A prefeitura do Rio de Janeiro publicou uma resolução no último dia 14 proibindo funcionários públicos de usarem o WhatsApp para se comunicarem com fornecedores e outros entes privados. Até aí, tudo bem. Estranha, porém, as alternativas apresentadas: “email institucional, carta, ofício e similar.” Nas redes sociais, funcionários disseram que a nova regra “não vai pegar.” Via Convergência Digital.
Não entendi porque as alternativas foram consideradas “estranhas”. Afinal, toda comunicação institucional eletrônica deveria sim ser realizada via e-mail, por uma série de motivos:
– Os usuários não são obrigados a usarem contas de outros serviços que podem, potencialmente, expor seus dados.
– Garante a persistência das comunicações, já que e-mails podem ser facilmente armazenados, inclusive no caso de mudança do serviço de mensageria.
– Garantem um mínimo de rastreabilidade e autenticidade, uma vez que seus cabeçalhos são abertos e passíveis de investigação.
– Podem ser abertos em qualquer programa de e-mail, à escolha do usuário, o que lhe garante liberdade de uso e um mínimo de privacidade.
– Garante a autenticidade do remente, caso seja utilizada assinatura por chaves criptografadas.
– Permite o envio de mensagens criptografadas, que pode aumentar o sigilo de mensagens sensíveis.
– Permite a definição de diversos fluxos de trabalho automatizados, através do processamento das mensagens via filtros, inclusive diretamente no servidor, antes mesmo de chegar ao destinatário.
Ou seja, é a forma mais correta de lidar com conversas institucionais e deveria ser o padrão em qualquer instituição séria. Pena que muitas instituições considerem hoje o e-mail como algo ultrapassado, sem conhecerem todo o seu potencial de uso.
Acho ótima a iniciativa posto que é o meio correto e já previsto em lei (boa vou saber cita aqui). Transparência é a regra.
Os funcionários dizem que não vai pegar pq a prefeitura resiste em entrar no meio digital e seus documentos são produzidos em papel assinados, carimbados e viajam por estafetas. Mesmo tendo total disponibilidade de aderir a sistema eletrônico gratuito e de código aberto.
Resumindo: prefeitura quer que qualquer comunicação entre entes público – privado seja aberta.
Uma conversa no chat do Whatsapp pode ser apagada – e só poucos conseguem recuperar, enquanto que uma carta pode ser interceptada e com isso identificar uma corrupção por exemplo.
Sempre me lembro de uma historinha, na qual não lembro os detalhes, que um político dos anos 80 tinha o costume de ir viajar pessoalmente para conversar com aliados e adversários. Um jornalista perguntou uma vez: “o senhor nunca pensou em usar um telefone?”, no qual o político responde: “eu prefiro uma conversa apenas entre pares, sem terceiros”. Ou algo assim. Lembro-me de ler em uma das histórias do cartunista Cláudio de Oliveira, que hoje trabalha no Agora São Paulo.