Olá pessoas, sou Rick, tenho 37 anos e iniciei 2023 com um diagnóstico TEA nível 1 de suporte (anteriormente chamado de Asperger) tardio e como brinde um TDAH inacreditável, sério, só para ver o quanto é sério, subi na minha moto semana passada e fui para casa almoçar, tinha uma cobra enrolada no meu guidão e eu sequer percebi, quando vi achei bonita a cor e fui colocar a mão para ver o que era, foi quando percebi que eu andei uns 2km com uma cobra, enfim…
Como tudo isso começou até o diagnóstico? Bem, eu sempre fui o “esquisito” do rolê, com manias, interesses específicos e características que normalmente não incomodam as pessoas como sons, luzes e interação social, essa última pra mim é algo bem desgastante, costumo ter “ressaca social” após uma festa, reunião ou até mesmo recebendo amigos em casa, preciso de uns dias quieto e isolado para me recuperar, com isso alguma pessoas “brincavam” dizendo “você parece autista”, e sempre aquilo ecoava na minha mente, até que em algum momento isso entrou no meu hiperfoco e comecei a pesquisar tudo o que foi possível sobre o assunto, manuais, diagnósticos, especialistas, artigos científicos. Foram 3 anos de estudos e suspeitas, mas ainda não tinha procurado um especialista, quando resolvi, em 2021, procurei uma psiquiatra especializada em TEA, foram 30 minutos de conversa e ela riu e falou “normalmente um adulto TEA quando procura ajuda profissional, ele já sabe o diagnóstico”, mas acabei não dando continuidade com isso pq a pandemia estava arrasando por aqui.
Resolvi retornar a outra especialista para dar continuidade no processo de diagnóstico, ela me encaminhou para uma neuro-análise e o resultado foi TEA 1 + TDAH.
Certo, e o que isso muda após 37 anos? Muita coisa, comecei a entender muitas questões difíceis que passei durante toda a infância e adolescência, problemas familiares, trabalho, relacionamentos e tive a sensação de tirar um peso das costas, me sentia um alienígena em certos momentos e agora tudo ficou mais claro, porém como cresci e me adaptei bem ao mundo ao meu redor, como um camaleão, é bem difícil perceber que sou TEA, então posso escolher fazer terapia para amenizar alguns problemas como a minha hipersensibilidade auditiva, por exemplo, e um acompanhamento psicológico para melhorar a qualidade de vida.
Bem, é isso, escrevi como um post livre para quem sabe, inspirar outras pessoas que suspeitam terem traços neurodivergente procurar auxílio profissional, para se conhecerem melhor.
Sou mais um descobrindo aos 38. Acabei de receber meu laudo neuropsicológico em que apontou TEA, TDAH, SD e Depressão. Agora planejando os próximos passos.
É possível fazer o acompanhamento todo online, inclusive se precisar de receitas controladas?
Alguma indicação de psiquiatra realmente especialista no assunto em adultos e que custe até 450 reais?
Oi, algo tem que me ajudado nessa jornada do diagnóstico tardio é pesquisar sobre o assunto. Isso tem me ajudado a lidar melhor com as dificuldades do TEA em si e ajustar algumas coisas na minha vida. Acho que isso também pode ajudar você.
Quanto a atendimento especializado conheço os promovidos pelas clínicas TerapeuTEAr e Adultos no Espectro. Agora, não sei se eles tem psiquiatra no caso de precisar de algum tratamento medicamentoso.
Queria muito agradecer a você Rick por esse post.
Graças a sua postagem eu resolvi pesquisar e vi que me encaixava nas características do TEA. Até então eu sabia que era diferente, mas nunca tinha cogitado que estava no espectro autista. Acho que como muitos eu tinha a visão que autista não falava e era um gênio pra matemática ou algo do tipo.
Fui pesquisando e resolvi fazer o processo de diagnóstico com uma neuropsicóloga aqui em Brasília. Hoje foi a sessão devolutiva e deu TEA nível 1 de suporte. Tá certo que já tenho 37 anos, beirando aos 38 e já criei muitos mecanismos pra me adaptar, mas saber o diagnóstico é um alívio. Isso explica tanta coisa!
Olá Thiago, cara que coisa boa! Fico feliz por você ter conseguido seu diagnóstico tardio, assim como o meu, nós criamos realmente muitos mecanismos de adaptação mas sempre existe tempo para começarmos a nos cuidar e respeitar mais nossas limitações, com o diagnóstico isso cria uma base para dizer “chega!”. Entender nossas limitações é importante para nossa qualidade de vida. Um abraço camarada, felicidades pra você!
Olá. Estou procurando ajuda. Seu relato é exatamente como sou. Tenho 45 anos e não estou mais suportando viver assim. Cansei de ser camaleão. Estou atrás de um bom psiquiatra para consultar. Seu tratamento está lhe ajudando?
Olá, entendo… Olha, na verdade o TEA é o que menos me causa transtornos, já que me adaptei bem ao meio, por mais que tenha sobrecargas sensoriais e tudo mais, porém meu problema principal é o “brinde” que vem com o TEA, o TDAH, o meu ficou bem descontrolado por conta de problemas pessoais, stress e tudo mais, estava insuportável e me causando diversos problemas no dia a dia, tanto no trabalho qto na vida pessoal, resolvi buscar ajuda com uma psiquiatra e estou fazendo uma experimentação com uma medicação específica, tem me ajudado a controlar o modo “freestyle” no qual meu cérebro atua, estou conseguindo me concentrar bem mais, organizar os pensamentos e minha mente está mais silenciosa, porém existem o contras né, o valor da medicação é bem impeditiva para muita gente (assim, o medicamento com 28 cápsulas chega facilmente no valo de 380,00) e alguns efeitos colaterais que, no meu caso, dá para viver tranquilo, mesmo que sejam incômodos.
Sobre o TEA, cara, dá uma conferida aqui nos comentários que tem indicações, mas recomento demais que vc busque um profissional experiente com TEA adulto, para não se frustrar, eu digo isso por experiência própria, quando eu busquei um profissional eu percebi que alguns literalmente “cagaram” para o que eu suspeitava, sequer deram atenção ou me encaminharam para um diagnóstico, simplesmente ouvi, mais de uma vez, “você viveu até hoje com isso, saber se é TEA não faz diferença, vc busca terapia depois de adulto?”
Esse tipo de negativa me fez perder pelo menos um ano e meio de buscas, eu poderia ter conseguido bem antes meu diagnóstico.
Posso te dizer que ter o laudo e o resultado faz muita diferença pra você, para sua vida, por mais que pareça besteira para algumas pessoas e até mesmo para profissionais de saúde mental despreparados, te dá um objeto para te entender, um respaldo para se respeitar mais e não tentar a todo custo se encaixar, busque ajuda meu camarada, não perca tempo, nunca é tarde para se conhecer.
Olá, Rick! Estou procurando uma indicação de profissional para diagnóstico tardio de TEA. Gostaria de indicação dos profissionais que você buscou, você pode compartilhar comigo?
Meu e-mail é suyalossio@gmail.com
Redes sociais: @suyalossio
Muito obrigada!
Obrigado e boa sorte.
Complementando: um podcast que me ajudou e estimulou buscar ajuda profissional foi o Introvertendo, feito por autistas e para todos que querem saber mais sobre autismo. O site tem a transcrição dos episódios, pra quem prefere ler.
https://www.introvertendo.com.br/
Show!
Que bom ver esse tópico aqui, é muito importante divulgar essas experiências e informações para facilitar o caminho das pessoas que também tenham essa suspeita. Eu sou autista com baixo nível de suporte e meu diagnóstico veio aos 48 anos. Hoje estou com 51, então passei a maior parte da minha vida achando que eu era a eterna errada num mundo normal e hoje sei que existe todo um universo de neurodiversidade bem maior do que eu poderia imaginar.
Em mulheres é ainda mais difícil conseguir o diagnóstico por uma série de preconceitos que ajudam a ocultar os sintomas da condição. Não somos ouvidas nem tratadas com o mesmo nível de atenção que os homens e várias características são tomadas como próprias do “universo feminino” e desconsideradas como possíveis sinais.
Estou lendo um livro recém-lançado (ainda sem tradução pro português), chamado Unmasking Autism, escrito por Devon Price, um psicólogio social autista que também teve um diagnóstico tardio e recomendo bastante para quem se interessar pelo assunto. Inclusive recomendo aos profissionais da saúde de modo geral, pois vários ainda não têm conhecimento suficiente para nos atender ou entender, seja por falta de divulgação ou excesso de informações errôneas/inconsistentes que andaram sendo popularizadas ultimamente.
Muito bom saber disso, obrigado pela dica de livro, e sim, nessa minha busca o que vi de conteúdos com informações erradas e até mesmo perigosas não foi brincadeira, por isso se há suspeita, sempre busque um profissional gabaritado para o diagnóstico.
Gostei bastante desse livro e me identifiquei com muitos pontos abordados nele. Por causa disso resolvi buscar ajuda profissional. Estou no processo de diagnóstico é só faltam mais duas sessões pra concluir o processo.
Cara, vou te contar, na pandemia eu comecei a ler sobre TEA pq convivi com um amigo diagnosticado e que tinha várias características parecidas comigo, mas andei deixando isso de lado nos últimos meses, ler esse relato me fez querer procurar um especialista..
Procure, sem medo de ser feliz.
Agradeço por compartilhar sua experiência. Tenho auxiliado uma pessoa a fazer a avaliação, mas há medo e resistência. Vou compartilhar teu comentário como inspiração.
Obrigado e boa sorte.
Que coincidência ver esse post justo agora. Isso porque por décadas, literalmente, a minha esposa insiste comigo que eu não sou “normal” e que eu devo ter algum grau de autismo. Isso por causa de alguns comportamentos que eu tenho, pela minha forma de pensar, “manias”, dificuldades em socializar, etc.. enfim… são 30 anos de casados… ela deve me conhecer muito bem mesmo.
Faz tempo que eu realmente me percebo diferente das outras pessoas, mas ainda acredito bastante da possibilidade de ser só isso mesmo… diferente. Mas recentemente cedi à possibilidade de ter algum grau de TEA e há 3 meses atrás marquei uma consulta com um psiquiatra, que será nesta terça-feira (pois é.. consulta com plano de saúde demora mesmo). Mas não procurei indicação, o psiquiatra pode ser ruim e não chegaremos a nada… além de eu sempre considerar a possibilidade de erro de diagnóstico, por melhor que seja os profissionais de saúde.
Por isso fiquei particularmente interessado nesse laudo neurológico. Pelo que eu entendi ele é muito menos subjetivo que a anamnese do psiquiatra. Confere? Nesse caso devo consultar um neurologista? Em caso positivo qualquer um tem o conhecimento necessário ou tem que ter alguma “especialização”?
A se confirmar um diagnóstico de TEA pra mim, bota tardio nisso… vou fazer 50 anos daqui a pouco…
Cara, que bom que está buscando auxílio, olha nem sempre é fácil encontrar profissionais que dão a atenção para um possível TEA adulto, eu cheguei a ir em um que deu um sorrisinho sarcástico e meio que desmereceu minha questão, não voltei mais, porém entendi que não são todos que estão aptos a lidar com essa questão, por mais especialistas que sejam em suas áreas. Minha esposa, estamos a 17 anos juntos, me ajudou muito com isso e foi crucial durante o início da análise, pq convive comigo a tanto tempo, ela passou por uma entrevista conjunta com a neuro.
Cara, o laudo é muito completo e abarca vários detalhes, então eu não saberia dizer se é menos subjetivo que uma anamnese ou se é uma anamnese rsrsrs, desculpe a minha limitação.
Pô, Rick, massa que o diagnóstico serviu pra te ajudar a lidar com suas questões. Eu só estou acessando o Órbita agora e fiquei feliz de encontrar um espaço receptivo a essas questões.
Opa, obrigado pelas palavras Edson, e sim me ajudou demais, estou me conhecendo a cada dia que passa, é como um novo mundo que se abriu, tanto pelo lado ruim qto bom.
Bem-vindo ao clube, brother. Eu recebi meu diagnóstico em 2021 e o laudo em 2022. Sou autista nível 1 de suporte também, não fechei TDAH. Diagnóstico liberta! Revi e ainda estou revendo muita coisa do meu passado e é bem como vc disse, descobrir o autismo explica TANTA coisa.
Opa! Sim, explica demais, comecei a me “desculpar” por muitas vezes que fui duro comigo mesmo por não conseguir me expressar em determinadas situações, com o diagnóstico eu consegui entender o que houve comigo nesses momentos.
Meu conhecimento sobre TEA acontece por conta do meu filho de 6 anos, diagnosticado aos 2. Autista nível 2 de suporte. Faz 16h de terapia por semana. Acho um tanto preocupante este cenário de diagnósticos tardios de autismo, em adultos. Especialmente quando pais de autistas, sob a hipótese da causa genética, passam a buscar o diagnóstico para si mesmos. Sendo um diagnóstico clínico, não é tão difícil induzir um médico ao erro. É uma deficiência grave e não pode ser banalizada.
TEA precisa de laudo neurológico, além de psiquiátrico. Você teria que conseguir induzir ao erro o exame da neurologia.
TDAH é mais fácil de induzir e rola uma super-medicação das pessoas que buscam mais foco no dia-a-dia mesmo sem ter nenhum problema. Banalizaram o termos aos poucos na internet, mas a ideia é sempre buscar ajuda médica especializada – TDAH também pode ser inferido por laudos neurológicos além da amnese.
Nenhum dos dois transtornos tem marcador biológico. No caso do TDAH, recomendo que assistam o documentário “Take your pills”, da Netflix, que mostra como certos médicos facilitam o diagnóstico para que as pessoas acessem medicações que, em tese, aumentam a “performance mental”.
Na verdade, eu não sei o que você quer dizer com “marcadores biológicos” porque o autismo é descrito por cariótipos e o TDAH pode ser descrito por fatores externos biológicos.
Se você quer que tenha uma proteína, AA ou qualquer outro tipo de ação de diagnóstico preciso, bom, só doenças virais e bacterianas tem esse tipo de marcador.
É por isso mesmo que o diagnóstico é feito numa série de passos (psicologia, neurologia, psiquiatria e às até neuropedagogia).
Um asbtract de um artigo de medicina pode dar o norte disso:
A partir de pesquisas e com o desenvolvimento de novas ferramentas para diagnóstico e tratamento, o cenário do autismo se expandiu. Assim, este artigo enfatiza aspectos genéticos e os biomarcadores envolvidos no contexto biológico. Observa-se que não há uma única causa de autismo, pois este se desenvolve a partir de uma combinação de influências genéticas e não genéticas, ou ambientais, mas o aumento do risco não se faz uma causa, visto que alterações genéticas associadas ao autismo também podem ser encontradas em pessoas que não tem a condição. Assim, pode-se concluir a complexidade do TEA e a necessidade de mais conhecimento.
E ainda tem dois estudos/artigos sobre o tema de TDAH:
Cientistas identificam genes envolvidos no TDAH
Método identifica regiões cerebrais relacionadas com o déficit de atenção
Paulo, pensei em trazer alguns textos pra render um pouco mais a conversa, mas acredito que seu comentário já traz algumas coisas que Thiago mencionou. Por exemplo, o termo “biomarcadores”, no abstract, provavelmente é o que ele se referiu como “marcadores biológicos”.
Thiago me parece ter pontuado uma coisa muito importante, que é o risco do autodiagnóstico. Ele pontuou especificamente o caso dos pais que, tendo filhos diagnosticados com TEA, buscam os sintomas em si. Não tenho dados sobre isso decor, mas me chama atenção para outro tema importante, que é a difusão dos autodiagnósticos que tem acontecido através das mídias sociais. E isso não só sobre TEA, mas sobre outros transtornos como a Síndrome de Tourette, TDA, TOD e TDAH. Me parece que é para isso que o comentário dele aponta.
Sobre o espectro autista, a herdabilidade varia entre 37% e 90%, o que significa que o fator ambiental é muito importante e tem que ser levado em consideração. Na verdade, o mais correto seria entender eles como um continuum, não como um “ou, ou”. Provavelmente é por isso que ele pontuou que não existe um biomarcador, já que não há uma relação de um pra um em nenhuma descoberta feita até agora. Isso, claro, não significa de maneira alguma que seja possível descartar o fator genético.
Sobre o diagnóstico, eu sou psicólogo, mas não trabalho diretamente com TEA – alguns dos meus amigos mais próximos se dedicam somente a essa questão. Até onde eu sei, não existem quaisquer exames de imagem, de sangue ou qualquer critério biológico estrito que definam o diagnóstico. Ele é, de fato, um diagnóstico que exige uma pluralidade de especialidades, mas esses são fundamentalmente observacionais e, por isso, talvez a preocupação do Thiago de que haja uma indução ao erro, embora até o momento não tenha sido um grande alvo de estudos, faz um pouco de sentido e tem que ser pesquisada mais a fundo.
@Edson
Mas foi extamente por isso que eu falei que é uma análise conjunta e estrutural: psicologia, neurologia, psiquiatria e às até neuropedagogia.
Uma pessoa, tirando o autodiagnóstico, a pessoa teria que enganar vários profissionais em uma bateria de testes. Acho meio complexo isso acontecer.
Cara, discordo viu sobre não ser difícil induzir a um erro, eu passei por psiquiatra e fiz uma neuro-análise completa que durou 8 sessões e seria muito mas muito difícil “camuflar” por tanto tempo e pontuar em diversos destes testes.
Acho que vale mencionar também que nem sempre são “simulações” propriamente ditas, nas quais a pessoa ativamente tenta enganar o profissional. Muito da forma como agimos possui um contexto social, e esse contexto social tem mudado recorrentemente com a internet, deixando menos nítido quais relações fazem a sustentação daqueles sintomas. Quero dizer com isso que, ao menos, é seguro dizer que nem sempre o ponto inicial de um transtorno mental é uma alteração biológica.
Um exemplo interessante é o caso problemático dos influenciadores com Síndrome de Tourette que evoluiu pra uma epidemia de pessoas com tiques e sintomas similares (https://www.psychologytoday.com/us/blog/its-catching/202110/the-girls-who-caught-tourettes-tiktok).
TDAH aos 33 anos. Tudo começou a uns 20 anos atras quando ouvi o will.i.am (!) falando sobre, me identifiquei d+ mas sou duma geração de tem pais que não ligam muito pra isso. Infância foi um caos na escola, continua um caos pra estudar na vida adulta. Descobri que com audio, consigo manter o foco, então graças as faculdades hibridas consegui a formação. Não consegui me adaptar a terapia e agora indo, talvez, pra medicação pra ver se ajuda a manter a coisa no controle.
Fui diagnosticado com TDAH aos 28. Ao começar o tratamento, minha vida mudou completamente. Consegui olhar pro meu eu do passado com muito com mais carinho e amor. Me perdoei retroativamente por me sentir mal pelas cobranças que recebia diariamente ao longo dos anos.
Entender que meu cérebro opera de formas diferentes da maioria das pessoas foi um alívio muito grande. Hoje consigo me planejar para que os impactos do TDAH sejam reduzidos no dia-a-dia. Claro que inevitavelmente vão existir dias difíceis onde os sintomas vão dar uma voadora de dois pés no nosso peito, mas no geral, o entendimento do TDAH e tratamento ajudam a deixar as coisas um pouco mais tranquilas.
Infelizmente tenho visto um boom de influencers que falam de TDAH de forma irresponsável e glamourizada, como se fosse um traço de personalidade divertido e não algo que efetivamente pode drenar a pessoa a ponto de atrapalhá-la em todas as áreas da vida.
E ai, mano.
Eu fui diagnosticado com TDAH com 25 anos e vc não sabe o alívio que foi saber disso, sério mesmo.
Hoje eu tomo Venvanse e isso está me fazendo operar normalmente, mas quando fico sem eu simplesmente não funciono muito bem, é foda.
Coisas que me fizeram entender melhor estratégias para lidar com os sintomas foi o de interagir frequentemente no Reddit (r/ADHD) e maratonar o canal da Jessica no Youtube chamado (How to ADHD). Espero que essas dicas te ajudem a entender melhor sua cabeça.
Eu tenho TEA. Estou no processo todo (neuro agora). É comum pessoas da nossa idade 35/40 anos serem diagnósticadas tardiamente porque nos anos 80/90 isso não era tratado de forma séria.
Eu descobri porque hoje eu trabalho em Home Office, já estou perto de fechar 1 ano de empresa (espero que não seja demitido e nem peçam pra voltar hibrido). E isso nunca tinha me acontecido. Eu só me sentia bem dando aula (pelo ambiente escolar ser muito mais livre), ao passo que o escritório é completamente insalubre pra mim. Barulhos, luzes, móveis e suas texturas estranhas aos meus … enfim, você sabe bem.
Eu me trato pra depressão e ansiedade desde 2018. O psiquiatra que me trata, depois de todo esse tempo, disse que pode dar 90% de certeza que eu tenho TEA e PTSD (por conta de vários traumas de infância e na época de jovem adulto).
Sorte pra quem tiver no mesmo barco, porque tem dias que são pesados.
Te entendo bem Paulo, trabalhei por 11 anos como professor na área de tecnologia, design digital, e só consegui isso pq sempre estive sozinho trabalhando, no máximo com mais uma pessoa como secretaria, nunca consegui lidar com ambientes cheios, muitas conversas paralelas, luzes, sons e a competitividade que pra mim não faz sentido algum. Acabei deixando as salas de aula para abrir uma agência de design, fiquei nessa por alguns meses e recebi uma proposta para implementar um sistema de aulas online para uma escola de idiomas, acabei ficando e hoje sou o T.I da empresa, trabalho tranquilo, sozinho, no meu tempo e do meu jeito, não ganho tanto qto poderia ganhar em uma empresa grande, em uma Capital, mas gosto da minha vida no interior, do sossego, qualidade de vida, natureza… Sei que posso estar em um lugar lindo e longe do barulho da cidade em 15 minutos de estrada de terra, não troco isso por nada.
Sobre os dias difíceis, também sei bem como é, tem dias que é difícil demais, por isso valorizar a qualidade de vida é uma boa opção.
Ambiente de escritório privado é absurdamente hostil para qualquer pessoas que tenha alguma doença mental. Escritório são micro-cosmos de uma setorização militar de hierarquia funções que acabam com a saúde de pessoas “saudáveis”, imagina daquelas que já tem algum tipo de problema. O trabalho remoto absorve 99% desse problema ao me dar a chance de não sair do meu local de conforto, não ser exposto a barulhos e luzes brancas e poder respirar por uns 5 minutos a cada 60 minutos trabalhados.
Mas essa guerra está apenas começando, os jogos de poder de empresas para mostrar quem manda vai acabar de novo com a nossa saúde, acredite.
Também recebi o diagnóstico recentemente (com 27 anos) e a experiência toda foi bem similar a tua. Algo que tem me ajuda demais é que comecei a fazer terapia com um psicólogo especializado em TEA adulto (e que também tem TEA); faz muuuuita diferença! É uma pessoa que entende muito mais o que vc sente e dá dicas e truques pra lidar com situações desconfortáveis.
Maravilha! Eu tbem estou iniciando o caminho para terapias e tudo mais, eu também estou procurando sobre a identificação TEA (carteirinha e tudo mais), é importante a identificação para fortalecer a comunidade TEA, mostrar que é possível levar uma vida relativamente normal, com suas particularidades, claro.
Legal o seu relato, Rick.
Uma dúvida que me ocorreu: como você escolheu as especialistas para investigar sua condição? Conheço pessoas que suspeitam terem TEA e que, infelizmente, acabaram se frustrando com experiências ruins com profissionais negligentes ou apenas ruins mesmo.
No seu caso, foi por indicação de alguém?
Oi Ghedin! Então, não são todos os psiquiatras que são bons em tratar TEA, eu recomendo procurar algum que seja especializado nessa área, no meu caso eu pesquisei um pouco para saber, porém o diagnóstico depende de outro profissional, o Neuropsicólogo, com um encaminhamento da psiquiatra a pessoa faz a neuroanálise completa para identificar os padrões, é um pouco chato, são várias sessões de perguntas e testes, mas no final você recebe um laudo com todos os detalhes de como seu cérebro funciona, onde estão os principais problemas e o diagnóstico final, com isso a psiquiatra consegue encaminhar tratamentos específicos, que normalmente são terapias ou, no caso o TEA sempre tem um brinde, que pode ser TDAH por exemplo, a psiquiatra pode entrar com medicação.
Então resumindo:
– Procurar um psiquiatra (de preferência que lida com TEA adulto).
– Fazer uma neuroanálise com neuropsicólogo (encaminhado pela psiquiatra).
– Retornar na psiquiatra para levar o laudo e decidir o que precisa ser feito, ou não.
Eu tinha a mesma dificuldade de achar alguém que levasse a possibilidade do meu diagnóstico de TEA a sério. Uma outra leitora do Manual me indicou a TerapeuTEAr (http://terapeutear.com/), e o processo todo foi bem bacana. São na maioria psicólogos, então o parecer deles não é válido como diagnóstico legalmente, mas eles podem encaminhar a psiquiatras que já estão inseridos nesse meio. Comecei a consultar com eles em outubro e hoje já tenho a carteirinha de TEA e cartão de estacionamento prioritário (o que mudou minha vida, mas pode não ser necessário pra outros)
Cara que legal isso! Não conhecia! Valeu pela dica. E que bom que conseguiu seus direitos.
Não sou o Rick kkkk mas: eu escolhi com base em indicações de gente que passou pelos mesmos profissionais e tiveram uma boa experiência. Em especial minha psiquiatra, que é de Sergipe (sou do interior de SP). Infinitamente melhor que o babaca prepotente que atende no CAPS daqui, que eu tentei passar primeiro pra fechar meu laudo. Só passei raiva
Massa, Taís! É bom saber que os serviços remotos conseguem conectar bons profissionais a quem precisa deles, viu <3
Simmmmm! Demais! Se não fosse a opção online eu tava lascada kkk 😅