Uma demonstração de como empresas conseguem te rastrear entre sites distintos na web.

O fim iminente dos cookies de terceiros, ferramenta amplamente usada pela indústria para rastrear usuários entre sites, chega num momento conveniente, quando eles já não são mais necessários.

Existem soluções melhores de “fingerprinting”, jargão do meio que significa, literalmente, “impressão digital”: empresas digitais conseguem detectar que você é você entre vários sites analisando uma série de características da sua conexão, computador e navegador.

O Fingerprint Pro oferece esse serviço. Ele tem uma demonstração gratuita bem interessante: clique no botão View Live Demo, e o site gerará um identificador único.

Tente, agora, limpar os dados do seu navegador e abrir o site novamente ou fazê-lo pelo modo “anônimo”. É bem provável que o Fingerprint Pro mostre o mesmo identificador, ou seja, saiba que você é você.

Mesmo em navegadores focados em privacidade, como Safari e Firefox, o Fingerprint Pro consegue fazer o rastreamento. Ele só falha no Tor e no Firefox com uma configuração obscura ativada (privacy.resistFingerprinting). Via Bitestring’s Blog (em inglês).

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16 comentários

  1. “Tente, agora, limpar os dados do seu navegador e abrir o site novamente ou fazê-lo pelo modo “anônimo”. É bem provável que o Fingerprint Pro mostre o mesmo identificador, ou seja, saiba que você é você.”

    Ué… se o IP é o mesmo, isso deveria ser ridículo de fácil, não?
    Liguei o VPN, que altera o IP, e abri janela privada no Brave e ele gerou um identificador diferente.

  2. Acabei de ativar o resistFingerprint no celular e converteu o MdU em tema branco (liguei o browser Fennec em modo escuro).

    gozado. :/ vamos ver no que vai dar

    1. Fiz um novo teste. Liguei o modo anônimo e a função restritFingerprint. Aparentemente mudou a identificação.

      Alem do MdU, o outlook no celular (via web -Fennec) também saiu do “modo escuro”. Não vi outros sites.

      1. Perdão o flood, mas só relatando sobre a função:

        -Acabei de ativar no Firefox em casa e deu o mesmo resultado – pelo visto, a função faz ignorar todas as funções que “sincronizam” o computador com um site, inclusive o “modo escuro”. O MdU também ficou branco em casa (gosto de usar o modo escuro pois cansa menos minha vista).

        – Aparentemente não atingiu cookies. Não perdi os dados anteriores.

        Me parece bom esta função, vou tentar usar mais vezes.

    2. Eu também ativei o resistFingerprint e todos os sites que eu tinha optado pelo modo escuro ou para reconhecer que uso o modo escuro no Firefox/Windows passaram para o modo claro. Foi preciso reescolher a opção de apresentar no modo escuro, e naqueles que têm a opção de reconhecer e copiar o modo escuro usado no navegador, como é o caso do MdU, essa opção não funciona mais, sempre usando o modo claro. Ghedin, seria possível colocar essa opção manual no nosso perfil?

  3. Para mim os últimos 4 anos foram um desastre, isso foi ruim o bastante.
    Individualmente ninguém é importante, a importância está na massa de dados

  4. OK isso foi legal de ver na pratica.

    Mas beleza, já estamos em 2023 e esse problema de rastreamento sem controle ocorre facilmente a mais de 10 anos. O que foi que perdi na pratica até aqui?
    Entendo que, usando a internet 12 por dia sempre logado em todos PCs e celular, toda a raça humana saiba tudo sobre min e eu devo ser o assunto principal em suas conversas sociais…. estou exagerando? Se estou, novamente, o que ocorreu de ruim na minha vida mesmo?

    1. Você tem todo o direito de fazer pouco caso ou apenas não se importar que seus dados sejam utilizados para sabe-se lá que fins. Mas eles continuam a ser informações individuais acessadas sem permissão pelas empresas.

      Obviamente ninguém está falando sobre você – ou sobre mim – porque individualmente não temos importância, mas avaliar como seus dados foram utilizados até agora – direcionamento de publicidade basicamente – é um pouco ingênuo. Na prática não sabemos para o que eles serão usados e teremos pouca chance de impedir que futuramente eles sirvam para coisas como calcular o preço do plano de saúde.

      1. Cara, o probelma que acho é o exagero atras disso tudo.
        “talvez isso, podem fazer para aquilo, um dia se ocorrer…”. Muitos anos. Muitos anos se passaram.
        Esse um dia/talvez/podem já era para estar acontecendo ativamente, em alta velocidade. E tudo que vemos é propaganda melhor direcionada, e francamente é melhor eu ver propaganda sobre TV que sobre fralda, caso não-ver propaganda não seja opção.

        1. Eu acho que a nossa concepção de liberdade é tão frágil, se vc considerar que temos a melhor e mais eficiente máquina de rastreamento da história, só bastaria um governo extremamente autoritário para vc se ver num momento perigoso da sua vida. Se vc ler um 1984 vc vai ver que já temos toda a infraestrutura pronta para termos um big brother bem mais eficiente do que o do livro.

          Considere que temos sim uma onda autoritária no mundo, poder rastrear um usuario na internet, ver o que ele lê, pensa ou acessa é um instrumento de controle do pensamento muito perigoso.

          Ou whatever, se tudo o que vc vê são gatinhos felizes, não tem muito com o que se preocupar

          1. Duna em seu quarto livro tem um Deus na terra e ninguém considera como realidade…. bá seria muito mais tri…
            Puxa cara 1984 foi um otimo livro de ficcao. Otimo livro de FICCAO. Li 3x.

            Cara o problema é que em que ponto basta? A ultima mais de decada e nada disso realmente ocorreu. Pode? Pode! Se eu ficar ativamente berrando online que temos de nos preparar para um meteoro destruindo uma cidade do tamanho de Tokio eu estarei certo também, em 5, 10, 100 anos! Pode!!

            Tem de ter um ponto que expira. Que se muda. O tempo inteiro falando a mesma coisa sem um exemplo pratico cansa, pois não tem como errar: se tu falar o mesmo em 10 anos, e nada entre hoje e lá tiver ocorrido, tu estará “certo”! Ae é facil!

        2. É assim.

          De fato você não está errado. Existe todo um aparato tecnológico que sabe muito mais da gente do que pensamos – isso é o que é dito, e em partes ao menos na questão governamental estão certos, pois policias tem formas de monitorar nossos passos por exemplo. A Justiça tem nosso nome pronto para dar entrada em processos se precisar.

          Quem “está dentro das normas sociais”, de boa. Ou quem consegue burlar – criminosos geralmente, mas há um bom número de anárquicos e pessoal que não está afim de virar números. Sem celulares, apenas dinheiro vivo e bons contatos para viver o básico. E ok. Ao menos temos o SUS que ignora quase tudo isso (apesar de hoje também ter um banco de dados sobre nossa saúde, diga-se).

          E isso é um dos males do capitalismo e do controle social. “Valemos algo”. Estamos sob julgo social desde nosso nascimento. E ao invés de termos um ideário mais livre, nos vemos em uma “roda de hamster” sem descansar (referência ao Tecnocracia atual, diga-se).

          Em um “mundo ideal”, tais dados sobre nós apenas serviriam para monitorar questões de saúde (se fomos operados ou temos doenças crônicas) e legais (se falhamos com alguém e temos uma dívida social). Na prática, hoje os dados são uma das formas de segregação também – atenda um patamar de dados e receba em troca alguns agradinhos. Ação e recompensa, a velha “meritocracia” agora travestida em informações que podem fazer a diferença entre você pegar um emprego ou ficar desempregado o resto da vida.

          E de fato divago um pouco aqui. Claro que nem tudo é só 1984 (que apesar de FICÇÃO, o próprio autor já falou que é baseado nos conceitos das ditaduras autoritárias do século XX, e boa parte das distopias da época, incluso Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451 são também nesta linha – ficção, mas com conceitos reais). Porém, seja pelo governo, pelos trolls incels, pelos SJW prontos para lançar um novo “cancelamento”, seja pelos empresário, estamos todos meio que alvos graças aos dados fornecidos…

    2. Existe um TED talk bem interessante do Glenn Greenwald sobre por que a privacidade importa: https://www.youtube.com/watch?v=pcSlowAhvUk

      Mas em cima dos argumentos dele, eu complemento em cima do que você disse. O rastreamento de dados não se limita a direcionar propagandas mais certeiras. Ele molda a realidade do usuário online. O seu mecanismo de busca não se comporta da mesma maneira que o meu porque o serviço usa nossos dados pra apresentar resultados diferentes. Os vídeos relacionados no YouTube são diferentes pra cada usuário. Todas as timelines e sistemas de recomendações, que basicamente resumem a internet hoje em dia, são moldados de acordo com os dados coletados de cada usuário, e tudo nos é apresentado de maneira convenientemente ‘transparente’, como se nada estivesse acontecendo nos bastidores, como se as intenções fossem sempre nobres.

      ‘Ah, mas você não acha legal que estando na Nova Zelândia o resultado das suas buscas seja mais direcionado a esse país em vez de um outro qualquer?’. Em alguns casos, sim, mas nem sempre, e eu gostaria de ter uma opção não obscura de contornar essa imposição.

      Recomendo 2 outros materiais sobre o tema. O filme The Social Dilemma (2020, https://www.imdb.com/title/tt11464826/) e o documentário The Great Hack (2019, https://www.imdb.com/title/tt4736550), onde nos são mostrados dados e fatos da manipulação online oriunda da coleta de dados (spoiler: até a democracia é comprometida). Se quiser uma referência de pensador sobre o tema, recomendo procurar material do Tristan Harris.