VĂ­deos de unha encravada no TikTok, curso de Threads e Tumblr sem gente pelada

Neste podcast eu falei do experimento de redes sociais que estou fazendo no Manual, de vĂ­deos de unhas encravadas no TikTok, do curso de Threads e do futuro do Tumblr.

Desde o Ăşltimo episĂłdio, quatro leitores/ouvintes assinaram o projeto: Ricardo Zanlorenzi, Marco Soledade Jr., XenĂłcrates Amon Mello e Caio Henrique. Obrigado!

Quer assinar também? Nesta página tem os planos, benefícios e valores.

O futuro do Tumblr

A Automattic quer tornar o Tumblr relevante outra vez. Para isso, a empresa anunciou um plano ambicioso — ainda que meio abstrato — para atrair criadores de conteúdo e tornar a plataforma mais fácil de usar.

Se conseguir, será a primeira reviravolta do tipo. Nenhuma plataforma decadente que já tentou um retorno — Flickr, MySpace, Fotolog — alcançou êxito.

O primeiro desafio foi fazer-se entender. Usuários acharam que parte do plano era transformar o feed cronológico em algoritmo. A direção fez uma live de perguntas e respostas para afirmar que o cronológico sempre será uma opção.

A compra do Tumblr pela Automattic em 2019, por US$ 3 milhões, foi uma bênção à plataforma. Os novos donos reverteram o banimento a pornografia dos tempos de Yahoo, medida à época tomada para adequar o Tumblr à publicidade, mas que, para muita gente, foi sua sentença de morte.

Além do trabalho, recolocar o Tumblr em forma não é barato. A sangria é de US$ 30 milhões por ano, ou dez vezes o valor que pagou pela plataforma, segundo Matt Mullenweg, CEO da Automattic.

O Tumblr Ă© meio blog, meio rede social, com duas partes dissociadas (o painel/app e o leiaute para a web) e uma cultura prĂłpria, esquisita, caĂłtica e difĂ­cil de penetrar. SĂŁo caracterĂ­sticas Ăşnicas entre as grandes plataformas sociais comerciais, o que diz muito do seu apelo restrito e dificuldades de se pagar.

Ah, eu/o Manual estou lá. Se você ainda usa o Tumblr, vamos ser amigos.

Medium, Flipboard e até Meta se aventuram no Mastodon/fediverso.

O Medium abriu sua instância ao público, me.dm. O ingresso é um benefício da assinatura do próprio Medium, de US$ 5/mês.

Dias atrás, o Flipboard abraçou o Mastodon: deu suporte à integração com a rede descentralizada em seu aplicativo e lançou uma instância própria.

O Manual tem uma revista no Flipboard.

Antes deles, o navegador Vivaldi havia lançado uma instância própria, aberta a todos os usuários cadastrados.

Nesta quinta (9), a Meta, do Facebook, Instagram e WhatsApp, confirmou estar trabalhando em uma nova rede social baseada em posts de texto, codinome P92, e compatível com o ActivityPub — o protocolo por trás do Mastodon.

E ainda tem o Bluesky, gestado dentro do Twitter, que usa outro protocolo, mas a mesma abordagem do ActivityPub/Mastodon. E Flickr e Tumblr, que prometeram compatibilidade com o ActivityPub em algum momento futuro. A Mozilla, do Firefox, também vai lançar sua instância própria.

O cenário é promissor para redes sociais descentralizadas. Só é preciso cuidado para que nenhuma dessas empresas, em especial a Meta, se torne dominante num espaço que é, por definição, plural. Via Medium, Flipboard, Platformer (todos em inglês).

Tumblr será compatível com protocolo Mastodon, promete CEO.

Como quem não quer nada, em uma resposta no Twitter, Matt Mullenweg, CEO da Automattic, prometeu que o Tumblr ganhará suporte ao protocolo ActivityPub, o mesmo usado pelo Mastodon e que lhe garante descentralização e federação.

Isso é muito promissor. Embora seja uma rede social pequena para os padrões comerciais, o Tumblr é maior que qualquer instância e a Automattic, que comprou o que sobrou do Tumblr com um troco de pinga em 2021, tem grana, pessoal e expertise para aproveitar o momento.

O Tumblr pode se tornar a principal porta de entrada para quem deseja conhecer o fediverso, mas se frustrou com a experiência complicada de escolher (ou mesmo saber o que é) uma instância do Mastodon. Não há prazo para essa novidade ser implementada, mas Mullenweg disse que será “o quanto antes”. Via @photomatt/Twitter (em inglês).

O plano do Tumblr para deixar de ser puritano — sem irritar a Apple.

O Tumblr anunciou uma mudança no sistema de classificação de posts para devolver o conteúdo adulto à sua comunidade de usuários.

Matt Mullenweg, CEO da Automattic, empresa que adquiriu o Tumblr em 2019, anunciou que criadores de conteúdo e usuários/leitores agora podem classificar posts como “vício em drogas e álcool”, “violência” ou “temáticas sexuais”.

O sistema de classificação é chamado de “rótulos da comunidade” e, segundo Mullenweg, é um primeiro passo no sentido de tornar as diretrizes de uso do Tumblr “mais abertas e compreensíveis” — em outras palavras, viabilizar conteúdo sensível sem irritar a Apple.

O Tumblr surgiu em 2007 com diretrizes bem folgadas, o que atraiu à plataforma criadores de conteúdo mais… digamos… quente. Ou pornográfico, para sermos diretos.

Não é à toa que as redes sociais comerciais evitam pornografia. O CEO da Automattic listou as dores de cabeça que esse tipo de conteúdo atrai, desde dificuldades em processar pagamentos por cartão de crédito até a necessidade de que o conteúdo publicado não seja produto de abusos.

Mullenweg também citou o puritanismo da Apple. Em 2018, quando o Tumblr pertencia à Verizon, a Apple suspendeu o aplicativo da App Store alegando a presença de conteúdo irregular, segundo suas diretrizes.

A política de tolerância zero com pornografia foi baixada pela Verizon como um remédio para restabelecer a presença do aplicativo do Tumblr no iPhone.

Os rótulos da comunidade e outras melhorias nesse sentido que estão sendo implementadas não visam restabelecer a “terra sem lei” que o Tumblr costumava ser.

Para Mullenweg, a “era amigável ao pornô dos primórdios da internet é impossível hoje”. Ele espera, porém, reconquistar artistas e usuários que exploram temas ligeiramente mais sensíveis que abandonaram o Tumblr em 2018. Via @photomatt/Tumblr (em inglês).

Parado no tempo, Tumblr vira destino da nova geração desiludida com outras redes sociais

No final da década de 2000, o Tumblr desfrutava de um status similar ao que o TikTok tem hoje (ainda que numa escala exponencialmente menor): era o destino virtual descolado onde os jovens se encontravam.

O Tumblr deu o azar de ser comprado pelo Yahoo por US$ 1,1 bilhão em 2013, empresa que era uma espécie de abatedouro de serviços digitais promissores (Flickr e Delicious foram outros obliterados após serem adquiridos). Lá, caiu no ostracismo e perdeu um dos seus trunfos, a permissividade com conteúdo pornográfico leve, numa tentativa frustrada de atrair anunciantes e aquiescer ao moralismo da Apple na App Store.

Após idas e vindas, o Tumblr acabou no colo da Automattic, o braço comercial dos criadores do WordPress. Foi comprado em agosto de 2019 por menos de US$ 3 milhões, uma desvalorização 99,7% em relação ao valor pago pelo Yahoo seis anos antes.

Curiosamente, o fato de o Tumblr ter “parado no tempo” o torna atraente hoje, segundo esta matéria de Kyle Chayka na New Yorker. De acordo com Jeff D’Onofrio, CEO do Tumblr, 48% dos usuários ativos e 61% dos novos usuários são da faixa etária que os norte-americanos classificam como geração Z, ou seja, gente jovem, o filé mignon da publicidade. O que os atrai, aparentemente, são linhas do tempo cronológicas e livres do conteúdo incendiário e opressivo “good vibes” que domina as outras mais populares.

Aos não iniciados, o Tumblr é uma espécie de blog misturado com rede social. Tem uma face pública com visual de blog, mas permite que os usuários sigam uns aos outros, curtam e repostem o conteúdo, tudo isso por um painel/feed que tem cara de rede social. A dinâmica de postagem é mais livre que em lugares como o Twitter — o Tumblr oferece seis formatos de posts, por exemplo. O serviço é gratuito.