Novo sistema de punições no Facebook e Instagram se assemelha a boas práticas da Justiça comum.

Redes sociais são um micro-cosmo da humanidade. É curioso ver, em tempo real, ainda que tardiamente, elas se darem conta disso.

No final de fevereiro, a Meta “aperfeiçoou” seu sistema de punições/moderação. Em vez de aplicar penas restritivas (bloqueios e proibições de interagir) na primeira violação no Facebook e Instagram, a empresa será menos rígida e apostará em conscientização, dando mais chances aos “réus primários” e transparência às suas decisões.

Nossa análise revelou que quase 80% dos usuários com baixo número de advertências não voltam a violar as nossas políticas nos 60 dias subsequentes. Isso significa que a maioria das pessoas reage bem a um aviso e explicação, uma vez que não querem violar as nossas políticas.

Agora, segundo a Meta, penalidades restritivas serão a exceção, usadas apenas em violações graves ou reiteradas.

Da mesma forma que prender ladrões de galinha não ajuda a ressocializá-los, só gera incentivos para uma piora, punir de maneira desmedida quem comete um deslize “culposo” no Facebook só contribui para aumentar o sentimento de injustiça e uma percepção por vezes equivocada de que a plataforma “censura” as pessoas. Via Meta (em inglês).

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6 comentários

  1. Olá, Ghedin!

    Eu sou estudante de Direito e cursei a disciplina criminologia. Quando falamos em justiça restaurativa, um das principais ideias é trazer para vítima uma sensação de justiça. Restaurativa é porque se entende que o vínculo (seja ele qual for) foi rompido e precisa ser restaurado. Nesse caso, colocar a punição como exceção pode ser um caminho, embora para ser restaurativo a vítima tem que ter a sensação que o dano que ocorreu não vai mais acontecer.

    Lembrando que sou ainda um estudante, cursei uma disciplina. Não sou criminologo, por isso pode haver erro no que escrevi.

    1. Acho que você tem razão, Xande. Tentei puxar um termo que resumisse, para a newsletter, “ações outras que não a punição mais rígida” e acabei num equivocado. Talvez “penas alternativas” seja uma analogia melhor, né?

  2. Bom era o Orkut que tinha uma interface simples, poucas regras e muita gente participando. Nossa esperança de voltarmos a ter menos regras e mais diversão ficou por conta das redes sociais descentralizadas.

    1. Eram outros tempos também. O orkut podia se dar o luxo de ser mais frouxo nas regras porque não afetava tanto o mundo real (ou não era consenso que afetava tanto)

      1. Será que essa nostalgia que a gente tem dessas redes antigas não teria a ver também com o fato de que quando existiam, o Offline ainda ditava as regras e o Online não era tão comum?

        Talvez seja. Hoje, é o contrário. O Online dita as regras do que vai acontecer no Offline.

        1. Totalmente. E havia menos gente nas redes, e as possibilidades que elas ofereciam eram muito mais limitadas — o Orkut só foi ter um feed quando ninguém mais o usava.