Mastodon 4.2.

Sempre é um bom dia para experimentar o Mastodon, mas hoje é um especial: foi lançada nesta quinta (21) a versão 4.2, com busca textual completa, melhorias no fluxo de cadastro e em outros detalhes que costumam afugentar curiosos. Via Mastodon (em inglês).

Mastodon ou Órbita: Qual a melhor rede social pós-Twitter?

Neste episódio do podcast, retomo o assunto de uma conversa animada no NúcleoHub, o servidor de Discord do Núcleo Jornalismo, sobre redes sociais “pós-Twitter”. Para qual iremos? Eu aposto no Mastodon, você já deve saber, e explico aqui o porquê. Se bem que… já dá para considerar o Órbita uma rede social?

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Relatório de Stanford identifica conteúdo de abuso infantil no Mastodon e oferece sugestões de melhorias

Dois pesquisadores do Observatório da Internet da Universidade de Stanford, David Thiel e Renée DiResta, publicaram um relatório sobre a segurança de crianças no fediverso — em específico, no Mastodon —, nesta segunda (24).

O relatório expõe algo grave e é, ao mesmo tempo, uma bem-vinda chamada de atenção a quem desenvolve projetos de/em plataformas sociais descentralizadas, um modelo que implica na busca de novas soluções para lidar com um problema que, embora longe de estar resolvido, é melhor atacado em/por plataformas centralizadas.

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Como Threads pode ser benéfico ao Mastodon

A melhor coisa do Threads, nova rede social da Meta, ainda é uma promessa: interoperabilidade com o ActivityPub, protocolo por baixo do Mastodon e de outras redes descentralizadas.

Em seu segundo post no Threads, Adam Mosseri, executivo da Meta responsável pelo Instagram, disse que “um número de complicações” impediu a empresa de oferecer compatibilidade total no lançamento. “Mas está a caminho”. Mau começo, mas uma sinalização promissora.

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Threads aparece antes da hora com famosos, marcas e Marcos Mion pedindo POSITIVIDADE

A nova rede social da Meta, Threads, fez uma breve aparição antes da hora nesta quarta (5), na web. Ela deve ser liberada amanhã (quinta, 6), exceto na Europa, onde a mistura de dados entre Threads e Instagram é muito provavelmente ilegal.

A Meta concedeu acesso antecipado a famosos e marcas para criar burburinho e atrair geral. E parece ter funcionado: os posts que consegui ver antes dos perfis sumirem no site eram todos entusiasmados.

Marcos Mion estava radiante: pediu POSITIVIDADE!!! para que o Threads não vire um Twitter e alega ter emplacado a primeira “trend” do novo local — uma corrente mostrando os primeiros seguidores.

A julgar por esse vislumbre, é o Twitter mesmo que deve dançar com a nova concorrência. O visual do Threads é bem simples, agradável, leve, e, apesar de ser um produto da Meta, empresa que coaduna com extremistas e já ajudou a promover um genocídio, os primeiros habitantes compraram o discurso de que ali é um lugar melhor. O que, em relação ao Twitter de Musk, ele próprio um extremista, é verdade.

No que interessa, a conexão com o ActivityPub/fediverso, Adam Mosseri, head do Instagram na Meta, disse no Threads que isso está nos planos, mas que não houve tempo hábil para implementar a integração nesse primeiro momento.

Ao lado dos nomes de usuários, aparece um pequeno selo fazendo referência ao servidor/comunidade (threads.net). Quando se clica nele, uma mensagem informa que em breve será possível interagir com pessoas em instâncias do Mastodon — o nome é citado expressamente.

Depois de toda a celeuma no fediverso, é uma grande decepção.

Threads, rival do Twitter feito pela Meta, será lançado na quinta (6).

Não me surpreenderia saber que os eventos desastrosos do Twitter no fim de semana precipitaram o lançamento do Threads. Se sim ou não, não importa: ele vem aí. O novo app da Meta já aparece agendado para a próxima quinta (6) na App Store e na Play Store de alguns países, como a da Itália. Traz “Instagram” no nome e zero menção a ActivityPub ou Mastodon, como era de se esperar.

Ao rolar um pouco a página do Threads para iOS, chama a atenção o tanto de “dados vinculados a você” listados, bem como o tamanho do app (254 MB). É um contraste chocante com outros apps “first party” do mesmo tipo, como Bluesky (3 tipos de dados, 24,8 MB) e Mastodon (nenhum dado coletado, 57,9 MB).

Manual em um universo alternativo

Em meados de 2019, publiquei algumas matérias em uma série que batizei de “Universo alternativo”. Eram histórias de aplicativos e ambientes digitais populares no Brasil, até então ignorados pela imprensa.

Em julho, farei um experimento no Manual do Usuário que me remete a algo de um universo alternativo: ao longo do mês, usarei todas as redes sociais, até as mais tóxicas, como Twitter, Facebook e Instagram, para espalhar os textos, vídeos e tudo mais que produzir aqui.

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De volta ao Mastodon

Quando subimos um servidor próprio para a presença do Manual no fediverso, optei pelo Microblog em vez do Mastodon.

Isso pode soar complexo — como muitas coisas do fediverso —, mas vamos lá: no fediverso, diferentes softwares/aplicações podem “conversar” entre si usando o mesmo protocolo. No caso, o ActivityPub. Além desses dois, existem ainda o GoToSocial, Misskey, Calckey, Pleroma… só entre os similares ao Twitter. O fediverso é amplo.

O Microblog é uma aplicação mais leve que o Mastodon, feita para ser usada por apenas um usuário. Funciona bem, é compatível com bastante coisa do Mastodon/fediverso, mas, ao longo dos meses, parece ter sido abandonada. Tickets no fórum de suporte ficam semanas sem resposta, não por falta do que fazer, mas por falta de tempo dos desenvolvedores.

Por isso, nessa segunda (25) voltei ao Mastodon. No caso, estou no mastodon.social, o servidor dos desenvolvedores do Mastodon.

Fiz essa opção para evitar os dramas do fediverso brasileiro e, assim, manter abertos os canais de comunicação com o maior número de comunidades nacionais possível.

Quem já me acompanhava no Microblog ou em outros perfis no fediverso foi migrado automaticamente para o novo. Quem ainda não, é só pesquisar por @manualdousuario@mastodon.social e seguir o perfil.

O pacto anti-Meta

Não é mais segredo que a Meta prepara uma nova rede social para aproveitar o vácuo que Elon Musk criou após destruir, digo, assumir o Twitter.

O Projeto 92 — provável nome comercial Threads — já teve imagens vazadas e, ouviu-se da boca de um executivo da Meta, será compatível com o ActivityPub, o protocolo por trás do Mastodon e de outras aplicações do fediverso.

No último fim de semana, um burburinho insinuava que administradores de grandes servidores do Mastodon teriam se encontrado, em segredo, com representantes da Meta.

A suposta notícia virou uma bola de neve com centenas de administradores assinando um “pacto anti-Meta”: desde já, eles se comprometem a bloquear a nova rede social da Meta assim que ela for lançada.

Entendo essa postura. Se tem uma empresa nessa área que não é confiável, é a Meta. Há todos os motivos do mundo para desconfiar das suas intenções. Imaginar que Mark Zuckerberg ameace a existência do fediverso não é um delírio; é uma avaliação sensata de um risco real.

Só a escala com que a Meta é capaz de lidar, e que provavelmente terá no primeiro dia da sua nova rede (ela será derivada do Instagram, com +2 bilhões de usuários), já coloca em xeque a sobrevivência da maioria dos servidores no fediverso. Uma conexão abrupta com um par gigantesco pode sobrecarregar sistemas e nocauteá-los.

Lembremo-nos da migração em ondas do Twitter para o Mastodon, que, em uma escala muito menor, fez muito servidor suar para continuar de pé.

Por outro lado — e corro o risco de estar sendo ingênuo —, pesa o genuíno interesse em estabelecer contato com gente que apenas não se importa tanto a ponto de buscar alternativas às redes sociais comerciais e saber ou aprender o que é “Mastodon”, “ActivityPub” e “fediverso”.

Essa galera é maioria e continua no Instagram, no Facebook, no Twitter. A perspectiva de ficar onde estou e poder interagir, daqui, com mais gente, é empolgante.

Até onde sei, duas instâncias brasileiras, bantu.social e nuvem.lgbt, assinaram o pacto anti-Meta. O meu humilde servidor monousuário, não. Seguirei atento.

Lemmy e Kbin, alternativas abertas ao Reddit, cresceram com a crise no rival.

Com toda a comoção em torno do Reddit na última semana, as alternativas abertas no fediverso, Lemmy e Kbin, alcançaram 73 mil usuários ativos nesta segunda (19).

É bastante para esses projetos — os desenvolvedores do Lemmy estão sobrecarregados, bem como diversos servidores com o sistema —, mas algo muito distante de fazer cócegas no Reddit, com seus quase 500 milhões de usuários. Algumas comunidades têm feito um esforço para migrarem, mas talvez o grande lance do Reddit seja o fato de que “todo mundo” já está lá.

Contra o Lemmy/Kbin pesa também o fato de serem ainda mais complicados de usar que o Mastodon.

Canais no WhatsApp e “Projeto 92” do Instagram.

Quem lida com um público difuso, como este Manual do Usuário, deve ir aonde o público está.

Há alguns anos tenho resistido a esse imperativo. O projeto não tem canais no Facebook, Instagram e, em dezembro, suspendeu parte das suas atividades no Twitter.

Talvez com um bom trabalho esses locais pudessem ser pontos de contato relevantes com leitores habituais e gente que ainda não conhece o que é feito aqui. Talvez — o que é mais provável — só com muito trabalho. No geral, porém, tem sido possível viver sem depender das plataformas da Meta e do Twitter.

A Meta prepara duas novas plataformas que, apesar de ser de quem são, me chamam a atenção: os canais no WhatsApp, onde meio que todos os brasileiros conectados estão, e o “Projeto 92”, uma rede baseada no protocolo ActivityPub que pretende rivalizar com o Twitter.

Ainda não sei se eu/o Manual estaremos nelas. (Na segunda provavelmente sim, visto que o ActivityPub permite que eu converse com pessoas de outros sites a partir de uma instância própria.)

O que pesa contra a Meta não é segredo nem novidade: um histórico de rasteiras em parceiros e de mudanças algorítmicas que forçam quem depende da plataforma a intensificar os esforços em troca de resultados cada vez piores — exceto, é claro, se você estiver disposto a pagar.

“Ponte” permite usar aplicativos do Mastodon com o Bluesky.

Falando em Bluesky, criaram uma ponte para permitir o uso de aplicativos feitos para Mastodon na outra rede social descentralizada. (Dá até para usar o Ivory, que acabou de ser lançado no macOS.) O projeto, chamado Sky Bridge, tem o código-fonte aberto. Use por sua conta e risco e, se for usar mesmo, crie uma senha de aplicativo no Bluesky em vez de usar a senha principal.

Mastodon não é web3 e não tem a ver com criptomoedas.

“Os perigos ocultos da web descentralizada”, diz o título de um artigo de opinião na Wired.

A autora, Jessica Maddox, professora assistente de tecnologia de mídia digital na Universidade do Alabama, coloca redes baseadas no protocolo ActivityPub, como o Mastodon, no mesmo balaio de picaretagens como criptomoedas e web3.

É um equívoco. E, se formos nos ater às especificidades, até mesmo “web descentralizada” é algo impreciso, visto que a web (uma rede) é, por definição, descentralizada. Os movimentos que levantam a bandeira da descentralização o fazem como reação a forças de mercado que subverteram essa característica. (E, apesar de se referirem a “web”, em alguns casos nem rodam na web.)

Podemos, e devemos, sempre nos esforçar para construir uma tecnologia melhor, mais acessível e mais inclusiva. Mas a descentralização da web em silos murados parece improvável que atinja esse objetivo.

Por incrível que pareça, o trecho acima não se refere às plataformas da Meta e do Google, mas sim às da “web3” e do Mastodon.

Não acho que Jessica seja ignorante, o que me deixa intrigado com os motivos que levariam alguém entendido a publicar essa desinformação.

A polícia da descrição de imagens na internet é um atraso à causa da inclusão

Uma das grandes diferenças entre Mastodon e Bluesky não se nota em comparativos nem em números. É o clima, a atmosfera. Kate Knibbs conseguiu resumir essa sensação no título de um artigo de opinião publicado no início de maio — “Lamento informar que o Bluesky é divertido”.

O Mastodon, ou pelo menos o rincão do fediverso que frequento e que ganhou projeção desde a implosão do Twitter sob o ego de Elon Musk, parece mais sisudo, mais sério. Por vezes, é meio chato. Após anos frequentando e promovendo o Mastodon, acho que detectei uma das pequenas fontes desse mal-estar: a polícia do texto alternativo em imagens.

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