Por que compartilhamos fotos e vídeos de gente morta?

Foto fictícia de um cadáver com etiqueta de identificação no dedão.

A morte repentina do cantor Cristiano Araújo, em meados de junho, levantou uma polêmica que até então estava fora do radar da imprensa: o compartilhamento desenfreado de fotos e vídeos de pessoas mortas via Internet.

Imagens dos corpos agonizantes ou já sem vida de Cristiano e sua namorada, Allana de Moraes, alastraram-se rapidamente pelo Brasil inteiro, via WhatsApp, redes sociais e sites especializados em propagar conteúdo grotesco. Por quê? O que motiva as pessoas a compartilharem um conteúdo tão desrespeitoso à memória das vítimas e à família? São perguntas que há muito me incomodavam.

Do disquete ao WhatsApp

Apesar do fenômeno ter ganho destaque nesse caso recente, com a polícia investigando suspeitos de vilipendiar os cadáveres, a prática não é exatamente nova nem restrita a famosos — apesar da exposição maior que eles têm.

Na época em que a Internet estava desembarcando no Brasil, fotos de outros cantores, também mortos precocemente e no auge do sucesso, em uma fatalidade similar — só que num acidente aéreo — correram computadores país afora via disquete. Eram os Mamonas Assassinas.

Cada época tem o vetor de distribuição que lhe é mais conveniente, amparado pela tecnologia mais acessível. Vinte anos depois, em 2015, disquetes são apenas o ícone de “salvar” em alguns aplicativos. Hoje, o WhatsApp protagoniza a disseminação e acelera a distribuição de todo tipo de conteúdo.

Pela diversidade de perfis que utilizam o app, ele está sujeito a receber tudo. Se você está num grupo de família, em outro do trabalho e naquele dos amigos, sabe que não é exagero dizer que ele recebe tudo mesmo. Vêm piadas da época em que blogs eram novidade, aqueles hoaxes antigos, alguns recauchutados para parecerem novos, outros com os furos de tantos anos atrás. Há conteúdo recém-criado também, uma boataria sem fim, uma penca de notícias absurdas e carentes de fontes confiáveis. Imagens motivacionais e engraçadas, piadas, mensagens de protesto, orações, fotos toscas e, claro, muita coisa ruim, do revenge porn às fotos e vídeos de gente morta.

Apesar dessa concentração que ocorre no WhatsApp, não se engane: a ferramenta só é culpada na medida em que facilita o ato — em outras palavras, não é o que motiva a criação do material. Ao começarmos a digitar “cristiano araujo” no Google, por exemplo, o mecanismo de sugestão automática, baseado nas pesquisas mais populares, sugere “morto” no topo dos resultados:

'Morto' é a primeira sugestão do Google para a pesquisa por 'Cristiano Araújo'.

Talvez as pessoas que elevaram o termo ao topo das buscas no Google estivessem atrás de informações da tragédia. Mas é impossível, dadas as circunstâncias, acreditar que todas tinham este intuito. No mínimo, algumas queriam satisfazer uma curiosidade mórbida, a de ver o cadáver.

Veríamos mais disso no Facebook se a rede não policiasse os perfis e mantivesse a mão firme ao coibir temáticas vedadas em sua política. (Inclusive umas meio sem cabimento, como a das fotos de lactantes, proibição que só caiu em 2014.)

Mesmo antes das tecnologias em rede, isso já acontecia. A fotografia, ainda hoje imprescindível à prática, desde a sua infância se relaciona com os mortos. Na Inglaterra Vitoriana, o povo tinha o hábito de tirar fotos post mortem para guardar um registro visual da pessoa falecida do jeito que ela era em vida. Ou, pelo menos, essa era a intenção. Na prática os resultados ficavam bizarros. Os álbuns de família do pessoal do século XIX deviam ser aterrorizantes.

E, se voltarmos ainda mais no tempo, veremos as atrocidades cometidas na Idade Média, a caça (e queima em praça pública) às “bruxas”, as decapitações, a barbárie das arenas romanas… Fragmentos violentos de um tempo em que éramos menos humanos, ou em que a nossa desumanidade não era tão censurável e, portanto, mais explícita, com ares de espetáculo. Entretenimento à custa de vidas humanas.

Voltando ao hoje, na web selvagem, onde há sites para todos os gostos, fóruns dedicados ao compartilhamento de fotos explícitas são facilmente encontrados. Alguns, há anos em atividade, já viraram referências no assunto. Num caso particular, o ator pornô canadense Luka Magnotta esquartejou um jovem chinês, filmou e jogou o vídeo num desses redutos. Acabou identificado e preso. Seu fascínio em compartilhar esse tipo de material falou mais alto que o risco ao fazê-lo. É um caso extremo, porém acredito que muitos que consomem essas coisas jamais chegariam a tanto. De qualquer forma, impressiona.

Em uma rápida (e nojenta) pesquisa independente, cheguei a um desses fóruns. O conteúdo é chocante e, tanto quanto ele, a reação das pessoas, pautada por análises frias, algumas até sarcásticas. Mas o mais maluco é o modelo de negócios desse fórum em particular. Consegui ver apenas três tópicos; se quisesse mais, tinha que me tornar membro, ou seja, pagar para ver fotos de gente morta.

Essa restrição ao acesso e muitos outros aspectos encontram paralelo na pornografia. Freud dizia que existem duas pulsões básicas aos seres humanos, o eros (sexo, vida e sua preservação) e o tânatos (agressão, morte). Todas as demais derivam dessas e mesmo as duas se confundem. “Sexo é onde há a confluência das pulsões. Sexo é morrer um pouco.”

As circunstâncias respaldam a comparação. Sexo e morte são tabus. Não aparecem nos meios de comunicação de massa tradicionais, mas são abundantes na Internet e fonte de uma curiosidade gigantesca de pessoas, a maioria não assassina, nem pervertida. Há bastante oferta de conteúdo gratuito, mas há grandes HUBs que, mediante pagamento, centralizam e organizam a produção e seus consumidores.

Assim como a pornografia encontra vazão em toda nova forma de distribuição de conteúdo, chegando a determinar o sucesso de um formato em detrimento de outro, a morbidez de compartilhar fotos de gente morta também se beneficia de tecnologias de ponta para chegar aos interessados.

Não há dúvida de que há público para conteúdo explícito, ávido por sangue, vísceras e fraturas expostas, por toda a sorte de acidentes e formas de morrer. A grande questão é: por quê?

O papel da ficção

“A morte trágica de um herói integra na relação estética, e de maneira evidentemente atenuada, as virtudes de um dos mais arcaicos e universais ritos mágicos: o sacrifício.

O sacrifício não é apenas uma oferenda agradável aos espíritos e aos deuses; é também um apelo às próprias fontes da vida, segundo a magia de morte–renascimento; é enfim, dentro de certas condições, a transferência psíquica das forças de mal, de infelicidade e de morte, para uma vítima expiatória (como no bode expiatório do rito judeu substituto, aliás, de um sacrifício humano primitivo), que exorciza o rito operatório da morte. O sacrifício de um ser inocente e puro — cordeiro místico do cristianismo, jovem virgem da tragédia grega — é, assim, dotado das maiores virtudes purificadoras. E é exatamente esse mecanismo purificador — catarses — que Aristóteles descobre no coração da tragédia.

Édipo não faz senão atrair para si a carga incestuosa, difundida na atmosfera coletiva, oculta no segredo de cada um; seu terrível castigo apazigua a cólera dos deuses — isto é, a angústia dos humanos. Do mesmo modo, os inumeráveis heróis vítimas da fatalidade trágica, os inocentes perseguidos do melodrama fixam e exorcizam, de modo, por certo, bem menos eficaz que o do verdadeiro sacrifício, o mal, o pecado e a morte.”

O trecho acima foi escrito por Edgar Morin, em Cultura de massas no século XX — Vol. 1: Neurose, publicado em 1962. Nele, o autor explica por que temáticas vis, repudiáveis em qualquer outro contexto, são tão apreciadas na arte. Em outros termos, como intitulou o Rodolfo Viana em uma edição recente da Benedito, a ficção permite que outros sejam os monstros que nós somos.

Experimentar sensações pela experiência alheia é algo que todos fazemos desde sempre. Esse restaurante tem comida boa? Esse celular é legal? Vale a pena fazer um mochilão passando por esse, esse e aquele país? E, claro, a dor e o sofrimento também. Falar sobre a dor, por vezes, ajuda quem passou pela experiência e interessa a quem a viu de fora, mesmo que de longe e sem ter qualquer vínculo com a pessoa vitimada.

Cena do jogo Spec Ops: The Line.
Imagem: 2K Games.

A ficção, em suas variadas formas, é prolífica nessa função. Dos jogos de tiro, especialmente os que acrescentam valores morais à matança, como Spec Ops: The Line (acima), à literatura, como o dilema perturbador que enfrenta Raskólnikov em Crime e Castigo, de Dostoiévski, somos transportados para a pele de assassinos, ladrões, sádicos e outros tipos capazes de atos que nem nos nossos momentos mais furiosos seríamos capazes de cometer.

O problema é que a ficção, por mais imersiva que seja, por melhores que sejam os efeitos especiais, continua sendo irreal, fictícia. Mesmo envolvido pela história, mesmo solidários às dores e aos dilemas que passam pela cabeça dos personagens, é impossível desconsiderar o teatro que vivenciamos. Nada ali é real, essas pessoas não morreram de verdade, aquele sangue jorrando é cenográfico e esses pedaços de gente espalhados pela tela, de mentirinha.

Dada a falta de parâmetro no mundo real, poder-se-ia dizer, até, que essas experiências simuladas são apenas baseadas no que imaginamos que sejam tais situações, algo que se relaciona com a ideia de simulacro de Baudrillard. Não existe lastro na realidade ao nosso alcance para sabermos ou mesmo vivenciarmos a ficção como se fosse, de fato, realidade. É algo que ganha vida própria, que se torna “diferente” daquilo que pretende simular.

Em outras palavras, a arte explica parte do quebra-cabeça, mas carece das peças-chave. Se o objetivo fosse experienciar situações nas quais não nos imaginamos vivenciando, mas que nos passam pela cabeça, a ficção talvez bastasse. Não basta. “Da mesma forma que [as pessoas] assistem a filmes de terror, com cenas macabras, um toque de real no horror só o faz mais impactante”, disse a psicóloga Ligia Baruch Figueiredo, mestre e doutoranda em psicologia clínica, núcleo familiar e comunidade pela PUC-SP, ao Manual do Usuário. A Bruxa de Blair, de Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, chama a atenção por brincar com essa linha que separa realidade de ficção usando uma câmera amadora de forma amadora.

A morte ficcional carece de autenticidade e isso nos leva diretamente ao motivo, ou aos motivos que fazem as pessoas compartilharem fotos e vídeos de seus iguais quando já sem vida.

Por quê?

Jake Gyllenhaal no filme O Abutre.
Cena do filme O Abutre.

Conversei com amigos, alguns adeptos dessa prática, outros totalmente contrários, a fim de entender, do ponto de vista da pessoa comum, o que a motiva (ou ela acha que motiva os outros) a se comportarem de tal forma. Estendi essa pesquisa informal a fóruns de discussão também, como este.

Uma resposta que se repetiu com frequência foi a de que trata-se de pura e simples curiosidade, motivada principalmente pela falta de cobertura da imprensa e a dificuldade de acesso a materiais explícitos. Mesmo os programas televisivos mais sangrentos, os Datenas e Rezendes da vida, têm um mínimo de pudor (ou esbarram na legislação) na hora de mostrarem as desgraças cotidianas. O “põe na tela!” ao vivo dificilmente é seguido de alguém sendo morto — e, quando isso acontece, fica um clima estranho. É algo decididamente inesperado mesmo consideradas as circunstâncias.

Todos sabemos que iremos morrer, mas ninguém sabe como é morrer e poucos se dignificam a falar sobre esse fenômeno universal. Existe uma espécie de tabu, ou de vergonha inexplicável da morte, que surgiu e se solidificou no século XX. Eliane Brum, num texto magnífico publicado no El País, investiga o porquê disso e como, recentemente, essa situação tem sido revertida com relatos tocantes como o de Oliver Sacks, neurologista e escritor, diagnosticado com câncer terminal. Embora ela trate das implicações sociais e subjetivas da morte, pode-se extrapolar esses receios à fisiologia do processo, especialmente quando são casos chocantes (acidentes, mortes a tiros). Essa parte mais gráfica, mais objetiva, também povoa a curiosidade das pessoas.

Em conversa com o Manual do Usuário, a psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati, mestre em psicologia pela UFES e doutoranda em psicologia forense pela Universidade de Kent, na Inglaterra, dá bases a essa impressão até então informal: “Desde muito cedo o ser humano demonstra curiosidade pelo tema da morte e tenta buscar respostas para suas perguntas.” Ela continua:

Poderíamos fazer um paralelo com o que o professor Roland Maiuro comenta sobre o porquê de as pessoas pararem para observar acidentes de carro na estrada. De acordo com ele, ao observar o que houve com a outra pessoa, conseguimos dar um senso de causa e efeito para os eventos (que acontecem, aconteceram ou podem vir a acontecer conosco).

Ao mesmo tempo, também somos atraídos por qualquer coisa fora do comum (pelo que é diferente) e temos uma tendência de “seguir o exemplo”, repetindo o comportamento do grupo (“se outra pessoa está olhando, eu também quero ver”). Além disso, alguns autores comentam que tragédias ou acidentes (situações que envolvem doença ou morte) evidenciam a finitude humana e nos obrigam — de certa maneira — a pensar e dar sentido à nossa própria existência.

Isso é condenável? Imoral? Sempre que questões do tipo surgem, gosto de fazer o seguinte exercício: se fosse comigo ou com alguém próximo a mim, de que forma gostaria que os outros lidassem com a situação? É um exercício limitado ao egoísmo de uma opinião pessoal, ou seja, as respostas variam muito, mas é um bom para fornecer um termômetro, ou um norte sobre como se comportar em casos difíceis.

Pessoa usando WhatsApp num iPhone velho.
Foto: Senado Federal/Flickr.

Existem outros fatores que complicam mais o entendimento da situação. Ligia lembra que algumas pessoas têm inclinação a doses poderosas de adrenalina. Com exceção dos psicopatas e daqueles acostumados, pelo acaso ou por profissão, qualquer um que já presenciou um acidente sabe que a pulsação acelera, as pupilas se dilatam e ficamos bem tensos ao ver cenas chocantes. Ela relata o caso de um paciente que descobriu sua vocação nesse fascínio por pessoas mortas:

Percebo que pessoas que possuem algum nível de desconexão emocional, não necessariamente em nível patológico, sentem-se bem ao ver cenas fortes que lhe tragam alguma sensação de adrenalina. Por exemplo, um cliente meu que viu a mãe morrer em acidente de carro ao seu lado. Hoje ele se sente muito atraído para trabalhar em pronto-socorro, atendendo acidentados. Aquilo que mais tememos ao mesmo tempo nos atrai. A psicologia humana é complexa…

O meio é outro fator que turva o entendimento desse fenômeno, o que nos leva de volta ao WhatsApp como facilitador de ações que, de outra forma, pensaríamos melhor antes de praticar. Na nossa conversa, Arielle comenta:

Outro fator importante e que precisa ser considerado é a própria Internet e o uso que se faz dela. O problema aqui não é exatamente o fato de que temos a informação ao nosso alcance, mas que ainda não sabemos como lidar de maneira adequada com ela.

Apesar de a internet ser parte de nosso cotidiano, essa relação ainda é recente e, nesse sentido, ainda está sendo construída. Enquanto isso, diferentes ciências, dentre elas a psicologia, têm tentado compreender a maneira como essas relações se estabelecem. Por exemplo, a exposição daquilo que antes fazia parte do universo privado dos sujeitos, passando pelo seu uso com fins de cometimento de crime, e até fenômenos como esses, de compartilhamento de imagens.

A Internet comercial tem 20 anos. Isso é um piscar de olhos dependendo do contexto histórico e, quando se trata do comportamento humano, o tempo que a precede é muito grande. Ainda estamos no meio do processo e, portanto, não temos a vantagem do distanciamento, não temos o nível de compreensão possível só com a passagem do tempo.

Outras áreas, como o relacionamento íntimo interpessoal, também vem sofrendo reviravoltas históricas motivadas por apps. Numa reportagem duramente criticada da Vanity Fair 1, sobre o impacto do Tinder nos relacionamentos modernos, Justin Garcia, pesquisador do Instituto Kinsey para a Pesquisa em Sexo, Gênero e Reprodução, ligado à Universidade de Indiana, disse:

“Houve duas grandes transições” na relação heterossexual “nos últimos quatro milhões de anos”, diz. “A primeira foi entre 10 e 15 mil anos atrás, na revolução agrícola, quando nos tornamos menos migratórios, mais enraizados”, o que levou ao estabelecimento do casamento como um contrato cultural. “E a segunda grande transição está acontecendo com a ascensão da Internet. [Ela] está mudando muito a forma como agimos, romântica e sexualmente. É algo sem precedentes do ponto de vista evolutivo.”

Esse impacto se estende e, em alguns casos, se amplifica, dependendo da situação. Ele pode ser visto em outros campos da psicologia humana. Estamos, por exemplo, desaprendendo a lidar com a solidão e, paradoxalmente, cada vez mais trocando interações reais, saudáveis, por telas com rolagem infinita no isolamento, longe de gente de carne e osso.

O poder de transmitir informações com um apertar de botão é enorme, mas pouco percebido por quem não trabalha com ou estuda comunicação. É por isso que vemos tanta notícia fajuta, tanto site sem credibilidade alguma sendo compartilhado até mesmo por gente esperta, que em outro contexto (ou fora da Internet) não cairia nessa mesma armadilha, ou não seria tão indelicada com assuntos fúnebres e imagens impactantes.

Além da responsabilidade jurídica

Cristiano Araújo e Allana Moraes.
Cristiano Araújo e Allana de Moraes.

Mesmo na esfera jurídica o assunto é complexo. É crime compartilhar fotos e vídeos de pessoas mortas? A divulgação de foto e vídeo de cadáver aparentemente não configura vilipêndio, mas pode ser passível de indenização na esfera cível. Já a produção desse material, sim, tanto que os funcionários da funerária que fizeram vídeos da autópsia de Cristiano Araújo foram indiciados pela Polícia Civil e processados pela família da vítima.

O juiz William Fabian, da 3ª Vara de Família de Goiânia, ordenou preliminarmente que Google e Facebook removessem o vídeo de seus domínios sob pena de multa diária de R$ 10 mil, alegando que a divulgação do material tem o propósito de “constranger seus familiares e herdeiros, os quais têm o direito de que as últimas imagens de seus entes queridos, a figurar na imprensa e nas redes sociais, não sejam aquelas que exponham os violentos traumas ocasionados nas vítimas pelo acidente automobilístico.”

A problemática jurídica é importante, mas é acessória no entendimento que pretendia quando iniciei essa investigação. Ainda acho o ato em si grotesco, mas entendo melhor o que motiva aqueles que fazem isso sem muito pudor. É uma curiosidade inerentemente humana. A falta de critérios e, quase sempre, de tato em preservar identidades e fornecer um mínimo de respeito aos falecidos evidencia o caos em que a informação se mete quando nasce e se espalha organicamente. Mas de que outra forma seria possível saciar esse interesse? E, ainda que da (hipotética, talvez utópica) melhor forma possível, será que essas pessoas têm consciência do quão forte é para familiares e amigos verem tais fotos? Elas compartilhariam fotos de um ente ou amigo querido morto?

O distanciamento potencializa a falta de empatia que ainda é palpável na Internet. Arielle diz: “Alguns autores têm alegado, ainda, que quando nos comunicamos com outras pessoas sem que as estejamos vendo ou ouvindo, torna-se mais difícil, para o sujeito, lembrar-se de que existem consequências (e quais são elas) para o que dizemos; por isso seria mais difícil medir a maneira como nos comportamos.”

Dizem que o que não entendemos nos assusta e nos fascina, e a morte é, independentemente da sua religião, o maior dos mistérios. Ninguém jamais morreu e voltou para contar como é. Mas, enquanto em vida, é legal demonstrarmos mais empatia e respeito com aquele que, vendo alguém querido fazer a passagem rumo a esse absoluto desconhecido, precisa lidar com a incerteza do destino e a dor de jamais vê-lo novamente. Que a última imagem gravada na mente dos enlutados seja a de um sorriso, de uma conversa trivial, de uma briga que seja, qualquer coisa que não a de olhos vazios e já sem vida.

Revisão do texto por Guilherme Teixeira.

Agradecimentos ao Rodolfo Viana pela leitura prévia e orientação, e à Bárbara Pessoa e Beatriz Castells pela ajuda com algumas referências e pesquisa.

Foto do topo: Mick Amato/Flickr.

  1. O problema da matéria é que ela toma uma demografia limitada e claramente longe da média como universal. Recomendo a leitura desta resposta para entender melhor o que há de profundamente errado com esse texto.

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27 comentários

  1. Excelente, como sempre. Não gosto de visualizar nada desse tipo, fotos de gente morta, vídeos de acidente, revenge porn. Acho totalmente desnecessário, pois são propositalmente de má intenção por parte de quem os divulgou, não gosto de dar “ibope” pra isso, para algo que machucam as outras pessoas. Eu estou a tentar a lembrar agora o nome daqueles filmes em que eles realmente estupravam e matavam alguém, era tudo real, e o mais assustador é que tinha uma grande demanda pra isso. Tem um nome pra essa categoria de filme, você lembra?

  2. Ótima reflexão, Ghedin! Ela me lembrou um livro que li há muitos anos na faculdade, “Diante da dor dos outros”, da Susan Sontag, e tem uma passagem nele (apesar de haver muitas outras q se coadunam ao q vc diz) q é a seguinte:

    “Todas as imagens que exibem a violação de um corpo atraente são, em certa medida, pornográficas. Mas imagens do repugnante também podem seduzir. Todos sabem que não é a mera curiosidade que faz o trânsito de uma estrada ficar mais lento na passagem pelo local onde houve um acidente horrível. Para muitos, é também o desejo de ver algo horripilante. Chamar tal desejo de ‘mórbido’ sugere uma aberração rara, mas a atração por essas imagens não é rara e constitui uma fonte de tormento interior”.

    Fiz essa leitura por conta de um trabalho acadêmico; se me lembro bem, era uma análise das fotos de Sebastião Salgado – q geralmente é acusado de estetizar a miséria e a desgraça em seu trabalho. Há muitas imagens de pessoas mortas na obra do próprio Salgado e elas, claro, além de terem evidente beleza estética, apresentam o sofrimento e a barbárie do mundo de modo muito exasperante e do qual não se deveria evitar o olhar e nem o interesse, pois desconsiderar essas ações humanas nos torna tb menos humanos.

    Sempre quando faço pesquisas aleatórias no Google Images, me deparo com imagens de pessoas mortas e, em alguns casos, apesar de não ser o objetivo da pesquisa, me detenho nelas abismado com as consequências ao corpo da violência singular da qual somos capazes ou da qual somos vítimas. (Não me sinto bem vendo essas imagens não pelos danos ao corpo propriamente, mas justamente por não ser justo que essas imagens sejam vistas dessa forma, isto é, por alguém que não tem relação com aquele contexto: não sou profissional, perito, médico ou envolvido na avaliação daquele material com intuito profissional… Condeno o meu interesse, portanto.) Deixo de me espantar pq, como a maioria, estamos de certo modo habituados a sermos expostos a esse tipo de imagem sejam reais ou, principalmente, ficcionais. Muitos filmes têm cenas que se passam numa sala de necropsia de modo até descontraído… E há aqueles q zombam da morte como o “1001 formas de morrer”…

    Há não muito tempo, ouvi um podcast do “Anti-cast” q falava de um assunto q me interessa, violência e games, e os apresentadores, abordaram o caso de um garoto aqui de SP q matou os pais policiais, sua avó e depois se matou. Falaram desse caso com total desrespeito e em tom de deboche q me fez sentir mal, pq tb poderia tratar o assunto da mesma forma em algum momento, tamanha a indiferença com a morte q nos rodeia bem de perto, apesar de pensarmos pouco nela e na nossa mortalidade. Achei escrota a forma como falaram do caso no podcast e mesmo assim continuei ouvindo, então isso foi um acréscimo ao vilipêndio, pq, claro, as imagens desse crime tb circularam pela internet…

    Sou levado a crer q é algo do nosso tempo essa tolerância cada vez maior a exposição de pessoas mortas através de imagens. Há aquelas com claro intuito de fazer sofrer, como quando policiais e outros funcionários públicos divulgam para familiares via Whatsapp imagens de pessoas mortas ou vitimadas de algum modo, e tb há o consumo de imagens de celebridades q faz com q até seja natural q uma pessoa super exposta durante a vida tb tenha a sua morte igualmente exposta numa espécie de jogo do qual não se pode sair, nem mesmo morto, já q as imagens de um acidente terrível ficarão disponíveis por tempo indeterminado.

    Enfim, há muito o que pensar sobre o assunto e seus desdobramentos no meu dia a dia.

  3. Ótima reflexão, Ghedin! Ela me lembrou um livro que li há muitos anos na faculdade, “Diante da dor dos outros”, da Susan Sontag, e tem uma passagem nele (apesar de haver muitas outras q se coadunam ao q vc diz) q é a seguinte:

    “Todas as imagens que exibem a violação de um corpo atraente são, em certa medida, pornográficas. Mas imagens do repugnante também podem seduzir. Todos sabem que não é a mera curiosidade que faz o trânsito de uma estrada ficar mais lento na passagem pelo local onde houve um acidente horrível. Para muitos, é também o desejo de ver algo horripilante. Chamar tal desejo de ‘mórbido’ sugere uma aberração rara, mas a atração por essas imagens não é rara e constitui uma fonte de tormento interior”.

    Fiz essa leitura por conta de um trabalho acadêmico; se me lembro bem, era uma análise das fotos de Sebastião Salgado – q geralmente é acusado de estetizar a miséria e a desgraça em seu trabalho. Há muitas imagens de pessoas mortas na obra do próprio Salgado e elas, claro, além de terem evidente beleza estética, apresentam o sofrimento e a barbárie do mundo de modo muito exasperante e do qual não se deveria evitar o olhar e nem o interesse, pois desconsiderar essas ações humanas nos torna tb menos humanos.

    Sempre quando faço pesquisas aleatórias no Google Images, me deparo com imagens de pessoas mortas e, em alguns casos, apesar de não ser o objetivo da pesquisa, me detenho nelas abismado com as consequências ao corpo da violência singular da qual somos capazes ou da qual somos vítimas. (Não me sinto bem vendo essas imagens não pelos danos ao corpo propriamente, mas justamente por não ser justo que essas imagens sejam vistas dessa forma, isto é, por alguém que não tem relação com aquele contexto: não sou profissional, perito, médico ou envolvido na avaliação daquele material com intuito profissional… Condeno o meu interesse, portanto.) Deixo de me espantar pq, como a maioria, estamos de certo modo habituados a sermos expostos a esse tipo de imagem sejam reais ou, principalmente, ficcionais. Muitos filmes têm cenas que se passam numa sala de necropsia de modo até descontraído… E há aqueles q zombam da morte como o “1001 formas de morrer”…

    Há não muito tempo, ouvi um podcast do “Anti-cast” q falava de um assunto q me interessa, violência e games, e os apresentadores, abordaram o caso de um garoto aqui de SP q matou os pais policiais, sua avó e depois se matou. Falaram desse caso com total desrespeito e em tom de deboche q me fez sentir mal, pq tb poderia tratar o assunto da mesma forma em algum momento, tamanha a indiferença com a morte q nos rodeia bem de perto, apesar de pensarmos pouco nela e na nossa mortalidade. Achei escrota a forma como falaram do caso no podcast e mesmo assim continuei ouvindo, então isso foi um acréscimo ao vilipêndio, pq, claro, as imagens desse crime tb circularam pela internet…

    Sou levado a crer q é algo do nosso tempo essa tolerância cada vez maior a exposição de pessoas mortas através de imagens. Há aquelas com claro intuito de fazer sofrer, como quando policiais e outros funcionários públicos divulgam para familiares via Whatsapp imagens de pessoas mortas ou vitimadas de algum modo, e tb há o consumo de imagens de celebridades q faz com q até seja natural q uma pessoa super exposta durante a vida tb tenha a sua morte igualmente exposta numa espécie de jogo do qual não se pode sair, nem mesmo morto, já q as imagens de um acidente terrível ficarão disponíveis por tempo indeterminado.

    Enfim, há muito o que pensar sobre o assunto e seus desdobramentos no meu dia a dia.

  4. Sempre detestei esse tipo de “conteúdo”, desde a época das famigeradas fotos dos Mamonas Assassinas. Não curto filme de terror (sério, pagar para tomar susto?), passo direto em acidentes olhando para o outro lado.

    Em contrapartida sou extremamente racional quando o assunto é familiar: não tenho medo (nem pena) de segurar minha filha de 2 anos para exames de sangue ou de qualquer natureza, fiquei com meu pai no hospital, prestando assistência, por bons períodos sem problemas.

    Com relação à morte, como fato da vida, sou extremamente frio, acho que a reação é puramente cultural: aqui choramos os mortos, na Índia a morte é comemorada e assim por diante.

    Pode parecer contraditório mas são dois aspectos, a morte como fato e a morte concreta, física. Parando para pensar é meio estranho isso…

  5. Meus pais me proíbem de jogar FPS, mas eles amam assistir esses programas de TV que só mostram crimes e violência. Eu não entendo…

    1. Cê fala atualmente ou antigamente? Se for atualmente, quantos anos você tem? Se for antigamente e você hoje tem mais de 15, temos que entender uma coisa. A cultura nossa pede prevenção em relação as crianças estabelecerem contato com algo que as pessoas hoje consideram banal, mas não querem mais que seja – no caso a morte.

      Um familiar que proíbe sua prole de ver algo violento, mas em compensação vê algo violento sem a presença da prole, não está de todo errado. Só apenas lhe resguarda da violência que pode de alguma forma influenciar sua vida. Seja em uma ficção ou não.

      Quando mais velho ficar, mais maduro entenderá a situação, e poderá ver qualquer coisa.

      Em tempos: não é qualquer família que tem tino social similar ao descrito pelo Thiagones. A maioria das famílias hoje parte pelo jeito autoritário – pode, não pode.

      1. Tenho 16 anos. É estranho que eu que comprei o console, o jogo, eu jogo no meu quarto, não atrapalho ninguém e não posso jogar. Conhece o jogo PVZ (jogo com visual cartoon de plantas contra zombies)? Bem, eles me proíbem de eu jogar isso! Mas por outro lado, permitem que eu assista filmes, televisão, série… Eu apenas jogo escondido rs

        1. Entendi. :)

          Se me permite uma sugestão, tenha uma conversa legal com seus pais, se você se sentir confortável para tal. Conversando, tudo se resolve e todos se entendem.

          E estranho proibir Plants vs. Zombies (conheço, mas não jogo). Tom & Jerry tem mais violência e sarcasmo que isso… :p (Eis um argumento para usar ;) )

  6. Bom, pode ser leiguice, mas está correto:

    “[…]mas são abundantes na Internet e fonte de uma curiosidade gigantesca de pessoas, a maioria não assassina, ‘nem pervertida’.[…]”?

    Ótimo texto, como praxe. Mas algumas observações, o ser humano, sempre tem algum gosto que é considerado extraordinário, fora do comum, ou mórbido em seu ciclo de convivência, se não me engano, Ghedin gosta de Kate Perry, algo que é considerado fora do padrão, pois o guri é homem com mais de 2x+ anos de vida e não está ligado diretamente aos ciclos que gostam da mesma, e por isso, foi motivo de chacota, mesmo que entre amigos. Certas coisas que são tabus na sociedade como um todo são levadas com tom sério e desaprovador, tente falar com pessoas de mais de 70 anos sobre sexo? Lembro que para meu vô sexo era exclusivamente para reprodução, e não se falava mais nisso. Com meu pai, já fui para zona para virar homem, e depois para namorar e casar. Hoje em dia, mesmo que com certo preconceito, sexo casual é algo deveras natural. E acho que vamos chegar nesse entendimento sobre a morte. Já quase perdi uma sobrinha por um acidente de trânsito, e lembro até hoje de quanto eu bati naquele cara, tenho remorso até hoje por pensar em tirar a vida de alguém à não ser a minha. Acho que consumir morte por prazer seja algo estranho, respeito e só peço que não me mostrem pois não gosto. Já vi gente morrer, não é algo belo nem mórbido, é vida. E quem consome tal está apenas sendo humano e tentando descobrir ou ao menos esclarecer a única certeza da vida. Lembro ter visto um site dedicado à publicar as últimas palavras de pilotos, resgatadas das caixas pretas. De fato, é incrível ver certos relatos, por mais chocantes que sejam, fazem-lhe refletir, repensar e mudar de vida.

    A morte é um perigo constante, atenuado pela violência contidiana, me fizeram escolher ir para o Canadá, pois, quero minimizar os fatores evitáveis, por assim dizer, para ficar mais tranquilo, e não estar em vigilância constante nessa cidade que não dorme.

    Abs.

    E Ghedin, ótimo texto, de novo!

  7. Uma coisa que penso é que qualquer atitude que temos é uma atitude feita por humanos, uma atitude humana, seja benigna ou maligna.

    Definimos muito a humanidade como “algo do bem, de auxiliar o próximo”… isso é altruísmo. Somos humanos e de certa forma somos animais também. Então mesmo a morte ou a tortura não é algo “desumano”. É algo que fazemos por ser humano E animal.

    A curiosidade pela morte (algo que sinceramente me causa repulsa… não aguento nem injeção… :p ) é algo até comum. Por sermos animais, vemos a morte como algo também a ser entendido o “os quê” e “os porquês”. O que causou a morte? Por quê foi causada a morte?

    No meu meio de amigos, noto que alguns compartilham videos por entretenimento (geralmente são aqueles que a morte tem algum fator bizarro que cria o cúmulo). Até estes amigos acham estranho eu não gostar da cena…

    Tem a questão da “empatia” também. Evitar o vilipendio é uma forma de luto, e geralmente quem o faz é por se sentir respeitoso com a vítima. Quem vilipendia não está em luto, apenas vê a morte como “algo comum”, a mais.

    A propósito, tem este texto no Motonline que tem um pedido para evitar compartilhamentos – algo comum entre motociclistas…

    http://www.motonline.com.br/noticia/voce-divulga-imagens-de-mortos-em-acidentes-leia-isso-por-favor/

  8. Não li a matéria, mas tenho uma obs.

    Ela estava pronto há alguns dias, né?
    Ela já tinha sido indexada pelo Google e aparecia no meu Google Now. Não abri, mas a chamada tá lá nos meus cards. Não sei se isso é um problema, mas fica aí a obs.

  9. Há um cara que já morreu e voltou. E a curiosidade dos que estiveram com ele para que lhes mostrasse suas feridas fatais apenas reforça essa curiosidade humana. Mas aqui não é o lugar para me alongar nisso.

  10. foi uma bela leitura pós almoço, com direito a esquecer o café esfriando na mesa..

    Esse assunto remete ao meu pai, pois ele sempre nos orientou sobre a morte de uma forma natural, algo sem um grande tabú por trás. Eu devia ter uns 11 ou 12 anos quando uma bisavó morreu e ele me permitiu entrar no quarto dela para saciar a curiosidade pré adolescente. Explicou com serenidade, porque ela estava fria e o que quimicamente estava ocorrendo com aquele corpo. Note, ele não se apegou a religião (que ele tinha e que também falamos, posteriormente) mas sim puramente ao processo fisiológico da morte. Foi um professor quebrando uma curiosidade, um tabú e preparando um aluno e filho. Também lembro de ter assistido, ainda antes da internet comercial, o famoso documentário em VHS “Faces da Morte”. Meu pai – sabendo da curiosidade da molecada em ver o vídeo- pensou rápido e fez diferente. Me permitiu assistir, mas, com ele ao lado. Tivemos uma boa conversa sobre o assunto (que não me lembro o conteúdo).

    Acho que essa orientação que tive ajudou a lidar com isso de forma natural. Em uma dessas grandes ironias da vida, quando meu pai se foi, de forma abrupta, lidei bem com tudo que era inerente ao corpo. Eu estava devastado pela morte dele. Mas no que se refere ao trâmite técnico, não passei por nenhum abalo. Forte? Nada.. Apenas preparado.

    Eu realmente consigo entender essa curiosidade sobre a foto do Cristiano e sua namorada, assim como as fotos de “pequenos pedaços de carne” de alguns acidentes aéreos recentes. Eu mesmo tive curiosidade nesses últimos, é uma maneira de enxergar o que vai ocorrer com vc em um desastre aéreo. Mas só vi porque chegou e não compartilhei ou busquei. Não iria atrás.

    Adorei o final desse post. Você pode ser ateu ou um beato fiel….. mas o que tem que ficar na mente é a pessoa viva, como a imagem do casal nesse post. Era isso que eles eram.

    A pessoa morta é apenas uma etapa de representação, um momento que apenas retrata uma mudança fisiológica (E religiosa, para muitos) de estado.

    Falei do meu exemplo nesse comentário. Mas é apenas pra ratificar a conclusão do texto.

    1. Meu pai tb alugou esses famigerados “Faces da morte”… Recordo-me q havia várias sequências. Totalmente pré-internet… Mas não me lembro do meu pai ter falado nada sobre o assunto. Acho q apenas assistimos.

  11. Durante a faculdade eu tive aula de medicina legal com um perito legista aposentado da Polícia Civil. Após um extenso conteúdo teórico tivemos acesso às imagens que contextualizaram nossas aulas inclusive ao vídeo de uma necropsia. Eu nunca busquei esse tipo de conteúdo na Internet, não me senti mal ao ver cadáver em diferentes estados. Acredito que seja proveitoso nós termos essa noção de como somos.

    Para quem tem nojo de sangue, de ver corpos abertos etc. Eu recomendo que trabalhe para perdê-lo. Pois pode ser que no futuro seja necessário ajudar o semelhante em algum acidente, por exemplo. E, infelizmente, muitas pessoas “travam”.

  12. Um comentário para o Guilherme Teixeira: encontrei apenas um erro de gramática: “que trata-se”. O pronome relativo “que” atrai o pronome oblíquo átomo “se”. Portanto, há a próclise. Parabéns pelo trabalho!

  13. Só quero deixar registrado que pelo menos eu consegui ler o texto inteiro. Duração da leitura: 20 minutos.

  14. @Ghedin, blz?

    parabéns pela abordagem do assunto e, talvez, pelo ineditismo também.

    sobre o que vc falou em relação à pornografia, quero lhe trazer um artigo que li recentemente (e ajudei a traduzir), para seu conhecimento:

    “The New Narcotic

    New neurological research reveals that porn is as potently addictive as heroin or cocaine.”

    o link para o artigo está aqui:

    http://www.thepublicdiscourse.com/2013/10/10846/

    grande abço,

    Deus o abençoe.

    ps. vc tem algum parentesco com Sílvio e Amanda Ghedin, da Blueberry?

    1. Valeu pelo link!

      Sobre o Sílvio e a Amanda, talvez sejamos parentes (tem Ghedin em vários cantos do Brasil), mas não os conheço. Pesquisei aqui e vi que são de Criciúma… Hm, isso é curioso. Parte da minha família viveu um tempo lá, beeem antes de eu existir. Mundinho pequeno.