Ajustando a cobertura do Twitter.

Durante o fim de semana, pelo visto sem coisa mais importante para fazer, Elon Musk proibiu os usuários do Twitter de publicarem links para outras redes sociais e agregadores de links e continuou banindo pessoas influentes de modo arbitrário.

No domingo à noite, subiu uma enquete perguntando se deveria abdicar do cargo de CEO. O resultado da enquete, encerrada na manhã desta segunda (19), foi “Sim”. Não que fosse fazer muita diferença um novo CEO enquanto Musk for dono do negócio, mas enfim.

Fora do Twitter, acompanhando o caos, voltei a me pegar pensando em como cobrir essa história no Manual. Quando o caos vira o padrão, tudo parece urgente, só que na real… talvez não seja?

A condução alucinada de Musk aspira todo o oxigênio do ambiente e nos faz mais amargos, porque ele é um imbecil e faz questão de nos lembrar disso a todo momento — agora ainda mais, com uma plataforma de comunicação gigante nas suas mãos.

O objetivo, de Musk e do Twitter, é chamar a atenção. Acho que no longo prazo essas medidas arbitrárias cobrarão seu preço, mas, agora, elas alcançam o que Musk parece querer: a nossa atenção.

Há coisas melhores que os dramas internos, fabricados do Twitter acontecendo no mundo. Por isso, a partir de agora cobrirei o Twitter da mesma forma que cubro outras redes comandadas por extremistas, como Parler e Truth Social: sem entrar nas polêmicas internas ou nos caprichos dos seus donos, focando, em vez disso, nas implicações externas quando houver.

Seguimos.

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23 comentários

  1. Adequadíssimo o posicionamento. Dadas as proporções, sinto que é como quando os jornalistas saíram do cercadinho do governo Bolsonaro

  2. musk funciona de uma maneira parecida com a de bolsonaro: é um estado de tensão permanente nas redes

    o tempo todo tem uma decisão ruim, uma fala absurda, uma notícia desesperadora

    é como se ambos desejassem ativar nossas neuroses até a última potência

  3. Em Física, quando o sistema é “caótico” ou tem “muito ruído” ou tem muita “turbulência” é (quase) impossível seguí-lo microscopicamente, tudo é aleatório nas escalas pequenas de tempo e espaço. Só é possível entender o sistema de um ponto de vista macro, aguardando que as flutuações de larga escala (temporal ou espacial) se anulem e possamos observar o rumo que o sistema toma de forma global/líquida/efetiva/macroscópica.
    Traduzindo, os rumos do twitter e seu fundador são tão erráticos que acho que você está muito é certo em ajustar o padrão da cobertura jornalística. Acho até que poderíamos ter um “post anedótico mensal” do tipo “para onde foi o twitter neste mês”, porque aí basta pegar onde começou e onde está terminando. Na real, tenho impressão que vai ter meses e meses de “raios e trovões diários” para que, de um mês para outro seja possível escrever: “estamos no mesmo lugar onde estávamos”, apenas valendo menos na bolsa. Ops! Não tem mais ações na bolsa. :)

    1. A ideia do post mensal é muito boa, principalmente se começar com um “no episódio anterior”. Acontece tanta coisa ao mesmo tempo que 1 mês atrás parece 1 ano

        1. Hahaha, daqui a pouco o post sai pronto e eu só preciso apertar o “Publicar” 😄

          Para quem entende inglês, recomendo fortemente o Twitter is Going Great. É uma linha do tempo, sempre atualizada e com fontes, da era Musk do Twitter. Os posts são quase posts de Twitter (curtinhos, diretos), então dá para acompanhar de boa.

  4. Eu tô passando pra comentar o quão abismado fiquei em ver defensor de bilionário no post sobre sua saída do Twitter, Ghedin.

    Ou essa galera caiu de paraquedas aqui, ou esse pessoal não tem interpretação de texto, porque o viés pelo qual o MdU aborda tecnologia sempre foi tão cristalino.

    Eu hein, que brisa!

    1. Não só no Manual tá rolando esse movimento. Vi um brigading bizarro no Tecnoblog outro dia até pior que o daqui.

      Será que o Musk comprou alguns bots do Carluxo?

      1. tem gente que defende carluxo e perfume musk barato sem cobrar… isso que é pior.

        Eu defendo o Ghedin de graça. :p

  5. O ostracismo é o único remédio atualmente para essa situação. Se deixar eles falando sozinho uma hora não vai ter mais oq falar.

    Fico feliz pelo manual seguir nessa linha.

  6. Até que ponto Musk influencia todo o ecossistema platafórmico comercial com suas práticas? Se essa influência for relativamente grande, não teriam consequências externas todas as suas atitudes e polêmicas? Pergunta sincera mesmo. Eu não sei como lidar. Mas cai no mesmo limbo da atitude diante de Bolsonaro. Ele era (é) presidente e não podia ser completamente ignorado. No entanto, a intencionalidade de suas polêmicas era gerar buzz. :/

    1. Acho que assim:

      – Audiência de quem gera buzz eles tem, porque não tem como – atenção é uma moeda e muitos a “vendem” fácil, até porque não somos bem treinados mesmo (ainda, agora volta um teco de esperança que crie-se formas de educação a consumo de mídias digitais).

      – Se até hoje há o “jornalismo de subcelebridades”, é porque há audiência. Na verdade, mediocridade estúpida é uma forma de atenção (ou “ratio” nas palavras de uma bicicleta com escapamento), e bem, agora soando preconceituoso, o “popular” também gera audiência, senão Kwai e TikTok não seriam povoados por vídeos esquisitos e novelinhas de moral dúbia. E claro, o Instagram não seria foco de atenção também com os “fakes instagrammaveis”. :p

      No caso do Musk e salnorabo, a postura do Ghedin é a melhor. Apenas notícias relevantes (por exemplo uma queda da bolsa de valores, revelação de crimes ou até a prisão dos mesmos) são as melhores notícias a serem dadas. Dado possível, se fosse apenas noticiar a prisão de ambos, seria a melhor coisa.

  7. Tô tentando usar o mastodon, mas é complicado. Lá, basicamente só existem canais de comunicação que saíram do Twitter.
    Conversas normais quase não existem. Ou quando existem, são deveras forçadas.

    1. no mastodon as pessoas tendem a conversar nos seus nichos. não tem muito assunto transversal como bbb ou copadomundo — existe, mas não é todo mundo que presta atenção, pq o algoritmo lá não fica esfregando as coisas na sua cara.

      se vc achar um nicho legal, vai atrás de participar das conversas. as threads tendem a ser bem mais legíveis por lá.

    2. Seguindo o @Capi Etheriel e o complementando: Mastodon, ou melhor, o Fediverso, é como se fosse uma renca de condomínios em bairros e cidades diferentes. Existem tutoriais no Manual do Usuário e em outros lugares sobre como achar um espaço (ou até criar o seu se quiser) e conversar com outras pessoas.

      Só lembrando para tomar cuidado e achar a instância onde você se sinta bem. Pode ser uma “universal” (com regras mais abertas e formato mais “comercial” tipo o social.vivaldi ou Mastodon.social) ou “nicho” (temática e com regras de controle um pouco mais rígidas como Ursal e similars, ou mais rígidas ainda a ponto de ser fecharem – não vou citar nomes pois eles já estão fechados em si mesmos – ou similares. )

    3. Eu comecei a seguir hashtags que me interessam. Vez ou outra pipoca algum papo legal com desconhecidos. Agora viralizar com a frequencia que acontece no twitter não tem mesmo, só lembro do meme do John Mastodon que tava rolando fim de semana

      1. Desculpe a piada, mas João M é João Mastodon? :p :3

        (E sinceramente tou meio boiado sobre este meme, mas suponho que seja pq o nome do cara soa como se ele fosse o fundador).

        1. Sou a versão brasileira do meme, boa 😂

          O meme surgiu quando o twitter bloqueou o perfil oficial do mastodon, @joinmastodon. Algum site de notícias gringo entendeu a @ como “john mastodon” e deduziu que era o criador do site e que o batizou com o próprio nome. Aí o fediverso já fez a festa com isso, falando que ele seria o arqui inimigo do musk e que ele deveria assumir como CEO do twitter