As decisões do SteamOS para usuários avançados.
O Steam Deck é, antes de tudo, um computador; um computador feito para jogos, rodando um Linux consumer-friendly e em um formato de console, mas é um computador, com Modo Desktop e tudo. Já o Tailscale é uma das queridinhas do momento, reinventando a venerável VPN corporativa (mas nada impede de você usar na sua rede doméstica) usando o modelo Zero trust networking e o protocolo WireGuard. Parece simples juntar os dois, já que o Steam Deck é um computador que roda Linux.
Parece. Mas não foi simples instalar o Tailscale no SteamOS, e ainda bem que não foi.
ATENÇÃO: INÍCIO DO PAPO TÉCNICO (com doses de opinião marcadas como tal). Caso não interesse, vá até a marca de FIM DO PAPO TÉCNICO.
O SteamOS é baseado no Arch Linux, como sabemos; no entanto, tal e qual o ChromeOS e sub-distros como o Fedora Silverblue, tem uma partição root imutável (read-only) e, tal e qual o ChromeOS e os Android mais modernos que não são da Samsung, tem o esquema de partição A/B. Afinal, e nunca devemos esquecer isso, o Steam Deck é um produto de massa, e (início da opinião) produtos de massa – e alguns que não são de massa também – deveriam vir com partições root read-only e partições A/B para garantir que sempre haverá uma versão do sistema bootável (fim da opinião).
A solução mais simples é instalar um Linux diferente e instalar normalmente o Tailscale, mas aí você teria que se virar pra replicar todas as facilidadades de suporte de hardware e de ambiente que o SteamOS fornece; a segunda solução mais simples é criar uma senha para o usuário deck, quebrar o selo read-only do SteamOS e instalar normalmente, mas graças ao A/B suas mudanças não resistirão a um update do sistema (e poderão quebrar o seu ambiente); então, o trabalho envolve usar as facilidades que o systemd, (início da opinião)
que para boa parte da comunidade Linux, que nunca gostaria de ter saído de 2003 e acha que a computação tem que voltar atrás para atender aos seus desejos, é a fonte de todo o mal (fim da opinião)
oferece em um sistema como o Arch, que o utiliza extensivamente.
Os caminhos utilizados para instalar o Tailscale e garantir que sobreviva a um reboot/update/etc formam uma leitura interessante para quem quer entender como rodar outras coisas que possam exigir uma interação com o sistema do SteamOS ou algum Linux moderno; não tem nada que seja exclusivo do Tailscale nem do SteamOS.
ATENÇÃO: FIM DO PAPO TÉCNICO.
No final do texto, há a menção a um plugin Tailscale para o Steam Deck, ainda em desenvolvimento, mas que já tem pelo menos uma carinha; quando o plugin estiver pronto, bastará baixar o plugin e configurar o seu Deck para entrar na sua rede Tailscale.
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