Samsung anuncia nova geração de celulares dobráveis: Galaxy Z Flip 4 e Galaxy Z Fold 4.

A Samsung reuniu a imprensa em Nova York para anunciar a nova geração dos seus celulares dobráveis e acessórios.

Alguém que não conheça muito bem as versões antigas terá dificuldade em identificar o que há de novo nos Galaxy Z Flip 4 e Galaxy Z Fold 4 — em resumo, componentes internos atualizados, dobradiças menores e novas cores.

Além disso, a Samsung revelou o relógio Galaxy Watch 5, incluindo uma variação “Pro”, e os fones de ouvido Galaxy Buds 2 Pro, 15% menores que os anteriores e com suporte a áudio hi-fi de 24 bits.

Os preços no Brasil serão divulgados no fim do mês, mas não espere um afago dos sul-coreanos: lá fora, os celulares vieram com preços inalterados, o que significa US$ 999 no Galaxy Z Flip 4 e US$ 1,8 mil no Galaxy Z Fold 4. Via Samsung/YouTube e todos os sites de tecnologia do mundo, mas fique com o resumão do The Verge (em inglês).

Mi MIX Alpha, Galaxy Fold e o paradoxo do consumo de produtos de massa como fator de distinção

Olhe para o seu celular. Ele não é muito diferente do primeiro iPhone de 2007, o aparelho que inaugurou a era dos celulares modernos, ou smartphones. Ambos têm formato retangular, uma tela na frente, câmera atrás e no meio uma placa com alguns chips e uma bateria enorme.

A curva de inovação da indústria perfaz um “S”: começa lentamente, depois passa por um ciclo de desenvolvimento acelerado e, por fim, volta à lentidão. Na dos celulares, esse processo foi muito rápido, em velocidade condizente à sua popularidade inédita na história e aos saltos evolucionários gigantescos obtidos entre uma geração e outra. Em nenhum momento, porém, as mudanças atingiram aquele formato básico de “sanduíche de chips e bateria”. É raro, mas às vezes se acerta de primeira.

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Qual o destino dos seus gadgets velhos?

Em 2009 alguns blogueiros americanos, como Gina Trapani (fundadora do Lifehacker), Anil Dash e Joel Johnson, se uniram para criar o Last Year’s Model, uma campanha que incentivava o consumismo consciente de gadgets que mudavam muito rapidamente. Não é porque saiu um novo iPhone que você precisa trocar o seu, do ano passado, por ele, certo?

Seis anos atrás smartphones ainda tinham muita margem para evoluir, tablets não existiam e a indústria de PCs não estava estagnada como hoje. Ou seja, em 2015 é mais fácil ficar com modelos ultrapassados sem se frustrar. Uma hora ou outra, porém, a necessidade ou uma oportunidade para trocá-los surge e aí nos vemos com o produto novo e o antigo, ainda usável, sobrando.

O que você faz com ele? Continue lendo “Qual o destino dos seus gadgets velhos?”

[Review] Galaxy Gran Prime: boas câmeras, TV digital de alta definição e desempenho decepcionante

A Samsung está num momento de transição. Com o Galaxy A e seus últimos topos de linha, Galaxy Note 4 e Galaxy S6, os materiais simplórios no acabamento e os excessos em software saíram de cena para dar lugar a metal, vidro e menos penduricalhos dispensáveis no Android. É um movimento pra lá de bem-vindo, mas que ainda demorará a alcançar os modelos mais humildes de smartphones da empresa. Por um bom tempo ainda veremos diversos Galaxy Core Neo Ultra Duos TV e variantes com design ruim e software indigesto à venda.

Em meio ao oceano de variações da linha Galaxy que inunda o varejo brasileiro, vez ou outra a Samsung fisga algum modelo específico para destacar. O último desses foi o Galaxy Gran Prime Duos (*respira*) TV. Lançado no final de 2014, ele tem como destaque a boa câmera frontal. Não é algo exclusivo da fabricante sul-coreana; rivais como a Microsoft também apostam em câmeras frontais poderosas, surfando na onda das selfies. Como ficou a execução da Samsung? É o que descobriremos agora. Continue lendo “[Review] Galaxy Gran Prime: boas câmeras, TV digital de alta definição e desempenho decepcionante”

Galaxy Tab S no Brasil: algumas impressões — de longe

Imagem de divulgação do Galaxy Tab S.
Foto: Samsung.

Quase passou batido  por aqui: na última quarta a Samsung anunciou o Galaxy Tab S no Brasil. Ele tem versões de 8,4 e 10,5 polegadas, ambas com tela Super AMOLED, raridade em tablets.

(Não é a primeira vez que a Samsung usa a tecnologia nesse tipo de produto. O Galaxy Tab 7.7, do longínquo ano de 2011, tinha uma tela Super AMOLED. Com resolução significativamente baixa para os padrões atuais e em um tamanho menor que o da nova linha, sim, mas fica o registro.)

Quem esteve no evento e viu os novos tablets ao vivo disse ter gostado. E não deve haver muitos motivos para o contrário mesmo: apesar das críticas de alguns anos atrás, a tecnologia Super AMOLED evoluiu muito e hoje as melhores telas feitas com ela não exibem mais aquela tendência ao verde/azul de outrora. Os novos Tab S ainda são finos (6,6 mm) e levíssimos (298 g, no modelo de 8,5 polegadas).

É bem curioso a Samsung não trazer, pelo menos nesse primeiro momento, as versões com apenas Wi-Fi do Galaxy Tab S. Apenas as com 4G chegarão ao Brasil e com a capacidade de fazer ligações (!), o que pode ficar bem bizarro se o usuário não levar um headset Bluetooth junto. Talvez seja reflexo de uma nova tendência asiática: um relatório recente da IDC constatou que 25% dos tablets vendidos no continente (menos o Japão) conseguem fazer ligações.

Além de adaptar o 4G ao padrão nacional, a localização do software e ofertas parece estar bem boa também. O comprador leva e-books, revistas, assinatura de filmes por streaming e mais um punhado de outros gratuitamente comprando o Galaxy Tab S. É uma estragégia de diferenciação que me agrada bastante, e mais interessante do que desfigurar o Android com a Touchwiz.

O Galaxy Tab S começa a ser vendido no dia 30  de agosto, por R$ 1.799 e 2.049 nas versões de 8,4 e 10,5 polegadas, respectivamente, ambas com 16 GB de espaço interno.

Galaxy Alpha é o novo smartphone de metal da Samsung

Galaxy Alpha, novo da Samsung.
Foto: Samsung.

A Samsung havia prometido um smartphonfe feito com “novos materiais” na última vez que conversou com seus investidores. Após algumas semanas de rumores, o Galaxy Alpha foi enfim anunciado oficialmente.

O smartphone é, para a Samsung, “a evolução do design Galaxy”. O tal novo material é o metal, usado nas bordas chanfradas que lembram muito as dos últimos iPhones. De resto, o Galaxy Alpha não nega a raça: estão lá o botão físico central característico da Samsung, bem como o acabamento de pontinhos na parte traseira.

Apesar de recursos avançados, como o SoC Snapdragon 805 com suporte a redes LTE Advanced em alguns mercados (em outros, virá com um Exynos octa-core) e câmera de 12 mega pixels com suporte a gravação em 4K/UltraHD e HDR em tempo real, em outras áreas o Galaxy Alpha é mais mundano. Coerente, eu diria.

A tela, por exemplo, tem resolução de 720p. Pouco? Se considerarmos seu tamanho físico, 4,7 polegadas, não — a densidade de pixels fica em 320 PPI, bem próxima dos 326 PPI do iPhone 5/5c/5s. A bateria tem 1860 mAh e se isso afeta o uso, só testando para saber. Outra coisa incomum nos últimos topos de linha da Samsung podem ser notadas: não há slot para cartão microSD e ele usa nano SIM — não me lembro de outro Galaxy que faça uso desse padrão. Do ponto de vista ergonômico, chamam a atenção a leveza (115 g) e a espessura (6,7 mm).

Tem quem esteja criticando a Samsung pela resolução da tela e capacidade da bateria; a mim, parece um conjunto bastante equilibrado e melhor pensado que outros smartphones recentes da linha Galaxy. O comercial (abaixo) e as características em destaque transmitem a ideia de um aparelho estiloso, mais preocupado em ser visto e usado do que reverenciado por adoradores de specs. Uma abordagem bem conveniente em tempos de comoditização e que funciona muito bem com o iPhone e o Moto X. A corrida armamentista dos smartphones acabou; todos os premium são rápidos e cheios de recursos. É hora de focar em design de interação e experiência de uso. (E isso nos leva à TouchWiz, onde ainda há muito trabalho a ser feito. Mas divago.)

Disponível em cinco cores, o Galaxy Alpha será lançado no começo de setembro. Ainda pairam no ar dúvidas como preço e em quais mercados ele estará disponível. Mais informações no blog oficial da Samsung.

[Review] Galaxy Note Pro 12, o maior tablet da Samsung

Olhando de longe, tablets parecem smartphones esticados. Essa era uma crítica recorrente quando o iPad surgiu e, não fossem as adaptações no software, seria uma correta. Se o tamanho maior da tela é o que justifica a existência dos tablets e o que fascina tanta gente, por que não apostar em telas ainda maiores? Provavelmente esse pensamento passou pela cabeça do engenheiro ou executivo que propôs o Galaxy Note Pro 12 na sala de reuniões da Samsung.

Dentro da infindável linha Galaxy existem algumas ramificações. “Neo”, por exemplo, indica produtos levemente inferiores. “Duos”, com suporte a dois SIM cards. O termo “Note” informa de pronto ao consumidor que uma stylus acompanha vem no pacote, seja ele tablet ou smartphone. Assim, o Galaxy Note Pro 12 é um tablet de 12,2 polegadas com uma canetinha grudada, a S Pen, e que tem como alvo clientes corporativos, gente que usa tablets para trabalhar, para produtividade.

Nada impede que eu ou você compremos um Galaxy Note Pro 12 para assistir Netflix e fazer desenhos no SketchBook. Afinal, são 12,2 incríveis polegadas! Mas mais é melhor? Ou há contratempos nessa vastidão de tela? É o que descobriremos agora. Continue lendo “[Review] Galaxy Note Pro 12, o maior tablet da Samsung”

Por que os desenvolvedores de apps não podem ignorar smartphones simples, como o Galaxy Y

Galaxy Y.
Foto: Samsung/Reprodução.

A maior virtude do Android é, ao mesmo tempo, a sua sina. O sistema móvel do Google, o mais popular do planeta, ao contrário do principal concorrente roda em uma variedade enorme de dispositivos, com telas, configurações e padrões de qualidade díspares. E nessa, é inevitável: modelos mais simples costumam ter um desempenho sofrível, demoram para cumprir as tarefas mais triviais e, não raro, são relegados a segundo plano pelos desenvolvedores. São fatores que para o usuário se traduzem em frustração.

Um dos smartphones mais emblemáticos dessa segunda classe de aparelhos Android é o Galaxy Y, da Samsung, também conhecido como Galaxy Young em alguns países. Na realidade, trata-se de uma família de smartphones. Seus membros são reconhecidos, por usuários e gente da indústria, como fracos, e contra isso é difícil argumentar. As variações são tímidas e mesmo versões mais recentes, como o Galaxy Young Duos, lançado aqui no final do ano passado mantêm a tradição e seguem com especificações abaixo das necessárias para oferecer uma experiência de uso decente.

Em tempo: no final do ano passado fiz um comparativo de smartphones até R$ 500, faixa onde o Galaxy Young Duos se encaixa. Na época, não consegui uma unidade desse modelo para inclui-lo, mas dada a similaridade dos quatro que entraram na disputa, é seguro dizer que o aparelho da Samsung não iria muito mais longe do que esses.

O Galaxy Y original, de 2011, apresenta configurações que já naquela época fariam qualquer um torcer o nariz. Seu SoC conta com uma CPU de 826 MHz, o que, para os padrões da época, não era algo exatamente horrível. O que pesa mesmo é a quantidade limitada de RAM, apenas 290 MB, e o espaço interno ínfimo, de apenas 180 MB. Ficar estagnado no Android 2.3 também não contribuiu positivamente.

Se há pouco mais de dois anos o Galaxy Y já era questionável, para os padrões atuais a única característica que ainda justifica o seu relativo sucesso é a que sempre lhe foi a mais tentadora: o preço. Ainda à venda nas principais lojas brasileiras, é fácil encontrá-lo por menos de R$ 300. O duelo de titãs aqui se dá contra o L1 II, da LG, um Android mais moderno e superior, e o simpático Asha 501, da Nokia, que roda um sistema próprio que carece de apps e sofre para rodar os poucos que tem.

As limitações da falta de memória do Galaxy Y

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Galaxy Y, o terror dos comentários no Google Play.
Comentários de donos de Galaxy Y no Google Play.

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Na última atualização do Android, a versão 4.4, o Google concentrou esforços em tornar o sistema mais fluído em sistemas com pouca RAM, com 512 MB. Seria preciso um milagre para melhorá-lo com pouco mais da metade disso, caso do Galaxy Y.

A RAM é um tipo de memória temporária que sistema e apps usam para funcionarem. Eles carregam dados nessa memória, mais rápida que a secundária (a “memória interna”, ou do cartão SD), que são processados e exibidos na tela. Mais RAM significa uma multitarefa melhor; RAM insuficiente, como a do Galaxy Y, é a certeza de que rodar um app que seja é um esforço descomunal para o aparelho, especialmente apps gastões, como o oficial do Facebook. Rodar o Android 2.3, uma versão antiga e carente de muitas otimizações posteriores, contribui para a piora do cenário.

A outra memória, a interna/secundária, também é uma pedra no sapato dos donos de Galaxy Y. São 180 MB para instalar apps e, caso não se tenha um cartão SD espetado no aparelho, dividir com músicas e fotos. A mensagem de espaço insuficiente é constante e irritante, para dizer o mínimo.

No Google Play, comentários raivosos costumam vir de usuários insatisfeitos com o desempenho dos apps em seus aparelhos — e, não raramente, esses são Galaxy Y ou algum outro modelo de entrada. As situações, ora dramáticas, ora cômicas, estampam uma verdade difícil de negar: desenvolver para Android dá mais trabalho.

É preciso considerar uma ampla gama de configurações, versões do sistema e resoluções de tela em uso. Olhando assim parecem poucos fatores, mas as combinações resultam em um número imenso de possibilidades. Quanto, exatamente? No começo de 2012, a Animoca, uma empresa de Hong Kong, disse que testava seus apps em 400 aparelhos diferentes! Quem não se pode dar a esse luxo recorre a serviços que testam apps em vários dispositivos, como o AppThwack. Parece mais prático, mas continua longe de ser fácil.

Isso é desenvolver para Android.
Foto: Animoca.

Como ignorar um grande filão?

E se os desenvolvedores ignorassem o Galaxy Y e outros? E se eles focassem apenas nos smartphones mais poderosos, com configurações mais uniformes, boas e parelhas?

É um risco,  e um que poucos decidem correr. O Android tem volume, e essa a grande força da plataforma. Por englobar todo tipo de usuário, ser o mais usado não é garantia de lucratividade. O iOS, mesmo com uma base bem menor, concentra o grosso do que os desenvolvedores lucram. Para compensar esse desnivelamento e não deixar uma parte enorme dos usuários inexplorada, a saída é atirar para todos os lados — ou para todos os dispositivos.

A história recente mostra, ainda, que focar em smartphones Android high-end pode não ser uma boa. O Facebook Home saiu compatível com meia dúzia de modelos. Talvez por ser ruim, talvez por esse alcance restrito, definhou e poucas semanas depois de lançado já não se ouvia falar muito dele.

Otimização para telas pequenas no novo Instagram.
Imagem: The Verge.

Aprendida a lição, na última atualização do Instagram para Android o Facebook focou no mercado global (leia-se fora dos EUA), que responde por 60% dos usuários do serviço, muitos deles usando aparelhos bem simples. O tamanho do app encolheu pela metade, ele carrega perfis com o dobro da velocidade e seu design foi otimizado para telas pequenas — como a do Galaxy Y, citando nominalmente por Philip McAllister, gerente de engenharia do Instagram, à reportagem do The Verge.

O apelo do Instagram é tão grande que deixá-lo de fora de aparelhos mais simples é ruim para todos — Facebook, fabricante e os proprietários. As limitações atrapalham muito, mas mesmo sem contorná-las diversas empresas se arriscam com versões capadas, ou que não funcionam direito. Também no Galaxy Y, o Snapchat funciona, mas não lida muito bem (ou de modo algum) com vídeo.

Um outro exemplo de atenção à parte de baixo da tabela é o WhatsApp. Dos 450 milhões de usuários, muitos estão em países subdesenvolvidos carregando celulares baratos no bolso. Os fundadores do serviço fazem questão de, eles próprios, andarem por aí com aparelhos da Nokia rodando Symbian. Abraçar várias plataformas, mesmo as que não são usadas nos EUA e que equipam celulares simples, é apontado como um dos fatores que levaram o app ao sucesso e, consequentemente, à venda de US$ 19 bilhões ao Facebook.

O que se nota em comum em todos esses casos é a importância que a base da pirâmide teve na consolidação dos serviços. Instagram e WhatsApp, mesmo vindo de direções opostas (o primeiro, exclusivo para iPhone; o segundo, rodando até em S40, um dos sistemas mais simples da Nokia), se esforçam para não fazerem distinção entre seus usuários e para garantir que a experiência seja satisfatória estejam eles usando um iPhone 5s ou um Galaxy Y.

Não é uma abordagem simples ou barata, mas é uma digna de reconhecimento enquanto não chegamos a um patamar mínimo de qualidade e especificações em smartphones.

Galaxy Round e as vantagens de se ter uma tela flexível

Galaxy Round e sua tela flexível.
Foto: Samsung Tomorrow.

Semana passada a Samsung lançou o Galaxy Round, smartphone que a empresa clama ser o primeiro com tela flexível do mundo. Após anos trabalhando com protótipos flexíveis, esta tecnologia, materializada em um painel Full HD de 5,7” e tecnologia Super AMOLED, finalmente apareceu em um produto comercial.

Ao contrário da ideia que temos de um smartphone com tela flexível, o Galaxy Round não é dobrável. A tela é levemente curvada para dentro (côncava) a partir das laterais, o suficiente para ser notada e habilitar alguns truques que combinam a forma atípica do aparelho com sensores de movimento e orientação — na prática, provavelmente mais recursos “humanos” que acabam sendo deixados de lado pelos usuários. Enrolar, amassar, guardar o smartphone de qualquer jeito no bolso? Ainda não.

Não por culpa da tela, aparentemente. Ela em si pode ser dobrada, como a Samsung demonstrou na CES desse ano ao falar do conceito Youm (a partir do qual, provavelmente, a tela do Galaxy Round vem):

Mas um smartphone não é feito só de tela, existem outras centenas de componentes e para que todo o conjunto seja dobrável, eles também precisam ser. Algum dia teremos coisas como o Morph, conceito da Nokia de 2008? Talvez. A LG já conseguiu flexibilizar baterias, por exemplo. São alguns passos rumo a uma direção comum.

As vantagens de se ter uma tela flexível

A curva da tela do Galaxy Round vista de perfil.
Foto: Samsung Tomorrow.

Se o smartphone não dobra, quais as vantagens que um painel flexível em um smartphone rígido traz? Elas existem e embora talvez não sirvam como justificativa para ser o chamariz de um produto totalmente novo, o Galaxy Round, em edição limitada, cara e restrita à Coreia, tem lá sua razão de ser: ele antecipa um possível cenário comum amanhã.

Michael G. Helander, membro de uma equipe da Universidade de Toronto que recentemente anunciou a descoberta de um processo mais eficiente para a fabricação de telas OLED flexíveis, disse ao PhoneArena que espera, se tudo correr bem, que essa tecnologia se torne regra em 3~5 anos.

A construção de uma tela AMOLED sensível a toques convencional, como explica sucintamente Jason Inofuentes no Ars Technica, consiste na aplicação de um substrato químico em uma fina camada de vidro recoberta por outra camada de componentes eletrônicos que controlam a tela disposta acima dela. A diferença da nova tela flexível da Samsung é que ela troca aquela primeira camada de vidro por uma de plástico. A imagem abaixo, do Samsung Geeks, detalha melhor:

Quais as diferenças estruturais das telas flexíveis?
Imagem: Samsung Geeks.

Os benefícios, pensando bem, são óbvios. O plástico não estilhaça como o vidro em situações extremas — quebras, batidas, impactos de qualquer gênero. Ele é, também, mais fino e mais leve, e esses milímetros economizado podem ser utilizados para aumentar a autonomia das baterias ou viabilizar a fabricação de smartphones ainda mais finos.

Existem alguns receios em relação ao uso do plástico, em especial a blindagem contra umidade. O vidro desempenha esse papel sem problemas, o plástico, ainda tem que provar sua eficiência. Se não, o que seria uma das suas grandes vantagens, a durabilidade, se perde perante o suor das mãos ou a umidade relativa do ar mesmo.

Outro problema em potencial seria a visibilidade e falta de brilho. Segundo Helander, o pesquisador citado acima, essas desvantagens do AMOLED se devem mais à contenção de gastos do que a limitações da tecnologia. Ele acredita que o rápido desenvolvimento e o barateamento dos custos devem viabilizar telas flexíveis de AMOLED tão brilhantes e nítidas quanto as convencionais nos próximos anos. Nada a temer aqui, então, a menos que você esteja louco para pegar um Galaxy Round logo de cara. Enfim, as desvantagens de ser um early adopter.

O que o Galaxy Round faz de legal?

O Galaxy Round é praticamente um Galaxy Note 3 com a tela curva. Ele preserva até mesmo a tampa de trás com textura que imita couro e os arremates nas bordas, detalhe de gosto pra lá de duvidoso.

Ser similar ao Note 3 significa que o Galaxy Round tem configurações respeitáveis: SoC Snapdragon 800 quad core rodando a 2,3 GHz, 3 GB de RAM, 32 GB de espaço interno, câmera de 13 mega pixels, tudo isso em um corpo mais fino que o do Note 3 (7,9 mm de espessura, contra 8,3 mm) e mais leve (154 g contra 168 g).

Por dentro, as diferenças para o Note 3 são sutis. As mais notáveis são a ausência da S Pen, a stylus marca registrada da linha, e a bateria, que no Note 3 é maior (3200 contra 2800 mAh do Round).

O formato da tela permitiu à Samsung incluir uma série de recursos novos. O Roll Effect mostra a hora e notificações quando, com o smartphone em uma superfície plana, o usuário apoia o dedo em uma das partes suspensas, fazendo-o se inclinar.

O mesmo gesto permite avançar ou retroceder músicas se alguma estiver tocando (Bounce UX), e navegar por fotos na galeria caso a mesma esteja aberta (Side Mirror). Nada particularmente útil — nas três situações os métodos convencionais parecem mais práticos.

O formato ainda levanta algumas dúvidas ergonômicas. Como ele ficará na orelha? E na hora de colocá-lo no bolso, o formato arredondado será um aliado, seguindo a curvatura da coxa, ou um empecilho? Perguntas que, até que alguém (que não seja da Samsung) ponha as mãos em uma unidade e faça os devidos testes, seguirão sem respostas.

Abaixo, uma galera de fotos do Galaxy Round, cortesia do blog oficial da Samsung:

O futuro será repleto de telas flexíveis e, quem sabe, smartphones dobráveis

O Galaxy Round parece, afinal, um produto feito para que a Samsung possa dizer que foi pioneira — o preço, equivalente a US$ 1.013 na Coreia do Sul, não deve ajudá-lo muito a ser um sucesso comercial, e se nem o Note 3 está vendendo bem por lá, não dá para esperar muito do Round mesmo…

A concorrência, leia-se LG, está no encalço: na mesma semana a empresa anunciou a produção em massa da sua tela flexível. Ela é mais grossa e pesada que a da Samsung (0,44 mm contra 0,12 mm e 7,2 g contra 5,2 g), respectivamente, embora seja 0,3 polegada maior e tenha a curvatura em outro sentido, vertical (imagens vazadas mostram renderizações de um suposto LG G Flex usando a tela).  Espere vê-la em breve nas especificações de algum novo smartphone.

As vantagens das telas flexíveis não são de tirar o fôlego, mas a tecnologia tem trunfos suficientes para justificar os investimentos em P&D que há anos são feitos para desenvolvê-la. Todo mundo que já derrubou um celular e viu, com peso no coração, a tela quebrada, sabe do que estou falando.