Na última terça-feira (21), o New York Times publicou um retrato do estado da vigilância governamental chinesa sobre cidadãos comuns. Com base em análises de mais de 100 mil editais públicos coletados pelo China File, os repórteres concluíram que o governo sabe mais sobre identidades, atividades e conexões sociais das pessoas do que era de conhecimento geral. Por meio de diferentes tecnologias, são realizadas coletas indiscriminadas de informações que, centralizadas, criam perfis complexos da população.
O volume de dados é impressionante: segundo um documento, a polícia da província de Fujian estima ter 2,5 bilhões de imagens em seus bancos. Esses dados podem ser cruzados com DNA, padrões para reconhecimento de íris e de voz, coletados em massa em ao menos 25 das 31 províncias chinesas desde 2014.
Também foi revelado o uso de rastreadores de sinal Wi-Fi em todas as províncias e regiões chinesas. Inicialmente, essa tecnologia foi utilizada em Guangdong para identificar usuários de um aplicativo de dicionário uigure-chinês.
O governo da China não se pronunciou sobre a reportagem.
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Uma coisa que tento entender sobre a questão da supermonitoria chinesa é tentar imaginar se de fato tais atitudes auxiliam “o partidão” a evitar não só dissidências mas crimes de violência (tal como ocorreu dias atrás em uma das províncias) realmente ou se é só uma política de medo.
Quando a gente vê que isso não é diferente dos atos americanos (com a CIA/FBI atuando), a comparação é fácil por um simples fato: apesar das supermonitorias americanas, ela ocorre mais em áreas fronteriças e em personagens específicos (estrangeiros e pobres). Quando menos se espera, acabamos sempre vendo massacres e crimes de violência em estados americanos.
Como já citado também, tem a questão dos Uigures também, que sinto uma falta de maior informação nas mídias ocidentais, pois só se fala em atitudes contrárias aos mesmos, ou no caso de mídias estatais chinesas, das “liberdades” que eles possuem.
Esperar informação de ditadura é meio complicado. Só de sabermos que sofrem já é muito, imagina quantos outros não sofreram, sofrem e ainda vão sofrer de igual maneira.