Na primeira rodada de decisões do Comitê de Supervisão independente do Facebook, vimos resultados meio esquisitos. Em um dos casos julgados, o Comitê reverteu a exclusão de um post em Mianmar em que alguém dizia que muçulmanos têm algo errado na cabeça por não reagirem ao tratamento dado pela China aos uigures muçulmanos com a mesma intensidade com que reagem a caricaturas de Maomé na França. “Embora o post possa ser considerado ofensivo, ele não atingiu o nível de discurso de ódio,” diz a decisão. Via Comitê de Supervisão.
A grande polêmica, porém, foi a reversão na exclusão do post de um homem na França, publicado em um grupo em outubro de 2020, que reclamava do governo pela falta de autorização para o uso de hidroxicloroquina combinada com azitromicina no tratamento da COVID-19. O texto também questionava o que a sociedade tinha a perder ao permitir que médicos receitassem um “remédio inofensivo” quando os sintomas da doença aparecessem. O Facebook havia justificado a exclusão com as suas regras específicas de COVID-19 e de risco iminente de dano físico — o que, e o Brasil é prova disso, está correto.
Surpreendentemente, o Facebook informou, por nota, que não acatará a decisão do Comitê relacionada ao post da COVID-19. Provavelmente a coisa certa a ser feita, mas já na largada esse caso coloca em xeque o poder do Comitê.
Em tempo: é esse Comitê que decidirá o futuro de Donald Trump nas plataformas do Facebook.
Nossa mas qual a justificativa do comitê pra manter a publicação no ar?
Segundo a decisão, acharam a regra de desinformação e dano iminente “inadequadamente vaga”. Se o inglês não for empecilho, está bem detalhada aqui.