Desde que os primeiros batuques foram ouvidos a música tem sido usada para, entre outras coisas, exaltar as paixões humanas. Traduzimos em ritmo e poesia as maravilhas naturais do mundo, nossas musas, os grandes heróis e seus feitos; descrevemos épocas, histórias e comportamentos dos mais diversos. Muita gente não vive sem música; não seria exagero dizer que o contrário também é verdadeiro.
Se estendermos o conceito de “tecnologia” para além de bits e pastilhas de silício, o barulho (com o perdão do trocadilho) da sua participação na música é ouvido de longe. Do aprimoramento dos primeiros tambores aos sintetizadores e editores digitais de hoje, essas áreas sempre foram indissociáveis. Não há música sem a tecnologia garantindo a execução, captação e reprodução nos bastidores.

Eventualmente os papéis se misturam e de um suporte ou auxílio, a tecnologia passou a ser o motivo da arte, a temática da narrativa. Isso nos remete ao início do texto: cantamos sobre tudo. É algo tão óbvio que não raramente nos escapa. Quando Leandro & Leonardo cantaram pela primeira vez “Pense em mim, chore por mim, liga pra, não, não liga pra ele”, em 1990, eles colocaram no cancioneiro popular brasileiro uma tecnologia super avançada que, de tão massificada, passou despercebida: o telefone. Àquela altura, fazer ligações já era algo trivial e tal papel coadjuvante, apesar do grande avanço que essa tecnologia representou, se repetiu na letra da música.
A tecnologia de consumo, essa embarcada em smartphones, tablets e outros gadgets contemporâneos, evoluiu a passos largos nas últimas décadas. Nos anos recentes, sua popularidade teve uma guinada sem precedentes. Embora quase 1/3 da população mundial já use smartphones, ele ainda não está tão enraizado como o telefone estava na época em que Pense em mim foi composta. Esse detalhe, porém, não impediu que os compositores começassem a explorar essa nova realidade criando músicas sobre os apps e redes sociais que tanto usamos. Continue lendo “Do Orkut ao WhatsApp, como a música brasileira retrata os apps e redes sociais que todos usamos”