O Artifact, novo aplicativo dos criadores do Instagram, Kevin Systrom e Mike Krieger, derrubou o sistema de convites e agora qualquer pessoa pode usá-lo.
Fiz isso e mostro a você o que o aplicativo, que promete uma curadoria de conteúdo em texto à moda TikTok, fortemente influenciada por um algoritmo de recomendação, tem a oferecer.
Sem surpresa, o Artifact é um belo aplicativo.
As telas e transições são elegantes, a usabilidade, muito boa, e, pelo menos por ora, o aplicativo não passa a sensação caótica de ter muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
A tela principal é uma lista infinita de cartões de posts/conteúdos em texto, organizados por uma inteligência artificial de aprendizado contínuo — ela analisa o que você mais lê e como lê e recomenda conteúdo relacionado com base nesses dados.
Na terceira aba, a do perfil, aparecem estatísticas de categorias e editoras/sites mais vistos, e seu histórico de leituras.
O Artifact usa um tipo de “gamificação”, condicionando elementos — como histórico, as mencionadas estatísticas — a metas de “leituras” e um contador da sequência de dias em que o aplicativo foi aberto.
O aplicativo entende como “leitura” o simples clique em um link, porém.
Não que ele não te monitore de perto: no histórico de leituras, o Artifact indica o percentual atingido de cada post acessado. É uma mensuração falha, pois considera a página web inteira e, na maioria dos casos, o texto termina muito antes do rodapé.
Ah, vale mencionar que o Artifact leva a pessoa aos sites dos jornais/publicações. Eles devem usar algum sistema de cache, porque o carregamento parece mais rápido que o feito em navegadores comuns.
Existe um modo de leitura sem distrações, mas é evidente que não se trata de algo incentivado: para acessá-lo, é preciso tocar na seta à direita do menu do rodapé e acioná-lo tocando em Reader Mode no menu — é o último item.
Conteúdo “only in English” (somente em inglês)
Um detalhe legal do “onboarding” do Artifact, ou seja, do primeiro acesso, é que ele não exige a criação de uma conta logo de cara. Dá para usá-lo sem ceder seu número de telefone, embora alguns recursos sociais fiquem limitados.
Nesse “onboarding”, o Artifact oferece alguns assuntos e pede a você para que marque aqueles que lhe interessam.
Outro cuidado é o de compatibilizar as leituras com assinaturas de jornais que você tenha. O algoritmo dá mais peso às que você marcar como sendo assinante.
Ao contrário de outras soluções do tipo, como Flipboard e agregadores de feeds RSS, o Artifact não permite a inclusão de fontes aleatórias. A curadoria é fechada nos sites pré-selecionados pela plataforma.
Você usa o Flipboard? O Manual tem uma revista lá. Se costuma receber notícias/posts pelo Chrome ou Google News, também estamos ali.
O máximo que dá para fazer no Artifact é sugerir uma publicação, nas configurações da aba Perfil, e torcer pelo melhor.
A última atualização do Artifact trouxe um curioso botão de “não curti”, para sinalizar ao algoritmo de recomendações conteúdos que lhe desagradem. Note que não existe um botão oposto, de curtir — em tese, a IA aprende automaticamente os seus gostos.
Mais do mesmo
À primeira vista, o Artifact não traz novidades à mesa. Ele lembra muito outros aplicativos do gênero, e que já estão por aí há anos, como Flipboard, Google News e aquele feed de posts do Chrome.
E tudo bem, a grande aposta do Artifact não é mesmo mudar a maneira de ler. O negócio dele é revolucionar a forma como encontramos conteúdo, e isso demanda tempo — para refinar o algoritmo, supostamente superior, e para observar o impacto das sugestões sociais, baseadas nas atividades da sua rede de contatos.
Nesse sentido, a limitação das fontes de conteúdo pode ser um problema. É difícil ter aquela sensação de descobrir uma pérola escondida quando as fontes são New York Times, CNBC, Wall Street Journal, Washington Post e afins — coisas que, de uma maneira ou outra, já tenho contato por outros meios.
Testei e parece um Flipboard sem a transição de flip. Só mesmo se o algoritmo for algo sensacional e descobrir textos incríveis baseados nas nossas preferências. Mas, sinceramente, o Flipboard me atende muito bem nos últimos 10 anos.
Mas é um tiktok de texto ou mais uma lista de artigos de 3os? Pergunto pq a metáfora “tiktok de textos” (que talvez esteja sendo adotada por eles) me dá a impressão de que as pessoas publicariam ali seus próprios textos, do mesmo jeito que o tiktok faz com os vídeos curtos, mas a descrição na matéria deixa mais parecido com o feed do Google
Lista de artigos de terceiros. Não dá para publicar nada no Artifact em si; ele só ordena, faz curadoria de posts da web.
Achei bom até, eu bloqueio o feed do Google no app e no Chrome porque dá muito conteúdo de baixa qualidade, no artifact parece ter uma boa seleção.
Na real não era o que eu esperava, achei que as pessoas iam escrever no app e isso que seria compartilhado. A ideia de uma rede popular que link textos me parece muito boa para um ecossistema mais diverso de sites e web.
Ah, e comecei a usar o nextdns e algum dos blockers dele mata totalmente o app. Curioso, não?
Quais listas de bloqueio você está usando? Também tenho o NextDNS e aqui o Artifact funciona de boa com ele ativo.
Pelo log o domínio api.artifact.news foi Bloqueado por Domínios recém-registrados (NRDs).
Estava realmente usando essa opção e consegui reproduzir ligando e desligando.
Ah, é isso. Eu não deixo essa opção ativada.
Seria melhor se ele abrisse os artigos no navegador padrão do usuário, assim poderia utilizar o recurso de tradução automática, assim como o bloqueador de ads.
Mas aí não conseguiria te espionar sabendo se você leu até o final ou não 👀
Eu sou relutante a isso. Ainda prefiro uma curadoria humana de textos. Um dos grandes motivos pelos quais gosto daqui, inclusive.
RSS não pode jamais morrer.
Digo o mesmo. Não gosto nenhum pouco da ideia de algo algoritimizado ditando o que devo ou não ver.
Que bom que roda no iPad.
Vou testar. Gosto das recomendações de leitura que o Pocket envia por e-mail. Se for algo parecido e mais diversificado, é interessante.
Agora sobre este post, ficou estranha a diagramação das imagens, alinhadas à direita. E a última ficou com um grande espaço vazio da metade para baixo. Print: https://snipboard.io/5cPmEQ.jpg
Acho que a newsletter do Pocket tem dedo de ser humano, não? Ou é automatizada?
Havia corrigido o grande vazio ali antes do subtítulo, mas esqueci de limpar o cache da Cloudflare. Limpe aí do seu navegador ou acesse o post no modo anônimo que vai aparecer certo. Valeu pelo toque!
Sim, acho que tem um dedo humano, apesar que imagino que tenha algo relacionado com a quantidade de “save to Pocket”. Mas comentei mais pela recomendação do que ler, que também é a proposta do Artifact. Com dedo humano ou de IA, se me der boas recomendações, acho que usaria o app.
Sobre o vazio, agora está certo.
Gosto do Pocket. Uso desde da abertura ao público e tem me auxiliado muito ao longo destes anos. Mas faço a ele a mesma crítica feito ao Artifact: idioma. Sugestões em inglês acaba fazendo com que eu use o Pocket apenas como um “Para ler depois” deixando de lado a função de encontrar outras leituras. É muito comum as pessoas dizerem “aprende inglês”. Não sou fluente mais leio razoavelmente bem. O suficiente para entender a documentação do Arch ou jogar algum RPG de Texto genérico. Mas gosto de ler coisas no meu idioma. No caso do Pocket entendo que ele não é muito usado por aqui o que não justifica investimento em tecnologia para incluir os artigos em português. Espero que o Artifact se torne mais popular em terras tupiniquins e nos ofereça conteúdos e nossa língua máter. Ah! O Medium também me deixa triste. Sempre tive dificuldades com as sugestões. São quase sempre em inglês, mesmo que todas as páginas que sigo sejam em língua portuguesa. Talvez seja momento de eu para de reclamar, aprender a programar e criar uma solução brasiliana para este uso.