Quem precisa da Adobe? Estes estúdios de design usam apenas software livre

Em janeiro de 2021, o jovem Dylan Field, co-fundador do Figma, serviço de prototipagem de interfaces digitais, disse que “o nosso objetivo é ser o Figma, não a Adobe” em uma conversa em que alguns usuários, insatisfeitos com a Adobe, especulavam quanto tempo levaria para o Figma desbancar a dona do Photoshop.

Quase dois anos depois, em setembro de 2022, a Adobe comprou o Figma por US$ 20 bilhões e Dylan, no mesmo Twitter, pareceu animado com a notícia de que sua empresa acabara de se tornar a Adobe.

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É hora de dar uma segunda chance ao Linux em computadores pessoais

Nos anos 1990, havia a expectativa de que o Linux tomaria conta do mundo e desbancaria o Windows, da Microsoft. Era o comunitário contra o proprietário, o aberto contra o fechado, o livre contra o corporativo.

Nos bastidores, o Linux venceu. Hoje, ao acessar este Manual do Usuário você está se comunicando com uma máquina Linux, e provavelmente usando um celular que roda o software básico do Linux (caso do Android).

Mas no palco principal, nos computadores pessoais e nos celulares, o Linux ficou para trás. O “ano do Linux” nunca chegou.

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Backup e sincronia de arquivos sem nuvens comerciais, só com software livre

Admitamos desde já: somos preguiçosos. Quando algo funciona, ainda que não da maneira ideal, a tendência é deixar estar, seguir a vida. Essa era a minha postura em relação a backups remotos. Por muito tempo usei nuvens comerciais, os iCloud, Dropbox, Google Drive e OneDrive da vida, como único backup do tipo.

Resolvi mudar isso no final de 2021, motivado por aquela cisma com a Apple. Meu objetivo era substituir o iCloud, que usava para sincronizar arquivos entre celular e computador, e que por conveniência e inércia acabava sendo o meu único backup remoto.

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Pop_OS! 21.10.

A System76 liberou a versão final do Pop_OS! 21.10, sua popular distribuição Linux. Dois destaques: uma nova Biblioteca de Aplicativos, que ao contrário da do Gnome Shell não ocupa a tela inteira, e uma versão especial para Raspberry Pi 4 e 400, chamada Pop_Pi. Ainda é um “tech preview”, o que significa que falhas podem ocorrer.

O Pop_OS! 21.10 vem com kernel Linux 5.15.5 e os drivers Nvidia mais recentes, Gnome 40 como base e outras melhorias, é gratuito e funciona em qualquer computador compatível — não é exclusivo para as máquinas da System76. Baixe-o no link ao lado. Via System76 (em inglês).

Falha grave em biblioteca Log4j deixa boa parte da internet em risco.

Uma falha do tipo “dia-zero” na biblioteca Log4j, da Apache, foi divulgada e corrigida na última sexta-feira (10). A biblioteca é usada no processo de autenticação via internet por grandes empresas, como Amazon, Apple, Cloudflare, Steam, Tesla e servidores de jogos como Minecraft. Por isso, e pelo modo como permite que a biblioteca seja explorada, a falha é considerada gravíssima: basta uma “string” (um texto) executada remotamente para que o atacante obtenha acesso e privilégios no computador-alvo, podendo depois disso instalar softwares e capturar dados. Via The Hacker News (em inglês).

O Bleeping Computer listou alguns casos em que a falha na Log4j já está sendo explorada: instalação de mineradores de criptomoedas, “recrutadores” de botnets e captura silenciosa de dados. Via Bleeping Computer (em inglês).

Apesar de corrigir a falha na versão 2.15.0, pode levar algum tempo para que os milhões de servidores que usam a biblioteca Log4j atualizarem — e não há garantia de que todos farão isso. O potencial de estragos é enorme.

Um detalhe deprimente: o mantenedor da Log4j faz isso nas horas vagas e tem três apoiadores (pessoas que pagam pelo seu serviço) no GitHub. A gente já viu esse filme: softwares que sustentam negócios trilionários mantidos por voluntários em seu tempo livre. Está tudo errado. Via @FiloSottile/Twitter (em inglês).

O grande espelho de software livre e outros projetos do C3SL

Se você está no Brasil e usa Linux, é bem provável que já tenha se deparado com um domínio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o c3sl.ufpr.br, ao atualizar seu sistema ou aplicativos. Trata-se do espelho do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), um grupo de pesquisa do pessoal da Informática da UFPR.

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De volta ao Android (agora sem Google)

Abri os arquivos do Manual do Usuário para recuperar algumas datas. O último celular Android que testei com meu número pessoal foi um Galaxy S5 New Edition, em janeiro de 2016. O último Android em que dei uma olhada foi um Moto G7 Play, em maio de 2019. Faz uma semana que, após quase seis anos usando apenas iPhone no dia a dia, voltei a usar um Android, mas não qualquer Android: é um sem o Google, ou “degoogled”.

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Raspberry Pi OS “Bullseye”.

Já está disponível o novo Raspberry Pi OS baseado no Debian 11 “Bullseye”, lançado em agosto. Além das atualizações, melhorias e correções do sistema base, esta versão do Raspberry Pi OS traz mudanças importantes, como a atualização para o GTK+ 3 e a consequente mudança do gerenciador de janelas para o mutter (em dispositivos com +2 GB de RAM), um sistema de notificações globais e alertas de atualizações direto na barra de tarefas. Mais detalhes e links para instalador e imagens no link ao lado. Via Raspberry Pi (em inglês).

Entrevistas: Tatiana Dias, do The Intercept Brasil, e James Pond, da Cipher Host

⭐️ Oferecimento: Meias Spectrum da Insider

A Insider, marca de roupas funcionais feitas com tecnologia têxtil, criou meias tecnológicas. Sim, meias de calçar nos pés. A linha Spectrum parece uma meia comum, mas traz a tecnologia infravermelho, que ajuda na recuperação muscular e a reduzir e aliviar dores. Ficou curioso(a)? Use o cupom MANUALDOUSUARIO12 no site da Insider e ganhe 12% de desconto em qualquer compra no site.


Nesta semana, em que a Jacque não pode gravar, trouxemos convidados especiais para conversar com Rodrigo Ghedin. No primeiro bloco, um papo com Tatiana Dias, editora sênior do Intercept Brasil. Falamos de otimismo/pessimismo com a tecnologia, relações com a big tech e ferramentas que usamos no dia a dia. Em seguida, o papo com James Pond (james@cipher.host), a pessoa responsável por manter o Manual do Usuário (e este podcast) no ar, girou em torno de software livre, Linux para todos e boas práticas na configuração de servidores.

Gosta do podcast? Toque aqui e torne-se um(a) apoiador(a). A partir do plano II (R$ 16/mês), você ganha o direito de acompanhar as gravações do podcast ao vivo, incluindo um animado bate-papo pós-gravação, além de outros mimos.

O Guia Prático é editado pelo estúdio Tumpats.

Nova rede de Trump viola licença do Mastodon e já está sendo bloqueada no Fediverso.

Há um detalhe na Truth, nova rede social de Donald Trump, que ele e sua equipe não revelam: ela foi criada com base no Mastodon, sistema de código aberto e livre para a criação de redes sociais federadas. Em lugar algum há menção ou crédito ao Mastodon, o que é uma violação grave da licença do projeto (AGPL v3).

Entre instâncias (servidores) do Mastodon, já rola uma movimentação para banir a rede de Trump proativamente, caso um dia ela venha a se federar, ou seja, tente se comunicar com outras instâncias públicas. No Fediverso, o ambiente público em que servidores distintos de redes sociais descentralizadas se comunicam, é comum que administradores troquem informações (com a hashtag #Fediblock) de instâncias com conteúdo extremista ou ilegal e as bloqueiem. Via @feditips@mstdn.social (em inglês).

O Mastodon é uma rede social que lembra o Twitter, porém é descentralizada e de código aberto. Para entendê-la melhor, leia esta reportagem.

Ubuntu 21.10 “Impish Indri”.

O Ubuntu 21.10 “Impish Indri” foi lançado nesta quinta (14) com algumas atualizações esperadas (Linux 5.13, Gnome 40) e outras menos óbvias, como a versão em Snap do Firefox e a remoção do tema “híbrido” do Yaru (o claro agora é padrão). Esta versão terá 9 meses de suporte e poderá ser atualizada para a próxima, 22.04 “Jammy Jellyfish”, que será do tipo LTS, ou seja, com suporte estendido, de no mínimo cinco anos. Via Canonical, OMG! Ubuntu! (em inglês).

Nomeação de Stallman ao conselho da FSF gera retaliações de empresas; Red Hat suspendeu doações.

O retorno de Richard Stallman ao conselho diretor da Free Software Foundation (FSF) ainda repercute. Nesta segunda (29), a Red Hat suspendeu todas as doações que fazia à fundação e aos eventos promovidos por ela. Em um comunicado, a empresa disse que “o retorno de Richard Stallman reabriu feridas que esperávamos seriam lentamente curadas após sua partida”, e que acredita que “para ganhar de volta a confiança na comunidade de software livre como um todo, a FSF deve implementar mudanças basilares e de longo prazo à sua governança”.

Outros nomes fortes manifestaram insatisfação com o episódio, como Melissa Di Donato, a CEO da SUSE, e Miguel de Icaza, co-fundador do Gnome e atualmente engenheiro na Microsoft. A Document Foundation, responsável pelo LibreOffice, suspendeu o assento da FSF em seu conselho e cessou quaisquer outras atividades com ela. Membros do Debian Project estão votando se assinam ou não uma carta pedindo a saída de Stallman. Via ZDnet (em inglês).

+2 mil pessoas pedem, em carta aberta, que Richard Stallman seja removido de posições de liderança.

Mais de 2 mil pessoas, incluindo líderes de projetos e comunidades de software livre, assinaram uma carta aberta exigindo que Richard Stallman seja removido de todas as posições de liderança da Free Software Foundation. Nesta semana, Stallman foi reintegrado ao conselho diretor da FSF. A carta o acusa de ser “misógino, capacitista e transfóbico, entre outras sérias acusações de condutas imprópria”, e que alguém assim “não tem lugar em comunidades de software livre, direitos digitais e tecnologia”. A carta também demanda que o conselho inteiro renuncie, por ter, durante anos e agora outra vez, liberado e dado poder a Stallman. Via Ars Technica (em inglês).

Tenho um anúncio a fazer. Estou de volta ao conselho diretor da Free Software Foundation. […] Alguns de vocês ficarão felizes, outros podem ficar desapontados, mas quem sabe? De qualquer forma, é assim que será e eu não pretendo sair outra vez.

— Richard M. Stallman, fundador e ex-presidente da Free Software Foundation (FSF). Via The Register (em inglês).

Em 2019, Stallman deixou voluntariamente a presidência e uma cadeira no conselho da FSF e sua posição como cientista visitante do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT. Ele havia feito comentários considerados insensíveis em defesa do professor Marvin Minsky, morto em 2016, que teria tido relações sexuais com uma das vítimas de Jeffrey Epstein, que suicidou-se em 2019 enquanto era acusado de tráfico e exploração sexual.

Stallman é uma figura importante na história da computação e, ao mesmo tempo, um sujeito controverso e sem tato social. O incidente com Minsky foi apenas mais um episódio, talvez o mais estridente, de vários; uns apenas antipáticos, outros problemáticos.

As contribuições dele — além da FSF, ele criou o Emacs e o GNU — são indeléveis, mas não deveriam servir de salvo-conduto, especialmente em um conselho diretor, que, vale lembrar, não é um órgão técnico; é político, de liderança. A própria FSF especifica suas atribuições e o que se espera dele: “A boa governança começa com o conselho de diretores, que supervisiona a organização e é responsável pelo seu sucesso”, diz o site. “O papel do conselho (e sua obrigação legal) é supervisionar o gerenciamento da organização e garantir que ela cumpra sua missão.” Reintegrar Stallman ao conselho passa uma mensagem péssima ao público externo e aos voluntários da fundação.