas em formatos arcaicos

        1. Enfim, não quero floodar (mais) o tópico com esse assunto não relacionado nem iniciar uma competição de qual mídia sofre mais. Só para pontuar que não é coisa exclusiva da indústria da música. Até com séries acontece, como o caso dos episódios perdidos de dr who, que a bbc simplesmente sobreescreveu as fitas

          1. O mercado de mídia em si na verdade não tem arquivo bem preservado. Só lembrar que quando lembramos que houve incêndios no SBT e na Globo que detonou o acervo, parte do que foi recuperado foi via quem gravou em vídeo cassete. Os acervos da Manchete tem algo próximo a isso – quando foi a leilão, foi mostrado a situação das “masters tapes”.

    2. Ainda bem que temos o Internet Archive, e a pirataria, se não os jogos antigos já teriam sofrido o mesmo destino do cinema mudo. Pirataria é um termo corporativista pró-capital, então vou chamar Livre Distribuição por Fãs. A livre distribuição por fãs fez e faz pela preservação muito mais do que as empresas de jogos, televisão, música e qualquer indústria cultural já fez, e junto com órgãos estatais é quem faz preservação de verdade. Isso não vai mudar, por razões que o tio marx já explicou.
      Penso que será um problema a preservação ao longo prazo dos jogos recentes: os jogos antigos ao menos são muito muito pequenos se comparado aos jogos após o Play Station 3, e mesmo entre PS1 e Wii havia um tamanho já considerável entre 1 e 5 gb. Mas até o Dreamcast dá para preservar a história inteira dos jogos em um HD barato, e emular em qualquer pc batata. Como faremos com os jogos monstros de hoje em dia, com 50gb de dados … ou pior ainda, com os jogos live service que tornaram isso impossível por razões técnicas e legais…

      1. De alguma forma as tecnologias atuais viram “obsoletas” e os preços abaixam. Um pouco de esperança, e talvez em alguns anos teremos HDDs de 16TB prontos para fazer estes backups.

    3. Taí a Nintendo que vai fechar nesse mês as lojas do 3DS e WiiU, vários jogos que com certeza vão ficar perdidos por aí.

  12. Em um post livre dos velhos tempos a gente levantou algumas músicas que têm esses “glitches” estranhos. É bizarro mesmo, mas… né, quem se importa?

    Quanto à organização, acho que a culpa deve ser compartilhada, porque noto muita diferença entre os aplicativos de streaming. O Apple Music é exemplar: aglutina álbuns iguais ou muito parecidos (edição deluxe, relançamentos, lançamentos em países específicos) embaixo de apenas um álbum, o que deixa a apresentação/página do artista bem bonita e organizada. Não tive essa mesma experiência em nenhum outro streaming.

    1. E sobre esses glitches eu me importo. Pra quem é fanático por música, dá nervoso isso. É o tipo de coisa que me faz ter vontade de largar os streaming e voltar pros meus flacs via jack sparrow…kkk

      1. É tudo uma questão de investimento X retorno.

        Será que investir tanto para polir um catalago tão grande, dará mais retorno?

    2. Fui fazer o teste do Apple Music e já desisti. Pro meu flow mais baseado em álbuns, a interface é bem pior que a do tidal. O Tidal eu organizo os artistas que quero favoritar em ordem alfabética e caio direto na página dos artistas. Já no Music, tenho que favoritar os artistas e os álbuns. Dos serviços que já testei (Tidal, Apple Music e Amazon Music) só com o Tidal consigo fazer isso.