TikTok e a queda das gigantes das mídias sociais

TikTok e a queda das gigantes das mídias sociais (em inglês), por Cal Newport na New Yorker:

Esta rejeição do modelo de grafo social permitiu ao TikTok burlar as barreiras de entrada que protegiam de fato as primeiras plataformas de mídias sociais, como Facebook e Twitter. Ao separar a distração das conexões sociais, o TikTok pode competir diretamente pelos usuários sem a necessidade de primeiro construir cuidadosamente uma rede subjacente, conexão por conexão. Sob qualquer ponto de vista, esta blitzkrieg de atenção tem funcionado incrivelmente bem. Estima-se que TikTok tenha um bilhão de usuários mensais ativos, número que atingiu em tempo recorde, e, de acordo com alguns relatórios o aplicativo é usado em sessões de em média 10,85 minutos, o que, se for verdade, são muito maiores do que a de qualquer outra grande rede social. Enquanto isso, a empresa-mãe do Facebook perdeu recentemente mais de US$ 230 bilhões em valor de mercado em um único dia, logo depois de anunciar que o crescimento da base de usuários havia estagnado. Analistas identificaram o TikTok como um fator importante nessa desaceleração.

Esses desenvolvimentos colocam as empresas tradicionais de redes sociais, como o Facebook, em situação de alerta. É óbvio que, se não fizerem movimentos para deter o fluxo de usuários saindo de suas plataformas para o TikTok, seus investidores se revoltarão e o valor de mercado continuará caindo. Isso explica a recente transição do Facebook para vídeos curtos e recomendações algorítmicas de conteúdos não publicados por amigos. Talvez menos óbvio, porém, é o perigo a longo prazo de se afastar do modelo centrado em conexões que tem servido tão bem à a empresa. É improvável, no momento, que um novo rival consiga construir um grafo social de tamanho ou influência comparáveis aos das plataformas legadas como o Facebook e o Twitter — é simplesmente muito difícil começar do zero quando esses serviços amadurecidos já existem. Daí resulta que, enquanto essas plataformas legadas se basearem nas suas redes subjacentes como fonte primária de valor, elas manterão uma espécie de proteção monopolista dentro da economia de atenção mais ampla. Se, em vez disso, elas se afastarem das suas fundações no grafo social para se concentrarem na otimização do engajamento momentâneo, entrarão num cenário competitivo que as coloca diretamente contra as muitas outras fontes de distracção móvel que existem hoje — não apenas o TikTok, mas também redes sociais mais personalizadas e especializadas, tais como a sensação Gen-Z BeReal, para não falar dos populares streamings de vídeos, podcasts, video games, aplicativos de auto-aperfeiçoamento e, para a demografia um pouco mais velha a que pertenço, o Wordle.

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