O Google enfatizou muito que é uma empresa de inteligência artificial na abertura do Google I/O, seu evento anual para desenvolvedores.
A cautela de anos anteriores com a oferta de produtos de IA foi deixada um pouco de lado, graças à pressão que o Google tem sofrido de OpenAI e Microsoft, que tomaram o imaginário popular com ChatGPT e Bing Chat.
A abordagem do Google para a IA na busca, seu grande negócio, é mais cautelosa. Em vez de um chatbot, o Google desenvolveu o que chama de “AI snapshot”, uma versão mais robusta daquelas caixas que tentam responder a pergunta feita pelo usuário sem que ele saia da página de resultados da pesquisa.
Além de mostrar links para as fontes das informações trazidas pela IA (links em que dificilmente alguém clicará), os tradicionais dez links azuis de resultados continuam disponíveis, porém enterrados no final da página.
Esse recurso de IA na busca, chamado “Experiência Gerativa de Pesquisa”, ainda é experimental e “opt-in”. A exemplo de outros produtos e serviços do Google, ele recorre ao PaLM 2, o novo grande modelo de linguagem da empresa. (Pense no PaLM 2 como equivalente ao GPT-4 da OpenAI.)
O PaLM 2 também está por trás de uma nova versão do Bard, o chatbot do Google, e dos recursos de IA do Google Workspace, agregados sob o guarda-chuva/nome Duet AI.
Executivos do Google resumem a nova postura da empresa como “ousada e responsável”, ainda que menos responsável que no passado. Nada exemplifica melhor os riscos que o Google topou correr que o “Tradutor Universal”, um gerador de vídeos deepfake em múltiplos idiomas. O potencial de mau uso dessa tecnologia é gigantesco e o Google se ilude (ou tenta nos iludir) dizendo que terá salvaguardas e restrições para evitar abusos. Isso nunca funcionou e ficaria surpreso se funcionasse agora.
O Google segue investindo em hardware. Apresentou o Pixel Fold, celular com tela dobrável de US$ 1,8 mil (~R$ 8,9 mil) e o Pixel Tablet, ambos com a promessa, feita pela enésima vez, de que o Android para tablets finalmente ficará bom. Também anunciou o Pixel 7A, celular de baixo custo que não é mais tão baixo custo (subiu para US$ 499). Via The Verge, Google (2), TechCrunch (todos em inglês).
E R$ 8,9 mil. Oito mil e novecentos reais! Custa isso, mas não vale isso!
Achei que a Google era mais uma empresa do ramo funerário, tamanha a quantidade de produtos dela que morreram.
Ba dum tss
Olhei a apresentação de resumo deles e o que me pareceu é que eles juntaram diversas ferramentas que já existem hoje (ChatDoc, Quillbot, ChatGPT, MidJourney, Dall-E, Bing Chat e outras) em um ecossistema do Google. Nada de novo, nada de disruptivo, como gostam de dizer, apenas uma reunião de tudo o o que mercado fez de janeiro até aqui em termos de IA generativa e prompts.
Me estranha é a trava geográfica. O Brasil não entrar quando se abre o produto pra 180 países me soa muito absurdo, ou retaliação à PL (mas isso talvez seja pelo em ovo da minha parte).
My two cents: porque uma empresa que consegue fazer tudo isso em tão pouco tempo, teoricamente, não conseguiria ter um sistema de moderação/adequação de conteúdo como o proposto e previsto pela PL das Fake News?
Pro pessoal da Google, a capital do Brasil deve ser Buenos Aires. Eles não veem nosso país como prioridade ou como lucrativo, mesmo com a participação absurda do Android por aqui.
Só pegar alguns exemplos como o Google Assistente estar anos luz atrás em comparação com a versão norte americana (e até com a Alexa em PTBR), ou a linha Pixel nunca ter sido lançada por aqui.
Eh o processo geoeconomico atual mais uma vez :
1 gringos acham que fazer negócio com latino (ou africano, etc) eh jogar dinheiro fora ou tacar na roleta.
2 China vem, com empresas privadas ou estatais, e investe nesses paises, mercados e sociedades, e faz muito sucesso e desloca os eua como principal parceiro comercial (no celular android popular, eh Xiaomi decolando em vez de Pixel, e seria Huawei Sem as sançōes)
3 Governo norteamericano se alarma que suas empresas tão perdendo espaco, culpa países locais por irem contra os «valores democraticos e modernos» (= fazer muito negócio com nao ocidentais), Insta empresas gringas a investirem nesses territorios (com lamentos dos empresarios gringos que vao tacar dinheiro no lixo), e
4 Empresas gringas querem risco mínimo, lucro Maximo e incentivo estatal, e dao um produto versão inferior e mais caro do que nos países centrais. ( Nintendo nao traduz nada em ptbr e nao ajusta preco pro salário local, e eh vigorosamente pirateada aqui, esses softwares inferiores da google, etc)
Não me parece que o Google escanteou o Brasil pelos motivos habituais. Praticamente toda a América Latina (até a Venezuela) ganhou o Bard. O Brasil foi uma exceção na região. A julgar pelas outras ausências — Canadá, que está tentando obrigar o Google a pagar o jornalismo de lá, e UE, que tem as rusgas habituais com as big techs norte-americanas —, me parece que é mais pirraça corporativa mesmo.
Não devem ter lançado no Brasil para tentar não aumentar a fervura no Congresso diante das novas tecnologias durante a votação do PL.