Telegram dispara contra PL das fake news.

O Telegram disparou uma mensagem em seus canais oficiais, nesta terça (9), pedindo aos usuários para que pressionem deputados para votarem contra a aprovação do projeto de lei.

A mensagem do Telegram traz trechos que alegam que o PL “matará a internet moderna” se aprovado, e que “brasileiros merecem uma internet livre e um futuro livre”.

O tom da mensagem, de ameaça, é polvilhado por vários trechos questionáveis ou de desinformação pura.

É uma escalada na oposição acirrada que as empresas afetadas, como o Google, tem feito ao projeto de lei.

Atitudes como essa do Telegram reforçam a necessidade de regulação das plataformas digitais no Brasil. A mensagem institucional do Telegram está no mesmo nível das que as plataformas deveriam elas próprias combaterem. Por mais que o PL 2630/20 tenha problemas, nada justifica um ataque baixo e gratuito do tipo. Via @TelegramBR/Telegram.

Atualização (16h13): No plenário da Câmara, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL 2630/20, disse que irá à Justiça contra o Telegram.

Atualização (16h51): A Meta publicou uma nota refutando a citação a ela pelo Telegram. “A Meta refuta o uso de seu nome pelo Telegram na referida mensagem, e nega as alegações no texto.” Imagine estar tão errado no seu argumento para que a Meta, em plena campanha de lobby buscando alcançar o mesmo resultado que você, venha a público para se distanciar.

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30 comentários

  1. Alarmante. Mas ninguém explicou quais são esses “trechos questionáveis” ou rebateu a “desinformação pura”.
    Poderia ser mais didático?

    1. Tem vários pontos problemáticos. Afirmar que o PL instituiria a censura estatal, por exemplo, é mentira. O Telegram também deturpa o sentido do artigo 7º do PL. E deturpa novamente o debate quando diz que já existem leis no Brasil para lidar com as situações previstas no PL.

      Extraio esses deslizes de uma análise superficial e leiga, de detalhes que saltam aos olhos e comprometem essa manifestação do Telegram. Também tenho curiosidade para ler uma análise técnica dos equívocos da mensagem.

      1. Sim. Uma análise melhor da mensagem e dos pontos que devem ser debatidos é bem-vindo.
        No entanto, lendo esse post, em conjunto com várias outras postagens aqui e acolá, fico com a sensação de haver interesse em politizar e dividir o debate. Do tipo: temos dois lados, as big techs ou o governo, qual é o seu? Daí caímos no ataque ao mensageiro, ao invés da mensagem. Temos muito a perder…
        Acha que ha espaço pra ESTA discussão?

        1. Há dois lados. Talvez mais que dois. Isso está posto e é natural do processo, mesmo com a ressalva de que nenhum dos lados defende ou é contra a totalidade do projeto.

          O debate é possível desde que não nos distanciemos da realidade. Um exemplo mais didático: a associação das empresas de tecnologia no Brasil distribuiu um documento apócrifo afirmando que o PL proibiria a manifestação religiosa na internet. Isso não é debater, é sujar o debate. A ação do Telegram vai no mesmo sentido quando afirma que o PL ataca a democracia ou pode acabar com a internet no Brasil. É uma afirmação mentirosa, que inviabiliza o debate.

    2. Você pode ler o projeto da íntegra (inteiro teor >100p): PL Fake News

      Você pode ler uma versão resumida (14p): PL Fake News

      Mas quer um resumo básico de porque as Big techs estão fazendo isso? Porque afeta o modelo de negócios delas. As redes de desinformação da extrema direita são absurdamente lucrativa, principalmente ao Google e ao Telegram. Ter que se responsabilizar por esse tipo de conteúdo consiste em tirar do ar e, consequentemente, perder *um pouco* do dinheiro que eles tem (e algum poder de controle de informação e direcionamento das pessoas).

  2. Vai ser otimo essa PL vai afastar todas essas big techs do Brasil e o povo vai começar a usar aplicativos descentralizados e resistentes a censura. A cobra vai morder o próprio rabo.

    1. As Big Techs vão abrir mão de 200 milhões de produtos/pessoas?
      Acho difícil

  3. Gosto do Telegram por suas encriveis ferramentas, mas não posso concordar com o posicionamento do seu criador. Já encontrei muitos grupos e canais com conteúdo criminoso e, apesar das enumeras denúncias que fiz aos moderadores do Telegram, esses grupos nunca caem.

    Comecei a pensar seriamente em abandonar o telegram. Não dá mais.

  4. Tinham que liberar nas casas de apostas qual vai ser a próxima investida do governo para cercear o pouco de liberdade que ainda temos.

      1. Ir num clube de tiro praticar um esporte, por exemplo. Liberdade que a presidência do amor tirou. Jajá nem clube de tiro vai ter mais.

        1. Faça-me o favor. “Clubes de tiro” foram um eufemismo que o governo Bolsonaro utilizou para liberar geral a venda de armas e munições. E o que o atual governo fez não foi proibir, mas estancar o liberou geral do anterior.

          E… olha, existe um conflito aí entre o seu “direito” de carregar arminha e o meu de andar tranquilo sem o medo de que na próxima esquina um idiota armado me dê um tiro por qualquer bobagem, como tem acontecido cada vez mais (por que será…?). A restrição à venda e uso de armas sempre terá meu total apoio.

          1. Tiro é um esporte, Ghedin. Pode conferir na wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Esportes_de_tiro#Esportes_de_tiro_com_armas_de_fogo
            E a Constituição Federal diz que o Estado tem o dever de fomentar o esporte. Pode conferir, artigo 217. A CF não diz que “tem que fomentar o esporte, menos o esporte que envolve arma de fogo”.
            E o esporte e clubes de tiro já existiam antes do bolsonaro.
            E eu não quero direito de portar arma na rua ou de impedir o andar tranquilo de qualquer um. Quero poder ir num clube e atirar lá no clube, num ambiente seguro e propício pra isso.
            Por fim, pode pesquisar quantas mortes são por armas ilegais e quantas são por armas de CACs. Mas aqui vai um spoiler: a esmagadora maioria de crimes com arma de fogo é feita com arma ilegal, que o bandido não precisa cadastrar na policia federal, não recolhe imposto, não precisa cumprir 128732183712983 burocracias diferentes em 218371283 órgãos distintos.

        2. Deixe-me te contar uma história.

          Conheci o dono de um clube de tiro e vi o mesmo nascer na Era (do golpista) Temer. Pensa em um cara que você não confiaria por uma arma na mão? Então.

          Salvo engano ele foi do exército (tal como o pai dele, armeiro) e tinha uma casa de ração (casa de ração geralmente também tem artigos de camping, caça e pesca, permitindo inclusive venda de “airsoft”, réplicas de armas mas que disparam balas impulsionadas por molas e não por combustão).

          No começo assim como você eu achava até interessante. De fato ele nunca me permitiu pegar em uma arma municiada – ao menos ele era ciente que qualquer coisa contra ele era por ele na cadeia. No entanto as atitudes dele sempre eram de dar medo aos outros. A arma a mostra, o tom de voz, etc… E toda encrenca ele queria resolver metendo medo (ou bala). Ele a propósito tinha contatos no exército e na polícia.

          Ele foi uma das pessoas que forneceu armas para quase toda a cidade onde resido.

          Quando salnorabo foi eleito, cortei o contato com ele (ele já vinha me devendo, diga-se. Além de dever aos outros). E ficou cuidando do agora convertido clube de tiro, atendendo policiais, interessados em CACs e vai se saber mais quem.

          De fato, escutava conversas de armas ilicitas… não vou entrar em detalhes até porque não me lembro muito bem. Mas tinha muito rolo.

          Não sei como está hoje – o clube mesmo na época do salnorabo ficava mais tempo fechado que aberto. Mas sei que o mesmo tá enrolado e anda tão com medo de sombra que até tem alguém do lado dele dando cobertura.

          Clubes de tiro geralmente são montados por quem de alguma forma trabalhou na área antes – gente que mexia no exército, polícias ou correlacionadas. E pode ter a certeza, quem lida com isso é um dos piores casos de Dunning-Kruger – o cara pensa que sabe tudo, mas vacila demais no dia a dia.

          Quer treinar tiro ao alvo? Não sei se você já tem, mas compra uma airsoft legalizada e treine em casa. Pronto. Simples. Quer mexer com arma de fogo? Mais seguro se alistar ao exército ou virar policial – seguranças privados são bem restritos no uso e porte, diga-se. Policiais e membros do exército tem alguma maior liberdade e tolerância entre os pares.

          E lembre-se: usar arma é virar alvo em potencial de criminosos também. Você pensa que não, mas criminosos monitoram as pessoas que tem armas.

          1. Eu acho um absurdo. Queria comprar urânio aqui na serra e me disseram que só o governo pode comercializar. Um absurdo sem tamanho. Se é natural não pode fazer mal. Quero minha liberdade para extrair, vender e comprar qualquer produto mineral de volta como era no governo anterior!

        3. seria ótimo acabar com clube de tiro e essa cultura da arma. o brasil já é violento demais. e, cara, tá cheio de país que idolatra armas. vc pode morar lá e fazer o seu arsenal pra lutar essas guerras imaginárias q vcs temem…

          1. Estou trabalhando diariamente pra isso, caro Fábio. Afinal, como vc deve saber, não é fácil nem barato assim imigrar legalmente…

    1. Não foi só um link, né? Da nota do Telegram:

      É por isso que Google, Meta e outros se uniram para mostrar ao Congresso Nacional do Brasil a razão pela qual o projeto de lei precisa ser reescrito — mas isso não será possível sem a sua ajuda.

      Sem falar em todo o texto amalucado que, por esse trecho final, dá a entender que tem o aval da Meta e do Google.

    1. Fiz o mesmo! Na mesma hora em que recebi a mensagem, e coloquei o motivo como sendo essa abordagem deles.

  5. é a guerra está armada tec X governos; só tomar cuidado para o governo não usar as tec de ferramentas….