Na China, tecnologia sob controle (talvez).

Quem acompanha as edições da Shūmiàn já está careca de saber das regulamentações no setor de tecnologia na China, especialmente afetando as gigantes. Por exemplo, em 2021, os robotáxis chegaram a Shenzhen para serem testados. Desde 1º de agosto, veículos autônomos privados ou comerciais podem circular em certas vias da cidade — como contamos aqui, testes vinham acontecendo desde o ano passado. A regulação sobre o uso dos veículos é um passo importante para assegurar o bom funcionamento da tecnologia, especialmente no caso de acidentes.

Ainda que as recentes leis tenham trazido bons efeitos, como a proteção de dados (e a multa recente da DiDi é prova disso), elas também tiveram consequências econômicas ao restringir a atuação das gigantes de tecnologia.

Com a contração das atividades, as demissões (e a ameaça delas) têm sido uma constante, como já comentamos. A Alibaba, por exemplo, reduziu sua força de trabalho de forma dramática: foram 10 mil pessoas a menos nos últimos três meses. São vários os sinais de que o inverno vem aí para muita gente no setor. Para se proteger dos perigos, tem quem esteja diversificando de um jeito peculiar — como a ByteDance, dona do TikTok, que decidiu adquirir uma empresa que opera hospitais privados na China, a Amcare Healthcare.

E é sempre bom lembrar dos usuários em meio a essa crescente transformação digital, especialmente na área de saúde. Uma matéria da Sixth Tone conta como os idosos chineses precisam enfrentar um labirinto de aplicativos em meio à campanha de Covid Zero. A falta de inclusão digital torna esse grupo marginalizado, afeta sua saúde mental e o deixa mais propenso a sofrer golpes. Para quem consegue usar os apps, o problema é outro: um hacker afirma ter roubado, a partir do aplicativo de controle de covid-19 de Shanghai, as informações de 48,5 milhões de pessoas, entre cidadãos e visitantes, conta a Reuters. Assim como no vazamento de julho, esses dados estariam guardados numa nuvem do Alibaba, o que pode significar mais um momento ruim para a empresa.

Para fechar: a pauta em torno da economia digital é certamente uma das mais quentes quando falamos de China, com discussões sobre centralização ou experimentação local, o papel do Estado, e incentivos à pesquisa — o que levou a China a se tornar uma potência acadêmica, com mais citações do que os EUA. O People’s Daily recentemente fez um apanhado de inovações de ciência e tecnologia no país na última década.


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