Eleições e política no TikTok, com Lux Ferreira

Neste episódio do podcast, converso com Lux Ferreira, pesquisadore que publicou, via InternetLab, uma netnografia do uso do TikTok para comunicação política na campanha eleitoral de 2022, no Brasil. Leia o relatório na íntegra.


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DSA: As novas exigências que a UE impôs à big tech

Em abril, a Comissão Europeia apontou 19 “plataformas online muito grandes” que, dali a quatro meses, teriam que cumprir todas as exigências regulatórias do Digital Services Act (DSA) , uma das duas leis da União Europeia criadas para regular a big tech.

O prazo de carência terminou na sexta (25), o que significa que essas plataformas precisam estar com tudo pronto.

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Mais “escolhas algorítmicas”, mais filtros

O YouTube parou de mostrar vídeos recomendados na página inicial para quem desativa o histórico de visualizações. Na Europa, o TikTok oferecerá uma opção de feed sem personalização algorítmica.

Por pressão regulatória, as big techs começam a nos dar alternativas à recomendação automática de conteúdo. É uma ótima oportunidade de combater a falácia da superioridades dos algoritmos opacos apenas porque passamos mais tempo nessas versões, como se rolar a tela sem ver o tempo passar — ou seja, o vício — fosse sinônimo de preferência ou mesmo algo saudável e/ou desejável.

O Bluesky, apesar dos alertas que sua estrutura corporativa e o envolvimento do ex-CEO do Twitter geram, traz à mesa uma ideia interessante, a da “escolha algorítmica”.

Quem está no Bluesky tem um mercado de feeds à disposição, criados e distribuídos pelos próprios usuários. Os feeds personalizados modulam a organização e apresentação do conteúdo com que o usuário se depara. Tomara que vire tendência.

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Não acho que o problema dos feeds cronológicos seja a ordem dos posts, como alegam as empresas. Pelo contrário: a ordem cronológica é uma vantagem. Ela facilita a orientação.

O feed cronológico tem um problema, que é o excesso de conteúdo. A troca pelo de recomendações algorítmicas, hoje padrão em todas as redes sociais comerciais, resolveu esse problema, sim. Só que não era a única forma de resolvê-lo. Talvez não fosse nem a melhor.

Quando o TikTok levou a recomendação algorítmica ao extremo, mostrando conteúdo de gente que o usuário não segue, livre da amarra das conexões, dos “amigos”, ficou evidente que o intuito do algoritmo não era (apenas) organizar o que importa ao usuário final. Antes disso, é fazer as pessoas passarem mais tempo consumindo conteúdo e anúncios.

Um caminho alternativo para o problema do excesso de conteúdo é o dos filtros.

Nessa proposta, a diferença entre filtros e a “escolha algorítmica” do Bluesky é que o primeiro estaria sob o controle absoluto do usuário, incluindo as fontes do conteúdo, seria transparente e fácil de manipular.

“Posts de quem posta menos de uma vez por dia”; “posts de pessoas, sem empresas” (e vice-versa); “posts de perfis com menos de 10 mil seguidores” (sem influenciadores); “apenas posts originais, sem compartilhamentos/RTs” são alguns exemplos úteis.

Quando as pessoas manifestam que preferem feeds cronológicos, suspeito que o que elas querem dizer é que gostariam de receber o conteúdo de todas (ou da maioria) das fontes/contas/perfis que escolheram acompanhar.

O algoritmo opaco jamais entrega todo o conteúdo. É sempre um recorte que mantém a ilusão de que o melhor ainda está por vir, atrás de só mais um “arrastar e soltar para atualizar”, só mais um, só mais um…

Telegram ganha stories, TikTok ganha posts em texto.

Sexta o Telegram ganhou stories. O diferencial é que, lá, só assinantes pagantes podem publicar stories. Nesta segunda (24), o TikTok lançou o formato de posts em texto escrito. A lei de Zawinski continua firme e forte. Via Núcleo, TikTok.

Inteligência artificial no banco dos réus

Um escritório de advocacia da Califórnia, processou a OpenAI e o Google por infringirem direitos autorais e a privacidade no treinamento dos seus chatbots, ChatGPT e Bard.

Em outra ação, a comediante e escritora Sarah Silverman e outros escritores processaram a OpenAI e a Meta pelo mesmo motivo. Aqui, a alegação é de que as empresas usaram cópias piratas de seus livros, de repositórios como Z-Library e Biblotik, para treinarem os algoritmos do ChatGPT e LLaMA.

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Vídeos de unha encravada no TikTok, curso de Threads e Tumblr sem gente pelada

Neste podcast eu falei do experimento de redes sociais que estou fazendo no Manual, de vídeos de unhas encravadas no TikTok, do curso de Threads e do futuro do Tumblr.

Desde o último episódio, quatro leitores/ouvintes assinaram o projeto: Ricardo Zanlorenzi, Marco Soledade Jr., Xenócrates Amon Mello e Caio Henrique. Obrigado!

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TikTok lança streaming de música no Brasil.

O TikTok lançou, no Brasil e na Indonésia, um streaming de música. O TikTok Music é mais barato que os concorrentes (R$ 16,90/mês) e conta com integração com o TikTok. É o segundo app do tipo da ByteDance. O anterior, Resso, será aposentado nesses dois mercados no dia 5 de setembro. Via TikTok.

Manual em um universo alternativo

Em meados de 2019, publiquei algumas matérias em uma série que batizei de “Universo alternativo”. Eram histórias de aplicativos e ambientes digitais populares no Brasil, até então ignorados pela imprensa.

Em julho, farei um experimento no Manual do Usuário que me remete a algo de um universo alternativo: ao longo do mês, usarei todas as redes sociais, até as mais tóxicas, como Twitter, Facebook e Instagram, para espalhar os textos, vídeos e tudo mais que produzir aqui.

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Empresas de tecnologia apelam para mentiras e ameaças em ofensiva contra PL das fake news.

De todos os ataques sofridos pelo PL das fake news, o que me deixou mais intrigado foi o de que ele atentaria contra a liberdade religiosa, com a previsão de uma suposta censura à publicação de versículos da Bíblia nas redes sociais.

A mentira cresceu tanto que o relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), fez vídeo ao lado de outro deputado conservador prometendo alterar o texto para afastar essa possibilidade.

A “fake news” apareceu em um documento apócrifo, distribuído a deputados contrários ao PL. Eles pensaram que o remetente era a Meta, mas a empresa negou. Aí a Câmara Brasileira de Economia Digital (camara-e.net), associação que tem entre seus membros empresas que fazem forte oposição ao PL — Meta, Twitter, TikTok, Kwai e Google —, deu um alô ao Guilherme Amado, do Metrópoles, assumindo a autoria documento, que teria sido feito a pedido de parlamentares.

As empresas do setor estão jogando baixo contra o PL das fake news. Há pouco, o diretor de relações governamentais e políticas públicas do Google Brasil, Marcelo Lacerda, publicou um artigo no blog da empresa intitulado “Como o PL 2630 pode piorar a sua internet” — quase uma fake news do Google. Seria um sinal de desespero essa absoluta falta de sutileza? Via Metrópoles, O Globo, Blog do Google Brasil.

Papa de casaco estiloso, a primeira imagem falsa de IA viral?

Papa Francisco vestindo um casaco branco estiloso.
Imagem: r/midjourney.

A imagem do Papa Francisco vestindo um casaco estiloso é provavelmente a primeira imagem falsa gerada por inteligência artificial (IA) a viralizar como real. Muita gente (eu também) achou que ela era verdadeira — antes que alguém notasse um glitch na mão direita do papa.

A imagem foi gerada com a IA Midjourney, que em sua versão mais recente aprendeu a contar os dedos das mãos de seres humanos. (Pelo visto, precisa treinar mais.)

Na newsletter Garbage Day, Ryan Broderick fez a cronologia da imagem. Ela foi criada por alguém no Reddit, mas viralizou no Twitter.

Nota relacionada: semana passada, o TikTok publicou regras para conteúdo gerado por IAs. Agora, “mídias manipuladas ou sintéticas que mostrem cenas realistas devem apresentar informação clara sobre a natureza do conteúdo”.

Seria pedir muito que o Twitter de Elon Musk tivesse ou estivesse preparando algo similar. Musk acredita que a solução para esse problema é todo mundo pagar R$ 42/mês para o Twitter, o que não faz o menor sentido, mas… né, o que faz sentido no Twitter da era Musk? Via Garbage Day, @elonmusk/Twitter (ambos em inglês), TikTok.

Depoimento do CEO do TikTok no Congresso dos EUA foi uma perda de tempo.

Nesta quinta (23), Shou Zi Chew, CEO do TikTok, foi escrutinado no Congresso norte-americanos por mais de cinco horas (íntegra).

Congressistas dos dois lados do espectro — democratas e republicanos —, unidos pelo temor de que o aplicativo chinês seja uma arma comunista ou qualquer delírio do tipo, pegaram pesado com Zi Chew.

No fim, foi uma perda de tempo, uma mistura de delírio com sinofobia, polvilhada por grosserias gratuitas. Ficou evidente a má-vontade dos congressistas, pouco interessados em elucidar suas dúvidas e avançar o debate, mais preocupados em bater forte no TikTok.

O destino do TikTok nos Estados Unidos, e consequentemente no mundo inteiro — visto que os dois canais de distribuição do aplicativo são da Apple e Google, duas empresas norte-americanas — segue em suspenso.

Enquanto Zi Chew apanhava no Congresso, Pequim bateu o pé: o governo chinês disse que se oporá fortemente a uma venda forçada do TikTok e que um movimento do tipo “prejudicaria seriamente a confiança de investidores do mundo inteiro, incluindo da China”, nos Estados Unidos. Via Washington Post (em inglês).

Spotify e Reddit se rendem à interface estilo TikTok.

Se o TikTok for banido dos Estados Unidos — uma hipótese longínqua, mas não descartada —, seu fantasma continuará pairando sobre os usuários norte-americanos. E não digo isso apenas pela “tiktokzação” do Instagram.

Nesta semana, o Reddit anunciou um novo feed de vídeos no estilo TikTok e o Spotify reformulou a interface do seu aplicativo, que agora incluí um feed vertical infinito que… lembra o TikTok.

A outra frente em que o TikTok se destaca, a recomendação de conteúdo por inteligência artificial, está bem representada no Artifact, o novo aplicativo dos criadores do Instagram — que nem disfarçam a inspiração e definem o app como o “TikTok de textos”.

O último fenômeno do tipo foi quando todos os gerentes de produtos decidiram que stories com bolinhas no topo da tela, a grande sacada do Snapchat, eram algo imprescindível em seus aplicativos. Sobrou quem? Só o Instagram, se não me falhe a memória.

Em tempo: o Spotify ainda não oferece músicas em alta qualidade (hi-fi), um ano após prometer o recurso. É o único dos grandes apps de streaming de música que ainda não o tem. Via Spotify, Reddit (ambos em inglês).