Smartphones e o futuro do jornalismo de tecnologia em alto-mar

Horizonte em alto-mar.

Em alto-mar, a bordo do MSC Preziosa, a Asus reuniu imprensa e influenciadores digitais por um fim de semana para anunciar e promover seus produtos do primeiro semestre para o mercado brasileiro. Foram três smartphones, um em cada dia do cruzeiro. E foi um evento bastante… peculiar. Mais do que os promissores celulares, o que realmente chamou a atenção foram as circunstâncias. O que é o Asus Onboard? O que fomos fazer lá, afinal?

Esta foi a terceira edição do Onboard. Em 2015, a Asus apresentou alguns notebooks ainda não disponíveis no Brasil. Ano passado, foi a vez do Zenfone Zoom, smartphone com zoom óptico e status (e preço) de topo de linha, mas que desapontou no uso. Para 2017, a Asus apresentou uma atualização desse, o Zenfone 3 Zoom; um novo aparelho de entrada, o Zenfone Live; e o Zenfone AR, que junta em um dispositivo as capacidades de realidade aumentada e virtual através dos programas Tango e Daydream, do Google.

Um cruzeiro muito louco

A caminho do porto de Santos, Marcel Campos, gerente de marketing da Asus para a América Latina e mentor do Onboard, calhou de estar no mesmo ônibus (foram três para comportar todos os convidados) que eu e a Emily pegamos. Entre avisos e lembretes do navio, ele fez uma brincadeira de perguntas e respostas valendo alguns Zenfone 3 Zoom, produto que seria anunciado algumas horas mais tarde. Uma delas foi a seguinte: “qual o objetivo principal do Asus Onboard?” A resposta certa era interagir, fazer amizades. (Depois dessa, todo mundo ganhou smartphone; o jogo era só fachada.)

Por essa e várias outras, é difícil classificar o Onboard como um evento para a imprensa. Em vários sentidos, ele extrapola o que nos importa. As informações em primeira mão, as apresentações e as conversas com executivos e engenheiros ocuparam um espaço reduzido da agenda. Tudo isso poderia ter sido condensado em uma tarde no escritório ou em algum local de eventos em São Paulo mesmo, em vez de três dias em um cruzeiro, sem muito prejuízo fora perdermos algumas belas paisagens litorâneas e mimos dentro do navio.

Além disso, de jornalistas e produtores de conteúdo de tecnologia (grande parte deles, com canais de reviews no YouTube), éramos poucos. Entre quase 150 convidados, boa parte era dos ditos influenciadores digitais: instagrammers e youtubers que dançam, fazem graça, contam piadas ou falam de suas vidas e que têm o smartphone e a tecnologia como auxiliares, não objetos de interesse. Eles não têm qualquer compromisso em levar informação a interessados, em apurar, em questionar. Eles estão ali para fazer acontecer, para alavancar a marca Asus, conseguir curtidas, gerar “awareness”, tornar conhecido o produto Zenfone 3 Zoom e a hashtag promocional.

É uma atividade completamente diferente da que se espera de jornalistas. É marketing, na real. Alguns influenciadores foram pagos para estarem ali; nós, tirando o gasto com as despesas, não. Colocar todos no (literalmente) mesmo barco gerou alguns desconfortos e vários momentos em que nos entreolhávamos, jornalistas, sem saber muito bem o que estava acontecendo.

O evento em si ajuda a confundir porque ele é várias coisas simultaneamente: apresentação à imprensa, sim, mas ao mesmo tempo é também ação de marketing e confraternização de amigos e parceiros. E mesmo alguns colegas que cobrem tecnologia, empolgados com os atrativos do cruzeiro e as diversas atividades lúdicas da Asus, contribuem para turvar a linha que separa o jornalismo do marketing ou do entretenimento ao seu deixarem levar por tais chamarizes.

Estratégia que funciona, mas não para jornalistas

Esta edição do Onboard foi uma aposta ainda maior na estratégia de espalhar a palavra da Asus através de mídias sociais, algo iniciado na campanha de lançamento do Zenfone 2 há quase dois anos. Questionado sobre o assunto na sessão de perguntas e respostas, Marcel respondeu que prefere investir nesse tipo de divulgação do que comprar espaço na TV aberta, já que o investimento é equivalente. “Prefiro trazer vocês ao navio”, disse, seguido por uma ovação de boa parte dos presentes.

Para a Asus, é uma boa porque funciona. Em pouquíssimo tempo, a empresa saiu do zero em smartphones no Brasil para ter por objetivo brigar com Motorola e LG pela vice-liderança do mercado local. Aqui, “Asus” virou sinônimo de smartphones com bom desempenho e custo-benefício. Isso é grande, especialmente considerando a adoção de uma estratégia pouco ortodoxa e a concorrência repleta de nomes mais tradicionais e com orçamentos de marketing mais generosos.

Essa parte, de como a Asus atua no país, nos interessa, é notícia. Participar disso diretamente, não. Em alguns momentos, durante o cruzeiro, encarando o horizonte azul com azul do céu e mar na varanda da cabine, me peguei um pouco perplexo e bastante pensativo sobre o que estava acontecendo.

A atenção da Asus e da agência que a assessora com veículos pequenos, como é o caso do Manual do Usuário, é exemplar. Nossas dúvidas sempre são sanadas, a assessoria é prestativa, o Marcel é bastante acessível e muito honesto em suas falas e tudo isso nos ajuda a cobrir melhor a empresa e, consequentemente, a entregar um trabalho melhor a você, leitor.

Mas até que ponto estreitar ainda mais esse relacionamento é saudável? Quando que as dezenas de smartphones distribuídos a rodo sem pedido de retorno, que a comemoração de jornalistas em redes sociais ao serem convidado para eventos como esse, que as entrevistas repletas de camaradagem e sem questionamentos nem nada do tipo; quando exatamente que todas essas regalias e estranhezas passam a prejudicar o compromisso da imprensa com quem realmente importa, com o leitor?

Tivemos gincanas de caça ao tesouro antes do início das apresentações: um punhado de jornalistas, blogueiros e youtubers de tecnologia correndo atrás de um dinheirinho da Asus escondido entre as poltronas do anfiteatro. Mais tarde, as tradicionais perguntas da imprensa foram recompensadas por esse mesmo dinheirinho, como se fosse um quadro do programa do Silvio Santos. Dinheirinho esse que servia para comprar produtos da Asus — era um dinheirinho que valia dinheiro de verdade, pois. Talvez ali tenha sido a hora de parar por um momento e rever algumas coisas. Foi para mim.

Jornalistas em busca de dinheirinho da Asus.

Reitero: a Asus não está errada em sua estratégia. Prova disso é que ela está funcionando. Ao contrário de outras asiáticas, a Asus acertou aqui e continua numa crescente. O erro, acredito, está mais na imprensa, que se deslumbra e se deixa seduzir por tão pouco, e confunde facilidade de acesso com obrigação de falar bem.

Com anunciantes minguando e modelos de negócio alternativos ainda não provados, não é fácil resistir aos atrativos do marketing e das relações públicas das empresas se torna mais difícil. O próprio mercado editorial, no nível gerencial, tem feito concessões nas últimas décadas para continuar com o nariz fora d’água. Mas, mesmo assim, talvez um pouco de decoro nos faça bem. Ou isso, ou viraremos todos influenciadores digitais pautados pelo marketing, que pisam em ovos para não desagradar a empresa/anunciante e são incapazes de distinguir o que é ação promocional de notícia.

E aí, mesmo com o instagrammer bonitinho postando foto de iPhone enquanto é pago para subir hashtag do smartphone da Asus (e levando puxão de orelha em público por isso), nós não temos a mínima chance. Afinal, você conhece algum jornalista ~digital influencer? Nem eu.

Rodrigo Ghedin ficou três dias em alto-mar sem se molhar (fora no chuveiro da cabine) a convite da Asus.

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48 comentários

  1. Gostei do assunto de sua divulgação, gostaria de ver se é pertinente para meu site.

    Sds.

  2. Faz muita diferença ser convidado para ir num cruzeiro da Asus ou ser convidado para ir num evento da Samsung em Nova York?

    1. O ponto é que uma coisa é ser convidado em um evento da Samsung apenas para acompanhar seus lançamentos em um evento simples, sem firulas ou presentões. Ao que noto quando vejo relatos de jornalistas, geralmente as RPs das empresas pagam apenas a passagem e estadia (ou só uma delas). O resto é por conta do jornalista.

      Outra é ir em um evento de RP da empresa onde há tentativas de relacionamento interno, como se “todo mundo fosse amiguinho”, e depois mostrar o produto.

      1. Desculpa, mas não. A Samsung pagou tudo, incluindo viagem na business class, hotel 5 estrelas e alimentação extra para todos os que foram convidados. E também “presenteou” todos com um S8 e uma câmera 360. Se isso não é presentão e/ou firula, não sei o que é, pois dá fácil mais de 15 mil em agrados. E as pessoas que foram são amigas já, justamente porque se encontram nesses eventos, que são todos de RP.

        Então não, não há diferença. Os dois eventos são muito similares. Só que um levou apenas algumas pessoas e o outro levou umas 140. Mas, na essência, são a mesma coisa.

        1. Aí é da consciencia individual. Como já falei, já vi relatos de gente que vai por conta própria ou por custo mínimo. Não é todo mundo.

  3. Não que eu discorde do texto — pelo contrário, tendo a concordar com tudo o que está escrito — mas nas atuais condições efetivas de exercício da atividade jornalística a defesa de uma ética “republicana” para a sua prática me parece ingênua. Não porque, mais uma vez, eu discorde dela, mas o cenário descrito pelo @Rodrigo Ghedin:disqus me parece inevitável no capitalismo contemporâneo. Neste capitalismo existe — pode existir?
    — jornalismo que não seja estratégia de marketing de alguém?

  4. É por esse tipo de conteúdo que vale a pena assinar o Manual do Usuário. Obrigado pelo ótimo texto.

  5. Ainda há jornalismo? O MdU é um dos poucos resquícios do jornalismo? Ou o jornalismo morreu/mudou e o MdU está em algo ainda sem nome?

  6. O Ghedin elaborou muito bem tudo o que eu vinha pensando sobre esse evento nos últimos dias.
    Acho o Onboard uma jogada bem inteligente da Asus, mas realmente parece que os jornalistas não sabem lidar com essa “linha tênue” que os separa dos “influencers”.

  7. Esse é um texto que eu terei gosto em mostrar quando perguntarem “Mas por que você paga para ler se pode ser de graça?”, e eu direi “Leia isso e entenda porque vale a pena.”.

  8. Cara. Polêmico. Eu gosto da Asus desde o tempo do Rodrigo Tamellini. Aliás, naquele tempo quase trabalhei na Asus por puro gosto por hardware (simplesmente não me importava com a parte do marketing). O Marcel, cara super acessível e gente fina é excelente no marketing. Também tem conhecimentos técnicos bons, que era meu interesse. Agora, a despeito do famoso “Jabatour” é uma questão delicadíssima. Na INFO, tinhamos um código de ética. Enquanto eu trabalhei lá, segui a risca (arriscava meu cargo nisto). Outros podem não ter seguido, mas não respondo por eles. Ficava transtornado por ter que explicar isso pessoalmente ou pelo telefone quando uma assessoria insistia. Fazia um esforço grande para devolver (as vezes não conseguia por problemas fiscais). E por isto travava sérias discussões com os nossos sobre isto. O fato de não aceitar as viagens – recebi diversas ofertas de viagens nacionais e internacionais – nos colocava em posição de desvantagem. Não podíamos ver o produto com a devida antecedência. Em alguns casos, por causa da força da marca, conseguíamos os produtos com antecedência e aí tentava tirar o máximo de vantagem disso preparando ótimas análises – algo comum no meio. Hoje vejo mais valor no “later adopter”. Em muitos casos, confesso que desembolsei grana do meu bolso para ir a eventos, mesmo em São Paulo. Nas viagens que fazia para teste algo, o mesmo. Por puro gosto em passar a informação mais clara possível. Mas nunca fui um cara muito sociável. Precisava manter distância e não sou jornalista. Aprendi desta forma que é possível entregar qualidade sem se comprometer. Hoje mais maduro, percebo que existem formas de participar destes eventos, ganhar produtos e mesmo assim manter a qualidade. Mas a linha é mais tênue. É mais difícil assumir posições. Gostando ou não desta afirmação. O importante é que as regras do jogo fiquem claras para o juiz, o leitor. E misturar públicos, tribos, seja lá qual for a denominação é estratégia para gastar menos e atingir um público maior. Pode ter efeitos de desconforto, como bem elabora. Mas é isso, regras do jogo (imagino que foi combinada). Não?

    1. No dia seguinte? Eles usaram o iphone no evento… tipo… eu acho uma grana jogada fora levar youtubers de moda, cocielo, etc etc etc… os tec que deveriam ser remunerados ( afinal, eles que vão fazer os reviews ) não são… complicado…

  9. “Prefiro trazer vocês ao navio”, disse, seguido por uma ovação de boa parte dos presentes.. – Essa ovação é o problema. Explico:

    Me coloco na pele de um jornalista legitimo nesse cruzeiro, fazendo uma pergunta sobre um defeito crônico do produto ou algo negativo (como a porcaria da interface, no caso da ASUS), em meio a uma platéia parcialmente leiga, contratada para promover o produto e que pode simplesmente rechaçar a pergunta em uma vaia: É um tanto intimidador.

    Eu conto com o jornalista para comprar o produto, mas ele não vende. Preciso do jornalista para me informar se o produto (ou serviço) atende ou não as expectativas, quais os pontos fortes e principalmente os fracos. O julgamento final será meu, mas preciso de uma analise correta.. Se o jornalista, já intimidado pela platéia se sente um pouco confuso sobre o que tem há dizer (afinal é um ser humano) e com tantos brindes no bolso, a coisa complica bastante.

    Esse Asus Onboard é um bom caso de estudo mesmo. Não pra Youtubers, porque esse “awareness” faz parte do ramo deles…. Mas para o jornalista talvez seja um pouco demais. E em um ultimo caso, o tempo perdido em um cruzeiro, algo diferente de uma viagem para acompanhar o lançamento do produto ou mesmo um dia todo em um hotel numa imersão do que é vendido.

  10. Como eu disse em um comentário no Facebook, parece que a Asus comprou todos os blogs de tecnologia e afins, eu só vejo gente “babando ovo”. Ficou um nojo. É marketing? Sim! Mas pareceu uma compra velada. Eu dispenso.

  11. O texto tem vários pontos válidos. Mas em alguns momentos peca por parecer mais auto propaganda do que uma crítica objetiva. A resposta está ai no proprio texto. Tem jornalismo e tem marketing no mesmo evento. Você faz o seu, os youtubers fazem o deles. E segue o barco (trocadilho intencional).

    1. O problema é justamente que a linha é muito tênue e pode fazer com que o jornalista acabe seguindo a linha do YouTuber – este que está sendo pago para promover o produto.
      Não seria o caso de separar e fazer eventos diferentes?

      Tem fabricante que faz isso e, apesar de ser chato ficar esperando aparelho para review (ou nem conseguir resposta) enquanto vê um monte de youtuber ganhando o aparelho, pelo menos se nota que existe uma separação.
      Muitas vezes nem é a mesma agência que cuida de RP e das ações com influenciadores.

      1. Então. Você tem um evento único que cobre todas as frentes. Se um jornalista ou blogueiro perde a linha entre jornalismo sério e diversão, a culpa não é da empresa, é do jornalista. O youtuber faz a marca ficar conhecida, o jornalista faz o aparelho ser vendido. Não vejo o menor sentido em estar num evento desses, se sentir incomodado ou constrangido e mesmo assim receber os brindes normalmente.

        1. Escrevi no meu comentário por aqui. Discordo desse ponto. Colocar um jornalista para fazer perguntas sérias, sobre um defeito ou ponto negativo do produto em meio a uma plateia que é contratada para promover é um erro, ao meu ver. A plateia pode rechaçar a pergunta, dando força a quem apresenta e intimidando os jornalistas..

          E o excesso de mimos não faz bem, vide a política rígida de diversas empresas sérias sobre esse assunto. Você sabe que tem empresa que o funcionário não pode usar nem uma caneta de fornecedor/cliente/parceiro, que a equipe de compliance voa na jugular. E essa politica tem sentido.

          1. cenas reais – envolvendo um “influenciador’ que esteve nesse onboard. Na segunda vinda da HTC pro Brasil (teve uma com Android nos idos de 2008-09) e uma com Windows Phone em 10-11 (Acho), encontrei a figura na coletiva (gente boa, por sinal). O cara e eu pegamos o executivo gringo pra conversar e eu perguntei porque eles tinham saído e voltado ao mercado local – uma pergunta simples, porém necessária. Assim que o executivo virou as costas, o cara fala pra mim “nossa, por que você perguntou isso, que agressivo”. E assim a vida segue – tem quem faz pergunta, tem quem fica quieto e mastiga o que é passado pela empresa.

        2. Mas o texto não é pra Asus, fica claro inclusive que eles tem direito de fazer evento. O texto é para os jornalistas que cobrem tech.

          1. e o texto é para compartilhar com o nosso leitor as agruras da profissão, contar como são os bastidores e porque não se pode colocar todos os jornalistas num mesmo balaio.

          2. Eu achei o texto extremamente relevante, principalmente por se tratar de um evento que convida profissionais com enorme bagagem na área tech e influenciadores que estão ali simplesmente por conta de suas enormes audiências.
            E a Stella ressaltou bem o que, no fundo, é o que o texto propõe: somos nós que trabalhamos na área que temos a obrigação de refletirmos nossas práticas, termos a clareza de quem é quem no jogo do mercado, e prezamos pela transparência.

          1. Eu poderia responder este comentário com as mesmas exatas palavras.

          2. Com certeza. E vem daí a urgência do texto que escrevi, pelo tanto de jornalista e “jornalista” que nem sabe do que se trata a profissão.

      2. Oie! Eu sou YouTuber (criadora de conteúdo é mais apropriado, aliás) e não fui paga pra promover o produto. ^^

        1. Eu realmente não sei como foi nesse cruzeiro, só tomei como base o “Os influenciadores foram pagos para estarem ali” do artigo.

          É bem normal fecharem ações com canais, não tive porque questionar essa parte.

          (E tirando os canais de tech, nem é um problema pagarem para promover)

          1. Então, geralmente é por isso que somos jornalistas. Pra também saber que YouTuber não é a mesma coisa que Influencer, que não é a mesma coisa que Instagrammer. Ou pior, saber que pode ser tudo ao mesmo tempo, por isso o cuidado de rotularmos.

          2. O problema é que no final tudo acaba indo parar “nos rótulos” e tudo é usado de forma muito aberta, o que deixa esta bagunça e também as generalizações nas quais acabam alguns se sentindo ofendidos por outros.

            O termo “youtuber” per si hoje sinto meio estigmatizado. Se alguém fala “youtuber”, imagina um adolescente falando um monte de coisa para as câmeras. E só.

            Criador de conteúdo soa melhor (cai em gente como o Iberê do Manual do Mundo, o pessoal do Jovem Nerd, etc…), mas o problema é que os “influenciadores” acabam também pegando o termo como se só influenciar também é gerar conteúdo. É um bom dilema a se discutir nas rodas de jornalistas (imagino, já que não sou um :p )

          3. Editei o texto para deixar claro que alguns influenciadores foram pagos. E você tem razão, esses que receberam não são o problema. O problema é com quem vai a eventos do tipo como imprensa, mas se comporta como promotor/influenciador/fã da marca.

        2. Essa é a discussão, Stella: num evento onde todo mundo é colocado no mesmo barco, jornalistas lá para trabalhar, youtubers também, mas alguns outros youtubers com contrato e instagrammers também, como deixar isso claro para quem nos acompanha? ou melhor: tem como?

          1. Eu acho que eu mesma consigo deixar isso claro. Farei questão de deixar. E o próprio pessoal que acompanha os chamados influenciadores sabe bem que amanhã eles voltam a usar iPhone, e que isso é só propaganda.

    2. Imagino que o “auto propaganda” que você deve imaginar é “O Manual do Usuário quer se colocar como uma editoria limpa e sem atuações baseadas em marketing pago para influenciar.”

      Defendendo um pouco o Ghedin aqui, o que noto é que desde o começo do Manual (e até nas atividades anteriores como o Gemind), o foco foi justamente tentar não depender da “forcinha” do marketing das empresas.

      E o que vejo no texto do Ghedin é que a crônica no final é que por mais que se tente se colocar como uma pessoa responsável no jornalismo, sem influência financeira de marketing, o tratamento soa mais diferenciado e o temor é que o tratamento contrário (o elogio sem crítica dos “influenciadores”) acabe gerando um efeito de evitar críticas às empresas, quase caindo na zona da “idiocracia”.

          1. Não escrevi uma palavra sequer do cruzeiro. Quanto ao evento, limitei-me à extensão em que ele atinge o objeto do texto, que é o comportamento da imprensa em situações do tipo.

          2. mas foi avaliado o CONCEITO de colocar jornalistas e promotores de vendas ou youtubers em um mesmo local. E tbm, ao meu ver, o excesso de mimo que o cruzeiro é.

            Avaliar o cruzeiro é outra coisa.

        1. Do aparelho. Ninguém falou pra avaliar evento nenhum. Isso aí é coisa tua. Ninguém aqui liga onde foi, queremos saber do aparelho.

          1. Fica tranquilo, pode ser que algum artigo saia sobre o aparelho.
            Mas se você acompanha o Manual do Usuário já deve saber que essa não é a premissa/objetivo.
            Existem vários outros locais para buscar esses artigos, aqui veremos visões diferentes e reflexivas.

  12. Rodrigo Ghedin, nunca mais foi convidado para eventos depois do post mais sincero sobre ele. :P
    (não foi uma reclamação, btw)

  13. É como eu disse nos comentários do ZTOP: Achei umas fotos legais quando puxo o #captureomomento, mas o que mais vi foi um monte de millenial egocêntrico fazendo pose…

    Se me permite, vou compartilhar uma situação que tive há uns 10 anos atrás.

    Naquela época, o Twitter era novidade, o Gizmodo tinha começado a pegar gás (e eu estava enchendo o saco nos comentários de lá como sempre :p ), e a Phillps chamou um pessoal no twitter para conhecer lá uma televisão nova. Fui eu e um do Gizmodo, e foi um pessoal de outras mídias (não me lembrava quem). Fiquei lá assistindo um filme e vendo lá eles explicando sobre a televisão. Fui um dos últimos a sair (parte do pessoal que foi ficou até um pouco do começo do filme – que já tinha passado varias vezes no cinema). Ganhei um brinde, tal como outros que passaram lá.

    Sai de lá e a única coisa que fiz foi sugerir que eles fizessem testes de experiência de uso com jornalistas com produtos em casa, sei lá o que mais eu disse. Fora ter ficado um tempinho na garagem da empresa tentando arrumar o suporte da placa da minha moto que tinha caído.

    Enfim, no final não fiz muita coisa – a sensação que eu tinha é que eu tinha ganhado um brinde e eu teria que falar bem da empresa. Fiquei sem graça. Não tinha experiência nenhuma no jornalismo. Não me lembro o que fiz em seguida, mas não falei da televisão de forma aberta no final (apesar de sinceramente ter achado-a legal e bacana por ser uma das primeiras com aspecto de cinema) mas acho que tenho uma divida com a Phillps em relação a isso (e o brinde, um porta retratos digital, está comigo até hoje – se alguém da Phllips ler isso, digo que se quiserem, compenso de alguma forma o brinde :) ).