Golpistas brasileiros não aprenderam nada com os golpistas norte-americanos.

A reação das instituições aos eventos em Brasília deste domingo (9), quando terroristas bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes e depredaram-nas, foi imediata.

À noite, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acatou requerimentos da Advocacia Geral da União (AGU) e do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e determinou uma série de medidas para conter e desmobilizar os terroristas e responsabilizar os culpados pela arruaça na capital federal.

Entre as medidas, Moraes determinou a suspensão de perfis de golpistas no Facebook, Instagram, TikTok e Twitter, com a preservação integral dos seus conteúdos, e que as empresas de telecomunicações guardem por 90 dias os registros de conexões de quem esteve na Praça dos Três Poderes e no Quartel-General do Exército, no Distrito Federal.

Expediente similar foi usado nos Estados Unidos para identificar e processar os golpistas que, em 6 de janeiro de 2021, promoveram evento similar ao brasileiro deste domingo. Por lá, o Google sozinho repassou dados de geolocalização de quase 6 mil dispositivos ao FBI.

Essa história, aparentemente, não chegou às correntes de “zap” que insuflaram os nossos golpistas a cometerem um dos atos mais deprimentes da história da República. Via STF, Núcleo.

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19 comentários

  1. a tia e o tio do Zap não conhecem geofence, não ativaram o modo avião e nem desligaram GPS. Pra facilitar mais ainda, se filmaram e foram filmados e ainda postaram nas midias sociais… Para achar os idiotas úteis, basta vontade.

    1. O problema é que a as autoridades não ficam de olho também nos “spin doctors” que fazem de tudo para continuar causando caos.. (Ou estão, mas não tão sabendo como pegar o cara).

      Sinceramente creio que falta uma coisa chamada “educação política”, que já poderia ser feito desde já. Pegar todo canal que repercutiu o terrorismo como algo a favor para eles (Jovem Pan, SBT, etc…) e obriga-los a passar propagandas sobre a cultura política brasileira e no horário nobre, alguma programação que ajude na educação política, seja uma aula virtual, documentário, até mesmo a novela “anos rebeldes”, o que seja.

      No caso de sites / comunidades / canais de vídeo, redirecionar para algum site especial que funcione para educar politicamente.

      1. Por que alguém com tendências golpistas se daria ao trabalho de assistir/consumir esses conteúdos? Isso aí, forçar conteúdo “didático” goela abaixo das pessoas, é utopia. Só funcionaria num regime autoritário, que obrigasse esse tipo de conteúdo, e… bom, acho que isso não é desejável.

        1. Não discordo Ghedin, mas tipo, não consigo pensar em outra maneira de compensar. Fechar canais também é algo autoritário, diga-se.

          Lembrando que quando falamos de comunicação, e no caso aqui exemplifico canais de TV e serviços de streaming (ou canais nestes serviços), são serviços abertos nas quais as pessoas podem trocar de canal a hora que quiserem. Expor um conteúdo como compensação pelos erros passados neste caso falo como acordo legal – uma possível forma de punição.

          Se a empresa não quiser ir por este acordo, ok, como compensar anos e anos de ações de comunicação ilusórias que levaram milhares a cometer crimes? Porque pagar em dinheiro é “fácil” – pagou em dinheiro, a pessoa repete os mesmos problemas se ela quiser. Prender os donos caí também em um autoritarismo (na cabeça deles – só ver as reclamações dos últimos dias).

          Penso em como compensar anos e anos de ausência de educação política, posso estar errado, mas acho que seria um bom caminho. No lugar de madrugadas de programas religiosos falando mal de certas coisas, alguma aula sobre como foi a perseguição religiosa no passado e como nasceu as vertentes religiosas. No lugar de leilões de produtos suspeitos, documentários sobre como ocorreram as ditaduras. No lugar de jornalismo com opiniões positivas ao golpismo, jornalismo de bairro (que não cutuca o nível federal) sem “modo pinga-sangue”.

          Talvez também fazer todo canal obrigatoriamente passar o Telecurso 2000 também pode compensar…

    2. Devagar com o andor.

      As condutas precisam ser individualizadas. O que dessa quantidade de foto, video, etc, vai de fato servir como prova? Não sei se tudo… Os processos precisam ser irreparaveis. Tem que se ter muito cuidado para não plantar nulidades e golpistas acabarem escapando de ser penalizados. Exemplo de problema que pode ocorrer: processar por terrorismo quem cometeu ato por motivação politica. Vão dar esse entendimento após os acontecimentos mesmo sabendo que antes esse entendimento não existia?

      Presos em flagrante foram poucos se compararmos com a quantidade de gente que havia. Até nisso as forças de segurança foram lenientes…

      1. Muita gente foi numa ilusão, meio que numa vibe quase igual ao de 2013, mas com a diferença que aqui a ideia de “intervenção” ficou bem clarificada na mente deles. Meio que eles tinham alguma consciência – ainda que iludida – que iriam “mudar o país” para não serem “atacados pelo comunismo”, e não iam acontecer nada com eles (pois já são 6 anos destes caras puxarem saco de militar, diga-se).

        Quem estava no meio daquela bagunça, sabia onde ia parar.

        O que mais torço na verdade é que peguem os cabeças – políticos, “influencers”, etc… que investiram, ajudaram na organização e fizeram de tudo para coordenar esta massa. A prioridade ao meu ver deveria ser eles.

        Inclusive quem hoje “virou a casaca” (tem um caso emblemático que não vou citar o nome).

  2. Uma coisa engraçada é que a gente vê muito nos comentários de redes sociais e afins: “Eu avisei…”

    Um dos males da democracia é ter que esperar acontecer algo para provar que aquele algo vai ocorrer. E de fato é um mal que vem para o bem – evita de prender inocente a toa também, afinal, não existem “precogs” para ler o futuro. E mesmo se existisse, sempre há a presunção de inocência.

    De fato, o erro maior foi a omissão de autoridades, isso é o óbvio notório. Um no exterior, outro apontando dedo a terceiros, os comandados indo tomar água de coco…

    A situação política é algo complexo que espero muito que este ano a gente se acerte entre nós.

    1. Em tempos: meu único temor agora é que há galera de esquerda querendo fazer protestos nas ruas, e sinceramente creio que não é o momento agora. As polícias odeiam movimentos sociais, e por mais que ontem prenderam os terroristas lá, se prestarem atenção, os policiais não tavam nem aí. Se fosse gente “de esquerda” (movimentos sociais, sindicalistas, etc), o que iam tentar fazer de tudo para prender logo de cara ia ficar óbvio.

      Torço que as lideranças de esquerda que pensam em fazer protesto ponham a mão na consciência e aguardem abaixar a poeira. Porque no final o que os caras querem é justamente atrito.

      A não ser que as lideranças hoje tenham bons contatos nas polícias e possam contar com apoio de proteção.

      É engraçado pensar inclusive no fato das lideranças de torcidas organizadas – notórias pelas confusões que geram e pelos atritos com as polícias – se ofereçam para pegar os terroristas (e não duvido para proteger os manifestantes de esquerda, se bem que temos a Democracia Corintiana, um dos primeiros movimentos políticos sociais baseados em torcida

  3. Rodrigo, todo o meu repudio aos atos de vandalismos de ontem, mas chamar aqueles baderneiros de terroristas é um erro.. o mesmo erro que pode levar a banalização da palavra.
    Nos EUA: Sequestraram aviões derrubaram dois prédios mataram milhares de pessoas.
    Na Alemanha: Sequestraram e mataram 11 atletas Israelenses no jogos olimpicos.
    Na Índia: Assassinaram Indira Gandi
    No Brasil: Defecaram na mesa do ministro.
    Que todos sejam identificados e punidos com o rigor da lei. Mas a lei foi esvaziada na gestão da Dilma para não polemizar os movimentos sociais na epoca.

    1. Na wikipedia o significado da palavra “terrorismo” é: “Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, por meio de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, pânico e, assim, obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo o restante da população do território. É utilizado por uma grande gama de instituições como forma de alcançar seus objetivos, como organizações políticas, grupos separatistas e até por governos no poder.”, entendo que uma banalização esvazia a palavra, mas terrorismo é terrorismo, o que aconteceu ontem não foi o maior ato já visto na historia, mas o ataque as instituições democráticas de um país, com a intenção de gerar caos e violência deve ser visto como: Terrorismo.

    2. É um debate que ainda não vi por aí, Daniel, e acho super válido.

      Num sentido amplo, cabe terrorismo: são pessoas se impondo na base do terror. Uma das definições de “terrorismo” do Dicionário de Oxford (o padrão do sistema aqui) cai como uma luva para os bolsonaristas radicais em Brasília:

      2. emprego sistemático da violência para fins políticos, esp. a prática de atentados e destruições por grupos cujo objetivo é a desorganização da sociedade existente e a tomada do poder.

    3. Vandalizaram as sedes dos três poderes da república, agrediram policiais, jornalistas, roubaram armas, incendiaram, roubaram documentos sigilosos , ameaçaram fotógrafos entre outras coisas. O objetivo era a deposição do governo atual, financiado por empresários. Querer resumir tudo a “defecar na mesa de ministro” me parece no mínimo exagero e diversionismo.

    4. Um terrorista é um cara que usa o medo ou sentimentos de reação negativa para se impor como poder ou controle, isso usando exemplo do Oxford que o Ghedin deu.

      A diferença de um movimento social de rua para terroristas é que os primeiros geralmente se agrupam para gritos de ordem – a questão de “baderna” não é aqui o mote, apesar dos vidros quebrados.

      Terroristas quebram vidros e intimidam opositores. Diferente de protestantes básicos, terroristas estão prontos para tentar uma guerra. Não a toa houve no caso observação para inibir porte de armas nos últimos dias – imagine se tivesse um bando de CAC armado?

      Quando se compara com protestantes como M(T)ST e movimentos de bairros carentes (quando há por exemplo morte de morador devido ao terrorismo policial), a diferença é que geralmente a única arma que verão é enxada ou facão. Não vão ver armas de fogo ou uma estrutura que defende fascismo.

      Enfim.

    5. “No Brasil: Defecaram na mesa do ministro.”
      Muito reducioismo dizer que apenas defecaram na mesa dos ministros, ou quebraram as vidraças do prédio. Primeiro que não estamos falando de qualquer prédio, mas de um dos símbolos da República, a morada do Chefe do Executivo Federal, um prédio por si só histórico. Segundo que os atos de terroristas (sim) foram direcionados a obras de arte e bens de valor histórico, a mesma revolta que o incêndio no Museu da Língua Portuguesa gerou tem que ser aplicada aqui.
      Foram danificadas obras de Di Cavalcanti, Marianne Peretti, Alfredo Ceschiatti, etc. mobiliário secular, da época do império. Nem todos os atos de terrorismo terminam em mortes, mas nem por isso deixam de transmitir a mensagem de terror.

    6. Eu ainda tendo entender o motivo de grande imprensa, políticos, etc estarem usando a palavra terrorismo.

      Primeiro, porque a lei 13260 (https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13260.htm) não lista atos praticados por motivação politica como terrorismo. Seria necessário uma extensão da interpretação da lei, para abarcar atos praticados por motivação politica. Algo semelhante ao que foi feito com a criminalização do rascismo e homofobia.

      Segundo, porque o que aconteceu foi uma tentativa de golpe de estado, de tomada de poder. Com agravantes. 1. Golpistas estavam acoitados em área militar, no QG, repito, no QG, do exercito (desde o governo anterior, mas no governo atual também). 2. Leniência e conivência do governo do DF. 3. Provável leniência e conivência de militares (se tudo falha, militares tem o dever de atuar na proteção dos poderes. Por quê não atuaram? Pior, impediram que a PM entrasse e prendesse os golpistas acampados APÓS a tentativa de golpe.)

      Terceiro, evidenciaria mais que o governo atual confiou cegamente no governo do DF, mesmo apos atuação leniente no atentado a bomba e invasão da sede da PF. Evidenciaria mais que ABIN e GSI ainda não foram organizados pelo governo atual, ou foram coniventes com os acontecimentos, não sendo instituições que o governo atual pode confiar.

      Talvez o motivo seja que ao tratar claramente como tentativa de golpe de estado, as contra medidas deveriam ser mais fortes. Por exemplo, a intervenção deveria ser no DF e não apenas na segurança pública do DF. Toda a cúpula da PM do DF deveria ser presa, de forma preventiva, e não apenas pedir a prisão do secretário. Todo o alto comando do exercito deveria ser preso (ao que parece o governo atual vai contemporizar e mais uma vez os militares vão sair ilesos).

      Outra coisa que notei é que o presidente ainda não deixou o palanque. Chamou o ex-presidente de genocida em uma de suas falas após a tentativa de golpe. Eu não tenho dúvidas que Bolsonaro concorreu para a morte de pelo menos uma centena de milhar de brasileiros. Mas eu não sou presidente. Se um presidente acusa alguém de algo tão grave, tem que agir. É dever de ofício. Sempre bom lembrar que um presidente deve cumprir E fazer cumprir as leis. Pra mim, tratar como palanque a instituição Presidência da Republica, fragiliza a instituição (já passamos 4 anos com um presidente depredando a institucionalidade).

        1. Boa lembrança.

          Resalto apenas que no DF o acampamento era em area sob jurisdição militar. Nos outros lugares realmente era em frente aos quarteis. Mas no DF era dentro! Ou seja, o quartel general da força, o alto comando da força, deu guarida. A mais importante organização militar, dentro da estrutura da força, deu guarida para pessoas com reinvidicações contrárias a constituição e que, como bem você lembrou, praticaram atos concretos antes de tentarem tomar o poder.
          Deu guarida antes de tentarem e protegeu depois que tentaram. A proteção impediu a prisão.
          Acho que a guarida e proteção aconteceu porque muitos dos golpistas acampados são ex-militares ou familiares de militares.

          1. Acho que a guarida e proteção aconteceu porque muitos dos golpistas acampados são ex-militares ou familiares de militares.

            Exato! Este é um dos pontos investigados pelo jornalismo e provavelmente pela justiça.

            Não duvido que este ano teremos provavelmente alguma mudança política no papel do Exército / Forças Armadas no país. Há pedidos claros de “desmilitarização” (não estar sob hierarquia militar) e mudanças na forma de como a segurança é tratada no país.

            A sensação que tenho é que a camada militar que é aderente a golpes de estado foi os que pensaram “deixam as buchas de canhão irem na nossa frente”. O “tio do zap” (antigo “tio do pavê”) virou a bucha de canhão do militar que no final queria mais dinheiro e poder…