A melhor novidade do iOS 17.

A Apple liberou a versão final do iOS 17 nesta segunda (18). Entre os recursos, há uma nova imagem em tela cheia para ligações (espero que o pessoal do telemarketing curta a minha) e um modo “Em Espera” que transforma o celular em um monitor bonitão que não verei, pois estarei dormindo quando (se?) ele for ativado. De todos os recursos, o que mais gostei é dos mais simples: finalmente é possível ativar dois ou mais timers ao mesmo tempo. Via Apple.

Uma hipótese para o consumo excessivo de bateria no iPhone

A capacidade de bateria ideal que um celular deve ter é sempre um pouco além da que ele tem. A gente se acostuma, cria estratégias para lidar com a autonomia média e no fim dá um jeito, exceto quando há algo errado.

Consumidores que compraram celulares da linha iPhone 14, lançados há menos de um ano, têm reclamado da rápida degradação da bateria.

Aconteceu também com meu singelo iPhone SE. De uma hora para outra, o consumo de energia enlouqueceu e em um intervalo de dois ou três meses, a “saúde” da bateria despencou para 93%.

No meu caso, era evidente que havia algo errado. O celular esquentava por nada e o consumo de energia era absurdo. Um dia, fiz um teste e deixei ele longe da tomada durante a noite, após recarregar a bateria até 100%. Na manhã seguinte, estava em 20%.

Acionei o atendimento da Apple. Após um teste remoto, os atendentes me disseram que não havia nada errado com o celular ou a bateria. Depois, incrédulo e um pouco frustrado, segui uma das orientações dadas por eles: desativar as notificações e as atualizações em segundo plano dos aplicativos de mensagens.

A essa altura, como medida desesperada, já havia feito uma limpa em muitos apps e deixado — dos de mensagens — somente Signal e WhatsApp. Desativei tudo de ambos. Nesse momento, também desativei as atualizações push (em tempo real) do e-mail. Quem precisa disso no celular? Eu, não.

E… veja, eu suspeitaria se alguém me contasse essa história, mas acredite em mim: resolveu. Tanto que, dias atrás, reativei as notificações e atualização em segundo plano do Signal, e o celular continuou fresco, ágil e sem desperdiçar energia. Parece um celular novo.

O que me leva a apontar dedos ao WhatsApp. Talvez? Só sei que saí de um sufoco. Caso você esteja passando pelo mesmo perrengue, e puder se dar o luxo de desativar as notificações do WhatsApp, vale a pena fazer um teste.

Justiça decide que financeira não pode bloquear celular de devedor.

A Justiça do Distrito Federal decidiu que é ilegal às empresas financeiras “sequestrar” o celular de consumidores inadimplentes. A grande ideia — de fazer Orwell se revirar no túmulo, de inveja — consistia em obrigar o consumidor a instalar um app ao tomar um empréstimo que, em caso de não pagamento, bloqueia funcionalidades do aparelho.

A ação foi movida pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e Idec. Ainda cabe recursos. Via Convergência Digital.

Fairphone 3, de 2019, terá atualizações do Android até 2026.

O Fairphone 3, lançado em 2019, acabou de receber o Android 13 e uma extensão de dois anos de suporte em cima do prazo original, de cinco anos.

O celular de 2019 do Google, que desenvolve o Android, o Pixel 4, parou de receber atualizações em outubro de 2022. A Asus, que acabou de lançar o Zenfone 10, só promete dois anos de novas versões do Android. Se a Fairphone consegue, o que falta às outras fabricantes? Via Ars Technica (em inglês).

O cara marca uma audiência com o presidente e daqui a pouco o presidente está sentado e o cara no celular, conversando com o cara que ele não marcou a audiência. Então, no meu gabinete não entra com celular, celular fica na portaria e nenhuma reunião eu permito celular.

— Luis Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.

Será Lula leitor deste Manual do Usuário? Via @LulaOficial/YouTube.

Tela externa do Razr 40 Ultra tem quase o mesmo tamanho da do iPhone 4S

Razr 40 Ultra, celular dobrável, na cor vermelha, sobre uma mesa escura com outros objetos, dobrado ao meio com a tela externa em destaque, mostrando duas mulheres abraçadas.
Foto: Motorola/Divulgação.

A Motorola lançou no Brasil, agora em junho, o Razr 40 Ultra, um celular dobrável cujo principal atrativo parecer ser a tela externa, de 3,6 polegadas, que permite usar o celular sem abri-lo. (A tela de dentro, a que dobra, tem 6,9″.)

Coincidência ou não, a área externa é pouca coisa maior que as telas dos primeiros iPhones — 3,5″ até o iPhone 4S —, porém em uma proporção estranha, quase um quadrado.

Entendo o apelo dos dobráveis estilo Galaxy Z Fold e o novo Pixel Fold, que têm telas comuns quando fechados e, abertos, ficam parecendo pequenos tablets. O dos tipo o Razr 40 Ultra, não. Já à venda pelo preço sugerido de R$ 8 mil. Via Motorola.

Os dispositivos da Apple que deixarão de receber atualizações em 2023.

Virou uma espécie de tradição mórbida anual, após a abertura de uma WWDC, listar os dispositivos da Apple fadados ao ostracismo — aqueles que, mesmo ainda capazes, não receberão as novas versões recém-anunciadas dos sistemas operacionais da empresa.

Em 2023, as vítimas foram as seguintes:

  • iPhone 8, iPhone 8 Plus e iPhone X ficarão sem o iOS 17.
  • Todos os Macs lançados em 2017 (com exceção do iMac Pro) não receberão o macOS 14 Sonoma.
  • iPad Pro (1ª geração) e iPad de 5ª geração ficarão sem o iPadOS 17.
  • O Apple Watch passou incólume e todas as versões que rodam o watchOS 9 receberão o watchOS 10.

A Apple liberou, nesta terça (6), as primeiras versões beta dos novos sistemas para desenvolvedores. Elas não são recomendadas para uso no dia a dia. As versões finais, para uso geral, chegam no “outono” (do hemisfério Norte, primavera aqui), provavelmente em setembro. Via Apple (2) (3) (4) (todos em inglês).

Tempo de tela não importa muito.

Isto pode soar óbvio, mas vamos lá: nem todo tempo gasto com telas é ruim.

Uma pista de que essa métrica talvez não seja das melhores é o fato dela ter sido abraçada com entusiasmo pela indústria.

Há alguns anos, Apple e Meta enfiaram “medidores” de tempo gasto em celulares e aplicativos em resposta às críticas crescentes ao vício causado por seus produtos.

É quase consenso que passar horas rolando feeds no TikTok ou Instagram faça mal. Por outro lado — e pegando exemplos pessoais —, aquelas dez horas que passei com o tablet ligado lendo um livro, ou o tempo no celular ligando/conversando com pessoas queridas? Zero arrependimento.

Pensata inspirada neste post (em inglês), que propõe uma abordagem qualitativa em vez de quantitativa para o lance das telas.

Celulares simples, antes vendidos a idosos, agora miram jovens cansados de telas.

A HMD Global, dona da marca Nokia para celulares, relançou o Nokia 2660 de olho nos jovens.

“Dumbphones”, como são chamados esses aparelhos, são “a escolha dos jovens para limitar o tempo de tela”, diz a empresa finlandesa no comunicado à imprensa. A câmera medíocre do aparelho, a mesma de 2000 e bolinha, deixou de produzir fotos terríveis para gerar “fotos com o estilo lo-fi dos anos 2000”. Cansado do isolamento digital? Com o Nokia 2660, os consumidores irão “reconectar-se uns com os outros, com eles mesmos e com o entorno”, promete a HMD.

Como bem observou o site The Verge, a mudança de discurso é notável. Em 2016, quando o Nokia 2660 foi lançado, os chamarizes eram sua “tela grande”, “compatibilidade com aparelhos auditivos” e “recursos de acessibilidade que aumentam a confiança, especialmente daqueles com mais de 55 anos”.

Existe mesmo uma fadiga generalizada de celulares, mas acho que somente repaginar o discurso não fará desses aparelhos simples o remédio para a ressaca de iPhones e Galaxies que muitos de nós sentem.

A maioria dos “testes” — mesmo que nada científicos — a que jornalistas e influenciadores se submetem, de viver com um dumbphone ou celular minimalista, fracassa.

Ainda é mais negócio diminuir as distrações de um celular moderno, porque as comodidades que eles trazem são inegáveis e, cada vez mais, inescapáveis. Usar um dumphone hoje implica em usar papel, chamar táxis no ponto, ligar (o horror!!) para restaurantes e amigos.

Achei curioso a HMD Global ter usado a informação de que vídeos no TikTok com a hashtag #bringbackflipphones tiveram 49 milhões de visualizações como argumento. Quem compra um Nokia 2660 não consegue acessar o TikTok.

Você sabia que o Google é uma empresa de inteligência artificial?

O Google enfatizou muito que é uma empresa de inteligência artificial na abertura do Google I/O, seu evento anual para desenvolvedores.

A cautela de anos anteriores com a oferta de produtos de IA foi deixada um pouco de lado, graças à pressão que o Google tem sofrido de OpenAI e Microsoft, que tomaram o imaginário popular com ChatGPT e Bing Chat.

A abordagem do Google para a IA na busca, seu grande negócio, é mais cautelosa. Em vez de um chatbot, o Google desenvolveu o que chama de “AI snapshot”, uma versão mais robusta daquelas caixas que tentam responder a pergunta feita pelo usuário sem que ele saia da página de resultados da pesquisa.

Além de mostrar links para as fontes das informações trazidas pela IA (links em que dificilmente alguém clicará), os tradicionais dez links azuis de resultados continuam disponíveis, porém enterrados no final da página.

Esse recurso de IA na busca, chamado “Experiência Gerativa de Pesquisa”, ainda é experimental e “opt-in”. A exemplo de outros produtos e serviços do Google, ele recorre ao PaLM 2, o novo grande modelo de linguagem da empresa. (Pense no PaLM 2 como equivalente ao GPT-4 da OpenAI.)

O PaLM 2 também está por trás de uma nova versão do Bard, o chatbot do Google, e dos recursos de IA do Google Workspace, agregados sob o guarda-chuva/nome Duet AI.

Executivos do Google resumem a nova postura da empresa como “ousada e responsável”, ainda que menos responsável que no passado. Nada exemplifica melhor os riscos que o Google topou correr que o “Tradutor Universal”, um gerador de vídeos deepfake em múltiplos idiomas. O potencial de mau uso dessa tecnologia é gigantesco e o Google se ilude (ou tenta nos iludir) dizendo que terá salvaguardas e restrições para evitar abusos. Isso nunca funcionou e ficaria surpreso se funcionasse agora.

O Google segue investindo em hardware. Apresentou o Pixel Fold, celular com tela dobrável de US$ 1,8 mil (~R$ 8,9 mil) e o Pixel Tablet, ambos com a promessa, feita pela enésima vez, de que o Android para tablets finalmente ficará bom. Também anunciou o Pixel 7A, celular de baixo custo que não é mais tão baixo custo (subiu para US$ 499). Via The Verge, Google (2), TechCrunch (todos em inglês).

Aplicativos de celular não serão o principal caminho para futuros jogos [da franquia] Mario.

— Shigeru Miyamoto, diretor e fellow da Nintendo.

A retirada da Nintendo diz muito do estado dos video games em celulares. Apesar de todos os seus defeitos, a Nintendo respeita a mídia enquanto atividade recreativa e entrevistas como essa de Miyamoto passam a impressão de que tem algo além do dinheiro em jogo.

Fora alguns redutos, como o Apple Arcade e títulos com uma pegada mais artística, o sucesso em celulares fica cada vez mais condicionado a dinâmicas exploradoras, microtransações desonestas e técnicas que estimulam o vício e a compulsão. Uma pena. Via Variety (em inglês).

Falha em celular do Google permite “desfazer” edições em prints.

Quando falamos de atualizações de segurança para sistemas operacionais modernos, em geral falamos de correções preventivas ou para falhas ainda não exploradas.

O pacote de março do Android do Google, porém, foge à regra.

A mais grave (CVE-2023-21036) é uma que atinge os celulares Pixel e permite recuperar as imagens originais de prints (“screenshots”, imagens da tela) alterados pela ferramenta nativa de edição do Android (“Markup”).

Ela afeta todos os Pixel 3 em diante, o que significa que todos os prints com informações sensíveis ocultadas pela ferramenta nativa do sistema nos últimos cinco anos estão vulneráveis.

Na prática, o Android dos celulares Pixel estava compartilhando a imagem original, editada, mas contendo o histórico de edição. Esse histórico pode ser recuperado, e é aí que mora o perigo.

Por mais que a falha tenha sido corrigida, as imagens que estão por aí não se beneficiam dessa correção.

O site acropalypse é uma prova de conceito que demonstra como a falha age. (Esta imagem do criador da ferramenta, Simon Aarons, é uma boa explicação.)

No mesmo pacote, o Google revelou uma falha (CVE-2023-24033) em modems Exynos, da Samsung, que (teoricamente) permite que atacantes tomem o controle do celular fazendo uma ligação telefônica especial.

Ainda não se sabe se essa falha pode ser explorada no mundo real. Na dúvida, a recomendação é para desativar os recursos de ligação via Wi-Fi e 4G (VoLTE) até que as correções sejam liberadas.

Problema: aparentemente, alguns celulares em certas operadoras impedem a desativação do recurso, como demonstrou este usuário do Reddit.

Via Pixel Envy, @ItsSimonTime/Twitter, ArsTechnica (todos em inglês).

Cuidados com o celular no bloquinho de Carnaval.

O Carnaval deste ano é o primeiro pós-pandemia e também o primeiro pós-onda de assaltos das quadrilhas que furtam celulares para acessar aplicativos bancários.

Há diversos guias por aí com dicas de como proteger o celular em meio à folia. Darei meus pitacos aqui e conto com a ajuda de quem me lê para complementá-los nos comentários.

Se couber no orçamento, adotar um celular alternativo, simples, daqueles tipo Nokia tijolão, me parece uma boa.

O celular do tipo mais barato à venda no Brasil, o Positivo P26, está saindo por menos de R$ 100 em várias lojas. Some a isso o custo de um chip pré-pago e uma recarga.

É um investimento meio salgado, mas talvez um preço justo a se pagar por tranquilidade. Considere também que um celular do tipo oferece o básico da comunicação, mas carece de algumas regalias modernas, como aplicativos de caronas, fotos decentes e acesso às redes sociais.

Caso opte por levar seu celular principal mesmo, deixá-lo dentro de uma pochete/doleira é uma boa medida de segurança. E tenha um plano de contingência mínimo. Minha sugestão:

  • Anote o IMEI do celular de antemão para facilitar o registro do BO e os bloqueios do aparelho e da linha/número junto à operadora caso o pior aconteça.
  • Presumo que seu celular já tenha uma senha; se não, arrume isso agora — estamos em 2023, não tem motivo para não bloquear o celular com senha.
  • Ative a senha (PIN) do chip (SIM card).
  • Relembre/memorize sua senha de acesso à conta Google (Android) ou Apple (iOS). Ela será útil para acessar o Encontrar seu smartphone (Android) ou o Buscar (Apple) a fim de localizar, bloquear e/ou apagar remotamente os dados do celular.

Guias de segurança que encontrei por aí: @orrice/Twitter, Núcleo, Folha de S.Paulo.