E é assim que pesquisas valiosas, que levam a soluções engenhosas e de baixo custo, desenvolvidas por pesquisadores do terceiro mundo caem num limbo. Há uns três anos uma matéria da Quartz (se não me falha a memória) já tratava disso. Uma pesquisadora brasileira foi taxativa: algo do tipo “ou uso o dinheiro que recebo na pesquisa ou na publicação dela”.
Professor Chris Chambers, head of brain stimulation at Cardiff University and one of the resigning team, (…) has urged fellow scientists to turn their backs on the Elsevier journal and submit papers to a nonprofit open-access journal which the team is setting up instead.
Já existem plataformas abertas, como a medRxiv. A Elsevier começou a abrir mais para leitores não assinantes, e mesmo assim é uma parcela pequena do que ela publica. O problema é de quem lê como também de quem publica. As plataformas xiv são para pré-prints, ou seja, não há revisão por pares. Muita gente respeitada publica nela E nas plataformas tradicionais, mas lá tem também muita cloroquina curando covid e homeopatia vencendo o câncer exatamente porque não há revisão. E quem revisa na Nature e na Elsevier não ganha muito – o que não justifica a fortuna que o pesquisador desembolsa pra publicar seu trabalho. E aí temos o SciHub e sua luta pelo acesso gratuito à ciência de qualidade que é produzida. Então espero realmente que essa nova plataforma vingue. Já houve o caso digno de Kafka de um trabalho sobre acesso universal à ciência ser publicado somente para assinantes.
@Julia Entendi. Sinceramente como nunca fiz faculdade ou leio a fundo sobre, ainda nao entendo tanto sobre a necessidade das publicações. Mas acho que peguei agora. Tomara que vingue o modo aberto 🙂
Muita coisa boa não avança simplesmente porque não há informação. Tipo você tem a solução para curar o Alzheimer mas não sabe como fazer a substância que você descobriu chegar no cérebro, e ignora que a solução está numa pesquisa desenvolvida no Congo sobre mecanismos de absorção de substâncias pelos neurônios – porque o pesquisador congolês não tem $ pra publicar o trabalho. Isso sem contar toda a produção científica sobre doenças negligenciadas, que normalmente recebem pouco investimento e desperta zero interesse dos laboratórios que teriam dinheiro de sobra para investir em publicação. Foi assim com o Ebola: o desenvolvimento de um tratamento eficaz na verdade veio de uma pesquisa desprezada sobre antrax (deixada de lado quando cessaram os ataques por carta contra autoridades do governo americano). Só se soube dela (até a OMS ignorava sua existência) porque um médico americano e uma enfermeira espanhola (brancos) se contaminaram. Dá mais dinheiro pesquisar pílula antirrugas que vacina contra doença de Chagas.
Isso me faz pensae @Julia que se as redes sociais gastassem menos tempo com “hates” e mas com dar valor a ótimas conversas, estariamos bem melhores. E até rolaria em redes sociais algumas soluções bacanas.
No final, o sistema de divulgação científica aparentemente é uma espécie de “rede social”, mas de forma a ser um mecanismo de análise de pares e de encontro de soluções.
Pena que o ser humano ainda cai na isca da raiva…
Sensacional! Práticas como essas da editora, de restringir artificialmente o acesso ao conhecimento, são uma canalhice sem qualquer justificativa plausível. Qualquer um em posição e condições de se expressar contra, deveria fazê-lo.
E é assim que pesquisas valiosas, que levam a soluções engenhosas e de baixo custo, desenvolvidas por pesquisadores do terceiro mundo caem num limbo. Há uns três anos uma matéria da Quartz (se não me falha a memória) já tratava disso. Uma pesquisadora brasileira foi taxativa: algo do tipo “ou uso o dinheiro que recebo na pesquisa ou na publicação dela”.
Uma questão: não tinham falado que iam fazer um projeto para fazer uma espécie de revista de publicação científica aberta?
Na matéria acima eles comentam exatamente isso:
Já existem plataformas abertas, como a medRxiv. A Elsevier começou a abrir mais para leitores não assinantes, e mesmo assim é uma parcela pequena do que ela publica. O problema é de quem lê como também de quem publica. As plataformas xiv são para pré-prints, ou seja, não há revisão por pares. Muita gente respeitada publica nela E nas plataformas tradicionais, mas lá tem também muita cloroquina curando covid e homeopatia vencendo o câncer exatamente porque não há revisão. E quem revisa na Nature e na Elsevier não ganha muito – o que não justifica a fortuna que o pesquisador desembolsa pra publicar seu trabalho. E aí temos o SciHub e sua luta pelo acesso gratuito à ciência de qualidade que é produzida. Então espero realmente que essa nova plataforma vingue. Já houve o caso digno de Kafka de um trabalho sobre acesso universal à ciência ser publicado somente para assinantes.
@Julia Entendi. Sinceramente como nunca fiz faculdade ou leio a fundo sobre, ainda nao entendo tanto sobre a necessidade das publicações. Mas acho que peguei agora. Tomara que vingue o modo aberto 🙂
@Luiza Peço desculpas e agradeço 🙂 Li por cima.
Muita coisa boa não avança simplesmente porque não há informação. Tipo você tem a solução para curar o Alzheimer mas não sabe como fazer a substância que você descobriu chegar no cérebro, e ignora que a solução está numa pesquisa desenvolvida no Congo sobre mecanismos de absorção de substâncias pelos neurônios – porque o pesquisador congolês não tem $ pra publicar o trabalho. Isso sem contar toda a produção científica sobre doenças negligenciadas, que normalmente recebem pouco investimento e desperta zero interesse dos laboratórios que teriam dinheiro de sobra para investir em publicação. Foi assim com o Ebola: o desenvolvimento de um tratamento eficaz na verdade veio de uma pesquisa desprezada sobre antrax (deixada de lado quando cessaram os ataques por carta contra autoridades do governo americano). Só se soube dela (até a OMS ignorava sua existência) porque um médico americano e uma enfermeira espanhola (brancos) se contaminaram. Dá mais dinheiro pesquisar pílula antirrugas que vacina contra doença de Chagas.
Isso me faz pensae @Julia que se as redes sociais gastassem menos tempo com “hates” e mas com dar valor a ótimas conversas, estariamos bem melhores. E até rolaria em redes sociais algumas soluções bacanas.
No final, o sistema de divulgação científica aparentemente é uma espécie de “rede social”, mas de forma a ser um mecanismo de análise de pares e de encontro de soluções.
Pena que o ser humano ainda cai na isca da raiva…
Sensacional! Práticas como essas da editora, de restringir artificialmente o acesso ao conhecimento, são uma canalhice sem qualquer justificativa plausível. Qualquer um em posição e condições de se expressar contra, deveria fazê-lo.