Os óculos de realidade aumentada da Xiaomi

Homem branco, de cabelo curto e camiseta bege, usando um par de óculos enorme, com bordas prata e preta, enquanto segura um celular branco em frente ao rosto.
Foto: XDA-Developers/Reprodução.

Este é o Xiaomi Wireless AR Smart Glass Explorer Edition, protótipo de óculos de realidade aumentada (RA) da fabricante chinesa. Ele foi exibido Ben Sin (e somente a ele), do site XDA-Developers, no MWC 2023, em Barcelona.

Feio que dói, os óculos de RA da Xiaomi não têm previsão de serem comercializados. Sin especula que isso se deve à bateria (dura ~30 minutos), mas talvez um Google Glass mais desengonçado, ainda que tecnicamente melhor, não tenha muito apelo junto ao grande público?

Há quem argumente que estamos vivendo a fase “celulares Nokia/Motorola pré-iPhone” desses óculos, e que, se a história se repete, nos próximos meses ou anos a Apple lançará um modelo super legal, que validará o segmento e será copiado por empresas como a própria Xiaomi. É uma aposta, mas hoje não temos sequer um óculos equivalente ao “Nokia/Motorola pré-iPhone” da analogia com celulares. Via XDA-Developers (em inglês, com várias fotos).

Por que Google Pixel 7 e não Xiaomi 12T?.

Dos dois lançamentos da semana, em termos lógicos para a maior parte do globo, os Xiaomi 12T e 12T Pro são mais relevantes que os Pixel 7 e Pixel 7 Pro, e não apenas porque os Pixel continuam sendo acessíveis apenas em alguns países do Norte Global, enquanto os 12T estarão disponíveis globalmente.

Os 12T “normal” e Pro se parecem muito: ambos têm a promessa de 3+4 (3 atualizações de versão Android, 4 anos de atualizações de segurança), bateria de 5.000 mAh e carregador 120 W. No entanto, o 12T Pro tem Snapdragon 8+ Gen 1 e câmera com sensor de 200 megapixels (mas sem Leica), enquanto o 12T “normal” tem que se contentar com um chip Dimensity 8100 Ultra e uma câmera traseira de 108 megapixels.

A € 599 (12T) e € 749 (12T Pro), ambos serão um sucesso indiscutível nessas faixas de preço e nesse mercado de “flagship killing” que é disputado especialmente entre as chinesas.

(Os interessados em reviews tem o Xiaomi 12T e o Xiaomi 12T Pro no GSMArena.)

No entanto — e é sempre importante reforçar isso quando se fala de Google Pixel —, a linha Pixel é a realeza do mundo Android. É o telefone contra o qual todos os outros telefones Android são comparados, mesmo que na prática venda pouquíssimo. É o veículo do Google para mostrar para onde o mundo Android deve seguir.

Na atualização anual dos Pixels, o Google usou um termo muito usado no resto do mundo Android em 2022: refinamento. É o chip Google Tensor G2 e sua melhora em consumo de energia e aprendizado de máquina, são as telas praticamente iguais às da linha 6, são as câmeras com algumas melhoras (bem mais no 7 Pro que no 7 “normal”), é a nova temporada de facilidades dos Pixels com doses cavalares de inteligência artificial…

Uma coisa que não mudou? Os preços. Uma coisa que voltou? Os mimos dos Pixels — agora a VPN que originalmente era só do Google One de 5 TB pra cima. Uma coisa que melhorou? Estará à venda em um recorde de… 17 países, Brasil de fora.

Ah, outra coisa que não mudou: coisas que também já eram esperadas: o Pixel Watch, o novo porta-bandeira do WearOS, e o segundo teaser do Pixel Tablet, reforçando a visão do Google para o tablet como parte da casa, já que vai ter um berço próprio que o faz parecer muito um Nest Hub ou Echo Show.

(Aos interessados em “hands-on”, tem os 7 e 7 Pro e o Pixel Watch no The Verge.)


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Não está sendo fácil para os trabalhadores de TI na China.

A Xiaomi anunciou na sexta-feira (19) que, nos três meses anteriores, demitiu 900 pessoas, ou quase 3% de sua força de trabalho, como reportou o South China Morning Post.

O período foi marcado por uma queda de 83,5% no lucro líquido da empresa, que ficou em ¥ 1,4 bilhão (cerca de R$ 1 bilhão) — no mesmo período no ano anterior, o lucro tinha sido de ¥ 8,3 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões).

Em declaração a analistas, o presidente da companhia explicou que os resultados negativos podem ser atribuídos aos impactos da covid-19 no mercado chinês e à inflação global, além de um ambiente político “complexo” — a empresa vem tendo problemas na Índia, seu maior mercado fora da China.

Como comentamos na semana passada, no mesmo trimestre a Alibaba realizou 10 mil demissões. Reforçando o pessimismo, no começo da semana passada o fundador da Huawei circulou um memorandointerno para funcionários pedindo foco na lucratividade da empresa para aguentar a recessão global dos próximos três anos.


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Tem um celular na nova câmera da Xiaomi

Três aparelhos Xiaomi 12S Ultra, dois deles de costas, exibindo a grande câmera que ocupa 1/3 da área. O da frente está virado para frente, exibindo uma foto de um círculo vermelho em um ambiente escuro, com a frase (em inglês) embaixo: “Capture o momento”.
Foto: Xiaomi/Divulgação.

Ok, isso está ficando meio ridículo. O recém-anunciado Xiaomi 12S Ultra tem um conjunto de câmeras que ocupa 1/3 da parte de trás do aparelho. (Lembra, de certa maneira, o saudoso Lumia 1020.)

A câmera do 12S Ultra foi desenvolvida em parceria com a Leica, venerada fabricante alemã de câmeras. A lente principal, de 50,3 megapixels, usa um sensor da Sony de 1″ (IMX989), o mesmo que a fabricante japonesa usa na simpática linha de câmeras dedicadas RX100.

O Xiaomi 12S Ultra e suas variações mais humildes, 12S e 12S Pro, serão lançados inicialmente na China, ainda sem data exata. O modelo de entrada do 12S Ultra sairá por ¥ 5.999 (~R$ 4.770); o mais caro, por ¥ 6.999 (~R$ 5.565). Via Xiaomi (em inglês).

Empresas chinesas de tecnologia estão saindo da Rússia na maciota por causa da invasão da Ucrânia

Segundo reportagem do Wall Street Journal, grandes companhias como Lenovo e Xiaomi estão interrompendo entregas para o mercado russo para não sofrerem as penalidades das sanções impostas pelos EUA contra Moscou.

A limitação dos negócios com a Rússia, no entanto, não é acompanhada por declarações que condenem a guerra, uma vez que Pequim se opõe abertamente às sanções estadunidenses.

As exportações chinesas de produtos de tecnologia para a Rússia caíram significativamente desde o início do conflito. Fornecedores estadunidenses estariam pressionando compradores chineses a obedecerem às sanções.

Vale notar que até agora Pequim ainda não usou a Lei Antissanções para advertir as empresas chinesas que estão seguindo as regras impostas pelos EUA.

Entretanto, outros laços comerciais entre China e Rússia se intensificaram nos últimos meses. Uma matéria da Reuters conta como os bancos russos estão contratando empresas chinesas capazes de fornecer chips para cartões bancários, os quais estão em falta na Rússia desde a imposição de sanções por EUA e União Europeia. Já o SCMP relata que as exportações russas de gás natural para a China aumentaram 60% nos primeiros quatro meses de 2022.

No meio do imbróglio diplomático enfrentado pela China desde a invasão russa da Ucrânia, a classe política do país asiático parece estar sofrendo consequências também. Segundo análise de Logan Wright para o The Wire China, tecnocratas e políticos estariam em rota de colisão sobre o que fazer com relação à guerra na Europa.


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Xiaomi condena 100 milhões de usuários a verem conteúdo apelativo da Taboola em seus celulares.

Xiaomi e Taboola anunciaram uma “parceria estratégica de longo prazo” nesta quarta (13). Sem especificar uma data, as duas empresas avisaram (ameaçaram?) que conteúdos do Taboola News serão exibidos na tela de bloqueio de mais de 100 milhões de celulares da Xiaomi em 60 países. O comunicado à imprensa não menciona países específicos, mas foi enviado a veículos no Brasil, logo…

Para quem não ligou o nome à empresa, a Taboola é responsável por gerar carrosséis de “nãotícias” no rodapé de notícias de verdade. Suas chamadas são para conteúdo no mínimo questionável; boa parte é de sensacionalismo barato, mas, não raro, aparecem mentiras deslavadas e coisas que beiram o criminoso. Apesar disso, seu produto está em uma infinidade de sites noticiosos, incluindo alguns renomados como Folha de S.Paulo e O Globo, os principais jornais do Brasil.

A única explicação para a onipresença do Taboola (e do Outbrain, rede rival no segmento de publicidade apelativa) é pagar muito bem. Bom para a Xiaomi, não tão bom para os usuários de Xiaomi que agora se depararão com pérolas como “Pílula natural para homens restaura sua virilidade e vigor” e “Médico Alerta: Pressão alta é um fator de risco. Se você toma Losartana, tente isso” — esses e outros exemplos estão nesta coluna do The Intercept Brasil.

A Taboola é uma das melhores justificativas para se instalar bloqueadores de anúncios em dispositivos que acessam a web. Não sabe como fazer? Siga por aqui.

Mi 11 Ultra tem uma telinha extra no calombo das câmeras

Dois celulares Mi 11 Ultra, um branco e outro preto, deitados com as telas viradas para baixo, exibindo o calombo das câmeras.
Foto: Xiaomi/Divulgação.

A Xiaomi anunciou o Mi 11 Ultra, seu novo celular topo de linha. Tudo é superlativo nele e, entre tantos números enormes, os da câmera se destacam. Não só por ter alcançado o topo do ranking Dxomark, mas pela aparência: trata-se de um conjunto de três câmeras em um calombo nas costas tão avantajado que foi possível colocar uma mini-tela secundária, de 1″. A telinha exibe data, hora e notificações e, quando a câmera está ativa, vira um viewfinder.

Outra coisa legal é a bateria, ou as baterias (são duas, como nos RoG Phone 5 da Asus e OnePlus 9 Pro), que podem ser recarregadas de zero a 100% em 36 minutos, com fio ou sem fio — o tempo de recarga é o mesmo. Na Europa, custa € 1.199 (~R$ 8 mil). Ainda sem previsão de chegar ao Brasil. Via Xiaomi (em inglês).

Xiaomi vende apenas 6% de celulares sem carregador de parede na caixa.

O Mi 11, último celular topo de linha da Xiaomi, saiu em duas versões na China: uma sem o carregador de parede na caixa (como o iPhone) e outra em um “kit”, com um carregador GaN de 55 W, ambos pelo mesmo preço. No primeiro dia à venda, 350 mil unidades do Mi 11 foram compradas. Dessas, segundo a própria Xiaomi, apenas 20 mil, ou 5,7% do total, foram da versão sem o carregador, chamada de “Edição Verde”.

Segundo o Gizmochina, a paridade de preços entre as versões é por tempo limitado. Depois disso, o kit com o carregador ficará ~US$ 15 mais caro. Via Xiaomi/Weibo (em chinês), Gizmochina e GSMArena (em inglês).

Mi 11 com e sem carregador de parede custará o mesmo preço.

A Xiaomi anunciou oficialmente o Mi 11, primeiro celular do mundo com o novo chip Snapdragon 888, e detalhou a remoção do carregador de parede da caixa do aparelho. Segundo um porta-voz da empresa, a remoção só vale para a China. Lá, o Mi 11 será vendido em duas versões, uma sem o carregador, e outra em um pacote com o de de 55 W, ambas pelo mesmo preço de cerca de US$ 650. Via Android Authority (em inglês).

Novo celular da Xiaomi virá sem o carregador de parede na caixa.

Lei Jun, CEO da Xiaomi, confirmou em uma rede social chinesa que o Mi 11, que será apresentado oficialmente nesta segunda (28), virá sem o carregador de parede na caixa, seguindo o exemplo da Apple. A alegação é a mesma: pelo meio ambiente.

Em outubro, no perfil oficial da Xiaomi: “Não se preocupe, não deixamos nada de fora da caixa do Mi 10T Pro”, com um vídeo da caixa do celular que, ao ser aberta, revelava um carregador de parede.

Sobre o assunto, do arquivo do Manual: Celulares sem carregador na caixa: bom para as fabricantes, bom para nós? (2/7/2020); Pelo meio ambiente (15/10/2020).

O preço dos produtos Xiaomi no Brasil é alto demais para seu desempenho. Traremos produtos melhores com preços melhores. Nosso objetivo no Brasil é desafiar a Motorola como fizemos em outros mercados. Já ultrapassamos a Motorola e LG em muitos mercados e em outros já ultrapassamos a Samsung.

— Crystal Gong, diretora de marketing da Realme Brasil

A fala acima foi dada a uma matéria que escrevi no LABS News sobre a ascensão das marcas chinesas de celulares na América Latina. Leia-a na íntegra aqui.

Carregador sem fio de 80W da Xiaomi recarrega um celular em 19 minutos.

A Xiaomi mostrou na Weibo, uma rede social chinesa, um carregador de celulares sem fio de 80W, capaz de recarregar uma bateria de 4.000 mAh em 19 minutos. Ele deve ser lançado ano que vem, com algum topo de linha da marca. Há dúvidas sobre a longevidade de baterias recarregadas com tanta potência, mas não deixa de ser impressionante. Via Android Central (em inglês).

Mi MIX Alpha, Galaxy Fold e o paradoxo do consumo de produtos de massa como fator de distinção

Olhe para o seu celular. Ele não é muito diferente do primeiro iPhone de 2007, o aparelho que inaugurou a era dos celulares modernos, ou smartphones. Ambos têm formato retangular, uma tela na frente, câmera atrás e no meio uma placa com alguns chips e uma bateria enorme.

A curva de inovação da indústria perfaz um “S”: começa lentamente, depois passa por um ciclo de desenvolvimento acelerado e, por fim, volta à lentidão. Na dos celulares, esse processo foi muito rápido, em velocidade condizente à sua popularidade inédita na história e aos saltos evolucionários gigantescos obtidos entre uma geração e outra. Em nenhum momento, porém, as mudanças atingiram aquele formato básico de “sanduíche de chips e bateria”. É raro, mas às vezes se acerta de primeira.

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Distinguindo celulares piratas e não homologados — e qual pode ser bloqueado pela Anatel

O brasileiro descobriu o celular chinês e viu que era bom.

É compreensível o fascínio que marcas como Xiaomi e Huawei despertam — principalmente quando a compra é feita em lojas virtuais chinesas, onde os celulares chegam a custar menos da metade de modelos equivalentes ou idênticos vendidos no varejo brasileiro. Essa diferença no preço final é absorvida pelas marcas que atuam formalmente por aqui — e que perdem vendas — e pela Receita Federal, que só em 2019 deve deixar de arrecadar R$ 2 bilhões devido a importações irregulares e contrabando, segundo reportagem d’O Globo.

A consultoria IDC estima que 2,7 milhões de celulares não homologados junto à Anatel serão vendidos no Brasil em 2019, um aumento de 233% em relação ao ano passado. Isso representa 6% dos 45 milhões de celulares que devem ser comercializados no país este ano.

Todos esses números refletem a reputação crescente dos celulares chineses. Ainda pouco conhecidos do grande público, eles vêm conquistando espaço na base do boca a boca e com um empurrãozinho da propaganda velada e incessante dos maiores youtubers de tecnologia do Brasil, consolidando-se como opções mais baratas e, em alguns casos, melhores que modelos manjados de iPhone, Galaxy e Moto G.

Como um Xiaomi qualquer pode custar a metade do preço que, por exemplo, a Samsung cobra em um Galaxy S10 com configurações similares?

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O que a Anatel diz sobre os produtos da Xiaomi supostamente não homologados à venda no Brasil

No último domingo (16), o site Mundo Conectado noticiou que a Xiaomi estaria vendendo produtos não homologados pela Anatel em sua loja física, no Shopping Ibirapuera, em São Paulo. Todo produto que emite sinais eletromagnéticos precisa ser homologado pela Anatel antes de ser colocado à venda no Brasil.

Pelo Twitter, entusiastas que vasculham o Sistema de Certificação e Homologação (SCH, onde a Anatel torna público os produtos homologados) questionaram a reportagem do Mundo Conectado. Os produtos supostamente não homologados aparecem no autocompletar da busca do SCH, indício de que a homologação está em processo de tramitação.

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Na tarde desta quarta (19), o Manual do Usuário falou com a assessoria da Anatel a respeito deste caso. Por e-mail, a agência informou que “tem o conhecimento da venda de produtos não homologados e está apurando os fatos que foram denunciados”, com a ressalva de que “a Xiaomi possui produtos homologados e estes estão aptos à venda no território nacional”.

Apesar disso, a venda de produtos sem o selo da Anatel, também denunciada na reportagem original, constitui uma violação às regras vigentes, conforme o artigo 39 da resolução 242/2000 da agência. Ainda na mensagem que me foi encaminhada, a Anatel diz que “o fato de um equipamento homologado não portar o selo é uma irregularidade administrativa, passível de ser sancionado pela Anatel”.

O Manual do Usuário solicitou entrevista com um porta-voz da Anatel, mas a agência declinou afirmando não ter um disponível no momento.

Vale lembrar que o Mundo Conectado, a despeito do furo, reiteradamente publica posts com ofertas de produtos da Xiaomi e de outras fabricantes chinesas que não são homologados aqui em troca de comissões generosas de lojas como a Gearbest, situação idêntica à dos canais de YouTube brasileiros denunciados em reportagem do Manual do Usuário publicada em março.