A figura jurídica e o papel de Jack Dorsey no Bluesky

A CEO do Bluesky, Jay Graber, comentou a estrutura corporativa da startup em conversa no Bluesky com alguns usuários.

Esse é um ponto sensível de todo o arranjo dado o envolvimento (e o investimento inicial) de Jack Dorsey, o ex-CEO do Twitter, famoso por brilhar os olhos para uns lances meio questionáveis como criptomoedas e aquela outra rede esquisita, a Nostr (no momento, sua plataforma preferida). Muita gente descarta de imediato o Bluesky por essa raiz comum com o pior da cultura do Vale do Silício.

Ao contrário do Mastodon, o Bluesky tem fins comerciais. Desde fevereiro de 2022, o Bluesky adota uma estrutura jurídica de “public benefit limited liability company” (PBLLC), criada em 2018 no estado norte-americano de Delaware.

Numa tentativa de adaptar conceitos de uma PBLLC ao cenário brasileiro, seria uma espécie de empresa limitada com intuito de lucro, mas que visa promover um benefício social público. É algo parecido à certificação do Sistema B, porém com status legal nos Estados Unidos.

Jay afirmou que o Twitter não tem participação no Bluesky. A preocupação é válida, visto que o Bluesky nasceu dentro do Twitter, por iniciativa de Dorsey.

Na sequência, um usuário adverte que “Jack pode vender vocês a quem pagar mais”, no que Jay responde que ele não pode.

Segundo a executiva, Dorsey não detém todo o poder ali dentro. O conselho é formado por três membros — ela, Dorsey e Jeremie Miller, inventor do protocolo XMPP.

Na troca de mensagens, Jay disse que ela é quem “tem o maior controle sobre essa iniciativa”, e que pelo fato do Bluesky ter o código aberto e, no futuro, oferecer a portabilidade de contas, “seu uso dos nossos serviços será um voto de confiança em nós, não uma situação de refém em que você perde todos os seus amigos e criações se partir”.

Para finalizar, disse que o Bluesky está sendo criado “para ser uma república federativa, não um império murado”. Via @jay.bsky.team (este link só funciona com um login no Bluesky).

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1 comentário

  1. “para ser uma república federativa, não um império murado”. Mas o post só dá pra acessar se tiver logado numa conta.