
Coube ao iFixit revelar a melhor novidade do morno iPhone 14: a Apple reformulou completamente o interior do celular, deixando-o mais fácil de ser reparado. Pela primeira vez em muito tempo, o vidro de trás pode ser removido e trocado sem que seja necessário desmontar o celular inteiro.
O iFixit deu nota 7 (de 10) para o iPhone 14, a melhor nota desde o iPhone 7. (Foi na geração seguinte, do iPhone 8/X, que a Apple adotou vidro na parte de trás do celular.)
As mudanças e a nota, porém, valem só para a linha básica. Os iPhone 14 Pro e Pro Max ainda usam o projeto antigo, hostil a reparos. E, Apple sendo Apple, a empresa expandiu o sistema de software que acusa a presença “partes inautênticas” — agora ele dispara quando um vidro traseiro não é oficial.
Reitero o questionamento de lá: por que a Apple não se gabou disso na apresentação dos celulares? A melhora na reparabilidade do iPhone me parece muito mais importante do que SOS via satélite. Via iFixit (em inglês).
Estou lendo agora a biografia do Steve Jobs do Walter Isaacson, e recomendo muito. Explica muita coisa que ainda vem da obsessão de Jobs em querer controlar tudo. A Apple desenha seus produtos propositadamente contra a reparabilidade desde o primeiro modelo do Macintosh de 1984 (se bobear até antes, no Lisa), utilizava desde essa época parafusos proprietários, sem falar de muita coisa que se repete até hoje, como a recusa em utilizar ventoinhas, a obsessão com a fonte de alimentação, o sistema operacional próprio e fechado exclusivo para aquele hardware, os periféricos próprios, o design acima das funcionalidades, o dilema entre lançar uma coisa nova ou repetir o anterior um pouco melhorado todo ano. Podemos não concordar, mas lendo a história dá para entender o ponto de vista deles e como chegamos até aqui.
“vidro traseiro não oficial”????
Ok, eu aceito o argumento de que só posso usar carregadores e baterias oficiais, pois as não oficiais podem danificar o aparelho.
Forçando até um pouco posso aceitar que só posso usar fones de ouvido oficiais, pois as não oficiais podem danificar o aparelho. Vai que o fone puxa mais corrente do que o aparelho suporta, né?
Agora, vidro não oficial tá difícil de engolir. Algum engenheiro, talvez um químico especialista em vidros, poderia apresentar alguma possibilidade de um vidro não oficial danificar o aparelho?
o vidro deve ter a bobina do carregamento por indução, não? só consegui pensar nisso.
mas eu fiquei curioso pra saber como eles doscobrem que é um vidro não oficial, se não for o que eu comentei no parágrafo anterior seria como? tem um sensor que mede a espessura, peso e qualidade do material? kkk
O vidro é o de menos. Ali fica o mecanismo do MagSafe, que se comunica com o iOS e tal. Como disse ao @Ligeiro ali embaixo, tem um cabo flat saindo do MagSafe que provavelmente se conecta à placa do iPhone (imagem).
A pergunta que não quer calar: como a Apple identifica uma traseira de celular? Começou a era da “vacina anti-furto” nos eletrônicos?
Imagino que seja algum circuito ligado ao ímã do MagSafe. Dá para ver nas imagens que sai um cabo flat dali que, presumo, seja conectado à placa.
Ah, eles realmente botaram uma “vacina anti furto” mesmo. Pelo visto toda parte do celular tem um código de série eletrônico e é sincronizado com o celular. O texto do iFixit aborda isso. Câmera tbem tem problemas para trocas.
“Vacina anti-furto” é uma conclusão que você está fazendo, Ligeiro. Não creio que inibir furtos seja a principal motivação da Apple (quiçá uma motivação). Se tivesse que chutar, diria que ela está mais preocupada em controlar a cadeia de componentes de reposição/o mercado de reparos.
Sim Ghedin, meio que errei no termo pois foi a primeira associação que me veio a mente – e não duvido que vai ser este o futuro argumento de venda da Apple.
Claro que não é a principal motivação da Apple (até porque muitas vezes o trabalho de desmontar uma peça Apple até é inviável para o crime). Mas tipo, não sei qual outro tipo de argumento posso usar para esta atitude.
(na indústria automobilística usam o termo “Peças Originais”, dado que há o número de série de fábrica que bate com as peças usadas em veículos, e nisso também não sai do argumento que você dá, de controle de reparo e reposição de peças. )