Os planos para 2023 do Flathub, a principal loja de aplicativos para Linux.

Uma das maiores estranhezas de quem se aventurava no Linux até alguns anos atrás era o conceito de repositórios e, num nível mais amplo, “onde/como baixar aplicativos”.

Alguns esforços paralelos têm tentado resolver essa situação. Como? Com gerenciadores de “pacotes” modernos, que tratam os aplicativos de maneira independente, em vez de dependentes de códigos do sistema. Coisas como Flatpak, Snap e AppImages.

Vendo de fora, parece que o Flathub, principal repositório baseado em pacotes Flatpak, se descolou do grupo e caminha para tornar-se a loja de aplicativos de fato do universo Linux.

Em um post publicado nesta terça (7), Rob McQueen, CEO da distro Endless e presidente do conselho do Gnome, delineou os próximos passos do Flathub em 2023 (resumo do OMG! Ubuntu!):

  • Adicionar uploads diretos, aplicativos verificados e suporte a pagamentos no site do Flathub.
  • Estabelecer uma entidade legal independente para controlar e operar o Flathub.
  • Levantar US$ 250 mil em financiamento/patrocínios.
  • Estabelecer a governança para supervisionar o projeto.
  • Iniciar grupos de foco no Flathub para receber feedback dos desenvolvedores.

Parecem-me todas boas iniciativas, ainda que algumas possam ser controversas no meio, como o suporte a pagamentos.

O Flathub já tem 2 mil aplicativos em seu catálogo e a média de downloads diários supera os 700 mil.

Via Robotic Tendencies, OMG! Ubuntu! (ambos em inglês).

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18 comentários

  1. Com esse incentivo quem sabe a comunidade independente traga mais boas alternativas de aplicação ao GNU/Linux. Não me importo de contribuir com alguns reais, desde que a aplicação seja funcional, com interface coerente (que é diferente de bonito) e que resolva os problemas do usuário comum.

    Sou um usuário de GNU/Linux de longa data, mais de 10 anos de uso pessoal e profissional, e até hoje ainda vejo problemas básicos para a entrada dos usuário, seja de qualquer nível. Exemplo clássico é impressora. Pode falar o que for mas não é simples, contrário do Windows que você coloca o cabo e já sai imprimindo. No GNU/Linux existe várias receitas e alguma delas podem dar certo e eventualmente o terminal será usado, quando quero apenas imprimir um documento.

    1. Curioso você comentar isso da impressora. Minha experiência, que é rasa e bem antiga (faz uns bons anos que não tenho impressora), é oposta: no Windows, sempre tive que lidar com drivers cheios de bloatware, quase que brigar com o instalador da fabricante para instalar só o driver, e não o monte de lixo/propaganda dela. Já no Linux (e no macOS), sempre foi plug-and-play, sem sustos, suave.

      1. Faz anos que você não usa o Windows então. A experiência, pelo menos na HP Inkjet é a mesma. LIga o WiFi da impressora, espera ela aprecer nos devices do SO e instala. Pronto, funcionando.

        No Linux, antigamente, tinha que lidar com o CUPS, configurar endereço de rede (caso fosse um impressora de rede) e às vezes editar um grande arquito de texto pra poder repassar coisas como endereço:porta, nome, escolher o driver certo (normalmente os CA/SL não funcionavam tão bem). Eu já sabia de cór isso, mas fico imaginando minha mãe tendo que encarar isso.

        1. Pior que faz tempo mesmo, uns oito anos. E, no meu caso, o “setup” era sempre simples — impressora ligada direto no computador, sem ligá-la à rede.

          1. Falar em configurar o CUPS na monitoria da UFRGS em 2005/2006 era certeza de alguns ataques de pânico nos monitores hahaha

      2. Era o que iria comentar também. Para mim *qualquer* dispositivo USB no Linux foi tudo plug-and-play: webcâmeras, donglw wifi, dongle bluetooth, impressora, scanner… ao contrário do Windows que tinha que ficar vasculhando a internet atrás de drivers de procedência duvidosa.

    2. Impressora sempre foi uma dor de cabeça pra mim no windows. Quando começou a melhorar vieram as impressoras wireless que até hoje, sempre que visito meus pais, me pedem pra dar uma olhada porque parou de funcionar.
      Não sei como é no linux porque nunca precisei imprimir nele, nem tenho impressora em casa.

  2. Acho complicada essa adoção dos Flatpaks. A ideia do Nix me parece mais palatável, ainda que não o tenha testado ainda.

  3. gente, qual a diferença dessa abordagem para os antigos repositórios apt e rpm e similares?

    1. Um pacote Flatpak ou Snap funciona como um contêiner que agrega todas as dependêcias em seu interior. Dessa forma, quando se instala um software usando um dos dois, não há risco de conflitos entre dependências, visto que elas estão dentro do contêiner, isoladas das presentes em outros contêineres. Por isso, Flatpaks e Snaps são considerados pacotes universais, já que podem ser instalados em distribuições distintas sem que haja conflitos. O mesmo princípio se aplica aos AppImages, com a diferença de que estes funcionam como pacotes portáteis.

  4. Gosto da proposta do flathub e o padrão de empacotamento. Sempre vi com bons olhos essa e outras iniciativas como Appimage e Snap, apesar de achar o padrão da Canonical um tanto meio pesadão, além de tentarem enfiar goela abaixo apps por padrão, como o caso Firefox no Ubuntu por exemplo. Essas iniciativas aos meus olhos são bem vindas pelo fato de quebrar a barreira que os iniciantes enfrentam quando o assunto é instalação de apps e também os repositórios, os quais nem sempre disponibilizam um ou outro aplicativo específico sendo necessário intervenções mais avançadas e que acabam afastando as pessoas. Lógico que ainda falta um bom caminho para ajustes e melhorias, principalmente no controle do que está rodando num snap, flatpak ou mesmo appimage, apesar de eu não ser tão bitolado quanto a isso. Vejo muitos usuários, especialmente os mais tradicionais exorcizar esses formatos e pregarem contra. Por fim, o desenvolvedor cobrar pelo seu trabalho, seja em qualquer plataforma não está errado, o problema reside em achar que se é pra Linux tem que ser de graça e isso não tem nada a ver.

  5. O suporte a pagamentos é bem vindo, tem bastante software livre com versão paga na Steam e no Itch.io, como o Krita, pra conseguir recurso pra continuar o desenvolvimento, ter isso no flathub é bom.

    1. Exato. Se a coisa for bem feita, com o objetivo de remunerar quem realmente desenvolve os programas, acho que será bastante positivo. Pessoal tem que aprender de uma vez por todas que software livre não significa necessariamente software grátis.

  6. O Uso de aplicativos em containers é problemático no sentido de dar complexidade para algo teoricamente simples que é a interoperabilidade entre pacotes, o problema é que como tudo no linux é aberto, os sistemas que usam o kernel linux, nunca conseguiram criar uma sistema para evitar que certas partes do sistema foram imutaveis, ou evitar que certos pacotes sejam alterados pelos usuários, isso só ocorreu a um tempo atrás, com o fedora silverblue, a visão dos desenvolvedores que sempre foi visada pro mundo corporativo, muda um pouco com o aumento de jogos compatíveis via proton, e ai esse pacotes em containers se tornam a forma de deixar os sistemas ao mesmo tempo: atualizados, compatíveis entre sistemas diferentes e com um formato único de instalação, tanto via terminal quanto via aplicativo, flatpak resolve um problema causado por falta de organização entre desenvolvedores, e por agora sistemas linux estarem sendo financiados por instituições privadas e publicas, com foco em melhorar interface e usabilidade, os problemas dos aplicativos de conseguirem trocar modo escuro e não substituírem seu cabeçalho pelo mesmo do sistema, é um problema visual, que idealmente é resolvido de forma há tornar as interfaces linux, mesmo que diferentes entre si, compatíveis pelo menos em facilitar o uso, e não piorar a experiencias criando problemas como não dar acesso aos aplicativos ao sistemas de pasta

  7. Não acho que a opção de pagamentos seja tão controversa assim. Se for nos moldes da loja de apps do Elementary OS, onde você paga o que quiser (inclusive nada), eu acho que a galera não vai chiar tanto.

  8. Pra mim o mais chato tanto do snap quando do flatpak, quando eu tava full linux, era ter que ir no terminal resolver treta do app que veio tão sandbox que eu não conseguia acessar meus discos O.O tem um app hj pra cada hj em dia que faz essa config, mas é muito maluco isso. Eu sempre curti o appimage, tu só baixa e usa, e mesmo assim as vezes tinha a chatice de ter que da permissão pro app, mas isso com o botão direito se resolvia e em alguns distros na hora de abrir já perguntava.

      1. Esse memo, uso o linux no pc velho na sala, um tempo atrás fui instalar um flatpack, pensei que ia ser chato pra integrar e apareceu o Flatseal pra me salvar. Bom demais, mas é um passo extra meio esquisitão, espero que esteja vindo mais por padrão a operação com os arquivos do sistema.