A entrada na Wikipédia não especifica o dia, a Lenovo comemorou em 5 de outubro, mas acho que ainda é válido comentar os 30 anos do ThinkPad, uma das marcas de computadores mais longevas disponíveis no mercado.
Em 2017, por ocasião do aniversário de 25 anos, ganhei um livrinho atemporal da assessoria brasileira da Lenovo que detalha a história dos ThinkPad. How the ThinkPad changed the world — and is shaping the future (sem tradução) é um relato em primeira pessoa de Arimasa Naitoh, conhecido como o “pai” do ThinkPad, hoje vice-presidente da unidade de PCs e dispositivos inteligentes da Lenovo, ajudado pelo jornalista William J. Holstein.
O ThinkPad 700C, primeiro notebook do tipo lançado ao público em outubro de 1992, foi um sucesso instantâneo. A qualidade do dispositivo, muito acima dos rivais da Compaq e da Toshiba na época, pavimentou logo na largada a fama que a linha carrega até hoje, três décadas e incontáveis modelos depois, de produtos de alta qualidade e desempenho.
Os notebooks ThinkPad foram gestados e, por muito tempo, desenvolvidos em Yamato, Japão, onde a IBM tinha um centro de desenvolvimento. No livro, Arimasa fala bastante desse arranjo geográfico (a IBM era e é uma empresa norte-americana) e da transição para a Lenovo, sediada na China.
O outro fio condutor da narrativa são as inovações e investidas que, ao longo da história, ajudaram a distinguir o ThinkPad do oceano de notebooks de outras marcas e a cimentar a sua fama de notebook bom.

Histórias como o uso recorrente de ThinkPads no espaço, graças a uma parceria com a Nasa, o famigerado trackpoint (aquela bolinha vermelha no meio do teclado usada para controlar o cursor do mouse) e o “teclado borboleta”, que adotava um mecanismo engenhoso para proporcionar um teclado grande sem aumentar o tamanho do notebook em si, são comentadas por quem viveu tudo isso do outro lado, desenvolvendo e lidando com os percalços que, a julgar pelo que nós, público, vemos, não imaginava fossem tão intensos.
Isso talvez tenha sido o que mais chamou a minha atenção: o nível de estresse e a quantidade de trabalho que Arimasa relata de si mesmo e das suas equipes.
Em 1988, durante uma temporada nos Estados Unidos para aprender o que os laboratórios de desenvolvimento da IBM faziam, Arimasa acabou ajudando a equipe de Boca Raton a resolver um problema de interferência eletromagnética no P70, um precursor do ThinkPad de 9 kg que estava sendo desenvolvido pelo laboratório de Yamato.
O P70 foi lançado dentro do cronograma e atendendo às especificações definidas pela IBM, o que credenciou Yamato (e Arimasa) a tocarem o projeto ThinkPad, encomendado pela Harvard Business School. De repente, Arimasa se viu voltando ao Japão. Escreve ele:
A caminho do Japão, eu e minha família paramos em Maui [Havaí] para ficar alguns dias sob o sol. Passamos um tempo agradável com minha filha, que tinha cerca de nove anos, e nosso filho, que tinha três. Mal sabia eu que aquelas seriam as minhas últimas férias pelos próximos dez anos. Como dizem os norte-americanos, eu estava saltando da frigideira quente direto no fogo.
Em 2022, agora sob os cuidados da Lenovo, que comprou a divisão de computadores da IBM em 2005, o carro-chefe da linha ThinkPad é o X1 Carbon, um notebook com tudo que há de melhor na indústria. Outros modelos, como a linha TXXX e a Yoga, atendem a públicos distintos em faixas de preço mais baixas.

O ThinkPad sempre foi palco para experimentações. Foi o primeiro notebook a trazer várias tecnologias — monitor colorido, discos digitais (CD, DVD), Wi-Fi, tela dobrável. A exposição de uma unidade do ThinkPad 701 no MoMA (o do teclado borboleta) pode ser encarada como a coroação dessa obsessão por inovação.
Com 200 milhões de unidades vendidas, ThinkPad é uma das raras marcas que, mesmo após incontáveis transições e viradas do mercado, e sem deixar de inovar, conseguiu manter suas características originais que a tornaram icônica.
Foto do topo: Patrick/Flickr.
Muito Loko o tanto de usuário ThinkPad que usa Linux!
Tenho um T430, Core I5, muito bom. Roda Fedora 36, redondinho.
Eu trabalho na IBM, então sou muito satisfeita trabalhando com ThinkPads nos ultimos 10 anos, q todos chamam lá só de TP. Acho que já estou no quarto ou quinto modelo. Só um eu troquei pq “quebrou” (tvz tenham consertado e dado pra outra pessoa, eu não sei o q acontece depois. Foi pq eu derrubei água, mas até já caiu bem mais café em outro q sobreviveu), ou outros foram refresh q eles chamam pra trocar de computador a cada x anos pra atualizar. Hj eu estou com um X1 Yoga. Eu vejo eles passando de mão em mão com uns colegas bem pouco cuidadosos e sobrevivendo na maior parte das vezes. Me fez pensar que todos lenovos eram fortes assim, até descobrir dando outra linha pra minha irmã q destruia notebooks e acabou detonado msm assim hehe
Agora lá temos a opção entre thinkpads e macbooks, mas eu sempre prefiro o thinkpad pra trabalhar. Vou dizer q já vi muita gente lá que pegou macbook qdo começou a ter, só pelo oba oba, mas gostava mais antes com o tp. Eu uso macbook como computador pessoal, mas pra trabalhar gosto mais do thinkpad msm. Se bem q até um pouco por costume, ele tem uma cara de trabalho.
“Eu uso macbook como computador pessoal, mas pra trabalhar gosto mais do thinkpad msm”
Fiquei curioso com isso.
O que o Macbook tem que o Thinpad não tem que o faz melhor para uso pessoal? E o que o Thinkpad tem que o Macbook não que o torna melhor para o trabalho?
Eu acho q no meu caso é mais pessoal do q por funções ou capacidades deles.
Sabe quando falam pra se arrumar e sentar na mesa msm no home office pra trabalhar melhor? Eu sinto isso no think pad, q entro em modo trabalho, mais pq liguei ele a trabalho na minha cabeça.
Especificamente pros equipamentos que eu tenho, o macbook é um air 11 polegadas, então é muito confortável pro meu uso que é basicamente ficar navegando na internet no sofá, por ser pequeno e leve. O think pad mesmo sendo relativamente fino é um pouco mais trambolhudo de usar assim (e olha q eu tenho o x1 yoga que é relativamente menor que outros modelos). A tela maior também é melhor de usar para trabalhar, que demanda mais atenção na tela.
De resto, por usar o thinkpad há muito mais tempo na empresa, eu acho o suporte interno melhor pra ele do q para o macbook.
Eu tenho um =D T420 comprado usado no Mercado Livre, funcionando até hoje com o Arch Linux. Se tivesse um processador melhor, talvez fosse o notebook mais longevo que eu já coloquei as mãos. Hoje em dia ele está judiado (culpa minha, na época que eu dei aulas particulares ele rodava a cidade comigo, nem sempre bem acomodada na minha pasta).
Fotinhos dele:
1) https://i.imgur.com/yK9vVLW.jpg
2) https://i.imgur.com/RLUcZh4.jpg
Lembro que o Ghedin fez um texto sobre o aspecto aspiracional Apple, acho que é algo bem subestimado nos Thinkpads. O trackpoint hoje me parece muito mais uma decisão de design para afirmar a marca, do que algo prático: sei que alguns programadores utilizam, mas imagino que a maioria das pessoas preferiria um trackpad maior sem os botões na parte superior, incluindo programadores.
O caráter de produto pragmático e funcional da marca tem muito apelo com alguns públicos que se enxergam dessa forma. Ironicamente, públicos que são muitas vezes vezes se enxergam como inimigos: programadores pelo teclado, trackpoint e suporte a Linux. Consultores da McKinsey/Accenture/etc e profissionais de empresas Fortune 500, que o Thinkpad era tanto dress-code como as camisas azul-claro.
Os Thinkpads ainda são muito bons, mas não parecem excepcionais em termos de resistência ou manutenabilidade, comparados com as linhas ProBook da HP e Optiplex da Dell. Até no suporte ao Linux, HP e Dell tem feito investidas com edições “para desenvolvedores” de seus notebooks corporativos.
A própria Apple tem entrado muito forte nesse mercado, ironicamente os consultores da IBM usam MacBooks ao invés de Thinkpads atualmente.
ThinkPad é ThinkPad! Sem desmerecer, o resto é bobagem. Meu L450, adquirido em 2015, segue firme rodando Debian. A ventoinha abriu o bico um anos atrás. Troquei e tá funcionando maravilhosamente bem. Em 2013 tive um dissabor com a Lenovo. Comprei no site deles o modelo X240. Um sonho de consumo. Compra aprovada era só aguardar o feriado do carnaval para receber, porém nunca foi enviado. Cancelaram a compra e aumentaram o valor em mais 1.500 reais após. Fiquei “P” da vida com isso. Não adiantou muito a barulheira que fiz. A única resposta que obtive é que a operadora do cartão tinha cancelado a compra, o que não era verdade. Tirando a Lenovo que é uma porcaria em pós venda e suporte, o modelo ainda segue sendo o trator de esteira da tecnologia. Vida longa ao ThinkPad.
Gosto muito do meu x61, que comprei faz mais de 10 anos por 300 reais. Estava procurando um note barato pra andar na rua e acabou durando bem mais que o Vaio que tinha na época. Ele abriu o bico agora, mas acho que só trocar a ventoinha deve resolver.
E eu curto bastante a bolinha vermelha.
Quantos quilos pesa esse seu notebook?
Nunca pensei nisso, porque ele é pequeno e leve. Fui pesar agora: 1,3 kg.
vale também uma palavra sobre richard sapper, responsável pelo design que para muitos é o que de melhor existe de “anti-apple” no mercado de computadores pessoais
o thinkpad sempre teve essa aparência robusta, sólida e estável, diferente do caminho traçado pela apple com jonathan ive nos anos 2000. Além disso, o famoso botão vermelho bem no meio do teclado — chamando atenção para si e contrastando fortemente com o entorno escuro — sempre foi pensado em oposição à suposta tradição de produtos “neutros” ou “invisíveis” da apple (com todo aquele discurso de ser um legado dos ideais de dieter rams)
grosso modo, enquanto a apple constrói uma retórica baseada no legado teuto-suíço (elegante, discreto, limpo, etc) o thinkpad orgulhosamente assumiu de um lado um jeitão meio “brutalista” e de outro um legado meio italiano (irreverente, surpreendente, etc)
mais aqui: https://arun.is/blog/richard-sapper/
Mas, tirando os novos aparelhos da Apple, a empresa já bebeu muito da fonte desse brutalismo. Os G4 eram sólidos, quadrados e robustos. Brancos, chamavam atenção pelo logo que acendia. A ideia de passar despercebido veio depois de alguns anos.
Aliás, quer algo mais chamativo do que o Clamshell?
Maldito John Ive que pasteurizou toda a computação com aquela visão de ralador de queijo de açon inox dele.
Ah, os Mac Pro são lindos, disso eu discordo de ti. Ahhahaah
E cara, não conhecia esse Apple Clamshell. Que coisa medonha, credo.
Nem digo que são feios, mas pasteurizados no sentido de que falta uma personalidade ali. Eles são canvas em branco, digamos assim.