WhatsApp está virando uma mistura de shopping com SAC

O marketing do WhatsApp é todo voltado às relações próximas, pessoais.

No site do aplicativo da Meta, uma mensagem grande diz que “com mensagens e chamadas privadas, você pode ser quem realmente é, conversar com liberdade e se aproximar das pessoas mais importantes da sua vida, não importa onde estejam”.

Quase escapou uma lágrima aqui.

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A vez em que tive prejuízo por proteger meus dados

Neste episódio do podcast, falo dos canais do WhatsApp (siga o do Manual), explico por que decidi criá-lo, falo das redes que abandonei e conto a história da vez em que tive um pequeno prejuízo por proteger demais meus dados.


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Com Flows, WhatsApp dá um largo passo para virar “super app”.

De todas as empresas ocidentais que tentam recriar aqui o modelo chinês do WeChat, de “super app”, o WhatsApp é o melhor posicionado para tornar isso realidade.

Nesta quarta (20), a Meta anunciou o “Flows”, uma ferramenta para grandes empresas — clientes da API Business do WhatsApp — que permite criar formulários personalizados para transações das mais diversas, de escolher o assento ao comprar uma passagem de avião a fazer reservas em restaurantes, sem contar o bom e velho varejo. Será que vinga?

Canais do WhatsApp impõem novo desafio no combate à desinformação online

A Meta lançou os “canais” do WhatsApp no mundo inteiro (+150 países), incluindo o Brasil.

O recurso é muito similar a um homônimo do Telegram. Trata-se de uma área, dentro do app, para distribuir conteúdo em formato de mensagens em larga escala (de uma para muitas pessoas).

Não há limites para o número de seguidores que um canal pode ter. As mensagens veiculadas somem depois de 30 dias. E, ao contrário de listas de transmissão e grupos, ninguém pode ver o número de telefone de ninguém, nem seguidores, nem administradores.

As similaridades com os canais do Telegram poderiam ter ligado o alerta da Meta à instrumentalização da novidade para fins… menos nobres, um problema que acomete o Telegram e, arrisco dizer, será inevitável no WhatsApp.

A princípio, apenas canais chancelados pela Meta estão disponíveis, de “organizações, equipes esportivas, artistas e formadores de opinião” — entre os destacados estão Luciano Huck, CONMEBOL Libertadores e Ministério da Fazenda.

A restrição à criação de canais nesta fase torna trivial manter a plataforma livre de polêmicas, mas é algo com os dias contados. No comunicado oficial, a Meta informou que “nos próximos meses, também permitiremos que qualquer pessoa crie um canal”.

Uma hipótese para o consumo excessivo de bateria no iPhone

A capacidade de bateria ideal que um celular deve ter é sempre um pouco além da que ele tem. A gente se acostuma, cria estratégias para lidar com a autonomia média e no fim dá um jeito, exceto quando há algo errado.

Consumidores que compraram celulares da linha iPhone 14, lançados há menos de um ano, têm reclamado da rápida degradação da bateria.

Aconteceu também com meu singelo iPhone SE. De uma hora para outra, o consumo de energia enlouqueceu e em um intervalo de dois ou três meses, a “saúde” da bateria despencou para 93%.

No meu caso, era evidente que havia algo errado. O celular esquentava por nada e o consumo de energia era absurdo. Um dia, fiz um teste e deixei ele longe da tomada durante a noite, após recarregar a bateria até 100%. Na manhã seguinte, estava em 20%.

Acionei o atendimento da Apple. Após um teste remoto, os atendentes me disseram que não havia nada errado com o celular ou a bateria. Depois, incrédulo e um pouco frustrado, segui uma das orientações dadas por eles: desativar as notificações e as atualizações em segundo plano dos aplicativos de mensagens.

A essa altura, como medida desesperada, já havia feito uma limpa em muitos apps e deixado — dos de mensagens — somente Signal e WhatsApp. Desativei tudo de ambos. Nesse momento, também desativei as atualizações push (em tempo real) do e-mail. Quem precisa disso no celular? Eu, não.

E… veja, eu suspeitaria se alguém me contasse essa história, mas acredite em mim: resolveu. Tanto que, dias atrás, reativei as notificações e atualização em segundo plano do Signal, e o celular continuou fresco, ágil e sem desperdiçar energia. Parece um celular novo.

O que me leva a apontar dedos ao WhatsApp. Talvez? Só sei que saí de um sufoco. Caso você esteja passando pelo mesmo perrengue, e puder se dar o luxo de desativar as notificações do WhatsApp, vale a pena fazer um teste.

Enxurrada de pedidos “inócuos” em ações contra a Meta leva juiz a pedir para que parem de tumultuar

O juiz da 29ª Vara Cível de Belo Horizonte, José Maurício Cantarino Villela, proferiu uma decisão (íntegra) nas ações coletivas que o Instituto Defesa Coletiva moveu contra a Meta implorando às pessoas para quem parem de protocolar pedidos para participarem das ações.

São quelas em que o mesmo juiz sentenciou a Meta a indenizar em R$ 5 mil todo brasileiro que tivesse conta no Facebook e/ou WhatsApp entre 2018 e 2019.

A notícia, divulgada com pouco cuidado por diversos veículos de comunicação, gerou uma enxurrada de pedidos inadequados de “habilitação” nas ações em curso.

Em texto destacado, o juiz Villela indeferiu todos esses pedidos e fez ele próprio um:

Recomendamos, também, que cesse a apresentação de requerimentos de “habilitação” nos autos da ACPCiv no 5064103-55.2019.8.13.0024 e da ACPCiv no 5127283-45.2019.8.13.0024, visto que essas peças processuais, além de causarem tumulto e dificultarem o trâmite processual, são inócuas para se alcançar a finalidade pretendida pelos peticionantes.

Ele também indeferiu “os futuros requerimentos que venham a ser apresentados nas mesmas condições”.

Essas petições, segundo o juiz, “têm sido contraproducentes, bem como comprometem a prestação do serviço judicial de forma célere e efetiva”.

O caminho correto, em casos como esse, é o de apresentar uma execução independente das ações coletivas originárias, em qualquer comarca do Brasil. Nela, o exequente deverá comprovar que tinha conta no Facebook/WhatsApp à época dos vazamentos que são objeto da ação.

O prazo prescricional para execuções do tipo é de cinco anos a partir do trânsito em julgado, ou seja, tem tempo de sobra, visto que as ações coletivas sequer chegaram nessa fase.

Ainda, na mesma peça os interessados pessoas físicas são orientados a aguardar o trânsito em julgado (o fim das possibilidades de recurso) porque, caso a sentença seja reformada (alterada) em instâncias superiores, o(a) beneficiário(a) pode ser obrigado a devolver a indenização.

Relembrando, o entendimento corrente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é de que danos morais decorrentes do vazamento de dados pessoais não são presumidos, ou seja, a pessoa que quiser pleitear a indenização teria que provar que o vazamento lhe causou algum transtorno.

Alguns advogados têm orientado interessados na indenização de que o artigo 42, § 2º da Lei Geral de Proteção de Dados embasaria a indenização pelo dano moral individual presumido, ou seja, sem a necessidade de demonstrar prejuízo efetivo pelo vazamento de dados, cabendo à Meta provar que não houve.

Ainda que esse entendimento não seja descartável de pronto, a discussão no processo de execução é nova, e caberá ao juízo de cada ação nova interpretar a situação. Como baliza, deverão usar o entendimento vigente do STJ, que, como demonstrei aqui, é o de que não se presume dano moral individual por vazamento de dados pessoais não classificados como sensíveis (art. 5º, II, da LGPD).

Por fim, é bastante atípico — para não dizer incorreto — fixar o valor do dano moral individual numa ação coletiva. Afinal, a intensidade do dano sofrido varia de pessoa para pessoa.

Justiça condena Meta a indenizar advogado vítima de conta falsa no WhatsApp.

Um juiz de Santa Adélia (SP) condenou a Meta a indenizar um advogado em R$ 5 mil e excluir perfil falso no WhatsApp que usava a foto dele para tentar aplicar golpes. O expediente usado pelos estelionatários virou uma epidemia por aqui — eu mesmo já fui usado de “isca” em uma tentativa de golpe do tipo. Se a moda pega… Via Migalhas.

Primeira multa da ANPD é por spam eleitoral via WhatsApp.

A primeira multa aplicada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) foi a uma empresa de Vila Velha (ES), a Telekall, que ofereceu listas de contatos de WhatsApp para spam eleitoral a candidatos de Ubatuba e Campinas (ambas em SP), nas eleições municipais de 2020. Íntegra do relatório de instrução (PDF). No total, R$ 14,4 mil, mais uma advertência. Via Convergência Digital.

Quando começará o processo de “merdalização” do WhatsApp?

Já são raras as oportunidades de lidar com uma pequena ou média empresa, ou com profissionais liberais, sem passar pelo WhatsApp.

No mundo inteiro, o WhatsApp Business é usado por 200 milhões de pessoas. O número é quatro vezes maior o de três anos atrás.

Com o empenho da Meta para gerar receita cada vez mais explícito (e esse crescimento vertiginoso é reflexo disso), fica a dúvida de quando começará o processo de “enshittification” do WhatsApp.

O termo, um neologismo que poderia ser traduzido como “merdalização”, foi cunhado por Cory Doctorow em um popular ensaio publicado no início de 2023. Ele resume o processo de degradação pelo qual passam plataformas digitais. Assim:

É assim que as plataformas morrem: primeiro, elas são bons para seus usuários; então elas abusam de seus usuários para melhorar as coisas para seus clientes corporativos; no fim, eles abusam desses clientes corporativos para agarrar de volta todo o valor para si mesmas. Daí elas morrem.

Chamo isso de “enshittification”. É uma consequência pelo visto inevitável, decorrente da combinação da facilidade de mudar a forma como uma plataforma aloca valor combinada à natureza de um “mercado de dois lados”, onde uma plataforma fica entre compradores e vendedores, mantendo cada refém do outro, coletando uma parte cada vez maior do valor que corre entre eles.

O ensaio todo (em inglês) é uma leitura indispensável.

Verificação de Privacidade no WhatsApp.

O WhatsApp ganhou uma tela chamada Controle/Verificação de Privacidade (dentro da aba Configurações, Privacidade) que apresenta as várias opções do tipo de outra maneira, organizadas por tópicos. Achei intuitiva, com rótulos e conjuntos que fazem mais sentido. Por que não é assim por padrão? Via WhatsApp.

Canais no WhatsApp e “Projeto 92” do Instagram.

Quem lida com um público difuso, como este Manual do Usuário, deve ir aonde o público está.

Há alguns anos tenho resistido a esse imperativo. O projeto não tem canais no Facebook, Instagram e, em dezembro, suspendeu parte das suas atividades no Twitter.

Talvez com um bom trabalho esses locais pudessem ser pontos de contato relevantes com leitores habituais e gente que ainda não conhece o que é feito aqui. Talvez — o que é mais provável — só com muito trabalho. No geral, porém, tem sido possível viver sem depender das plataformas da Meta e do Twitter.

A Meta prepara duas novas plataformas que, apesar de ser de quem são, me chamam a atenção: os canais no WhatsApp, onde meio que todos os brasileiros conectados estão, e o “Projeto 92”, uma rede baseada no protocolo ActivityPub que pretende rivalizar com o Twitter.

Ainda não sei se eu/o Manual estaremos nelas. (Na segunda provavelmente sim, visto que o ActivityPub permite que eu converse com pessoas de outros sites a partir de uma instância própria.)

O que pesa contra a Meta não é segredo nem novidade: um histórico de rasteiras em parceiros e de mudanças algorítmicas que forçam quem depende da plataforma a intensificar os esforços em troca de resultados cada vez piores — exceto, é claro, se você estiver disposto a pagar.

WhatsApp ganha edição de mensagens; Signal deve ser o próximo.

O WhatsApp começou a liberar a edição de mensagens. As regras são as seguintes:

  • Mensagens podem ser editadas até 15 minutos depois de enviadas;
  • Mensagens editadas exibirão um rótulo informativo; e
  • Não há histórico ou maneira de ver a versão original de uma mensagem editada.

Funciona de maneira muito parecida com a edição do Telegram, que existe desde 2016, com a diferença de que lá não existe prazo para a edição (o que pode ser problema por inúmeras razões).

Atualização (24/5, às 9h40): Ao contrário do que foi informado, o Telegram tem, sim, prazo para a edição de mensagens, de 48 horas. O que não tem prazo lá é a exclusão de mensagens, ou “desfazer” o envio. Obrigado pelo toque, fulalas!

O Signal vinha debatendo o mesmo recurso de desde abril de 2017. As notícias de que o WhatsApp estaria prestes a lançá-lo parecem ter acelerado o desenvolvimento: há vários commits (1, 2, 3, 4) no código do aplicativo para iOS nas últimas semanas. (Deve ter nos outros apps, mas não verifiquei.)

A edição de mensagens no WhatsApp será liberada de forma gradual e deve chegar a todos os usuários “nas próximas semanas”. Via WhatsApp.

3 bilhões de seres humanos usam aplicativos da Meta todos os dias.

O poder que a Meta, com seus aplicativos sociais, tem no ambiente digital é algo difícil de dimensionar. As apostas de Zuckerberg, como os reels e o conteúdo recomendado por inteligência artificial, estão se pagando lindamente, segundo o balanço do primeiro trimestre divulgado nesta quarta (26). O trio de aplicativos sociais da empresa — Facebook, Instagram e WhatsApp — bateu a média de 3,02 bilhões de usuários ativos diários (DAUs). De alguma forma, o Facebook ganhou 37 milhões de novos usuários em relação ao mesmo período de 2022.

O metaverso, por outro lado, segue sem dar sinais de estar próximo de estancar a hemorragia de dinheiro. Nesses três meses, o prejuízo foi de US$ 3,99 bilhões. Ainda assim, Zuck disse que os rumores de que estaria desiludido com a tecnologia eram só isso, rumores. Via Meta, New York Times, CNBC (todos em inglês).