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10 comentários

  1. O pessoal mgtow sério discute bastante isso. Uma pena que à sigla tenha sido dado outro significado.

    1. Quando quem divulga ideias mgtow fala em “O holocausto das encalhadas” e “O sindicato bucetal”, chama mulheres de “conservadias” por exemplo, não sei que “outro significado” você acha que estão dando a essa sigla. Pois o que eu vejo sendo divulgado aí é bem certeiro sobre o que esse “movimento” propaga.

    1. Na verdade acho que mais complementa somando do que funciona como contraponto.

      Não sei se falo besteira, mas me lembro que tinha gente que falava que o capitalismo nasceu quando a prostituição nasceu – a prostituição (vender o corpo para outro por prazer, em um sentido “comum”) foi uma forma de fazer recursos sem precisar ir para trabalhos considerados “extenuantes” (para nos tempos atuais descobrir que a própria prostituição é extenuante e arriscada, diga-se).

      No texto fala sobre “amigos de aluguel” e “onlyFans”. Ao meu ver ambos entram bem nessa de “prostituição” – a pessoa vende a atenção dela a outra, ou no caso do onlyFans, o direito de a pessoa usar a imagem de quem a vende para o que bem entender.

      Traumas sociais (hoje melhor expostas) como a questão da relação emocional entre pessoas (sexual, amorosa, etc) marcam a sociedade, e com isso as pessoas hoje temem em estarem com uma pessoa qualquer que não atenda as expectativas. Muito mais fácil em sociedades que permitem vender isso meio que vender estes sentimentos – o texto chega nisso também.

      Se pegar e se ater no exemplo indiano – sobre as relações comunitárias – faz lembrar também que na Índia ainda há a figura de “casamentos arranjados”, onde pessoas casam por um valor- o chamado “dote”. Então meio que na questão de relações amorosas, ainda vemos o casamento como uma forma de duas pessoas formarem um valor financeiro e de poder.

      Hoje há muitas pessoas com diferença de trato social – isso posto no tópico do Paulo que você menciona. Ao que noto, o autismo ignora toda esta camada social em cima das relações, não vai misturar a emoção com dinheiro. Pelo contrário, vai entender que um valor emocional é maior do que o financeiro. Dinheiro não paga o sentimento de estar bem com outra pessoa. A quem paga, é compreensível, e o texto que você traz neste tópico explica bem sobre.

      1. Na verdade acho que mais complementa somando do que funciona como contraponto.

        É exatamente isso Ligeiro. Ele mostra como o emprego/escritório não é um local social e de laços significativos para a maioria das pessoas. Pelo contrário. Claro que temos pessoas que encontram dentro do convivio laboral um ambiente de pertencimento e fazem do trabalho a sua melhor e mais rica fonte de relações, mas vamos encarar a verdade: são uma minoria.

    2. Não é um contraponto, pelo contrário, é um reforço a ideia de que o escritório trás a necessária relação social. O primeiro exemplo do texto é emblemático sobre isso: o homem mudou-se de sua cidade natal – onde sua família e raíses estão – por um salário maior e acabou encontrando uma soludão caústica que só foi suprida pelos “abraçadores profissionais”. Se o escritório fosse um centro de relações sociais significativas, ele teria encontrado essas no trabalho diário e não estaria só, morando no carro para pagar alguém para abraçá-lo.

      Os outros exemplos vão na mesma linha: o que precisamos é de senso de comunidade, algo avesso às praticas laborais de se perder 10/12 horas diárias em transporte e trabalho com pessoas de diversas partes da cidade que, depois das 8.8h diárias, retornar às suas casas solitárias.

      Without friends or contacts in the city, his social life was non-existent. Weekends would stretch on endlessly, and he felt suffocated by his loneliness.

      But after his first session with a professional hugger, he found it “transformative… I went from really depressed and very unproductive at work to someone whose productivity skyrocketed.”

      É basicamente o que eu falo no post: as nossas relações precisam ser comiunitárias, com as pessoas que moram ao nosso lado, que trazem pertencimento ao nosso dia-a-dia e não com colegas de trabalho. Se dar com colegas de trabalho e ter amizades longas e duradouras é um adendo às relações laborais.

      Mais além:

      You might feel that the words ‘community’ and ‘relationship’ are an ambitious overreach to describe banal conversations about the weather with your shopkeeper. But Hertz makes a case that these ‘micro-interactions’ with our local barista or barber, positively impact our wellbeing much more than we think.

      The mere ‘act’ of being friendly can offer an emotional boost. And however short or performative these interactions might be, they offer brief moments where we recognise our shared humanity.

      E mais adiante ainda no texto:

      To find jobs, people sacrifice the typically tighter familial and community bonds of their rural hometowns as they migrate into the cities (like our friend Carl, the software engineer). This is a long term historical trend that began with the industrial revolution, and despite the pandemic and WFH revolution, shows no sign of slowing down.

      O problema não é o remoto, o WFH, o problema é exatamente o tempo gasto em trabalho + trânsito que nos retira do nosso local de pertencimento (comunidade) e nos coloca num ambiente de stress social (trabalho) fingindo que esse cria laços e comunidade.

      Aliás, postei outro texto parecido hoje =D

  2. Esse bateu hein. Já tinha lido e desde então venho mudando umas coisas mesmo, como deixar que um amigo me ajude em vez de pedir um Uber ou ser esse amigo, ir mais para o emprego físico e ver as pessoas. Por um mundo com mais conexões :)

  3. Nossa, esse texto bateu na alma.

    Eu estou vivendo um sabático agora, procurando uma alternativa a vida de escritório/home office, voluntariando em espaços rurais pra aprender coisas novas, conhecer gente, comunidades e tudo mais.

    Por onde passei nos últimos meses não tem iFood, não tem Uber e muitas vezes não tem Internet. Tenho que caminhar até o mercado, trocar com os vizinhos, conhecer as pessoas mais de perto. Participei como feirante numa feira agroecológica, trocando um pouquinho de conversa com muita gente. Fui em multirões pra ajudar sítios de estranhos, cursos intensos entocados num casarão com uma galera. Pessoas, conversas, trocas.

    Eu estou procurando diminuir os impactos do capitalismo na minha vida e tem sido maravilhoso. Às vezes sinto falta do apartamento/pedir comida por app/não ver ninguém, mas faz parte, é o desmame. Acho que estou caminhando pra encontrar o meio termo entre solitude e vivência em comunidade, o que hoje eu vejo como uma necessidade da condição humana.