A vez em que tive prejuízo por proteger meus dados

Neste episódio do podcast, falo dos canais do WhatsApp (siga o do Manual), explico por que decidi criá-lo, falo das redes que abandonei e conto a história da vez em que tive um pequeno prejuízo por proteger demais meus dados.


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O próximo passo para o Telegram é ir além das mensagens e liderar a inovação nas mídias sociais em geral. Usaremos a nossa popularidade para mudar a vida de bilhões para melhor, para inspirar e elevar as pessoas em nosso planeta.

— Pavel Durov, CEO do Telegram.

O mesmo Telegram que deseja “liderar a inovação” em redes sociais lançou em julho, depois de todo mundo e quase dez anos após o pioneiro no formato, suporte a stories.

Nesta segunda (14), o Telegram completou dez anos no ar. Tem 800 milhões de usuários e já é, há muito, um híbrido de mensagens (sem criptografia de ponta a ponta padrão) e rede social (com moderação frouxa e sem regras de convivência robustas). Via @durov/Telegram (em inglês).

Telegram ganha stories, TikTok ganha posts em texto.

Sexta o Telegram ganhou stories. O diferencial é que, lá, só assinantes pagantes podem publicar stories. Nesta segunda (24), o TikTok lançou o formato de posts em texto escrito. A lei de Zawinski continua firme e forte. Via Núcleo, TikTok.

Manual em um universo alternativo

Em meados de 2019, publiquei algumas matérias em uma série que batizei de “Universo alternativo”. Eram histórias de aplicativos e ambientes digitais populares no Brasil, até então ignorados pela imprensa.

Em julho, farei um experimento no Manual do Usuário que me remete a algo de um universo alternativo: ao longo do mês, usarei todas as redes sociais, até as mais tóxicas, como Twitter, Facebook e Instagram, para espalhar os textos, vídeos e tudo mais que produzir aqui.

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A tensão entre as instituições brasileiras e as big techs

Neste episódio do Guia Prático, recebo Paulo Rená, do Aqualtune Lab, para uma conversa animada a respeito do PL 2630/20 (PL das fake news), a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra o Telegram, e a crescente tensão entre os poderes da República e as big techs no contexto da regulação das plataformas digitais no Brasil. No final, Rená comenta duas iniciativas de inclusão muito bacanas: a AkObEn — Antirracismo na Organização de Eventos, da Aqualtune Lab, e Mulheres na Governança da Internet, do IP.rec e Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS).

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Na última semana, o Manual do Usuário ganhou cinco novos apoiadores: Rodrigo de Campos, Sergio Luiz Tutui, Rui Vilarinho, Silvio Junior e Bruno Rocha. Obrigado!

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Música de abertura: Free Jazz, de Steve Combs.

Regulação das plataformas digitais entra em fase caótica com interferências de STF e governo federal.

Não é só o Congresso Nacional que tenta regular as plataformas digitais. Em paralelo, os outros poderes tentam influenciar o debate legislativo e agir por conta própria.

A decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes nesta quarta (10), contra o Telegram, parece uma interferência arbitrária. Leia na íntegra (PDF).

Leitura leiga e inicial do texto não encontra fundamentação jurídica. Moraes refere-se a decisões do próprio Supremo, ao famigerado inquérito das fake news que corre no STF e a certa “imoralidade” para justificar a ameaça de suspender o Telegram por 72 horas, caso a empresa não se retrate da mensagem lamentável enviada a seus usuários na terça (9).

Em tons mais republicanos, a presidente do STF, ministra Rosa Weber, pautou o julgamento das ações que contestam a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, o da responsabilidade das plataformas por conteúdo gerado por usuários, para a próxima quarta (17). O resultado pode embolar o meio-campo da votação do PL 2630/20, o PL das fake news, ainda sem data para ir à votação.

O governo federal, por sua vez, tem usado a Senacon (ligada ao Ministério da Justiça) para agir contra as investidas irresponsáveis das big techs, como Google e Telegram. A justificativa da prensa dada no Google, por exemplo, de que ela feriria o Código de Defesa do Consumidor, é classificada por alguns especialistas como “malabarismo jurídico”.

Por fim, o adiamento da votação do PL das fake news, que pegou a todos de surpresa, deixa-nos todos apreensivos. O primeiro fatiamento, anunciado nesta terça (9), que separa o assunto da remuneração dos jornais pelas plataformas, não é ruim — era um tema estranho ao texto original e grande, importante demais para estar no PL 2630/20. Merece, de fato, uma lei própria e um debate à parte. O que virá depois, porém, é uma incógnita. Via Poder360, Folha de S.Paulo.

Telegram dispara contra PL das fake news.

O Telegram disparou uma mensagem em seus canais oficiais, nesta terça (9), pedindo aos usuários para que pressionem deputados para votarem contra a aprovação do projeto de lei.

A mensagem do Telegram traz trechos que alegam que o PL “matará a internet moderna” se aprovado, e que “brasileiros merecem uma internet livre e um futuro livre”.

O tom da mensagem, de ameaça, é polvilhado por vários trechos questionáveis ou de desinformação pura.

É uma escalada na oposição acirrada que as empresas afetadas, como o Google, tem feito ao projeto de lei.

Atitudes como essa do Telegram reforçam a necessidade de regulação das plataformas digitais no Brasil. A mensagem institucional do Telegram está no mesmo nível das que as plataformas deveriam elas próprias combaterem. Por mais que o PL 2630/20 tenha problemas, nada justifica um ataque baixo e gratuito do tipo. Via @TelegramBR/Telegram.

Atualização (16h13): No plenário da Câmara, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL 2630/20, disse que irá à Justiça contra o Telegram.

Atualização (16h51): A Meta publicou uma nota refutando a citação a ela pelo Telegram. “A Meta refuta o uso de seu nome pelo Telegram na referida mensagem, e nega as alegações no texto.” Imagine estar tão errado no seu argumento para que a Meta, em plena campanha de lobby buscando alcançar o mesmo resultado que você, venha a público para se distanciar.

Telegram protege criminosos, não a liberdade de expressão, ao recusar colaboração com a Justiça

No despacho em que determinou o bloqueio do Telegram em todo o território brasileiro, o juiz federal Wellington Lopes da Silva, do Espírito Santo, afirmou que o aplicativo “se limitou a negar o fornecimento dos dados requisitados sob alegação genérica de que ‘o grupo já foi deletado’”.

Desde a noite de quinta-feira (26), o aplicativo está inoperante no país. A medida é extrema, mas não é ilegal. Ela é prevista no Marco Civil da Internet (MCI), no artigo 11, III.

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Do Telegram ao ChatGPT, tudo muda

Neste Guia Prático, Jacqueline Lafloufa e Rodrigo Ghedin falam do bloqueio ao Telegram no Brasil, das ferramentas profissionais que invadem nossas vidas pessoais, das novas possibilidades que coisas como o ChatGPT apresentam — em comum, tudo isso significa mudar. No final, Jacque tem um recado aos ouvintes.

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Nas últimas duas semanas, o Manual do Usuário — e, por consequência, o Guia Prático — ganhou um novo apoiador: Edson Neto. Obrigado!

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Indicações culturais

  • Ghedin: O filme Moscou contra 007 [Prime Video], de Terence Young.
  • Jacque: O filme Padre Johnny [Netflix], de Daniel Jaroszek.

Música de abertura: Free Jazz, de Steve Combs.
Foto de capa: ilgmyzin/Unsplash.

Telegram é bloqueado no Brasil.

O Telegram está bloqueado no Brasil. Acordei sem acesso ao aplicativo. O bloqueio foi determinado pela Justiça após o Telegram não colaborar com a investigação do ataque em Aracruz (ES), de novembro de 2022, que deixou quatro mortos. Havia um pedido, não cumprido, para que o Telegram entregasse os dados completos de neonazistas que agiam na plataforma à Polícia Federal. O assassino, com 16 anos à época, participava de grupos antissemitas no Telegram. Via G1.

Ao trocar de número de celular, cuidado para não deixar sua conta no Telegram exposta.

Quando você troca de número de celular, o Telegram não remove automaticamente o número antigo. Paula Gomes, chapa deste Manual do Usuário, descobriu isso da pior maneira possível.

Ela trocou de número de celular e, um tempo depois, alguém que comprou um chip que seu número antigo, “reciclado” pela operadora, ganhou acesso à sua conta no Telegram. A pessoa “saiu de uns grupos, entrou em outros e adicionou contatos”, relatou no Twitter.

O Telegram menciona esse cenário, da troca de número, em sua documentação. O texto é confuso. Há três possibilidades: descartar o número antigo, mantê-lo enquanto outro é usado temporariamente (durante uma viagem internacional, quando o usuário troca o seu chip por um local) e continuar usando ambos os números.

Aparentemente (não entendi muito bem), se você se autentica com o novo número em sua conta antiga, os dois números, antigo e novo, ficam vinculados à mesma conta. Para remover o antigo, é preciso acessar as configurações e removê-lo manualmente.

Como o login não depende necessariamente do número de telefone, muitas pessoas não se atentam a isso. Talvez achem que a lógica do WhatsApp, que não vincula mais de um número à mesma conta e exclui contas antigas vinculadas a números desativados depois de feita a migração para o novo, valha para o Telegram também, o que não é verdade.

(O modelo do Telegram, que prioriza a disponibilidade em múltiplos dispositivos, abre algumas brechas do tipo. Deltan Dalagnol que o diga…)

Bom, fica a dica. Outra medida útil para evitar situações como a que a Paula passou é ativar a senha do Telegram (autenticação em dois fatores). Nesse caso, mesmo que alguém herde seu número antigo e ele ainda esteja vinculado à sua conta no Telegram, essa pessoa não conseguirá acessá-la sem a senha.

Telegram desafia STF e mantém canal de deputado bolsonarista no ar.

O Telegram questionou uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e não suspendeu o canal do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Os advogados do aplicativo disseram, em petição, que faltou embasamento legal ao pedido e que ele “implica em censura”. Seria uma decisão “desproporcional”. A audácia dessa galera… Via O Globo.

Atualização (14h): O STF aplicou uma multa de R$ 1,2 milhão ao Telegram por descumprir sua determinação. Via O Globo.

Atualização (16h08): Em nova decisão, o STF restabeleceu as contas de Nikolas em seis redes sociais — incluindo o Telegram. Via O Globo.

Às redes sociais, a culpa que lhes cabe

Logo após os eventos de 8 de janeiro em Brasília, a imprensa correu para noticiar que os terroristas haviam se organizado por redes sociais e aplicativos de mensagens.

Milhões de brasileiros, bilhões de pessoas usam redes sociais e aplicativos de mensagens todos os dias para se comunicar, trabalhar, cuidar das suas vidas e, também, cometer crimes.

Dito isso, estranho seria se os terroristas não tivessem se organizado no digital. Fariam como? Por cartas? Telefone? Sinais de fumaça?

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Telegram e WhatsApp deixam simplicidade de lado para organizar grupos caóticos.

Faz tempo que aplicativos de mensagens deixaram de ser versões melhoradas do SMS. Eles evoluíram: hoje são, também, utilitários e a base de comunidades, e as empresas que os desenvolvem têm apoiado essas transformações.

Recursos como as comunidades do WhatsApp e os tópicos do Telegram reconhecem o uso dos aplicativos de mensagens para comunidades. São versões limitadas de aplicativos mais modernos que têm isso no DNA, como Slack e Discord, ainda que simplificadas para não assustar quem não tem familiaridade com o formato.

Se vai colar, é outra história. Por um lado, comunidades/tópicos prometem ajudar na organização de grupos que por vezes se tornam caóticos, mas ao mesmo tempo jogam contra a simplicidade que permitiu a esses aplicativos se tornarem onipresentes.

O Telegram lançou nesta terça (6) uma expansão dos tópicos, agora disponíveis para grupos com pelo menos 100 membros (antes, o piso era 200). A explicação no anúncio oficial é confusa; talvez na prática seja mais simples. Devo ativar isso no grupo de assinantes do Manual. (Apoie o site para participar.)

Quanto ao WhatsApp, o recurso de comunidades, que já foi liberado lá fora, só será lançado no Brasil em 2023. Culpa das eleições, ou do mau uso do WhatsApp em eleições passadas. Via Telegram.

Telegram entrega dados de usuários à Justiça da Índia. E a privacidade?.

Defender a privacidade dos usuários é uma posição que vai além do discurso. É estrutural. Vide este caso do Telegram na Índia, onde o aplicativo entregou à Justiça os dados de administradores de canais suspeitos de pirataria — nomes, números de telefone e endereços IP. O processo foi movido por uma professora, Neetu Singh, que teve seus materiais de estudo, que ela vende, pirateados e revendidos em canais do Telegram.

O caso ilustra bem desafios e falhas de privacidade no modelo do Telegram, algo que Pavel Durov, CEO do Telegram, costuma ignorar quando argumenta que o Telegram seria o aplicativo de mensagens mais privado do mercado.

Quando a Justiça de um país faz uma demanda, a empresa detentora do aplicativo não pode se negar a cumprir a ordem. A única saída que ela tem para não atender à exigência é não possuir os dados pedidos.

Que é o que o Signal faz. Em duas ocasiões, a Justiça dos Estados Unidos solicitou dados de usuários do Signal. Em ambas, ficou sem porque o Signal não coleta dados dos usuários. Da última vez, em abril de 2021:

É impossível entregar dados a que nunca tivemos acesso. O Signal não tem acesso às suas mensagens; sua lista de conversas; seus grupos; seus contatos; suas figurinhas; seu nome ou avatar; nem mesmo aos GIFs que você pesquisa. Por isso, nossa resposta a essa intimação parecerá familiar. É o mesmo conjunto de “Informações da Conta e do Assinante” que entregamos em 2016 [no outro caso do tipo]: registro do dia e horário em formato Unix de quando cada conta foi criada e a data em que elas se conectaram pela última vez ao serviço do Signal.

Via TechCrunch (em inglês).